Coreia do Sul vs Coreia do Norte

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GI Jorge

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #45 em: Novembro 25, 2010, 05:53:40 pm »
Citação de: "Luís"
Citação de: "GI Jorge"
Citação de: "Luís"
Se uma guerra com a Coreia do Norte e a China é inevitável, então acho que o melhor era agora. Com esses dois países do lado da NATO, acho que a China não tinha hipóteses nenhumas

Não sei. A china tem as maiores explorações de minerais. Tem milhões e milhões de soldados. É um dos motores da economia mundial. A sua geografia, difícil e intimidadora. Mesmo que a China não consiga atravessar o Atlântico a tempo (o que não deveria acontecer), os seus submarinos conseguiriam, muito provavelmente, "pavimentar" o fundo oceânico com navios de outros países, a não ser que fossem destruídos nas suas bases, quer por ataques de precisão, quer por operações especiais. E mesmo lutar na terra seria difícil. Como se iria concentrar poder aéreo suficiente para garantir a superioridade aérea? Porta-aviões? Nem todos os porta-aviões do mundo seriam suficientes. E desembarcar tanques, ou qualquer outro tipo de equipamento pesado seria um enorme pesadelo logístico. E uma invasão por terra estaria fora de questão, tal seriam os meios necessários concentrar para fazer frente aos milhares de tanques que a China tem à sua disposição. A única opção mais viável (a meu ver) seriam para-quedistas e largar meios pesados também por para-quedas. Mas mais uma vez, como garantir superioridade aérea e suprimir as defesas antiaéreas?
E pior ainda se a China já tiver desenvolvido o seu próprio caça stealth, como dizem os rumores.


De qualquer das formas, a China é um gigante, e um daqueles que não dá para derrotar com uma pedra e uma fisga.

Eu continuo a achar que tecnologicamente os EUA estão mais avançados do que a China em todas as áreas das FA. Embora a marinha chinesa já seja grande, não me parece que seja suficientemente forte para as dos EUA, sem contar se o Japão ou outro país interviesse também.

Quanto á força aérea os EUA talvez não garantissem uma superioridade inicialmente pela proximidade em da China da Coreia, mas penso que como tem vários porta-aviões, muitos aviões sofisticados e excelentes pilotos, não creio que também dai a China tirasse algum proveito.

Quanto ao exercito sim, aí é mais dificil,  o da china é o maior do mundo, mas também tenho sérias dúvidas em relação á qualidade dos equipamentos e dos treinos.


De qualquer das formas como tinha dito, se a Rússia entrasse contra a China, acho que eles não tinham a mínima hipótese. Por muito grande o exercito que seja, a maioria iriam ser reservistas e tal, e tenho ainda mais duvidas sobre qualidade desses em relação aos efectivos actuais.

Mas não sei se é bem assim. A marinha chinesa conta com bastantes submarinos. E se um consegue penetrar a defesa de um grupo de batalha norte americano e submergir ao lado de um porta-aviões... Podem muito bem afundá-los. Mas esqueci-me do Japão. De facto, podia servir de base aérea. E a tecnologia chinesa está a aproximar-se bastante da americana... Não sei até que ponto os projectos secretos estão à altura dos americanos.
Mas conquistar a China, e se esta conseguir o apoio do Afeganistão e esses países islâmicos meios tolos... Seria um desafio dantesco subjugar esse gigante...
Confunde-se em Portugal tantas vezes a justiça com a violência que é vulgar não haver reacções contra o crime e haver reacções contra a pena.

Oliveira Salazar
 

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sergio21699

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #46 em: Novembro 25, 2010, 06:21:32 pm »
Citação de: "GI Jorge"

Mas não sei se é bem assim. A marinha chinesa conta com bastantes submarinos

Quantidade nem sempre significa qualidade, alem disso, e se como o Luis disse a Russia lutasse ao lado dos EUA ou mesmo que se mantive-se neutra, seria, na minha opiniao, muito difcil a china conseguir vencer.
-Meu General, estamos cercados...
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armando30

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #47 em: Novembro 25, 2010, 06:37:25 pm »
Citação de: "sergio21699"
Citação de: "GI Jorge"

Mas não sei se é bem assim. A marinha chinesa conta com bastantes submarinos

Quantidade nem sempre significa qualidade, alem disso, e se como o Luis disse a Russia lutasse ao lado dos EUA ou mesmo que se mantive-se neutra, seria, na minha opiniao, muito difcil a china conseguir vencer.
tanto a Rússia como o Japão tem interesses, pelo menos do ponto de vista de observação, em descobrir as capacidades reais da marinha chinesa.
ainda há pouco membros da marinha russa chamavam a atenção do seu governo para a incapacidade da sua frota no pacífico para enfrentar possíveis ameaças, como da China, e o Japão está sempre em pré-aviso para uma acção militar chinesa devido a umas ilhas que ambos os países disputam.
ainda há um ou dois meses foi notícia a marinha japonesa ter albarroado um navio de pesca chinês por suspeitarem que era uma embarcação militar disfarçada e ter "invadido" a ZEE japonesa.
 

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Luís

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #48 em: Novembro 25, 2010, 10:04:18 pm »
A Rússi ainda se vai arrepender de lhes ter vendido material...de qualquer das formas parar a China tem que ser já, depois pode ser muito tarde. Se este conflito começar, a Coreia do Norte não deverá levar nada de bom disto, resta saber se a China se vai aventurar contra os EUA...se uma guerra assim acontece...ate já tenho pena dos Coreanos.
 

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João Vaz

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #49 em: Novembro 26, 2010, 03:53:14 pm »
Casualty update:

4 mortos = 2 fuzileiros e 2 civis Sul-Coreanos
1 demissão = Ministro da Defesa Sul-Coreano

Convém também não esquecer que a Coreia do Norte tem sido nos últimos anos uma fonte de embaraço crescente para Pequim apostado numa abertura global sem precedentes. A última coisa que a China deseja é ver-se a braços com o êxodo de 4 ou 5 milhões de esqueletos ambulantes através da fronteira do Sul, combinada com a presença reforçada da máquina militar norte-americana no Mar Amarelo. De igual modo, a última coisa que os Estados Unidos querem é a destruição da única nação democrática e financeiramente viável obtida com apoio de Washington.

Pyongyang não tem o apoio incondicional da China, nem sequer esta dispõe de controlo directo sobre o demente tiranozeco norte-coreano.

Esta é uma oportunidade para a China mostrar o que quer como super-potência regional, sendo que nunca até hoje estabeleceu qualquer esboço de política diplomática coerente, excepto através do volume de relações comerciais. Até hoje, Pequim mantém-se discretamente ambígua no domínio das "relações internacionais".  

Talvez a presença dos norte-americanos nos arredores da ilha bombardeada consigam arrefecer os ânimos norte-coreanos, enquanto os chineses recordam a Pyongyang que a energia e a alimentação lhes é largamente fornecida por Pequim...

Nos entretantos...



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"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #50 em: Novembro 26, 2010, 04:27:38 pm »
Hummm... Com a demissão do MdD não acredito que isto dê em porrada a sério...   :roll:
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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #51 em: Novembro 26, 2010, 07:34:18 pm »
Também não acredito que dê em alguma coisa.

Como é reconhecido pela Coreia do Sul, estava a decorrer um exercicio aero-naval na zona e, apesar os pedidos e avisos insistentes da Coreia do Norte, foram efectuadas barragens de artilharia para as águas da CN. Os sul-coreanos afirmam que, esses disparos não colocaram em perigo terra ou instalações norte-coreanas mas quem não quer chatices não anda a disparar para o quintal de outrem. Isso não justifica a atitude norte-coreana de bombardear a ilha, pois poderia responder no mesmo tom, com barragens de artilharia para as águas sul-coreanas e com isto foi longe demais. Penso que a demissão do ministro da defesa sul-coreano tem mais a ver com a sua falha em compreender que os avisos do norte eram mais do que o costumeiro "agarrem-me senão vou-me a eles". Uma falha que quase levou a um conflito aberto.
 

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Lusitano89

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #52 em: Novembro 26, 2010, 07:46:43 pm »
Seul revê normas de combate após ataque norte-coreano


O Presidente sul-coreano Lee Myung-bak aceitou a demissão do responsável pela pasta da Defesa, Kim Tae-young, um dia depois do ataque da artilharia da Coreia do Norte à ilha de Yeonpyeong, que causou quatro mortos, dois civis e dois militares, e ainda 18 feridos.

Fortemente criticado por outras figuras políticas, pela opinião pública e pela imprensa, o Presidente anunciou a revisão das normas de combate perante incidentes desta natureza e o reforço dos meios militares no mar Amarelo, onde se situa Yeonpyeong.

Em resposta àquele que é o primeiro ataque a civis sul-coreanos desde 1987 na longa lista de incidentes que se têm sucedido desde o fim da guerra na península, em 1953, o Presidente Lee anunciou a adopção de políticas "menos passivas" em confrontos da mesma natureza.

Os jornais sul-coreanos revelavam ontem detalhes sobre o ataque da véspera, escrevendo o The Korea Herald que a artilharia de Pyongyang disparou bombas termobáricas ou de vácuo. Estas munições têm capacidade de penetrar estruturas de cimento e provocar incêndios.

O principal diário em língua inglesa de Seul cita fontes militares para explicar que este tipo de engenho é usado para, de forma deliberada, provocar o máximo de vítimas humanas e destruição material. O nível de destruição teria sido superior se a artilharia norte-coreana não fosse constituída por peças antiquadas e, eventualmente, sem manutenção adequada, referiam especialistas militares.

Outro diário sul-coreano, o JoongAng, na edição em inglês, refere mais detalhes sobre o ataque, escrevendo que os disparos norte-coreanos foram feitos quando a artilharia de Seul estava apontada para o lado oposto à costa, o que retardou o seu tempo de resposta.

Os alvos escolhidos foram instalações militares actuais e outras entretanto reconvertidas para finalidades civis. O que deixa pressuposto, dizia ao diário um general de Seul, o recurso a mapas desactualizados.

O JoongAng explicava que o ataque foi autorizado pelo líder máximo da Coreia do Norte, Kim Jong-il, e envolveu o filho mais novo e sucessor designado, Kim Jong-un, no processo de decisão.

Fonte governamental sul-coreana disse àquele jornal que uma decisão desta natureza implica "a ordem directa das mais altas autoridades de Pyongyang".

Aquela fonte referiu ainda "provas circunstanciais do ataque ter sido meticulosamente preparado". Por exemplo, o facto de os dois Kim terem visitado a base de artilharia de costa de Gaemori, onde teve origem a barragem de artilharia, 24 horas antes do ataque.

Disparar sobre território da Coreia do Sul depende, dizia a mesma fonte, "da vontade directa de Kim Jong-il".

DN
 

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GI Jorge

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #53 em: Novembro 27, 2010, 09:57:02 am »
Citação de: "sergio21699"
Citação de: "GI Jorge"

Mas não sei se é bem assim. A marinha chinesa conta com bastantes submarinos

Quantidade nem sempre significa qualidade, alem disso, e se como o Luis disse a Russia lutasse ao lado dos EUA ou mesmo que se mantive-se neutra, seria, na minha opiniao, muito difcil a china conseguir vencer.

Mas qualquer tentativa de invasão da China seria complicadíssima... Este problema vai ser resolvido com quem queira dar o 1º passo. E espere-mos que seja a NATO, porque senão a China desata a usar misseis intercontinentais e armados com ogivas nucleares. Esse cenário até já esteve mais longe...
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Lusitano89

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #54 em: Novembro 27, 2010, 01:23:56 pm »
Seul reforça dispositivo militar nas cinco ilhas


Explosões de artilharia voltaram ontem a ouvir-se a partir do território da Coreia do Norte diante de Yeonpyeong, mas nenhum tiro alcançou a ilha, bombardeada terça-feira e que se encontra agora praticamente deserta, à excepção das forças militares sul-coreanas.

Em resposta a estas provocações do regime de Pyongyang, o Governo de Seul prepara o reforço do dispositivo militar nas cinco ilhas que controla junto à costa norte-coreana.

O reforço implica a presença de aviões de vigilância não tripulados, o aumento de efectivos e de peças de artilharia em paralelo com a concessão de maior autonomia ao comando local para responder a acções como os disparos de terça-feira.

Além de Yeonpyeong, serão abrangidas por este dispositivo as ilhas de Baengnyeong, Daecheong, Socheong e U. Em todas elas já existem fortificações que serão agora reforçadas. As ilhas situam-se entre 20 a 50 quilómetros da costa da Coreia do Norte.

Os disparos norte-coreanos de ontem coincidiram com a presença em Yeonpyeong do comandante do destacamento americano na Coreia do Sul, general Walter Sharp, que ontem visitou a ilha. Os tiros não atingiram sequer as águas territoriais da Coreia do Sul, segundo um porta-voz das forças armadas deste país.

Os militares sul-coreanos adoptaram os procedimentos de defesa adequados e os raros civis na ilha foram levado para abrigos subterrâneos.

Os disparos sucederam cerca de 48 horas antes do início das manobras aeronavais da Coreia do Sul e dos Estados Unidos no Mar Amarelo.

A possibilidade de "provocações adicionais da Coreia do Norte" foi admitida por fonte militar de Seul, citada pelo The Korea Herald, referindo estarem a ser "observados todos os movimentos das forças norte-coreanas".

O Presidente sul-coreano Lee Myung-bak nomeou um antigo chefe do estado-maior conjunto para a pasta da Defesa, general Kim Kwan-jin, em substituição de Kim Tae-young, considerado responsável pela resposta lenta das forças colocadas em Yeonpyeong à barragem de artilharia norte-coreana.

Os jornais da Coreia do Sul referiam ontem a criação de um comando conjunto exército-marinha-força aérea e marines que passará a dirigir um total de efectivos de 12 mil soldados, face aos actuais cinco mil; a artilharia - que inclui canhões de costa de 90 mm, peças autopropulsionadas de 155 mm, morteiros de 81 mm e tanques M-48 - será adaptada a propósitos ofensivos.

Um elemento da comissão que prepara um relatório sobre as mudanças a operar naquelas cinco ilhas, afirmava ontem ao JoongAng que estas "deverão ser transformadas de bases defensivas em bases de ofensiva, em caso de emergência". Até porque as forças norte-coreanas mantêm na região clara superioridade em efectivos, artilharia e mísseis tácticos.

O The Korea Times escrevia ontem que Pyongyang tem 20 mil a 30 mil efectivos junto da costa, apoiados por mil peças de artilharia e mísseis Silkworm, de origem chinesa.

DN
« Última modificação: Novembro 27, 2010, 02:50:38 pm por Lusitano89 »
 

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sergio21699

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #55 em: Novembro 27, 2010, 02:25:50 pm »
Na minha opinião tudo depende da Russia, se a Russia não intervir do lado da Coreia do Norte/China, não vejo Seul a ajudar á festa pois ao meter-se com a Coreia do Sul é como se atacassem os EUA e por isso a NATO/Europa.
-Meu General, estamos cercados...
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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #56 em: Novembro 29, 2010, 06:18:25 pm »
O enigma da Coreia do Norte
Alexandre Reis Rodrigues


Ninguém consegue perceber o que a Coreia do Norte afinal pretende com a escalada de sucessivos desafios ao precário equilíbrio na península coreana. Presume-se que não deseje iniciar um conflito aberto com a Coreia do Sul, que levaria directamente ao desaparecimento do regime; muito menos agora que se encontra numa fase de transição do poder de Kim Jong Il para o seu filho Kim Jong-eun. Mas até a ideia de que o regime é muito mais calculista do que aparentemente é sugerido pelas atitudes frequentemente irracionais que toma está hoje sob a mais séria interrogação.

A Coreia do Norte tem um historial de crises deliberadamente provocadas para depois, em troca de recuos, negociar numa posição de vantagem. É possível que agora esteja a arriscar mais, com base na experiência de ter atravessado praticamente incólume diversas “linhas vermelhas” que não respeitou, por exemplo, com os testes nucleares que realizou em 2006 e 2009. Ou então, que esteja a assumir que a Coreia do Sul continuará a ser extremamente prudente a responder (melhor dizendo a não responder) às provocações do Norte, sob pressão dos EUA para evitar a eventual generalização do conflito à China, o que seria devastador. O caso do afundamento da corveta Cheonan, em Março deste ano, em que morreram 46 marinheiros, foi elucidativo neste último âmbito, não obstante Seoul ter tentado mostrar-se não intimidado e disposto a seguir uma postura de dissuasão pró-activa (if our terrritorial waters, airspace, or territory are military violated, we will immediatly exercise our right of self-defense).

O caso do bombardeamento da ilha Yeonpyang no passado dia 23 de Novembro, embora menos grave nas suas consequências, é mais sério como escalada do conflito. Enquanto que no caso da corveta Cheonan a Coreia do Norte recusou sempre a autoria do ataque (não obstante várias evidências), neste último caso assume-o abertamente, embora sob a alegação de que se tratou de uma resposta aos exercícios conduzidos pela Coreia do Sul, durante os quais algumas granadas poderão ter caído nas suas águas territoriais. Mesmo assim e apesar da retórica atrás referida, a Coreia do Sul manteve grande contenção. A sua principal resposta foi ter conseguido um sinal claro de apoio dos EUA com a deslocação do porta-aviões George Washington para exercícios na área. Washington vinha resistindo a este pedido de assistência desde o incidente da corveta, supostamente dentro da linha adoptada pelo Presidente Obama para manter uma postura de “paciência estratégica”, em que se inclui a preocupação de não criar dificuldades no relacionamento com a China, cujo Presidente visitará Washington em Janeiro.

Paul B. Stars, ainda antes do incidente de Novembro, previa um agravamento das tensões e nova instabilidade durante os próximos 12 a 18 meses, dada a “atmosfera de recriminação e desconfiança” entretanto criada entre as duas Coreias. Entre outros motivos, apontava razões de política doméstica de Pyongyang à volta da instabilidade decorrente do processo de sucessão do líder obrigando a concessões à elite militar. Kim Jong Il pode ter-se visto obrigado a criar factos que sirvam os seus interesses na gestão das relações entra as várias facções internas, tendo em vista consolidar as “credenciais” do seu sucessor. No entanto, no passado recente, nada sugeria os dois últimos incidentes. O último, aliás, coincidiu com um programa em curso de troca de visitas de Delegações das respectivas Cruz Vermelhas e com a insistência do Norte no retomar próximo de conversações, hipótese que os factos ocorridos tornaram mais remota.

Como poderão os EUA lidar com esta situação, estando perfeitamente claro que não podem contar nem com o apoio da China nem com a eficácia das sanções aplicadas? Pequim já deu vários sinais que não quer condenar Pyongyang, nem sequer pelo afundamento da corveta Cheonan; este ano, o Presidente chinês já recebeu oficialmente Kim Jong Il por duas vezes e deu ao seu sucessor a honra de ser recebido pelo Comité Permanente do Politburo, o que constituiu a aprovação do processo de transição ao mais alto nível. A falta de eficácia das sanções, presumivelmente atribuível a ajudas da China, ficou bem patente na revelação, a duas delegações americanas que visitaram o país recentemente, de uma nova e moderna infraestrutura de enriquecimento de urânio, o que dá uma nova dimensão ao programa nuclear.

Por outro lado, há muito que se tornou patente que a Coreia do Norte, tal como o Irão, não desistirá do seu estatuto de potência nuclear, não obstante as promessas e passos que deu nesse sentido, mas que nunca concluiu. Portanto, não parece realista esperar que agora se venha declarar pronta a abandonar o programa por troca com a realização de novo ciclo de negociações, exigência dos EUA e da Coreia do Sul. A haver conversações, que os norte-coreanos querem, terão que ser sem condições prévias. Valerá a pena tentar seguir esse caminho? À luz dos resultados de anteriores tentativas parece que não. Aliás, nunca nada deu resultado; nem quando a “sunshine policy” lançada pelo Presidente Kim Dae Jung levou a um encontro entre os dois líderes em 2000, sob sinais de uma possível reunificação das duas Coreias.

Que estratégia deve então os EUA seguir? Como primeira prioridade, certamente, será não deixar que a situação saia fora de controlo, o que implica um acompanhamento muito próximo. Paul Stars sugere mais duas linhas de actuação: Tornar inequívoca a sua disponibilidade de apoio à Coreia do Sul, incluindo apoio militar onde existam pontos fracos, e tornar claro junto de Pequim que a continuação do apoio incondicional à Coreia do Norte levará inevitavelmente ao que a China mais procura evitar: mais instabilidade regional.

Jornal Defesa
 

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #57 em: Dezembro 01, 2010, 08:22:19 pm »
Segundo os jornais da coeria do sul, a coisa está a ficar preta!
« Última modificação: Dezembro 03, 2010, 10:59:43 pm por nelson38899 »
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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Luís

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #58 em: Dezembro 02, 2010, 11:31:44 am »
China descreve a Coreia do Norte como 'criança mimada'

Conforme documentos revelados pelo site WikiLeaks, país questiona sua própria influência sobre Pyongyang - e admite que programa nuclear de Kim é ameaça

A China, aliada da Coreia do Norte, duvida cada vez mais de sua própria influência sobre Pyongyang - e está disposta até a aceitar a reunificação da península coreana se o regime do Norte entrar em colapso. As revelações estão na série de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos divulgados pelo site WikiLeaks. Num dos trechos mais interessantes dos documentos, Pequim descreve a Coreia do Norte como uma "criança mimada".

Os papéis revelam, por exemplo, que, durante um jantar em 2009, o embaixador chinês no Cazaquistão admitiu a um diplomata americano que Pequim considera o programa nuclear da Coreia do Norte uma “uma ameaça à segurança de todo o mundo”. Funcionários chineses também teriam dito a uma autoridade sul-coreana que a China dá pouco valor à Coreia do Norte como um estado-tampão entre o território chinês e a Coreia do Sul, aliada dos Estados Unidos.

Em um almoço em fevereiro de 2010, entre a embaixadora dos Estados Unidos em Seul, Kathleen Stephens, e o ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Chun Yung-woo, o diplomata de Seul declarou que a nova geração de líderes chineses não considera mais a Coreia do Norte como um aliado útil ou confiável, e não arriscaria um novo conflito armado na península.

Chun afirmou à embaixadora americana que a Coreia do Norte “já entrou em colapso econômico e entraria também em colapso político dois ou três anos após a morte de Kim Jong-il”, apesar de seus esforços para obter ajuda chinesa e para assegurar a sucessão para seu filho. “Ao descrever uma diferença de geração nas atitudes chinesas em relação à Coreia do Norte, Chun alegou que [nome apagado] acreditava que a Coreia deveria ser unificada sob o controle da República da Coreia”, diz o texto, em referência a Seul.

Em outro documento que manifesta a frustração de Pequim com a Coreia do Norte, o vice-ministro das Relações Exteriores da China, He Yafei, teria afirmado que o governo norte-coreano estaria se comportando como uma “criança mimada” para chamar a atenção americana ao realizar testes nucleares em abril de 2009.

He disse que o governo norte-coreano queria “negociar diretamente com os Estados Unidos, e por isso estava agindo como dessa forma", escreveu o diplomata americano. “A China por isso incentivou os Estados Unidos, ‘depois de algum tempo’, a começar a retomar os contatos com a Coreia do Norte”, afirmou.

Vazamento - Os documentos são parte do pacote de mais de 250.000 comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo. A divulgação ocorre em meio às polêmicas envolvendo o programa nuclear norte-coreano e o recente ataque a uma ilha sul-coreana próxima à fronteira, que deixou quatro mortos na semana passada.

Nesta segunda-feira, a Coreia do Norte disse que tem milhares de centrífugas operando em uma usina de enriquecimento de urânio revelada pelo país no início do mês. Os norte-coreanos dizem que a usina é para a produção de energia nuclear para uso civil. Não se sabe se as centrífugas poderiam produzir também material para a fabricação de armas nucleares.

WikiLeaks - O WikiLeaks é um site que se dedica a revelar documentos militares secretos dos EUA e de outros países. Neste ano, o site divulgou cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra do Iraque. Antes disso, o WikiLeaks já havia divulgado 90.000 relatórios confidenciais sobre abusos cometidos no Afeganistão.


FONTE: Site "Veja" - http://veja.abril.com.br/noticia/intern ... do-de-seul
 

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Re: Coreia do Sul vs Coreia do Norte
« Responder #59 em: Dezembro 03, 2010, 02:11:26 am »
Citação de: "sergio21699"
Na minha opinião tudo depende da Russia, se a Russia não intervir do lado da Coreia do Norte/China, não vejo Seul a ajudar á festa pois ao meter-se com a Coreia do Sul é como se atacassem os EUA e por isso a NATO/Europa.

Não me parece que a China alinhe ao lado da Coreia do Norte. Ajudaram-nos nos anos 50 e penso que já se arrependeram disso. Ideologicamente a Coreia do Norte já não segue o Socialismo Comunista (originalmente Maoista), tendo substituído-o por uma ideologia Divinista/centralista baseada no culto da divindade do querido lider :). Tenho a certeza que isto fez com que o próprio Mao arrancasse (os poucos) cabelos que tinha (antes de morrer), bolas como é que estes gajos conseguem ser tão burros.

Formalmente a China, ainda, está alinhada com a CN, sinceramente, da forma que a China está a dar cartas no plano económico Mundial, não me parece que se dignassem sequer a ajudar os norte coreanos.