Podem bater, mas cá vai!
Henrique Medina Carreira"Os partidos políticos e os governos tem que trabalhar para hoje, quer dizer, têm que enganar hoje! Enganar, com sondagens, com conversa, porque este é um governo de conversa, porque é preciso manter uma espécie de entusiasmo que não corresponde à nossa realidade."
"É preciso entusiasmo, mas entuasiasmo sobre a verdade! Deve dizer-se o que é, e para onde vai o país se não fizermos isto ou aquilo. E o que andam a fazer é dizer que o país vai para certo sítio - que não vai!"
"O que se safa em Portugal são os portugueses.
São é pessimamente dirigidos e enganados sistematicamente."
"Eu defendo uma alteração do sistema eleitoral, como a Câmara dos Representantes, nos EUA. São um exemplo de Democracia, porque eles são eleitos pelo eleitor.
Aqui os deputados são eleitos pelo chefe do partido. E portanto, há disciplina de voto, tem que estar ali quietos e calados senão na próxima legislatura vão embora, e portanto, isto é uma democracia aparente...
Porque estes deputados não servem para nada. Só servem para aqueles "espectáculos" que a comunicação social tem que transmitir e para entreter o pessoal. Não podem vincular as suas próprias opiniões porque eles não são produto do eleitor."
"Eu nunca seria Ministro das Finanças de Sócrates. Não, porque ele é um Primeiro-Ministro para o espectáculo. Ele ainda não percebeu o país em que está. E portanto, eu não tinha compatibilidade possível com José Sócrates.
Ele quer fingir que isto anda - E um Ministro das Finanças não pode aceitar fingimentos!"
"A este Ministro das Finanças como a outros que porventura já passaram por lá, eu dou-lhes sempre um conselho:
- É irem à televisão, com um quadro preto atrás, explicar o que é o País.
Isto:
-Nos últimos 27 anos crescemos ao ano 2,4%. Mas destes, em 17 deles, só crescemos 0,9%. Não chega a 1%!
O Estado tem que arrumar a casa e pôr tudo em ordem, para que a Sociedade tenha condições para levar o seu rumo. E o Estado não o faz!
Não o faz porque os partidos entram para o governo:
1º-Não sabem o que é que vão para lá fazer.
2º-Estão 6 meses a tentar perceber onde está a realidade. A partir dos 6 meses começam a fazer coisas. Mas a 1 ano e tal do fim, começam a parar para preparar as eleições. Portanto nunca há tempo para ir longe em coisa nenhuma."
"O que os ministros sabem fazer é entregar lixo e essas coisas. Kits, computadores...mas você acha que a função de um governo é andar aí a entregar lixo? Acha que o país escolhe e paga governantes para eles andarem aí a fazer de caixeiros viajantes? Um foi para Moçambique por causa do Dia do Diploma, o outro foi vender computadores para a Venezuela... Você acha que isto são coisas de gente com juízo?"
"Não há dinheiro cá dentro nem lá fora para estar a fazer essas obras tontas. Porque a maioria dessas grandes obras são puros disparates!
Acho que se devem fazer obras como barragens, investir em energias renováveis. Agora fazer estradas por aí fora? Auto-estradas?
Trás-os-Montes não viveria bem com uma boa estrada? É preciso uma auto-estrada? Trás-os-Montes viveu com caminhos de cabras até agora, e de repente salta para uma auto-estrada. Acha que isto num país pobre é alguma coisa que faça sentido?
Este novo-riquismo e uma gestão completamente irresponsável do dinheiro público é tipíco dos países pobres.
Se fôr aos países escandinavos, que as pessoas andam sempre a louvar, eles lá tornaram-se ricos sem isto!
Sobre o novo aeroporto, eu sou da opinião que nós devíamos explorar a Portela o mais possível.
Primeiro, pelo custo.
Segundo, porque é muito importante um aeroporto no sítio em que aquele está.
Terceiro, porque o problema da aviação, com esta mudança da disponibilidade dos combustiveís, é algo que têm um grande ponto de interrogação à frente. Ninguém com fundamento sério pode dizer que a aviação daqui a 15 anos vai ser isto ou aquilo. Pode ser muito mais, pode ser muito menos!
Portanto, estar a fazer um aeroporto a contar com um tipo de vida do petróleo barato, eu acho que é uma coisa completamente "fora da esquadria".
"Eu estaria num partido político, se fosse uma coisa para levar a sério. A política agora é feita por pessoas que tem que pensar duas vezes no que dizem, sobre risco de na próxima legislatura estarem desempregados.
Um partido político tem que ser composto por homens livres, que dizem aquilo que pensam, onde querem dizer e à hora que querem dizer!"
"Os portugueses devem perceber o que somos. Nós estamos a caminhar para bater na parede. Um país que vive de empréstimos vai chegar a um ponto em que não há dinheiro para sustentar isto..."