Guerra do Ultramar/Colonial - Protagonistas

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Guerra do Ultramar/Colonial - Protagonistas
« em: Julho 24, 2012, 10:03:46 pm »
“Portugal do Minho a Timor, multicultural e multirracial.”
A propaganda salazarista fez de tudo para convencer o povo Português e a comunidade internacional que a causa do regime era legítima. Foi precisamente graças a fomentação do culto do líder e da nação, que o regime foi convencendo o povo que a guerra era um mal necessário. Embora, como em qualquer ditadura, os actos e as medidas não fossem conciliadoras.

Quando Salazar, depois de dominar a tentativa de golpe de estado do general Botelho Moniz, pronunciou as palavras “Para Angola e em força”, estava, mais uma vez, a traçar o destino de Portugal e das suas colónias. Com estas palavras e as acções que se lhes seguiram, Salazar fechava as portas, desde o início, a qualquer solução negociada para a questão colonial.

Impressionados pela exibição das fotografias dos terríveis massacres de Angola, verdadeiras mas de uma só face, os Portugueses responderam, de forma geral, com generosidade ao apelo do ditador, sem poderem formular livre juízo de valor sobre o seu empenhamento. A guerra acabou, aliás, por conduzir a maior dureza dos sistemas repressivos do regime, impedindo qualquer discussão ou abordagem do problema que se tornou o nó górdio da própria ditadura.

Quando Salazar saiu da cena política, em 1968, deixou ao sucessor um regime desacreditado, com mais de 100 000 homens em armas em três frentes de combates e mais de um terço dos gastos do Estado afectos às despesas militares.

- Amílcar Cabral (1924-1973)


Amílcar Cabral ocupou um dos mais importantes lugares entre todos os dirigentes nacionalistas das colónias portuguesas. A ele se deve o essencial das doutrinas, das estratégias, da organização de esforços e do estabelecimento de objectivos na luta contra o regime colonial português. Os seus princípios procuraram ser claros tanto quanto à Guiné, como aos povos dos outros territórios portugueses, tendo orientado o seu pensamento e acção por duas ideias fundamentais: a luta nacionalista fazia-se contra o regime português e não contra o povo português, também ele vitíma da ditadura; e a luta contra o regime português era a luta comum dos nacionalistas de todas as colónias portuguesas. A sua morte não afectou a caminhada da Guiné-Bissau para a proclamação da independência, mas viria a pôr em causa aquele que terá sido o seu mais acarinhado sonho – juntar as suas duas pátrias, Guiné e Cabo Verde.

- Spínola (1910-1996)

Oficial oriundo da arma de cavalaria, começou a construir a imagem de chefe militar que vai onde os seus homens vão desde que, como tenente-coronel, se ofereceu para comandar um batalhão em Angola. Nomeado em 1968 por Salazar para governador e comandante-chefe da Guiné, no primeiro estudo da situação, apresentado por Marcelo Caetano, afirmava ter a guerra a finalidade de "resistir para permanecer"; ligava entre si a sorte de cada território, de modo a evitar as tentações do regime se libertar da ovelha negra que era a Guiné; e caracterizava o PAIGC como o movimento de libertação mais consequente de quantos se opunham ao colonialismo português, classificado por Amílcar Cabral como líder merecedor do maior respeito. A sua acção na Guiné cobre toda a panóplia de manobras politícas e militares, subordinando sempre esta àquelas e tendo por finalidade a conquista das populações. Promove coversações ao mais alto nìvel com Leopoldo Senghor; tentando chegar a Amílcar Cabral, procura cindir o PAIGC, num episódio de que resulta a morte de três majores da sua confiança; lança uma operação contra Conacri para derrubar Sekou Touré, mas realiza também congressos do povo, liberta presos políticos, cria uma força africana. Nunca um governador de provincía ultramarina, e muito menos um general, ousara ir tão longe.

Em 1973, quando Marcelo Caetano proíbe a continuação dos contactos com o "inimigo", Spínola compreende que deixou de ter lugar no regime e prepara a publicação de Portugal e o Futuro, bomba-relógio que iniciará a sua destruição.

- Agostinho Neto (1922-1979)

Este médico angolano (Agostinho Neto) formado em Lisboa, fez parte, com Amílcar Cabral e Mário Andrade, entre outros, da geração de estudantes africanos que, tendo ganho consciência nacionalista, viria a desempenhar papel decisivo na independência dos seus países. Preso pela PIDE e deportado para o Tarrafal, foi-lhe fixada residência em Portugal, de onde fugiu para o exílio, assumindo a direcção do MPLA, do qual já era o presidente honorário desde 1962.

O que caracteriza a acção política deste homem culto, intelectualmente respeitado e poeta de reconhecido mérito, é a dificuldade em afirmar a autoridade no interior do seu movimento e de se impor externamente. A sua hiostória e a história do seu MPLA são uma sucessão de rupturas e dissenções internas: com Viriato da Cruz, com Mário de Andrade, e com os elementos da Revolta Activa, que impedem a congregação à sua volta do apoio inequívoco dos nacionalistas internacionais, de modo a transformar o MPLA em pólo unificador da luta anticolonial, atraindo outros movimetos e formações, como aconteceu, na Guiné, com o PAIGC de Amílcar Cabral, e com a Frelimo da Samora Machel, em Moçambique.

- Costa Gomes (1914- 2001)

Costa Gomes, oficial do Exército, oriundo da arma de cavalaria, foi o general que maiores efectivos e durante mais tempo comandou tropas em operações durante a guerra.

A sua figura apagada e pouco carismática escondia um estrategista que conduzia as tropas no terreno com o rigor de jogador de xadrez, preparando antecipadamente as jogadas, e prevendo todas as eventualidades. A sua acção como comandante-chefe em Angola é o culminar de uma carreira que o faz estar presente nos grandes momentos da hisória portuguesa da segunda metade do séc. XX. Costa Gomes é dos oficiais da "geração NATO" que, desde os anos 50, vai introduzir profundas mudanças no aparelho militar português. Foi subsecretário de Estado do Exército do Governo de Salazar, esteve envolvido na tentativa de golpe de Botelho Moniz, foi o segundo-comandante militar em Moçambique e responsável pela montagem do sistema logístico naquele teatro de operações, tão exigente nessa área, e comandante-chefe em Angola, onde, do ponto de vista estritamente militar, esteve prestes a vençer a guerra.

Para a condução das operações utilizou, com grande mestria, as informações, apoiando-se na DGS, desenvolveu a logística, dotou as suas tropas de grande mobilidade, usando cavalos e helicópetros, e criou forças adaptadas ao ambiente, como os Flechas e os Leais. Costa Gomes coordenou, sem alardes, a acção militar em Angola, descentralizando competências, como fez com a criação das zonas militares, especialmnete a do Leste, e quando saiu de Luanda para ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas o seu drama era saber que, apesar de a situação estar aparentemente estabilizada em Angola, a história não parava.

- Samora Machel (1933-1986)

Samora Machel era uma força da natureza que libertava energia e tinha um carisma que contagiava e fazia agir.

Antigo enfermeiro, nascido no Sul de Moçambique, pertence ao primeiro grupo de nacionalistas moçambicanos que rompe com o marasmo da discussão política e decide passar à luta armada. Estará sempre ligado às tarefas da organização militar, porque entende que é através de acções bélicas que tudo o resto virá. E o tudo era não só a independência política formal de Moçambique, mas o estabelecimento de novo poder e de nova sociedade.

Samora foi, no campo da ideologia, o líder de concepções mais revolucionárias, as quais motivaram cisões e conflitos internos com várias personalidades e grupos com diferentes visões dos caminhos para alcançar a independência, das quais resultaram, entre outros, o afastamento de Uria Simango e de Lázaro Kavandame, que se entregou às autoridades portuguesas. Samora soube reunir à sua volta um grupo coeso, unificador e eficaz para conduzir a manobra político-militar. Ao decidir transferir o esforço da Frelimo do Norte de Moçambique para Tete, centrando a guerra à volta do empreendimento de Cahora Bassa, mesmo à custa de maiores riscos, provocados pela proximidade da África do Sul e da Rodésia, e de menores apoios, pela distância às suas bases na Tanzânia, revela uma leitura da situação que os dirigentes políticos portugueses não tiveram ao decidir a construção da barragem. Samora Machel soube aproveitar da melhor forma a opurtunidade, que lhe foi oferecida de bandeja, de escolher o lugar e o momento da batalha decisiva, e por isso ganhou a guerra.

- Kaúlza de Arriaga (1915- 2004)

No início dos anos 50, jovem capitão de engenharia em Tancos, cria uma unidade de sapadores de assalto e apaixona-se pela aviaçâo, que se instalava na Base Aérea 3. A atracção pelas unidades especiais e pela aeronáutica vai marcar a sua vida. Como major, é nomeado subsecretário de Estado daquele novo ramo das Forças Armadas e, neste cargo, aproveita as hesitações do Exército para criar os pára-quedistas. De major a general não mais abandonará os corredores do poder e da teorização de problemas de estratégia.

Sem qualquer experiência anterior de comando em operações ao ser nomeado por Marcelo Caetano para comandante militar em Moçambique, Kaúlza de Arriaga leva consigo uma estratégia definida, idêntica à que dera maus resultados no Vietname: atacar o que se julgava ser o coração do inimigo, o planalto dos Macondes - operação Nó Górdio; cortar-lhe as linhas de reabestecimento, objectivo da operação Fronteira, e isolá-lo da população, desenvolvendo a política de aldeamentos estratégicos; e aproveitar a albufeira de Cahora Bassa para impedir a progressão da Frelimo, para sul.

Quando, em Julho de 1973, Marcelo Caetano lhe dá por finda a comissão substituindo-o por "outra pessoa que possa rever os conceitos e táticas", deixa como herança uma guerra que aumentara de intensidade no Norte, após a operação Nó Górdio, e alastrara de Tete em direcção ao sul e à Beira, com acções da Frelimo já a 400 quilómetros de Cahora Bassa, um conjunto de escandâlos provocados por massacres contra populações civis, as relações com a Igreja Católica deterioradas ao seu mais baixo nível e, por último, como prova do seu fracasso, o eng. Jardim, com quem Kaúlza dividiu o poder militar sem nunca entender o verdadeiro papel representado por esse homem de acção, procurando outras soluções em Lusaca.

- Marcelo Caetano (1906-1980)

A subida de Marcelo Caetano ao poder, em Portugal, em 1983, gerou em todo o mundo, em especial nos círculos ligados a África, enorme expectativa. Para a maioria dos intervenientes no processo colonial, era a última oportunidade de dar ao problema solução razoável. Houve, por isso, da parte das Nações Unidas, dos movimentos de libertação e da oposição portuguesa uma pausa, apesar de tudo, carregada de cepticismo, até se perceber o que significavam as "reformas necessárias" que Marcelo Caetano prometia no seu discurso.

Pouco tempo durou a expectativa. Sem capacidade para romper o círculo vicioso que herdara, Marcelo Caetano depressa reafirmou a política colonial anterior, optando pela continuidade da guerra e assumindo a responsabilidade histórica de encaminhar o seu regime para um beco sem saída.

- Holden Roberto (1924- 2007)

Dirigente nacionalista angolano, com um percurso atribulado no seio dos movimentos anticoloniais. Iniciou a sua actividade em 1954, com a fundação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), uma organização de povos bacongos, mais tarde designada UPA para lhe retirar o carácter tribal. Em 1960, assinou um acordo com o MPLA, que rompe passado seis meses, decidindo assumir por si só a liderança da luta contra o colonialismo português. A sua grande acção teve início no dia 15 de Março, no Norte de Angola, com o assalto às fazendas do café e a morte indiscriminada de colonos brancos e trabalhadores negros bailundos. A brutalidade e a ausência de finalidade desta acção, em que os objectivos políticos e militares nunca foram esclarecidos, mancharam toda a subsequente luta anticolonial e forneceram ao regime português as imagens de horror e barbárie que lhe permitiram apelar à mobilização para a guerra. Em 1962, criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou presidente. Esta organização constituiu o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Holden Roberto manteve sempre uma estreita ligação com Mobutu, presidente do Zaire, país em que se instalaram as bases do movimento. Embora tenha recebido armas dos países de Leste, a sua ligação privilegiada foi sempre com os EUA, que lhe pagam uma avença anual e fornecem conselho técnico, inclusive com a presença de agentes nas suas bases.

- Mário de Andrade (1928-1990)

Dirigente nacionalista angolano, foi um dos primeiros e mais destacados líderes do MPLA, juntamente com Viriato da Cruz. Pertencia a uma família de angolanos nacionalistas, sendo o seu pai fundador, em 1928, da Liga Nacional Africana. Em 1948, juntamente com o seu irmão Joaquim, iniciou estudos de Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Aqui, os irmão Pinto de Andrade relacionaram-se com estudantes das colónias, participando, com Agostinho Neto e outros, na criação do Centro de Estudos Africanos. Perseguido pela PIDE, refugiou-se em Paris, formando-se em Sociologia pela Sorbonne. Mário de Andrade vai distinguir-se por sempre ter lutado pela unidade entre todos os movimentos de libertação contra o colonialismo português, sendo muito próximo de Amílcar Cabral, Marcelino dos Santos e Aquino de Bragança, com os quais fundou o MAC, Movimento AntiColonial. Afastar-se-ia progressivamente do MPLA, tendo trabalhado no final da sua vida em Moçambique e na Guiné-Bissau.

- Jonas Savimbi (1934-2002)

Político angolano, fundador da UNITA. Frequentou o sétimo ano do liceu em Lisboa, de onde saiu em 1961 apoiado por uma organização protestante americana, que dirigia jovens estudantes para o escritório da UPA em Paris.

Foi funcionário da UPA, tendo sido representante de Holden Roberto na Europa no início dos acontecimentos desencadeados por aquele movimento no Norte de Angola, em Março de 1961, e secretário-geral e ministro dos Negócios Estrangeiros aquando da fundação da FNLA e da constituição do GRAE.

Desde o início da sua actividade política, Savimbi manteve contactos privilegiados com organizações políticas e religiosas conotadas com a CIA americana e promoveu repetidamente tendências fraccionastes de raiz étnica.

Em 1964, demitiu-se de ministro do GRAE e de secretário-geral da FNLA e publicou um documento intitulado Amangola, propondo a luta armada como solução contra o colonialismo português. Aproximou-se do MPLA enquanto esteve em Brazzaville, de onde se deslocou para Lusaca, capital da Zâmbia, estabelecendo relações com as embaixadas da República Popular da China e dos EUA. .
Depois de uma visita aos Estados Unidos, em Janeiro de 1966, um pequeno grupo armado atacou a povoação de Teixeira de Sousa, em 6 de Fevereiro, naquela que é a primeira acção reivindicada pela UNITA, que contava com quadros militares formados na China e políticos ligados aos EUA, com Jeremias Chitunda. Desde 1969 são referenciados contactos seus com as autoridades coloniais portuguesas, nomeadamente com a DGS, os quais vieram a culminar na Operação Madeira.

Esta acção traduziu-se num protocolo de colaboração de Savimbi com as forças portuguesas, em que este se comprometeu combater o MPLA no Leste de Angola, em troca do apoio dos militares à acção da UNITA junto das populações controladas por este movimento.

- Nino Vieira (1939-2009)

João Bernardo Vieira, conhecido por Nino ou Nino Vieira, é o exemplo mais marcante do guerrilheiro que se transformou em lenda viva.

Nasceu em Bissau, em 1939, e pertenceu ao primeiro grupo de militantes do PAIGC que frequentou a Academia Militar de Pequim, na China, logo em 1960. No regresso à Guiné dedicou-se à organização militar da guerrilha no Sul do território. Em 1964, durante a grande Operação Tridente, em que as forças portuguesas reocuparam a ilha de Como, numa acção que durou 60 dias, Nino era já, com apenas 25 anos, o comandante militar da zona sul, que abrangia a região de Catió até à fronteira com a Guiné-Conacri.

Será quase sempre no Sul que Nino actuará, transformando esta zona, que abrangia o Cantanhez e o Quitafine, num dos mais duros, senão o mais duro, de todos os teatros de operações em que as forças portuguesas estiveram empenhadas e do qual ainda restam nomes míticos de Guileje, que ele veio a ocupar em 1973, Gadamael, Gandembel, Cacine, Catió, Cufar, Cadique, Bedanda e tantos outros. .
Além da indesmentível coragem, Nino teve também pelo seu lado a sorte que faz os heróis sobreviverem, e foi essa sorte que lhe permitiu escapar por várias vezes a emboscadas montadas pelas forças portuguesas, sendo o caso mais conhecido o da Operação Jove, em que foi feito prisioneiro o capitão cubano Pedro Peralta. .
Embora se tenha dedicado principalmente à actividade militar, como comandante de unidades de guerrilheiros, Nino Vieira ocupou os mais altos cargos na estrutura do PAIGC, sendo membro eleito do bureau político do seu Comité Central desde 1964, vice-presidente do Conselho de Guerra presidido por Amílcar Cabral em 1965, acumulando com o comando da Frente Sul, e ainda comandante militar de operações, a nível nacional, a partir de 1970. Em 1973, foi eleito deputado e, posteriormente, presidente da Assembleia Nacional Popular, que proclamou a República da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973.

- Aristides Pereira (1923-2011)

Político cabo-verdiano foi, juntamente com Amílcar Cabral, um dos fundadores do PAIGC, integrando a comissão política do Comité Central desde 1956, onde exerceu o cargo de secretário-geral adjunto. Depois do assassínio de Amílcar Cabral, em Conacri, acção em que ele próprio foi preso pelos criminosos e embarcado numa lancha que se dirigia para a Guiné-Bissau, assumiu as funções de secretário-geral.
Foi o primeiro Presidente da República da Guiné, gerindo conflitos de interesses entre cabo-verdeanos e guineenses, até à ruptura que ocorreu e separou a Guiné de Cabo Verde.

- Eduardo Mondlane (1920-1969)

Dirigente nacionalista moçambicano, foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e, antes de mais, o líder unificador dos vários movimentos e organizações que deram origem àquela frente. Homem do Sul, culto, professor universitário nos EUA, casado com uma cidadã americana e funcionário das Nações Unidas, Mondlane dedicará o melhor dos seus esforços a manter unidas as tendências dos grupos e a promover, pela educação, a preparação de quadros paro o futuro Moçambique independente, dentro de uma linha anglo-saxónica de acesso à independência das colónias, que passava pela formação de uma esclarecida consciência nacional anti-racista e antitribal.

Foi morto pelo rebentamento de um livro armadilhado, em 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salam, numa acção a que têm sido associados a PIDE/DGS e o antigo dirigente maconde Lázaro Kavandame, que se entregara às autoridades portuguesas.

Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril @ UC
 

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papatango

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #1 em: Julho 25, 2012, 11:50:59 pm »
Obrigado pelo recorte do «centro de documentação 25 de Abril»

Infelizmente não nos traz nenhum documento, mas apenas propaganda produzida a quente e quase com os motores dos tanques que fizeram o 25 de Abril ainda ligados.

Quem conhecer alguma coisa de história ou de estratégia militar só teria que ler dois ou três paragrafos, para rir a bandeiras despregadas.
A mais patética de todas as afirmações é a de Samora Machel relativamente a Cabora Bassa e à razão porque «ganhou a guerra».

Por um lado a mentira tem perna curta, e por outro lado não se pode fazer História sem permitir a passagem do tempo, tempo que começa a passar mas ainda não passou completamente.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #2 em: Julho 28, 2012, 06:23:04 pm »
É fácil desacreditar. Difícil é engolir rancôres do passado e falar deles, sem pudor e sem rodeios.  c34x

Os conteúdos da universidade de coimbra estão disponíveis a todos. E podem ser reformulados perante teses devidamente argumentadas e por factos históricos nunca antes descobertos ou analisados.

Viva os pensamentos livres. Viva a liberdade.
 

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Carlos Rendel

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #3 em: Julho 29, 2012, 12:42:16 pm »
DESMEMÓRIAS

Há anos nasceu em Espanha um movimento designado "La memoria histórica" que se propunha ir às "fossas" de Franco recolher os restos
mortais de vítimas do franquismo,entregá-los às famílias e,ganhar assim um estatuto moral e cívico bem como gerar uma possível
postura política.Algum tempo passado apresenta-se outra organização auto-designada "La otra memoria  historica" com vista a recolher
os restos das vítimas das vítimas do franquismo.Confuso,não é? Mas tem a vantagem de mostrar que a História,tal como as moedas,
tem duas faces.



                     1ª As forças armadas são a emanação do povo português em armas contra qualquer ameaça.
                         Por esta 1ª desmemória foi deixada na  penumbra a vida  e a segurança de milhares de
                         portugueses e autóctones não beligerantes.Esses não eram portugueses? Não tinham di-
                         reito á protecção das F.A.P?

                     2ª O programa do MFA é bastante claro no que respeita a democratização.Então porque foram
                         convocados para as conversações de paz apenas os movimentos de matriz marxista-leninista?
                         Avanço com três hipóteses:
                 
                             a)Porque estavam armados sendo por isso mais persuasivos;

                             b)Porque o povo não estava preparado;

                             c)Porque o caminho para a democracia popular era mais directo.
                           
                           E assim se defendia a  democracia burguesa  para os brancos e a
                           democracia popular para os pretos.
               
                      3º Como encarar as centenas de milhar de portugueses,que de 1961 a1974 do quadro
                          ou milicianos que cumpriram o serviço militar:

                          a)...eram burros

                          b)...acreditavam nas patranhas do fascismo...

                          c)...não sabiam o que iam lá fazer.


                Fiz estas perguntas em tom irónico,porque sei que a Resposta,quem a tem não a dá e quem a dá não a tem.

           Melhores Cumprimentos
CR
 

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #4 em: Julho 30, 2012, 07:38:00 pm »
Em relação a Espanha tenho a referir que a crueldade humana ultrapassa ideologias, sendo mesmo comum àqueles que defendem a democracia. Ainda por cima, quando em certos casos se torna necessário combater, por tanto, matar para se obter a dita democracia.
No entanto, as vítimas do franquismo são em bem maior número que as do outro lado da barricada. E ignorar-se este facto é ser se no mínimo hipócrita.
Nos últimos anos têm sido descobertas várias valas comuns dessas mesmas vítimas do franquismo. Hoje sabe-se que muitas mais ficaram por descobrir. Estamos a falar de genocídio.  
Baltazar Garzon, o irreverente Juiz espanhol, lutou constantemente pelo interesse público, para que as valas sejam descobertas. No entanto em prol da estabilidade da frágil sociedade espanhola, este foi silenciado.

1ª Uma coisa é protecção, outra totalmente distinta são campanhas ostensivas de combate.
E campanhas de repovoamento por parte de Portugueses vindos da metrópole, ou seja estamos a falar de colonização à antiga.

2ª Eu prefiro-lhe responder com uma opção mais realista, se Portugal no após revolução caísse efectivamente no comunismo, os USA invadiriam o território nacional.

3ª Quer resposta mais simples do que mobilização forçada do povo Português e Forças Armadas?
Vai me dizer que a maior parte dos homens mobilizados além mar, estava predisposto a morrer por uma causa que nem sequer conhecia?
Vaime dizer que por mais que até existissem alguns dispostos a morrer por tal, quando chegaram ao inferno, não quiseram efectivamente voltar para casa?

Tenho sorte de ser neto de um soldado sobrevivente da guerra do ultramar, e desde pequeno que ficava fascinado com as histórias que o meu querido e falecido Avó me contava. As imagens que ele trouxe. As memórias perdidas no tempo. E digo-lhe foi com pouca vontade que os nossos valentes combatentes se mantiveram efectivamente em combate. Fora os que desertaram ou tentaram desertar para a África do Sul ou Nambíbia.

O que faz falta a muitos salazaristas hoje em dia é terem ido combater e viverem os horrores que os nossos Homens passaram, viverem com racionamento alimentar. Viver na miséria.
É fácil demais defender uma causa de barriga cheia.

Eu também sou capaz de referir uma data de assuntos e de seguida dizer que não há resposta para tal ou que ninguém consegue ter uma resposta conveniente. Sem eu próprio conseguir responder.
Contudo esses assuntos não se tornaram num não assunto? Serão estes tão relevantes assim?
 

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Luso

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #5 em: Julho 31, 2012, 01:09:03 pm »
Citação de: "3520"
É fácil desacreditar. Difícil é engolir rancôres do passado e falar deles, sem pudor e sem rodeios.  :mrgreen:

"Viva os pensamentos livres. Viva a liberdade"

Sim, todos são livres para pensar, desde que o façam como você - e como o pessoal de Coimbra!
O pior é que esse novel pensamento deu no que deu.
Mas está bem, continue assim, porque já não interessa. Ou será que ainda não percebeu que já alcançou o seu objectivo?
Para quê perder o seu tempo, se já ganhou?
Se este país, dividido e endividado, pequenino, ignorante e com novas superstições, já não existe como país soberano, tal como o queriam os seus patrocinadores, aqueles que traem sempre os seus aliados?

Porque razão tem como avatar a Sagres e nenhum dos próceres da "liberdade" a que se referiu anteriormente?
Preferirá a emoção histérica à sobriedade da razão e da sabedoria, tão típico da geração ye-ye que alinhou na "Grande Traição" com o mesmo à-vontade com que adoptou a moda das calças em boca de sino?

Mas continue para mais gente saber ao que anda e perceber o porquê das coisas. Afinal, a verdade, essa sim, é que liberta, não poesia e propaganda baratas.
- Continue!

Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #6 em: Julho 31, 2012, 04:52:22 pm »
Volto a repetir, porque o sentido das minhas afirmações já foi subvertido no meio de um torrente de perguntas sem sentido e sem norte:

Sobre a fererência aos protagonistas do conflito no Ultramar português, aquilo que o 3520 aqui colocou é muito interessante, mas não passa de pura e simples propaganda, porque representa uma visão histórica criada à pressa logo a seguir ao 25 de Abril e parte dela como resultado do Processo Revolucionário.

Falar do Samora Machel, sem falar do Eduardo Mondlane e sem falar dos desentendimentos dentro da FRELIMO que levaram à morte de Mondlane e à ascenção de Machel, é típico da propaganda dos anos 70.
Já nem em Moçambique se acredita no que esse «Centro de Documentação 25 de Abril» propagandeia, a acreditar no estado de abandono em que se encontra o Museu da Revolução.

Tem que se deixar passar o tempo, para poder fazer uma análise histórica adequada sobre o que se passou no periodo 1950 - 1974.  Terá que se deixar passar ainda mais para estudar o período 1975 - 2000.
Como parte do primeiro período referido já começa a entrar na era dos cinquenta anos, as análises já começam a fazer algum sentido.


Samora Machel não ganhou nada e os povos africanos que combateram os portugues nada ganharam.
Quando Samora ganhou o poder, foi para Lourenço Marques e dali governou e assenhorou-se do Estado.
A tremenda cisão entre os moçambicanos do sul e da região de Maputo e os outros a norte do rio Zambeze continua ainda hoje.
O Moçambique que manda, é o Moçambique de Maputo à Matola e o Moçambique de Maputo a Inhambane.
O resto é paisagem.

Conclusão e questão :
Mas afinal quem ganhou a guerra ?
Se alguém ganhou a guerra, porque é que está tudo na mesma ?
A oligarquia branca foi substituida pela oligarquia negra, sendo que a oligarquia negra que ganhou a guerra, andava nas mesmas escolas com os filhos da oligarquia branca !
Alguém me explica porque é que tantos dos atuais dirigentes de primeiro e segundo escalão de Moçambique têm antigos amigos de escola que eram portugueses brancos ?

Ou seja:
Foi a atitude de Samora Machel em querer atacar Cabora Bassa que provocou o colapso dos portugueses e ganhou a guerra e foi em última instância o motor da atual situação ?

É patético afirmar isto.
E no entanto, um organismo, com o fleumático nome de «Centro de Documentação 25 de Abril» apresenta-nos um dos lideres que lutou contra os portugueses da maneira que na primeira mensagem é apresentado. E pior: Apresenta uma opinião sem fundamentação, sem lógica, sem investigação, como se fosse um documento.

Interpreto isto, como  resultado da tentativa de influenciar a História que se vai contar dentro de 10 a 15 anos.
Mas é também por isso que se torna ainda mais importante desmascarar estes pseudo-intlectualoides de esquerda, que não tiveram o mais pequeno probema em mentir e distorcer fatos, para posteriormente influenciar o que dirá a História.
Estaline não faria melhor. Bastaria ver a que partido obedecem alguns dos responsáveis de tal «Centro de Documentação» para perceber porque razão Estaline não os repugna nem um bocadinho.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #7 em: Julho 31, 2012, 10:34:48 pm »
E com que interpretação da história ficaremos?
A de Moscovo?
Ou a da FLAD?

O resultado vai dar ao mesmo.
E ficamos todos no mesmo.
A "obra": relativizada.
Depois já se sabe: quando uma questão é polarizada claramente sempre lá se arranja duas (e só duas) "interpretações" perfeitamente distintas, a mais correcta é uma terceira que quase ninguém está disposto a abordar.
Por falta de interesse mas sobretudo por falta de... patrocinador.
Lembrem-se que a verdade está na Rádio Moscovo ou na CNN, sobretudo nesta última.

É só sofistas: cada um que escolha o seu veneno e bom apetite.


Caveat emptor.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #8 em: Agosto 01, 2012, 01:13:27 am »
Não podemos aceitar nenhuma versão e nenhuma visão.
Temos que olhar para os fatos conhecidos, para a lógica e pensar com bom senso para tirar conclusões.

O que afirmo é que os supostos documentos do Centro de Documentação, não são documentos são opiniões não fundamentadas, resultado de uma tentativa de condicionar aquilo que a História dirá no futuro.

Teriamos que começar pelo principio, e perguntar se o país de fato combateu numa guerra colonial, porque nós não tínhamos de fato colónias. Os territórios não eram colónias, eram parte integrante do país.
Os movimentos de «libertação» em alguns casos como Angola, eram constituidos por pessoas de étnias que chegaram a Angola (ao norte/noroeste) séculos depois dos portugueses lá terem chegado.
Portanto, nem sequer o argumento de que eles é que tinham direito à terra porque já lá estavam se pode aplicar, porque não é verdadeiro.

Comecemos por chamar as coisas pelos nomes. A guerra ocorreu nas províncias ultramarinas e não nas colónias.
A nossa mania de copiar os ingleses em tudo, foi em parte responsável pela comparação entre a administração portuguesa e a britânica. E se os britânicos tinham colónias, então nós também tinhamos que lhes chamar colónias, porque era mais fino.

Não eram colónias, eram territórios ultramarinos, cuja propriedade não podia ser discutível internacionalmente exceto se o povo daquelas terras fosse perguntado sobre o que queria. Como nunca se perguntou ...

Que cada um conclua o que achar melhor.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #9 em: Agosto 01, 2012, 03:48:03 pm »
O Luso na sua já típica ânsia desenfreada de querer atacar os não alinhados com a sua maneira de ser, caí constantemente no ridículo de se contradizer. O pior é que nem precisa de muitas palavras.
É preciso ser-se muito alienado para não se ter noção que Coimbra cidade, é um dos bastiões do CDS-PP. É preciso também andar-se muito distraído para não se ter noção que a UC é uma incubadora de políticos e ideais associados à direita. Para além de que a média de idades dos docentes desta instituição ronda os 50/60 anos.
O que o Luso gosta é de conversas de encher o chouriço, e que dêem corda aos seus devaneios. Pois bem, sugiro-lhe que vá ver a novela enquanto come uns croquetes. Tenho a certeza que o seu ego rejubilará.  
O senhor se não é tonto, gosta de parecer como tal. E para essas pessoas sinceramente não tenho paciência. Não conte mais com a minha atenção.
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Estar-se a discutir se os territórios são ultramarinos (além mar) ou se são colónias, é estar se a discutir o sexo dos anjos. A verdade é que não foi por indicação divina que esses territórios eram efectivamente Portugueses, ou que estavam cheios de Portugueses.
E a presença militar Portuguesa só se fez mesmo notar aquando a guerra do ultramar, haviam mesmo tribos e outros grupos étnicos que nem sequer tinham noção que estavam em território de Portugal. Ao contrário das colónias de outros países.
Nem o assunto das etnias pode ser abordado assim tão facilmente, como sabemos as fronteiras do continente africano foram desenhas a régua e esquadro. Totalmente distinto do que se passou na europa e ásia.

Peço desculpa mas não sei o que quer dizer com oligarquia branca e negra, nem o facto de alguns lideres de ambos os lados terem frequentado a mesma escola.

O papatango parece mesmo gostar de pensar que quem vangloria o 25 de Abril é obrigatoriamente de esquerda. Portanto tem tendência a mostrar descredito, achando que não conseguem ter suficiente imparcialidade. Pondo mesmo em causa anos de investigação de muito boa gente. É óptimo ter se espirito critico, no entanto a ratoeira da imparcialidade neste caso aplica-se também a si.
Tem toda a razão em dizer que ainda não passou muito tempo, e de facto história feita a quente corre o risco de ser leviana.
Eu não sou ninguém para convencer quem quer que seja neste fórum, e como fórum que é serve apenas para o debate e troca de ideias.

Uma coisa é certa, sociedade que não consiga criticar os males da sua história e a si mesma, é uma sociedade doente.
 

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PereiraMarques

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #10 em: Agosto 01, 2012, 11:48:15 pm »
Se o BSS é do CDS-PP eu sou marciano !  :mrgreen:
 

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #11 em: Agosto 02, 2012, 12:56:26 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
Se o BSS é do CDS-PP eu sou marciano !  blx2x1
 

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papatango

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #12 em: Agosto 02, 2012, 08:09:34 pm »
Citação de: "3520"
Estar-se a discutir se os territórios são ultramarinos (além mar) ou se são colónias, é estar se a discutir o sexo dos anjos. A verdade é que não foi por indicação divina que esses territórios eram efectivamente Portugueses, ou que estavam cheios de Portugueses.
:shock:  :shock:  :shock:
A diferença é que se eram colónias, nós estávamos num lugar que pertencia a outrém.
Se não eram colónias, então eram territórios nossos, o que torna a sua defesa legítima segundo a lei internacional.
Ao longo da nossa história nós tivemos muito poucas colónias. Essa é a realidade.

O Centro de Documentação 25 de Abril, não pode auto-proclamar-se Centro de Documentação, ao proferir afirmações completamente absurdas, inventadas e saídas das mentes de um qualquer maluco estalinista que decidiu escrever sandices e depois apresenta-las como documentos.

Do ponto de vista tático, o Samora foi um imbecil e do ponto de vista tático, falhou completamente no seu objetivo, porque nunca conseguiu impedir a construção de Cabora Bassa.
A barragem era uma afirmação de que os portugueses estavam para ficar, e por muito que doa aos malucos dos estalinistas e outros quejandos, o Samora falhou redondamente nessa tentativa.
Fez barulho, fez sim senhor, mas para lá de barulho não fez mais nada.
E não fez porque os problemas logísticos eram demasiado grandes e para atacar Cabora Bassa era preciso transportar armas desde muito longe.
Samora podia apoiar-se em algumas étnias (nem todas) no Tete e beneficiava do apoio de alguns grupos no Malawi (até que esse caminho lhe foi cortado), mas era tudo.

A verdade é que eles estavam lá, mas ninguém queria saber. Os rodesianos acusavam os soldados portugueses de fazerem muito barulho nas suas operações, para afastarem os terroristas da Frelimo, porque não queriam entrar em combate.
Os terroristas da Frelimo agradeciam, porque também não estavam interessados em combates, porque sabiam não ter capacidade para tal.

E isto, quando à grande capacidade e visão estratégica do camarada Samora.

Samora Machel, foi uma anedota. Nunca passou de uma anedota, colocada no poder depois de os soviéticos terem criado condições para matar Eduardo Mondlane.

É de meter impressão que uma entidade que se auto-entitula «Centro de Documentação», produza afirmações tão disparatadas, tão desprovidas de fundamentação e tão estapafurdias do ponto de vista da mais básica estratégia militar.



Quanto ao resto, eu limito-me apenas a afirmar:

SÓ AGORA COMEÇA A PASSAR O TEMPO HISTÓRICO SUFICIENTE, PARA QUE POSSAMOS FAZER A HISTÓRIA SOBRE A FASE FINAL DO CONFLITO AFRICANO.
Tudo o que foi escrito há algumas décadas, foi escrito a quente, muitas vezes por gente que esteve de um dos lados (e normalmente sempre do mesmo lado).
E todos sabemos de que lado estiveram os autores dessas postas de pescada e pseudo-documentos de entidades como o Centro de Documentação 25 de Abril ou da Fundação Mário Soares.


Citar
O papatango parece mesmo gostar de pensar que quem vangloria o 25 de Abril é obrigatoriamente de esquerda. Portanto tem tendência a mostrar descredito, achando que não conseguem ter suficiente imparcialidade. Pondo mesmo em causa anos de investigação de muito boa gente.
Esta realmente é boa. Não sou eu que ponho em causa a pseudo-investigação de muito «boa» gente, são as pessoas que estudaram a História como ciência, gente como Marc Bloch, que nos explica porque precisamos deixar passar o tempo para depois fazer a História.

E é por isso, que até agora têm-nos servido historietas da treta sobre a suposta «guerra colonial»

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Carlos Rendel

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #13 em: Agosto 02, 2012, 11:27:31 pm »
O tempo que passa

Ao dedicar-me a uma àrea  da História,verifiquei que com o passar do tempo,os factos relatados sofriam  solavancos e,no prazo de uma vida

eram passíveis de uma volta de 180º.Isto  porque as interpretações obedecem  ao momento histórico em que são produzidas ,quando

não são os cronistas que se entregam aos ventos da história ou a opinarem em troca de um prato de lentilhas.Por vezes dou comigo a pen-

sar sobre os vindouros e a intervenções militares de Portugal no século XX,designadamente 14/18 e 61/74.É certo que a história militar

está em permanente evolução de acordo com novas revelações e documentos.Um dos maiores  demagogos do séc.XX afirmou: "Uma mentira

mil vezes repetida passa a verdade". Mergulhados até ao pescoço pela crise financeira,no consulado  marcelista,apesar das três frentes

de guerra o nosso PIB chegou a 7 por cento nos anos setenta-só deslizou a partir de 1974.Isto é um facto,não é um palpite!

E vamos ver se o diferendo europeu não passa o limite,porque tudo é possivel sobretudo o improvável.
CR
 

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Zeca Diabo

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Re: Guerra Colonial - Protagonistas
« Responder #14 em: Outubro 24, 2012, 03:27:37 pm »
Protagonistas na primeira pessoa.
Um verdadeiro relatório cronológico dos factos, sem opiniões nem devaneios. Foi assim ali. Factos. Nem mais nem menos. Factos. Ponto.

http://3cartbart6220.com/