Os NPO são assim, não que os seus projectistas o queriam mas por constrangimentos financeiros
Como se costuma dizer usando a língua do Shakespeare (salvo seja): “What else is new?”
A questão é exactamente essa:
Os Italianos têm mais dinheiro e mesmo assim mandam fazer 4 + 2 barcos
NO nosso mar (ZEE) mete lá o mar de umas dez Itálias e ainda deve sobrar espaço.
Nós temos menos dinheiro e muito mais mar para patrulhar (e chamar-lhe muito é dizer pouco) A ZEE portuguesa é a maior da UE e a segunda maior da Europa (acho que a maior é a da Noruega).
Para quê contestar o NPO-2000 quando é evidente que se ele fosse mais sofisticado não podíamos ter 8 + 2 deles?
Vejam a questão da velocidade:
Os NPO’s civis da Italia têm um motor de 6.000 hp para darem 22 nós. A versão de combate (e lembrem-se que são classificados como navios de combate) para conseguir chegar aos 25 nós, tem que ter um motor de quase 18.000 hp (quase o triplo da potênica para mais três nós de velocidade).
Este aliás foi um problema curioso, que influiu por exemplo na construção e tamanho dos couraçados entre as duas guerras. Os couraçados Nelson, com um motor de 45.000 hp atingiam 23 nós, mas o Hood, para atingir os 30 nós, tinha um motor de 144.000 hp (mais do triplo, para mais 7 nós de velocidade máxima)
Vencer a densidade da água, com um mesmo corpo é um desafio que não se ganha com hidrodinâmica melhorada. Só com um motor muuuuito mais potente.
Portanto, não adiante dizer que o NPO deveria dar uns “nós” a mais, porque isso implicaria um motor muito mais potente, mais caro, e mais gastador. É aliás uma das razões que explicam que o NPO português tenha maior autonomia que o Italiano.
Nós temos patrulhas oceânicos para o oceano. Os italianos têm patrulhas para o mediterrâneo.
A arma mais moderna, não vai lá estar, mas pode ser colocada. As corvetas Baptista de Andrade deslocam menos que o NPO e têm peças de 100mm ou duplas de 76mm. O controlo de tiro, serviria para quê? Acha que os pescadores ilegais espanhóis ou os traficantes de droga se assustam com o controlo de tiro? Eu acho que não.
A questão do helicóptero é, do meu ponto de vista um argumento de vendas, mas um argumento pouco válido na realidade. Quando há helicópteros como o EH-101, os salvamentos de emergência serão feitos preferencialmente por esse meio, porque vai sempre chegar muito antes do NPO, que no máximo será enviado como complemento. Os novos EH-101 podem fazer busca e salvamento mesmo de noite.
Um Lynx a bordo de um NPO. De pouco serviria. Poderia servir de alguma coisa, mas se fosse eu a decidir entre ter três NPO’s com helicópteros e 10 NPO’s apenas com uma plataforma, eu não teria duvidas.
Somos um país pequeno, com poucos recursos e um mar enorme, ou temos navios em numero bastante, que façam o trabalho de patrulha de uma forma eficiente (já que não pode ser óptima) ou então temos dois ou três patrulhas sofisticados, muito bonitos, mas abandonamos para sempre a nossa capacidade de patrulhar o mar com um numero minimamente aceitável de navios.
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Isto obviamente não quer dizer que eu não reconheça lacunas nos barcos, ou que ache que são a melhor coisa do mundo. Não acho.
Acho apenas que, para um país como Portugal, são a solução adequada e racional. Tenho pena, é que a racionalidade do projecto NPO-2000 não se extenda a outras áreas. Estaríamos seguramente muito melhor
Cumprimentos