U209PN

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Re: U209PN
« Responder #2670 em: Setembro 22, 2017, 02:04:58 pm »
Há sempre contras contra tudo e isso é o normal.
Qual era mesmo o ponto de situação dos submarinos a nível de torpedos?
Já tínhamos Black Shark ou utilizávamos outro modelo?

Já tínhamos

Citar
7,07 milhões de euros mais IVA com a “aquisição de bens e serviços de modernização dos torpedos de combate do tipo Black Shark dos submarinos da classe Tridente, de forma a permitir a continuação e incremento da operacionalidade e uso deste meio de defesa dos submarinos”.
Citar
o despacho evoca a “imprescindível” modernização dos torpedos, “de modo a dar continuidade ao programa de lançamento de torpedos de exercício”, bem com a “manter o adestramento das guarnições na operação desta arma, mantendo assim a capacidade operacional onde os torpedos são usados”.
Bem me parecia. Se bem me lembro das 178 páginas deste tópico, o que faltava era o sistema Sub-Harpoon.
Então nada de novo...

Citar
A despesa será fracionada ao longo dos dois próximos anos. A Leonardo receberá uma primeira parcela de cerca de 2,4 milhões de euros até ao final de 2017, 682 mil euros em 2018 e uma terceira tranche, que rondará os 4 milhões de euros, a ser paga em 2019.

« Última modificação: Setembro 22, 2017, 02:07:41 pm por HSMW »
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Re: U209PN
« Responder #2671 em: Setembro 25, 2017, 04:29:50 pm »
O Correio da Manhã não larga os submarinos:

 

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Re: U209PN
« Responder #2672 em: Setembro 25, 2017, 05:45:43 pm »
O Correio da Manhã não larga os submarinos:



Todo o equipamento militar tem um custo fixo de operação/manutenção. Não sei qual é o problema do Correio da manhã.
 

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Re: U209PN
« Responder #2673 em: Setembro 25, 2017, 06:07:50 pm »
Ouvi a noticia na rádio e lembrei-me logo do mesmo!
Os submarinos têm custos, os F-16 têm custos, os Leopard têm custos. A defesa de um país tem custos!
Tal como a frota de viaturas VIP do estado e as subvenções dos partidos políticos para as eleições que é o que penso que se anda a tentar abafar!!
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Re: U209PN
« Responder #2674 em: Setembro 25, 2017, 06:10:09 pm »
O Correio da Manhã não larga os submarinos:



Todo o equipamento militar tem um custo fixo de operação/manutenção. Não sei qual é o problema do Correio da manhã.

O problema do Correio da Manhã não é nenhum, simplesmente é um tema polémico que gera tráfego no site e vendas, é esse o foco deles. A questão é que este surfar de onda de polémicas e pseudo-polémicas em tudo o que envolve os submarinos cria um ambiente que provavelmente acabará por impedir qualquer substituição destes (e de outros) meios no futuro.
 
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Re: U209PN
« Responder #2675 em: Setembro 25, 2017, 06:24:39 pm »
E se formos a pensar correctamente, a despesa dos submarinos até deveria ser de 12.75M de €. (Isto porque penso que deveriamos ter optado pelo terceiro U209PN pelo preço de 100 e poucos milhões de €, Tentem ver o preço de uma unidade agora....)
 

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Re: U209PN
« Responder #2676 em: Setembro 25, 2017, 10:07:03 pm »
O problema do Correio da Manhã não é nenhum, simplesmente é um tema polémico que gera tráfego no site e vendas, é esse o foco deles. A questão é que este surfar de onda de polémicas e pseudo-polémicas em tudo o que envolve os submarinos cria um ambiente que provavelmente acabará por impedir qualquer substituição destes (e de outros) meios no futuro.

Quando se colocar em cima da mesa a substituição dos actuais submarinos, os principais críticos já não estarão por cá. E até essa altura, muita coisa pode acontecer. Em 2030 ou 2040 a Europa vai continuar a ser "segura"?
 

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Stalker79

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Re: U209PN
« Responder #2677 em: Setembro 26, 2017, 02:43:21 am »
O problema do Correio da Manhã não é nenhum, simplesmente é um tema polémico que gera tráfego no site e vendas, é esse o foco deles. A questão é que este surfar de onda de polémicas e pseudo-polémicas em tudo o que envolve os submarinos cria um ambiente que provavelmente acabará por impedir qualquer substituição destes (e de outros) meios no futuro.

Quando se colocar em cima da mesa a substituição dos actuais submarinos, os principais críticos já não estarão por cá. E até essa altura, muita coisa pode acontecer. Em 2030 ou 2040 a Europa vai continuar a ser "segura"?

A europa segura em 2030/2040!? Pela maneira que isto vai dou-lhe duas escolhas, o FIAT Nisso e o FIAT Nessa......
 

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mafets

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Re: U209PN
« Responder #2678 em: Setembro 26, 2017, 03:47:21 pm »
Os submarinos por alto devem ter dado à volta de 100 milhões a mais em luvas e com aquelas contrapartidas manhosas, mas todo o equipamento foi adquirido com os contratos assinados na sua totalidade, o material chega a tempo, as manutenções na sua grande maioria são cumpridas dentro dos prazos e os submarinos têm uma alta taxa de operacionalidade, sendo alem de bastante usados, os meios modernos das F.A. cá do burgo. Já agora, como a "justiça" diz que foi tudo legal, para quê insistir?  ;D :jok:
Citar
A Procuradoria-Geral da República confirmou esta quarta-feira o arquivamento do caso dos submarinos, um processo com oito anos e ao qual sempre esteve ligado o nome do então ministro da Defesa e atual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

A informação foi avançada pela revista "Visão", na qual se explica que o Ministério Público decidiu não levar a julgamento nem deduzir acusações contra os arguidos. O despacho de arquivamento, adianta, já é do conhecimento de Amadeu Guerra, diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e foi redigido pelos magistrados Josefina Escolástica e Júlio Braga.



https://www.jn.pt/seguranca/interior/caso-dos-submarinos-arquivado-4302167.html
Pelo contrário, os famosos NH90, junto com os A340, EC, NAVPOL e LFC, "meios stealth e com uma operacionalidade invejável", o CM  (e a populaça) não se dá ao trabalho de somar os mais de no mínimo 196 milhões de euros gastos em quebras de contrato, acessórias, projectos não executados e multas. Na volta é como os "Panama Papers", onde como estão figuras ilustres envolvidas  "a montanha pariu literalmente um rato", mas a malta gosta de ser enganada com jornalismo da treta e estudos sobre o "sexo dos anjos" , pois lá vão votar descansados. Enfim, uma imprensa ao nível da maior parte da população (sim, aquela que se está outra vez a enterrar em créditos e quando o BCE mexer na taxa de juro ou levar com outra crise em cima, até bufa). Mas só para recordar...  ::) :-X
Citar
Portugal já gastou mais de 120 milhões com helicópteros que nunca receberá. Saiba tudo sobre este tema e conheça a história com 24 anos atribulados



http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/os-milhoes-que-voaram=f806357

Saudações

« Última modificação: Setembro 26, 2017, 03:52:10 pm por mafets »
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

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Re: U209PN
« Responder #2679 em: Setembro 26, 2017, 07:41:51 pm »
Quando se colocar em cima da mesa a substituição dos actuais submarinos, os principais críticos já não estarão por cá. E até essa altura, muita coisa pode acontecer. Em 2030 ou 2040 a Europa vai continuar a ser "segura"?

É possível que sim, até porque estamos a décadas disso acontecer. Mas a questão não são alguns críticos específicos, nem os submarinos em particular, embora estes sejam o alvo preferencial.

Tem feito caminho uma ideia de oposição total a qualquer aquisição de equipamento militar e à própria existência de forças armadas enquanto tal, e não como uma mera guarda costeira/protecção civil/ONG humanitária. Não sei se essa postura mudará muito face à situação de segurança na Europa, até porque já hoje não há falta de ameaças reais e potenciais.

Ou porque somos pequeninos aqui no nosso cantinho e por isso ninguém nos fará mal, e se fizerem vêm os nossos aliados (se fazemos parte de um mecanismo europeu de protecção civil em que praticamente só recebemos ajuda, porque nem aviões de combate a incêndios em condições temos, porque é que na defesa haveria de ser diferente?) e de qualquer forma nem valeria a pena lutar porque isso seria um transtorno e não teríamos hipóteses, ou porque isso da tropa é imperialismo e capitalismo e opressão (menos se forem os Russos na Crimeia, Ucrânia ou Bálticos, ou o Obeso Líder da Coreia do Norte ou as Forças Armadas Revolucionárias Bolivarianas da Venezuela que praticamente tomaram conta da Administração Pública do país em várias áreas), e temos que acabar mas é com os exércitos (no ocidente, note-se), abrir as portas ao mundo e aceitar o que ele trouxer, que será excelente e se não for, é por nossa culpa e de mais ninguém e por isso temos que aceitar e relativizar.
 
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Lightning

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Re: U209PN
« Responder #2680 em: Outubro 02, 2017, 08:26:11 pm »
Facebook da Marinha

Submarino Arpão em missão internacional
O NRP Arpão partiu hoje, dia 2 de outubro, para o cumprimento da missão no âmbito da Operação SOPHIA da força naval da União Europeia EUNAVFOR MED, estando previsto regressar no final do mês de Novembro.

https://www.facebook.com/MarinhaPortuguesa/videos/1608448265843017/
 

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Charlie Jaguar

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Re: U209PN
« Responder #2681 em: Outubro 08, 2017, 05:18:56 pm »
A notícia de hoje no DN, se bem que primordialmente ligada ao presente e futuro do estaleiro Arsenal do Alfeite, está ligada à modernização do Arpão.

Citar
Finanças bloqueiam capacidade do Alfeite para reparar mais navios
08 DE OUTUBRO DE 2017
00:38

Manuel Carlos Freire

Marinha preocupada porque o Arsenal continua a não conseguir reparar, em simultâneo, submarinos e navios de superfície

É um mistério, que nem as Finanças nem o Ministério da Defesa explicam. Porque é que o Arsenal do Alfeite (AA) continua sem luz verde para usar as verbas que tem no banco, desde janeiro e transferidas pelo próprio governo? Além de a empresa já estar em risco de perder milhões de euros por negócios não realizados, é quase certo que terá de imputar aos clientes - como a Marinha - os custos adicionais inerentes à realização dos trabalhos noutros locais, soube o DN.

Os milhões a receber decorrem de conseguir fazer a reparação de submarinos alemães construídos pela ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) para a Marinha, a começar pelo português Arpão a partir de setembro de 2018 e cujo valor por unidade supera os 20 milhões de euros na intervenção programada. Quanto aos custos adicionais a pagar pelos clientes, o mesmo navio da Marinha serve de exemplo: caso tenha de ir para os estaleiros de Kiel, cabe ao ramo naval das Forças Armadas suportar os valores associados ao envio da guarnição e à estada das equipas de acompanhamento (15 meses).

Diferentes fontes garantem não estar em causa cativações de verbas (cerca de dez milhões de euros do próprio capital social da empresa), nem o saber onde arranjar dinheiro para um investimento qualificado como reprodutivo - alargar o cais do AA, para reparar e fazer manutenção simultânea de submarinos e navios de superfície.

As Finanças, que não responderam ao DN até ao fecho da edição, enviaram no fim de setembro uma portaria de extensão de encargos para pagar a formação dos trabalhadores nos estaleiros de Kiel (onde acompanham a reparação do submarino Tridente). Contudo, as mesmas Finanças "não deram autorização para usar a verba respetiva", inferior a um milhão de euros, lamentou ontem uma fonte da Defesa ao DN.

Quanto às outras duas portarias de extensão de encargos, pedidas pelo AA e necessárias para fazer pagamentos plurianuais, uma visa construir duas lanchas salva-vidas para a Marinha e a outra respeita às obras no cais (envolvendo também aspetos ambientais), explicou outra das fontes.

Neste momento, alertou outra fonte, há um atraso de pelo menos cinco meses no processo, que começa com o lançamento do concurso internacional para a realização das obras, envolve a análise dos processos e eventuais recursos judiciais de candidatos derrotados, depois a contratualização dos trabalhos e a sua realização. Isto significa uma de duas situações para o AA: ou já não recebe o submarino Arpão, em setembro de 2018; ou então aceita-o e durante 15 meses não recebe qualquer outro navio.

Com a Marinha a ter de realizar ações de manutenção em pelo menos uma das fragatas Vasco da Gama, bem como em corvetas, estes meios teriam de ir para outro lado - sendo obrigação contratual do AA fazer esses trabalhos. "A situação não é fácil", até porque "os encargos recairiam sobre o cliente e não sobre o Arsenal", disse ao DN uma fonte que já esteve envolvida em processos desses.

Quanto à Marinha, apesar das potenciais implicações desta situação, o seu porta-voz limitou-se a dizer ao DN que o ramo "não tem informação" relativa ao AA que suscite preocupações. "Mantém-se o planeamento" quanto aos prazos de docagem do submarino Arpão (em setembro de 2018), das fragatas e das corvetas até 2020, afirmou o comandante Coelho Dias, acrescentando: "Estamos a confiar" que, "quando chegar o período" de fazer as revisões e manutenções, o Arsenal seja capaz de garantir as suas obrigações.

https://www.dn.pt/portugal/interior/financas-bloqueiam-capacidade-do-alfeite-para-reparar-mais-navios-8826851.html


As "não cativações" de Centeno no seu melhor...  ::)
« Última modificação: Outubro 08, 2017, 05:24:40 pm por Charlie Jaguar »
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
DE NADA A FORTE GENTE SE TEMIA
"

Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas, Canto I - Estrofe 97)
 

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Re: U209PN
« Responder #2682 em: Outubro 08, 2017, 05:50:03 pm »
Ou é mais um para enfraquecer e depois vender ao barato?

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 
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HSMW

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Re: U209PN
« Responder #2683 em: Outubro 14, 2017, 06:52:17 pm »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Crypter

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Re: U209PN
« Responder #2684 em: Outubro 15, 2017, 03:11:55 pm »
Novo uniforme na Marinha??


Citar
"Fazemos o que gostamos, mas afastados de quem gostamos"
O DN acompanhou a partida do segundo dos submarinos Tridente da Marinha para o Mar Mediterrâneo, onde participa na Operação Sophia, a qual começou com um contratempo causado pelas demonstrações feitas com o Presidente da República a bordo. Esta missão militar da UE destina-se a combater diversos tipo de tráfico e identificar e eliminar embarcações e contrabandistas

Algures a meio da noite dentro do submarino Arpão, a 15 metros de profundidade e ao largo de Sesimbra, começa a ouvir-se cantar o hino do Sporting Clube da Horta. A surpresa de quem é estranho à guarnição é acolhida com sorrisos e uma resposta também em voz baixa, para não acordar quem já dorme: "É o imediato."

O imediato é a segunda figura a bordo dos navios militares, o conselheiro do comandante na condução das operações militares e, na prática, é o responsável operacional. No caso dos submarinos, é por ele que passa também toda a comunicação para e de terra - o que implica ter a responsabilidade de decidir o que pode ser transmitido ao destinatário das mensagens a bordo, incluindo o comandante, e guardar segredo do que não revela, por mais pesado que seja.

Fica por saber se a escolha musical do primeiro-tenente Paulo Macedo da Silva naquela madrugada corresponde a uma dessas situações de autogestão do stress. Certo é que esse parece ser um hábito do oficial em certos momentos...

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Com uma guarnição completa de 33 militares - todos homens, embora já haja pelo menos uma voluntária para fazer o curso de dez meses - em que os mais velhos têm cerca de 43/44 anos e "quase tudo é gente casada", o Arpão é o segundo dos dois submarinos da classe Tridente construídos na Alemanha durante os anos 2000.


Com 57 metros de área habitável, cada um dos 33 militares consegue ter uma cama própria. Em rigor, o espaço de que um marinheiro beneficia a bordo do Arpão é de quase dois metros. Por comparação, nos anteriores submarinos da classe Albacora (44 metros habitáveis), cada um dos 54 efetivo tinha direito a menos de um metro, assinala o comandante, capitão-tenente Henriques Frade, evocando a sua carreira a bordo daqueles navios antiquados em que "cada um só podia levar uma mala pequena" para bordo, qualquer que fosse a duração das missões.

Nestes novos submarinos da classe Tridente há ainda espaço no corredor para receber mais 10 pessoas a bordo: baixam-se as mesas existentes junto à proa e montam-se (e desmontam-se diariamente) outras tantas macas em três filas verticais - estando uma delas, no nível mais alto, reservada para o oficial espanhol que participa nesta missão militar no Mar Mediterrâneo ao serviço da UE (ver texto secundário).

A partida para a Operação Sophia, a 2 de outubro, ficou marcada pela visita do Presidente da República ao largo de Cascais e do plano consta uma paragem ao fim da tarde, na baía de Sesimbra, para receber a equipa do DN. O ligeiro atraso com que lá chega sugere a existência de algum tipo de contratempo, confirmada após a chegada a bordo num bote da lancha da Marinha que apoia a Autoridade Marítima Local.

O comandante do Arpão, capitão-tenente Henriques Frade, confirma-o pouco depois de receber os visitantes no convés exterior: uma das manobras de demonstração feitas com Marcelo Rebelo de Sousa a bordo fez soltar uma espécie de tampa à ré.

O caso em si não impedia a viagem mas, caso fosse necessário acelerar o navio para além da velocidade habitual de cinco nós (menos de 10 quilómetros/hora), já poderia danificar a peça ou provocar ruídos que anulariam a sua grande vantagem: navegar em silêncio, indetetável (não é por acaso que na casa de banho há cartazes a alertar para "não bater" a porta. Ou, ainda, que todos os equipamentos a bordo estão fixados ao casco resistente, exterior, do submarino através de borrachas que amortecem as vibrações e absorvem o som produzido por geradores, esgotos ou, por exemplo, bombas hidráulicas).

Dada a proximidade à base naval de Lisboa, donde partem os mergulhadores que irão colocar a peça no lugar, decide-se que o Arpão fica a navegar na zona de Sesimbra em vez de seguir logo para Portimão, onde estava previsto deixar o DN a meio da manhã do dia seguinte, e aguardar aí pela chegada dos "mecânicos" enviados do Alfeite

O que também não se faz durante toda a noite - incluindo as pouco mais de duas horas passadas na maca e tapados com um cobertor para evitar "congelar e parecer um pinguim" por causa do ar condicionado - é mergulhar até aos 50 metros de profundidade, restando a experiência da suave descida inicial até à cota periscópica dos 15 metros e, poucas vezes, uma leve oscilação do submarino enquanto navega na habitual velocidade de cinco nós (cerca de nove quilómetros/hora).

Respeitar o relógio biológico

Na sala de comando, após subir e descer escadas a pique no interior da torre do navio, o segundo-tenente Carvalho Correia (chefe do serviço de operações do Arpão) dá as primeiras explicações.

O ambiente é de quase ficção científica - "tipo Nova Iorque, a cidade que não dorme", brinca Henriques Frade -, acentuado pelas ordens associadas aos procedimentos de imersão e estanquicidade do submarino: a iluminação é a que sai das consolas, das silhuetas térmicas ou imagens de infravermelhos dos alvos nos monitores, dos interruptores e botões de várias cores instalados nas duas paredes daquele espaço. A meio estão a mesa do oficial de quarto e o periscópio cheio de botões junto aos punhos.

A razão para o navio operar de noite sem as luzes do teto ligadas é fisiológica, refere o comandante: trata-se de respeitar o relógio biológico dos marinheiros, ficando só com luzes de presença desde o princípio da noite e acendendo as lâmpadas led com o raiar do dia. O oficial esclarece que as questões fisiológicas estendem-se aos efeitos do "ritmo das bordadas", turnos sucessivos de seis horas a trabalhar e seis a descansar (que inclui dormir, comer, tomar banho...): começando à 01:00 da manhã, o primeiro vai até às 07:00 e assim sucessivamente.

Contudo, as exigências físicas e psicológicas que isso coloca têm levado a adotar um novo modelo de quatro horas a trabalhar seguidas por oito horas a descansar quando, diz o capitão-tenente, o tipo de missão e grau de ameaça permitem. Nesse regime "é possível ter vida pessoal", traduzindo-se isso em jogos de tabuleiro, ver filmes nos portáteis ou praticar desporto.

É por isso, acrescenta o seu imediato enquanto o submarino oscila para fazer desaparecer as bolhas de ar existentes entre o chamado casco resistente e o exterior, que "quando não se está a fazer nada dorme-se. É o bom senso", enfatiza Paulo Macedo à mesa do centro nevrálgico do Arpão. Esta área está dividida em dois: a estibordo (lado direito) encontra-se a área de funcionamento da plataforma, enquanto a bombordo fica a da recolha e tratamento da informação (acústica, visual, eletromagnética, de comunicações) obtida pelos sensores e radares, periscópio e mastro optrónico, assim como trata do combate naquela que é "a arma mais estratégica do país", enfatiza Henriques Frade.

Questionado sobre se as conversas e ordens dadas a bordo são gravadas, a exemplo do que sucede nos aviões e tendo em conta os recentes acidentes com navios da Sétima Esquadra norte-americana que levaram à demissão de vários responsáveis, o comandante do Arpão responde com o habitual sorriso: "Aqui não há caixa negra, só há um culpado."

"Mais do que ser brilhante", a bordo do submarino "vive-se muito da experiência, muito bom senso e calma", argumenta Henriques Frade, que levou 12 anos quase ininterruptos a bordo até ser um dos poucos "escolhidos a dedo" para comandar submarinos, observa o porta-voz do ramo, comandante Coelho Dias. Hugo Almeida de Melo, primeiro-tenente que está embarcado como oficial de reserva, vai mais longe: aquele cargo "é o mais desafiante" da Marinha e ao que aspira chegar.

Esse percurso começa como oficial de comunicações, a que se segue a passagem a oficial de navegação, de operações e, por fim, a imediato - onde a capacidade de interpretar a complexidade dos múltiplos dados recebidos representa uma condição básica, que vai servindo de triagem ao longo desse percurso. E no curso de comandantes, na Alemanha, a regra é chumbarem "40% a 50%" dos candidatos, independentemente das várias nacionalidades. Aí, sob stress e cansaço induzidos pelos instrutores, um candidato tem, por exemplo, de ser "capaz de construir uma panorâmica a três dimensões da superfície do mar" com uma única e rápida volta do periscópio, ficando a saber quantos e onde estão os navios observados.

Exigido é também "muito cálculo mental no periscópio", no essencial "senos e cosenos", para estimar os minutos em que é possível arriar o aparelho antes de o voltar a içar com a garantia de que, nesse intervalo, nenhum dos navios identificados à superfície pode chocar com o submarino. "Trabalha-se com movimento relativo, pois no mar não se para nos cruzamentos" e, dada a inércia dos navios, uma distância de dois quilómetros "é já ali", informa um dos oficiais.

Outra figura essencial a bordo é a do responsável pelo leme, um manípulo semelhante aos joysticks dos jogos de consola e que está a cargo de um cabo. "Encontrar o equilíbrio zero" exige "sensibilidade, concentração e capacidade de resposta" por parte do marinheiro que conduz o Arpão, realça o comandante daquele submarino com 2020 toneladas que pode ser desequilibrado com a deslocação de uns meros 100 quilos ao longo do corredor que se estende da proa à ré.

É por isso que a mudança de turno "pode demorar uma hora", pois "rende-se um homem de cada vez", destaca o capitão-tenente Henriques Frade. Isso é particularmente aconselhável durante a noite, pois o desequilíbrio do navio teria de ser compensado com a deslocação de água nos tanques de compensação de peso "da vante para ré, fazendo ruído" e perturbando quem está a descansar.

"Há um respeito grande pelo silêncio, pela privacidade dos outros, pois todos sabem o que custa" ser interrompido nos momentos de descanso, em especial quando o regime de bordadas é de seis horas. É que o tempo nessa fase inclui pelo menos o ir comer e lavar-se, descontando já qualquer tempo de insónia... Acresce "todos nós percebermos que um gesto pode afetar todos", reforça Paulo Macedo.

"Somos equipas de alta performance, onde qualquer elemento é uma peça chave... como numa sala de operações" dos hospitais, clarifica o comandante do Arpão, a cargo de quem está um navio de centenas de milhões de euros e que pode estar até 36 horas sem comunicar com terra. "Somos especiais", acrescenta Henriques Frade com um largo sorriso e orgulho, mas sem arrogância. "Conhecemo-nos melhor uns aos outros" do que a família, assume o oficial, dado que "o espaço é muito pequeno" e, ao contrário dos navios de superfície, ali "não existe a rigidez tipicamente militar".

Mais, os membros da guarnição nesse ambiente familiar conhecem-se ao ponto de "não ser preciso falar" para alguém saber o que o outro quer. "Aqui o encargo é de todos, há um trabalho de equipa" em que os militares "não são nem faladores nem calados", indica por sua vez Paulo Macedo. Adaptar-se à vida submarinista, aliás, significa que se entra num habitat onde "não dá para se chatear" - ao ponto, indica de novo o comandante, de se dizer que "havia muito casamento que se resolvia aqui dentro" (motivando alguém a dizer um palavrão que faz alargar os sorrisos dos presentes no centro de operações).

Henrique Frades reconhece depois que "a gestão [da distância e da ausência de contacto durante o período no mar] é mais difícil" para os familiares. O oficial assume ainda "o dilema" dos submarinistas, porque "pode ser visto como egoísmo" face à família. Como? "Fazemos aquilo que gostamos, ficando afastados de quem gostamos".

Caminhar mil passos

Na cozinha minúscula, entre a câmara de oficiais e o espaço com caixotes para lixo reciclado, o imediato Paulo Macedo da Silva prepara uma refeição ligeira composta por uma sandes, um iogurte e um sumo.

Em cima da bancada, à esquerda, está uma panela grande cheia de costeletas cozinhadas (e que tinham sido o prato do jantar, comido na sala dos oficiais logo ao lado) e sacos de batatas fritas. Por baixo, do mesmo lado esquerdo, está uma grande gaveta com pão. À direita está um pequeno frigorífico encastrado - como o micro-ondas - de onde o oficial retira um pacote de sumo e um iogurte. Noutra gaveta está o fiambre e o queijo ou a manteiga, de que os 33 marinheiros - oficiais, sargentos e praças - se podem ir servindo durante os turnos da noite. À frente, em cima, estão copos encaixados uns nos outros, enquanto na bancada está uma torradeira e um pacote de café.

Às vezes, conta o primeiro-tenente Paulo da Silva enquanto oferece algo, "o stress, a atenção" no centro de operações "é tão grande que é preciso vir beber algo... ser rápido" para voltar ao lugar, seja frente a uma das consolas e monitores ou, no seu caso, voltar ao periscópio e a rodar 360 graus (começando sempre para a direita). Essa tarefa, aliás, é a que permite aos oficiais juntarem mais uns 300 passos aos cerca de 700 dados diariamente por cada membro da guarnição, observa o comandante com uma nota de humor, no corredor junto à entrada da cozinha.

Em termos de comparação, o comandante Henriques Frade adianta já ter usado uma aplicação de telemóvel para saber que, num dia de folga, caminha cerca de 10 mil passos. Isso oferece um exemplo dos eventuais efeitos físicos e psicológicos negativos associados à vida a bordo de um navio (que pode ir até 50 dias consecutivos) onde um militar tem de se desviar para outro passar.

Daí a importância de ter sido instalada uma bicicleta estática (amarrada com correias) e por baixo do pavimento onde se situam o centro de operações, os alojamentos dos oficiais e da restante guarnição, os compartimentos de propulsão e dos quadros elétricos ou o acesso aos tubos donde são lançados torpedos, minas e mísseis - os quais exigem prévia autorização do poder político antes de serem disparados.

"É o único local" onde foi possível fixar a bicicleta sem estorvar, explica por sua vez Hugo de Melo: no fim do corredor de acesso à área dos equipamentos eletrónicos, adjacente à das máquinas de lavar e secar roupa e das arcas frigoríficas. É também nesse pavimento que estão alguns halteres e umas tiras elásticas para os chamados exercícios de resistência total do corpo (TRX, sigla em inglês) - um programa criado pelas forças especiais da Marinha norte-americana (os muito famosos Navy Seals).

Henriques Frade mostra depois as arcas frigoríficas e explica o que comem e como funciona a logística alimentar a bordo. Lá dentro encontram-se batatas e legumes congelados, peixe, carne, fruta... com dois cozinheiros na guarnição, uma regra é armazenar os produtos pela ordem com que vão ser consumidos.

Outra é ter produtos que não deixem resíduos (como ossos, por exemplo): "A carne e o peixe vêm cortados à fatia" do centro de preparação de alimentos da esquadrilha de submarinos. E há comida própria para militares muçulmanos ou judeus? "Sim e já tivemos um a bordo", situação em que a esquadrilha adquire e embarca as quantidades estimadas para a duração da viagem.

Na câmara dos oficiais, onde cabem cinco pessoas à volta da mesa - o comandante (ou o imediato) obrigatoriamente na ponta esquerda, junto ao televisor mas para sair rapidamente em caso de necessidade - e um sexto sentado numa cadeira que quase bloqueia a entrada da sala, está o compartimento onde se colocam as garrafas de água e de vinho para acompanhar as refeições.

Momento de festa é quando um dos membros da guarnição se oferece para cozinhar, seja fazendo uma açorda de alho, pizas, bolos ou outro prato com o que está à mão - como a perna de presunto pendurada junto aos lança-torpedos "Ajuda a passar o tempo", comenta um marinheiro.

Fonte: https://www.dn.pt/portugal/interior/fazemos-o-que-gostamos-mas-afastados-de-quem-gostamos-8841800.html