Chaimite

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Duarte

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Re: Chaimite
« Responder #285 em: Abril 21, 2013, 04:52:41 pm »
Caro Zawevo,
Interessantes observações! Fico agora na dúvida se será algum protótipo em avaliação, ou será que comprámos V-150 muito antes das atuais viaturas? Li algures que havia uma V-200 com torre Mecar de 90mm será esta?
Eu não tinha reparado nas diferenças no casco ...

Talvez o Sr. Pedro Monteiro possa desvendar um pouco este mistério...

Mais informação..

http://blogueforanadaevaotres.blogspot. ... e-145.html
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HSMW

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Re: Chaimite
« Responder #286 em: Abril 21, 2013, 10:41:17 pm »
V-400
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carlospires

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Re: Chaimite
« Responder #287 em: Abril 22, 2013, 11:42:02 pm »
Boas,
Velhos tempos quando uma unidade inteira com um batalhão estava dotada destas viaturas...
<a href="http://s809.photobucket.com/user/carlospira/media/TROPA/xaimitesrcmds_zpsf499f94a.jpg.html" target="_blank"><img src="http://i809.photobucket.com/albums/zz16/carlospira/TROPA/xaimitesrcmds_zpsf499f94a.jpg" border="0" alt=" photo xaimitesrcmds_zpsf499f94a.jpg"/></a>


<a href="http://s809.photobucket.com/user/carlospira/media/TROPA/chaimites3_zps7088745f.jpg.html" target="_blank"><img src="http://i809.photobucket.com/albums/zz16/carlospira/TROPA/chaimites3_zps7088745f.jpg" border="0" alt=" photo chaimites3_zps7088745f.jpg"/></a>


<a href="http://s809.photobucket.com/user/carlospira/media/TROPA/chaimites_zpsf1151de6.jpg.html" target="_blank"><img src="http://i809.photobucket.com/albums/zz16/carlospira/TROPA/chaimites_zpsf1151de6.jpg" border="0" alt=" photo chaimites_zpsf1151de6.jpg"/></a>









Espero que gostem destas imagens antigas do antigo Regimento de Comandos da Amadora.
Carlos Pires
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Duarte

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Re: Chaimite
« Responder #288 em: Abril 23, 2013, 12:00:26 am »
Caro Carlos Pires,
Muito obrigado pelas fotos!
Era apenas um BCmds que esteve equipado com as Chiamites, ou ambos? BCmds 11 e/ou 12?

Parece que existia uma Chaimite por secção de Comandos? A orgância era igual aos BInf neste tempo? Suponho que a CCmds pesada tinha a versão porta-morteiro?












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carlospires

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Re: Chaimite
« Responder #289 em: Abril 25, 2013, 10:18:08 am »
Boas,
Sr. Duarte, obrigado por colocar as fotos visiveis pois não consegui  fazê-lo...Eram os dois BCmds que tinham as chaimites e era um por secçao na companhia de apoio de fogos ( BAT11 - ccmds113 no BAT12 - ccmds131 ) .O de apoio fogos  ainda nao sei , mas vou tentar saber com pessoal que lá estava nessa altura e depois aqui informo .

Resta-me dizer que estas fotos são retiradas do facebok de amigos meus. ( não o tinha dito porque pensei que elas nao estavam colocadas )
Bom feriado
« Última modificação: Abril 27, 2013, 06:46:22 am por carlospires »
Carlos Pires
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Pedro Monteiro

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Re: Chaimite
« Responder #290 em: Abril 26, 2013, 04:26:28 pm »
Boa tarde,

De facto trata-se não de uma Chaimite V-400, da qual foi construído apenas um protótipo, testado com vários torres, mas de uma viatura americana Cadillac Gage V-100 com torre Mecar que estava na posse da Bravia e foi enviada, juntamente com as primeiras Chaimite para a Guiné. A história é muito bem contada (e ilustrada) no livro Elefante Dundum e eu fiz um apanhado na segunda parte da história da Chaimite na Motor Clássico (números 22 e 23):

"A entrada em serviço da Chaimite coincide com a sua entrada em combate. É o duro início de uma vida operacional tão ímpar quanto longa. Em Janeiro de 1971, são desembarcadas as primeiras viaturas no porto de Bissau, na Guiné. As quatro viaturas Chaimite são acompanhadas da Cadillac Gage Comando V-100 com torre Mecar, cedida temporariamente pela firma de Donas-Botto para testes. Avalia-se, então, o comportamento operacional da Chaimite - a qual era, ainda, um protótipo – para aferir a viabilidade da aquisição de viaturas adicionais e alterações ao seu projecto. Aqui, a fonte mais completa é, sem dúvida, o relato, publicado em livro, do major João Mendes Paulo. Da Guiné, refere a fonte, existe ainda a memória de um ataque, em Março de 1974, onde uma Chaimite é destruída por um RPG-7, vitimando dois tripulantes. No conflito, confirmam documentos oficiais, o Exército destacará também viaturas para Angola e Moçambiques. Mais tarde, as viaturas Chaimite vendidas ao estrangeiro virão também elas a entrar em combate."

Sobre as Cadillac Gage V-150, mais modernas e adquiridas já em 1989, existem mais detalhes e fotografias no meu livro Tankograd Missions & Manouevres - Vehicles of the Modern Portuguese Army (http://pedromonteiro-photography.blogsp ... -7022.html).

Sobre as Chaimite V-400 (pelo menos três torres testadas, a Mecar inicial, a Hispano-Suiza Lynx 90 F1 e a Cadillac Gage) e o interesse da Malásia nesta versão, recomendo o artigo na revista Tankograd Militärfahrzeug onde se publicam três fotografias inéditas dos testes e várias configurações, incluindo esta:



Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

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papatango

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Re: Chaimite
« Responder #291 em: Maio 07, 2013, 10:39:11 am »
Citação de: "Luso"
Agora já não se fabrica /exporta nada destas coisas que marcam e definem a visão de soberania de um país.
Outro resultado da abrilada.
Tenho que ignorar estas coisas - e os telejornais - que tudo isto me dá volta aos fígados.

Já agora, e porque está relacionado com a questão do 25 de Abril e com o apodrecimento do regime, gostaria de lembrar que antes de 1974 o desenvolvimento do projeto de cópia de uma viatura 4x4 americana, foi sujeito a muitas criticas por parte de muita gente instalada.

Os negócios da guerra faziam ganhar dinheiro a muita gente, e gente que não se preocupava com os militares.
O desenvolvimento do Chaimite foi visto por muita gente próxima ao regime como uma «americanice». A possibilidade de desenvolver viaturas para utilizações multiplas como camiões, foi vista como perigosa concorrência à produção da MDF no Tamagal.

Portanto, as críticas a alguma produção nacional não são exclusivas do periodo pós 25 de Abril.
Continuava a haver quem defendesse a compra (importação) de mais Panhard AML em vez de Chaimites.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Trafaria

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Re: Chaimite
« Responder #292 em: Maio 07, 2013, 01:30:00 pm »
Pois, é cultural, é transversalmente português e por isso independente de qualquer regime.  :wink:
::..Trafaria..::
 

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Lightning

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Re: Chaimite
« Responder #293 em: Maio 08, 2013, 12:08:42 am »
Os empresários de Portugal nunca gostaram de concorrência... e o governo sempre os ajudou.

 

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HSMW

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Re: Chaimite
« Responder #294 em: Dezembro 28, 2013, 09:37:48 pm »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Jorge Pereira

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Re: Chaimite
« Responder #295 em: Dezembro 28, 2013, 10:37:50 pm »
Citação de: "HSMW"

 :roll:
 

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Re: Chaimite
« Responder #296 em: Fevereiro 25, 2014, 08:28:03 pm »

Líbano. Data desconhecida mas provavelmente 2013.
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nelson38899

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Re: Chaimite
« Responder #297 em: Abril 20, 2014, 11:05:08 am »
Citar
Foi um roncar poderoso, em esforço, que fez desaparecer o pacífico som dos pingos da chuva no meio das árvores naquela paisagem de verde intenso que emoldurava o vale onde repousa o franciscano Convento Montariol.

O dia corria cinzento e chuvoso nos arredores da cidade de Braga. Nas traseiras do quartel do Regimento de Cavalaria 6, dois blindados verde-tropa irromperam pelo terreno a cuspir fumo branco com os corpos de três militares, de pé a sair do casco, dançando perigosamente enquanto as gigantescas rodas negociavam os solavancos do terreno. Quando finalmente estacaram, ao som do motor juntou-se o ruído metálico de uma escotilha que se escancarou para de lá sair um militar em corrida com duas estacas na mão. No topo das viaturas, outro militar acenava pausadamente, indicando onde as estacas deviam ser colocadas no terreno. Do interior do blindado, saía o cano de um morteiro, em posição de disparo. Seis homens repetiam em poucos segundos o ritual com que testavam a sua prontidão para a eventualidade de serem chamados a uma qualquer parte do hemisfério Norte, missão actual do Esquadrão de Reconhecimento, escalado para fazer parte da efectivo internacional da NATO Response Force.

Mais acima no terreno, um zumbido denuncia a presença de um outro blindado, ainda a cheirar a novo. Um sussurro perceptível apenas para os que se encontravam a escassos metros da imponente viatura, onde outros dois militares encaravam, concentrados, dois ecrãs de computador, ignorando os movimentos ruidosos das outras duas máquinas a mais de 100 metros.

Foram as arestas laterais dos blindados no fundo da depressão a revelar a sua identidade. Quarenta anos depois da Revolução do 25 de Abril e 47 anos depois das primeiras encomendas, o Exército continua a utilizar Chaimites, os blindados de rodas que se tornaram num dos ícones do fim do Estado Novo. O regime que os construiu pouco tempo teve para deles tirar proveito. Foi a Revolução que o derrubou e mais tarde a democracia que lhe sucedeu que deu uso aos primeiros blindados desenhados, projectados e montados em Portugal. E que, ainda hoje, os faz rolar nos campos ao redor de Braga, mas também no Campo Militar de Santa Margarida e além disso, a mais de 3500 quilómetros de distância, no Kosovo.

A crise e as limitações orçamentais que pesam sobre o país podem fazer com que estes blindados ultrapassem os 50 anos de serviço. O número das modernas Pandur que foram chegando aos quartéis não são ainda suficientes para fazer das Chaimites peças de museu.

Actualmente, nove estão ao serviço do contingente português destacado no Kosovo. Quinze fazem parte do efectivo bélico do Regimento de Cavalaria 6 de Braga. Cinco estão na Escola de Armas, em Mafra. E três estão na Direcção Geral de Material do Exército. Restam 32 das 84 que o Exército recebeu da empresa portuguesa Bravia entre o final dos anos 60 e inícios da década seguinte.

Não são já as mesmas que o major reformado Donas Botto fez ver a luz do dia nos arredores de Lisboa. Mas, ao longo de quase meio século, a sua história andou sempre a par dos atributos e vicissitudes do modo de ser português.

Miguel Machado, com a autoridade concedida por anos dedicados à história do blindado , afirma-se convicto que noutros países, o processo que levou à sua construção daria “um belo filme”.  O seu contacto com as viaturas vem de longe. Da Bósnia, onde serviu como oficial no primeiro contingente militar português para aí enviado pelo Governo de António Guterres.

A sua curiosidade levou-o aos arquivos do Exército. Foi aí que encontrou as primeiras referências a Donas Botto - que na altura se dedicava ao negócio do material militar - desafiado pelo Exército a fabricar um blindado em Portugal, depois de o Governo norte-americano se ter recusado a vender ao Estado Novo 50 viaturas para transporte de pessoal.

A solução encontrada foi copiar o modelo norte-americano chamado V100 Commando. “É a mesma coisa que qualquer país faz quando é alvo de um bloqueio”, explica Machado. Num dos seus artigos publicados em revistas militares, o oficial dá conta que em 1967 chegava a Lisboa uma “misteriosa carga”, descarregada e transportada  para as Oficinas Gerais de Material de Engenharia, em Belém. Eram um exemplar da V100 da Cadillac Gage. Em “segredo” aterrava na Portela um engenheiro-chefe e um operário especializado dessa empresa. Com ele trazia os “planos” do blindado. Nos bastidores, Donas Botto negociava no estrangeiro a aquisição de peças essenciais ao projecto. Depois do protótipo ter sido revelado ao Exército, os primeiros cascos começam a ser fabricados na SOREFAME.  O esforço de produção leva o empresário a comprar a totalidade do capital da VM, que construía tractores e camiões no Porto Alto. Em 1970, o Exército já tinha recebido 18 V200 Chaimite. Que na realidade eram uma autêntica cópia das americanas Commando. As diferenças era mínimas e resultavam das limitações industrias de Portugal. “O casco da viatura da V100 é arredondado, sem soldaduras, a Chaimite era soldada”, explica Machado.

O esquema não escapou às autoridades da superpotência, irritadas com o autêntico caso de espionagem industrial. “Donas Botto foi condenado à revelia e proibido de entrar nos EUA”, recorda Machado. O engenheiro Gerald Larson, quando regressa aos Estados Unidos acaba condenado por “transferência de tecnologia”. O mesmo acontece a outro empresário norte-americano a quem Botto havia recorrido para obter peças. Em 1971, os jornais de Detroit davam conta que um tal de Robert Marshall fora acusado de “vender material bélico proibido, a Portugal”. “Diferenciais de motor” e “blocos de visão prismática”, ou seja, materiais para equipar as Chaimites.

Por essa altura já as Chaimites rolavam em África. O Tenente-Coronel Ferreira, comandante do grupo de autometralhadoras do RC6, fez as contas ao PÚBLICO a partir dos arquivos de Exército. “Quatro na Guiné a partir de 1970, três em Moçambique a partir de 1972 e 7 em Angola a partir de 1971”. Mas houve percalços nas primeiras provas. “Logo na primeira apresentação, na Guiné, na presença de Spínola, partiu-se um semi-eixo”, recorda Machado. Mas a principal razão para as Chaimites não terem chegado a África rapidamente e em força teve mais que ver com as dificuldades que a Bravia - empresa de Botto – teve em colocar fora da fábrica as 84 encomendas feitas em 1967 e 1968.

Chegaram, no entanto, bem a tempo do mais importante acontecimento histórico da segunda metade do século XX português. Salgueiro Maia levava duas consigo quando rolou de Santarém para o Terreiro do Paço na madrugada de 25 de Abril de 1974.

Uma delas, a Bula, ficou para a história. Foi no interior de uma Chaimite que o capitão de Abril colocou Marcello Caetano, ao evacuá-lo do Quartel do Carmo. “A Chaimite teve de ir lá dentro porque as pessoas estavam prontas para fazer o ajuste de contas”, recorda Carlos Beato, comandante do sexto grupo de combate que saiu com Salgueiro Maia da Escola Prática de Cavalaria e presidente da Câmara de Grândola até ao ano passado. A Bula está agora no museu da Cavalaria, instalado no Quartel de Abrantes.

O Verão Quente e o Processo Revolucionário em Curso (PREC) fizeram o resto para elevar o blindado ao estatuto de ícone da Revolução. Andaram por todo o lado, nos papéis mais variados. Beato recorda-se de as usar em “momentos de tensão”: “Durante a reforma agrária, com a ocupação de herdades de empresas as chaimites foram um dos equipamentos utilizados.”

Arnaldo Cruz, que foi presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil até 2012 e naqueles anos estava no Regimento de Comandos, também se lembra do blindado. Não podia ser de outra forma, já que aquela tropa de elite acabou por ser a unidade que mais Chaimites teve nas suas fileiras: 52. Eram usadas para transporte de pessoal, mas não só.

Foram recrutadas para o “reforço alargado no forte de Caxias”, quando era necessário “interditar algumas áreas”. Impunham-se pela sua presença: “O barulho dos motores mesmo em ponto morto assustava um pouco. Era mais pelo barulho dos motores que pelo armamento.”

Mas também fizeram parte de actividades mais pacíficas, como as “campanhas de divulgação e informação política”. Foi uma época diferente, lembra Arnaldo Cruz. Em que os Comandos iam até ao Sardoal para ajudar os agricultores “na apanha da azeitona”.

Os anos oitenta foram mais pacíficos. Permitiram, por exemplo, a reconversão de 81 Chaimites, ironicamente, na fábrica norte-americana de onde havia saído os planos que permitiram o seu fabrico. Entre 1985 e 1988, na Cadillac Gage e nas Oficinas do Exército, trocaram-se os motores a gasolina, por outros a gasóleo, substituiu-se a caixa manual por uma automática e reforçaram-se os calcanhares de Aquiles das Chaimites, os semi-eixos. Algumas delas sofreram modificações mais extensas para se transformarem em porta-mísseis e porta-morteiros.

Mas nem com esse upgrade estavam preparadas para a missão mais exigente que as esperava. Quando o Ocidente decidiu intervir nos Balcãs, Portugal seguiu os seus aliados. E assim seguiram para a Bósnia, em 1996, 26 Chaimites. “A época em que a Chaimite foi mais usada foi em 1996, na Bósnia”, assegura Machado. Milhares de quilómetros nas montanhas fazendo escoltas de comboios humanitários,  transporte de altas entidades e feridos, missões de reconhecimento na neve.

“Era uma viatura claramente desadequada para aquele teatro de operações. Foi um desenrascanço tipicamente português. Quando chegou a altura de partir para a Bósnia, o Exército não tinha blindados de rodas de transporte a não ser a Chaimite. Puseram-lhe um aquecimento rudimentar, uma chauffage da Iveco, creio, e lá vão elas”, diz Machado. Houve “duas tentativas de desenrascanço: a chauffage em 1996 e a cobertura para a condução”, reconhece o Tenente-Coronel Ferreira. Não tiveram grande sucesso, e quem pagou foi o soldado português que teve de as operar.

Quando Portugal teve de enviar os jipes Humvee para a Força Nacional Destacada no Afeganistão, voltaram a ser usadas no Kosovo. Garantia do Tenente-Coronel Ferreira, que fez uma comissão na região em 2000. “As Chaimites saíam todos os dias, fizeram milhares de quilómetros”, recorda. Em missões de patrulhamento, acções de controlo de tumultos, montagem de postos de controlo, operações de cerco e busca para apreensão de armamento.

Ainda por lá andam nove. Mas com os dias contados, uma vez que na última rotação seguiram também as suas sucessoras, as Pandur. “Comparado com a Chaimite é um avião, mas também basta acender uma luz vermelha e aquilo bloqueia”, brinca Machado. Mas a verdade, como diz o oficial da RC6 é que os novos blindados “fazem coisas que a Chaimite não pode fazer”. Computação, visão nocturna e armamento do século XXI.

O habitat interior mostra de que mundos diferentes vieram as duas máquinas. O espaço acanhado, ruidoso, abafado e metálico da Chaimite é muito diferente do habitáculo sussurante, climatizado e de assentos individuais almofadados da Pandur.

Mais tarde ou cedo acontecerá às Chaimites que restam o que sucedeu já à maioria. Afinal, a cada ano que passa é mais difícil encontrar sobresselentes, os sistemas hidráulicos já falham e os travões já não garantem toda a segurança. Acabarão “desmilitarizadas”, ou seja, estripadas do seu material classificado, de rádios, armamentos e dísticos por forma a transformá-las “num bocado de chapa com rodas”.

Mas não será para já. Porque o modelo porta-morteiro da Pandur ficou a apanhar pó num armazém, nos acabamentos finais, quando o Estado português denunciou o contrato com a Steyr. Até que esse imbróglio se resolva, se entretanto, a NATO tiver que agir num qualquer canto do hemisfério e chamar o efectivo português, assim seguirão, mais uma vez as Chaimites com os soldados portugueses ao som do seu rugido imponente, colorido pelos vapores dos anos históricos do século XX.



http://www.publico.pt/portugal/noticia/pensada-para-a-guerra-testada-na-revolucao-esmifrada-na-paz-1632869?page=-1#/0
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nelson38899

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Re: Chaimite
« Responder #298 em: Agosto 18, 2014, 02:36:06 pm »
Citar
Conforme planeamento e determinação da Cadeia de Comando Nacional, o 1BIMec/KFOR contribuiu para retração de 8 viaturas blindadas ligeiras (VBL) CHAIMITE do teatro de operações do Kosovo, para território Nacional.
No dia 09AGO14, com a chegada dos contentores procedeu-se à preparação, e carregamento das viaturas no interior dos contentores.
No dia 13AGO14 os contentores, foram escoltados desde o Cap Slim Lines até ao Terminal Ferroviário em Pristina por forças Portuguesas, incluindo uma equipa de Manutenção e Policia Militar KFOR.
Após o transporte ferroviário, que termina na Grécia, as viaturas viajam por via marítima, com paragem em Antuérpia, destino Sines, estimando-se a sua chegada em setembro de 2014.
Com esta retração, encerra-se um capítulo da vida destas viaturas, que se encontram ao serviço do Exercito de Português desde 30 de dezembro de 1967, com desempenho operacional no Ultramar, e nos Balcãs desde, 1996 até 2014



http://[img]http://www.exercito.pt/sites/FNDKosovo/Noticias/PublishingImages/20140815%20NKU%20KTM%20%20RETRA%C3%87%C3%83O%20DAS%20CHAIMITE/DSC_4044.jpg[/img]


http://www.exercito.pt/sites/FNDKosovo/Noticias/Paginas/139.aspx
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PereiraMarques

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Re: Chaimite
« Responder #299 em: Agosto 18, 2014, 03:53:09 pm »
Citação de: "nelson38899"
as viaturas viajam por via marítima, com paragem em Antuérpia, destino Sines, estimando-se a sua chegada em setembro de 2014.

Como é que é?  :?  Sou eu que estou a perceber mal ou o navio vai da Grécia a Antuérpia e depois é que vem a Sines?  :conf: