1º U209 Sul Africano

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papatango

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« Responder #30 em: Junho 17, 2004, 11:21:54 pm »
Eu pessoalmente, sou favorável a que o país defenda os seus interesses.

No entanto, devo dizer que para defender os nossos interesses á necessário que esses interesses existam, para que depois possam ser defendidos.

Entrar em aventuras disparatadas sem objectivo nenhum, dá sempre mau resultado. Em Africa lutamos durante 13 anos e no fim, já nem entendiamos bem qual era a razão da luta.

A CPLP é uma coisa muito bonita, mas que se depara com problemas de raiz:

1 – Portugal paga.
2 – O Brasil, eventualmente paga.
3 – Os países africanos nem pensam em pagar nada.

Na nossa História temos sempre esta ideia de que devemos defender coisas “etéreas” que ninguém vê.

Os nossos interesses nos países africanos, são relativamente reduzidos. O principal investimento em África chama-se  Cabora-Bassa.

Com o dinheiro que Portugal investiu na barragem de Cabora Bassa, tinhamos construido pelo menos quatro barragens de Alqueva, há trinta ou quarenta anos atrás.

De resto que interesses é que temos?

Em Moçambique?
Uns hoteis

Em Angola?
Uns investimentos de alguns “capitães de abril” e de algumas sub-empreitadas que os Angolanos adjudicam a empresas francesas e americanas e que depois vêm sub-contratar (mão de obra qualificada e barata) a Portugal

Em São Tomé?
Uma ou outra roça transformada em “resort” e uns voos da Air Luxor

Na Guiné-Bissau
Não conheço absolutamente nada de relevo, excepção talvez a umas antenas para o operador de telefone móvel.

Em Cabo Verde ?
Provavelmente o unico país em que temos de facto interesses. Desde fábricas de texteis a bancos. Se calhar é por isso que Cabo-Verde é de todos os países africanos de lingua portuguesa, o mais rico.

Do meu ponto de vista, é mais importante para Portugal, o investimento em Marrocos que o investimento em Moçambique. A lingua é importante, mas se para eles não é assim tão importante, então porque é que havemos de insistir na mesma tecla.

No caso do Brasil, por exemplo, acho que os investimentos nas empresas Brasileiras são uma boa opção estratégica, mas não há nenhuma razão para Portugal olhar para a américa Latina e ver apenas o Brasil. O Brasil quando olha para Portugal, independentemente dos laços que existem, não deixa de olhar para os outros mercados.

Além do mais, o Brasil é um país onde não há perigos de convulsões, por isso não necessitamos de proteger nada no Brasil, porque para isso estão lá os Brasileiros.

Se a CPLP, não anda, não é porque Portugal não tente, mas se os outros não mostram nenhum tipo de sinal significativo, então se calhar o melhor é ficar por uma organização de “consulta política” e mais nada.

No entanto, faço uma resalva.

A situação pode mudar uma vez que os governos que estão no poder em Angola e em Moçambique mudem, e chegue ao poder um governo sem complexos. O MPLA, em Angola e a FRELIMO em Moçambique são os mesmos movimentos que encostaram Portugal á parede e que se aproveitaram da situação politica criada com o 25 de Abril (e da qual temos todos culpa) para chegar ao poder e cimentar o seu domínio.

Isso aconteceu em Cabo Verde e muitos dos complexos desapareceram.. Mas tanto quanto sei, em Moçambique até há pouco tempo ainda havia resistências a facilidades na movimentação e compra de terras, porque havia medo de que os portugueses voltassem a Moçambique.

Algumas entidades nesses governos ficam tremendamente irritadas quando se coloca em causa que tenham ganho alguma coisa a Portugal e que a independência tenha sido concedida por Portugal, e não conquistada por nenhum dos movimentos.

Há no entanto uma obrigação que temos perante nós proprios. Essa obrigação é a de garantir que a lingua portuguesa se expande como lingua oficial desses países. Porque essa expansão é necessária como forma de afirmação internacional, tanto de Portugal como desses países. Acho preferível enviar livros e professores que armas, fardamento e soldados.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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lf2a

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« Responder #31 em: Junho 18, 2004, 11:23:50 am »
Caro Papatango

CONCORDO A 100%!!! 8)

Cumpts,
LF2A
 

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Rui Elias

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« Responder #32 em: Junho 18, 2004, 11:37:59 am »
Papatango:

Respeito a sua ideia e acredito que se não fosse Portugal a dar "corda" à CPLP, esta seria uma organização no papel, já que por exemplo a Escola Portuguesa em Moçambique, os centros culturais e o Instituto Camões têm feito mais pela nossa língua e cultura que a CPLP.

Mas acredito que com vontade e com o tempo, Portugal pode capitalizar à sua dimensão e à dimensão das suas ex-colónias um papel interessante no seio do Atlântico Sul.

Claro que para isso há que dar tempo ao tempo.

Acredito que ao contrário da Hungria, Áustria ou outros, Portugal tem uma mais-valia no seio da UE que é uma proximidade cultural e interesses estratégicos únicos a defender no espaço lusófono.

Não será como a Commonwealth, mas repare que dos imensos países que a ela pertencem só a Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia são relevantes.

Mas não é por isso que a Inglaterra abandona os países africanos da organização nos seus interesses geo-estratégicos.

E porque é que a França promove encontros anuais do mundo francófono? Será que o Mali ou o Thad têm valor real?

Esses interesse só serão reais se os países lusófonos olharem para Portugal como um país empenhado e mais forte no seio da UE.

Por isso a vertente militar aliada a uma poltica externa pró-activa é fundamental.

Repare: o que é bom para outros países, não será bom para nós?

Porque é que em Portugal se vai regressando à mentalidade paroquial e provinciana de olharmos só para o nosso umbigo, quando vemos outros países a olharem par África (e olhe que até os EUA parecem ter despertado para esse continente)?

Por isso e com o risco de estar redondamente enganado, continuo a acreditar numa política externa forte em África e no Brasil para que possamos ter mais peso na UE e que esse peso na UE seja resultado dessa influência que possamos ter no mundo da lusofonia.
 

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lf2a

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« Responder #33 em: Junho 18, 2004, 12:31:07 pm »
Citar
Porque é que em Portugal se vai regressando à mentalidade paroquial e provinciana de olharmos só para o nosso umbigo, quando vemos outros países a olharem par África (e olhe que até os EUA parecem ter despertado para esse continente)?

Caro Rui,
Talvez porque em Portugal ainda não tenhamos atingido o mesmo nível de desenvolvimento que os outros países. Falta ainda fazer muita coisa por cá.
Quanto aos outros países olham para África com o intuito de fazerem HARD BUSINESS e tentarem ganhar dinheiro, Portugal tem (pelo menos até agora) olhado para África de uma forma saudosista e IMBECIL: vamos lá dar mais uma ajudinha aos taditos que não têm nada e pode ser que iremos todos parar ao céu pela bondade dos nossos actos.
Eu não disse até agora em nenhum dos meus posts anteriores que não devemos fazer negócios com os PALOP, o que disse foi que temos de acabar com as borlas, se querem a nossa ajuda que a PAGUEM. Este Síndroma de Culpa (ainda por cima injustificado) tem de acabar.

Cumpts,
LF2A
 

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P44

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« Responder #34 em: Junho 18, 2004, 01:29:31 pm »
LFA2 e PAPATANGO,

Estou de acordo!!!!

Citar
Quanto aos outros países olham para África com o intuito de fazerem HARD BUSINESS e tentarem ganhar dinheiro, Portugal tem (pelo menos até agora) olhado para África de uma forma saudosista e IMBECIL: vamos lá dar mais uma ajudinha aos taditos que não têm nada e pode ser que iremos todos parar ao céu pela bondade dos nossos actos.


JÁ CHEGA DE SERMOS PARVOS!!!!!!!!! :x
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Rui Elias

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« Responder #35 em: Junho 18, 2004, 01:31:41 pm »
Pronto.

Ninguem concorda comigo...

Acho melhor efectuar uma retirada estratégica :lol:
 

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« Responder #36 em: Junho 18, 2004, 01:39:57 pm »
Caro Rui,

Não leve a minha opinião a mal :evil:

Veja-se o exemplo de Angola, não têm dinheiro para pagarem a dívida externa para connosco, e o Zé Eduardo dos Santos passa o tempo a transferir o $$ para a Suiça... :evil:

Ele que pague!!!!
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Rui Elias

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« Responder #37 em: Junho 18, 2004, 02:43:23 pm »
P 44:

Não levo a mal, descanse :wink:
 

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lf2a

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« Responder #38 em: Junho 18, 2004, 02:45:29 pm »
P44:
Exacto!!!

Rui:
Citar
Ninguem concorda comigo...

Não é bem assim. :jaja:

Cmpts,
LF2A
 

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« Responder #39 em: Junho 18, 2004, 03:06:34 pm »
:N-icon-Gun:  :snip:

 8) retirada????


Agora é tarde...guerra total ....ehehehehehehe :G-beer2:
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Rui Elias

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« Responder #40 em: Junho 18, 2004, 03:21:32 pm »
Eu já te respondo ò P 44:


 :Tanque:  :Tanque:  :Esmagar:  :G-Kill:  :snipersmile:  :snip:  :G-beer2:
 

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P44

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« Responder #41 em: Junho 18, 2004, 03:26:34 pm »
:rir:


 :Esmagar:  :Tanque:  :Ups:  :Anti-tanque:

 :Ups:

Quantos são, quantos sãooooooooooo caraguuuuuuuuu?????? :G-beer2:

 :G-Ok:
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JNSA

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« Responder #42 em: Junho 18, 2004, 04:17:15 pm »
:no:


 :wink:
 

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Rui Elias

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« Responder #43 em: Junho 18, 2004, 04:21:36 pm »
JNSA:

O artista é um bom artista...não havia nexexidade...
 

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dremanu

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« Responder #44 em: Junho 18, 2004, 06:21:49 pm »
Citação de: "papatango"
Eu pessoalmente, sou favorável a que o país defenda os seus interesses.

No entanto, devo dizer que para defender os nossos interesses á necessário que esses interesses existam, para que depois possam ser defendidos.

Entrar em aventuras disparatadas sem objectivo nenhum, dá sempre mau resultado. Em Africa lutamos durante 13 anos e no fim, já nem entendiamos bem qual era a razão da luta.

A CPLP é uma coisa muito bonita, mas que se depara com problemas de raiz:

1 – Portugal paga.
2 – O Brasil, eventualmente paga.
3 – Os países africanos nem pensam em pagar nada.

Na nossa História temos sempre esta ideia de que devemos defender coisas “etéreas” que ninguém vê.

Os nossos interesses nos países africanos, são relativamente reduzidos. O principal investimento em África chama-se  Cabora-Bassa.

Com o dinheiro que Portugal investiu na barragem de Cabora Bassa, tinhamos construido pelo menos quatro barragens de Alqueva, há trinta ou quarenta anos atrás.

De resto que interesses é que temos?

Em Moçambique?
Uns hoteis

Em Angola?
Uns investimentos de alguns “capitães de abril” e de algumas sub-empreitadas que os Angolanos adjudicam a empresas francesas e americanas e que depois vêm sub-contratar (mão de obra qualificada e barata) a Portugal

Em São Tomé?
Uma ou outra roça transformada em “resort” e uns voos da Air Luxor

Na Guiné-Bissau
Não conheço absolutamente nada de relevo, excepção talvez a umas antenas para o operador de telefone móvel.

Em Cabo Verde ?
Provavelmente o unico país em que temos de facto interesses. Desde fábricas de texteis a bancos. Se calhar é por isso que Cabo-Verde é de todos os países africanos de lingua portuguesa, o mais rico.

Do meu ponto de vista, é mais importante para Portugal, o investimento em Marrocos que o investimento em Moçambique. A lingua é importante, mas se para eles não é assim tão importante, então porque é que havemos de insistir na mesma tecla.

No caso do Brasil, por exemplo, acho que os investimentos nas empresas Brasileiras são uma boa opção estratégica, mas não há nenhuma razão para Portugal olhar para a américa Latina e ver apenas o Brasil. O Brasil quando olha para Portugal, independentemente dos laços que existem, não deixa de olhar para os outros mercados.

Além do mais, o Brasil é um país onde não há perigos de convulsões, por isso não necessitamos de proteger nada no Brasil, porque para isso estão lá os Brasileiros.

Se a CPLP, não anda, não é porque Portugal não tente, mas se os outros não mostram nenhum tipo de sinal significativo, então se calhar o melhor é ficar por uma organização de “consulta política” e mais nada.

No entanto, faço uma resalva.

A situação pode mudar uma vez que os governos que estão no poder em Angola e em Moçambique mudem, e chegue ao poder um governo sem complexos. O MPLA, em Angola e a FRELIMO em Moçambique são os mesmos movimentos que encostaram Portugal á parede e que se aproveitaram da situação politica criada com o 25 de Abril (e da qual temos todos culpa) para chegar ao poder e cimentar o seu domínio.

Isso aconteceu em Cabo Verde e muitos dos complexos desapareceram.. Mas tanto quanto sei, em Moçambique até há pouco tempo ainda havia resistências a facilidades na movimentação e compra de terras, porque havia medo de que os portugueses voltassem a Moçambique.

Algumas entidades nesses governos ficam tremendamente irritadas quando se coloca em causa que tenham ganho alguma coisa a Portugal e que a independência tenha sido concedida por Portugal, e não conquistada por nenhum dos movimentos.

Há no entanto uma obrigação que temos perante nós proprios. Essa obrigação é a de garantir que a lingua portuguesa se expande como lingua oficial desses países. Porque essa expansão é necessária como forma de afirmação internacional, tanto de Portugal como desses países. Acho preferível enviar livros e professores que armas, fardamento e soldados.

Cumprimentos


O PT falou certinho. Só gostaria de adicionar uns pontos:

Acho que Portugal poderia estabelecer um relacionamento com benefícios mais tengiveís com os países africanos, e o nosso. Existe muita terra em Moçambique e Angola, terra essa que não está a ser explorada para fins agrículas, e é aqui que poderiamos ajudar os africanos, e a nós próprios ao mesmo tempo.

Não tenho dados específicos para saber de onde vem grande parte da comida que se consome no nosso país, mas sei que muita vem de Espanha, e de outros países Europeus. Sendo assim porque não ajudar os africanos a desenvolverem a terra deles, para que se possam alimentar a eles próprios, e eventualmente venderem-nos o excedente que não precisam, a um preço mais barato do que ao que compramos agora. Em contrapartida, nós podemos lhes vender a técnologia que necessitam para trabalhar e desenvolverem o país deles.

Acho que assim poderiamos chegar a algum lado, e criar as condições necessárias para os países africanos se desenvolverem gradualmente, a um ritmo adequado às suas capacidades de momento.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."