A promessa é de um salário mínimo de quatro mil dólares por mês consoante a especialização Antigos homens de forças de elite militares ou policiais são os mais desejados. "Uma firma norte-americana especializada em segurança, a Blackwater, que tem como cliente a própria Administração dos EUA, está a estabelecer contactos no nosso país no sentido de contratar uma centena de portugueses para trabalharem como seguranças no Iraque, em particular em instalações associadas a empresas petrolíferas, soube o JN. Os americanos procuram ex-militares e ex-polícias de unidades de elite. Já há 80 candidatos, seduzidos pelos salários que, no mínimo, chegam aos quatro mil dólares.O Iraque é actualmente o principal mercado das empresas de segurança, as chamadas Private Military Companies (PMC), uma verdadeira área de negócio em expansão desde o fim da Guerra Fria, e com maior expressão nos EUA e no Reino Unido (ver texto em baixo).O alvo preferencial da contratação são antigos militares ou antigos polícias, da PSP ou da GNR, que tenham passado por unidades de elite e participado em acções internacionais ou que detenham especialização em áreas mais técnicas.O salário mínimo é de quatro mil dólares por mês e deverá variar consoante a especialidade do candidato, uma vez que vão ser necessários desde operadores de rádios a condutores, passando por tratadores de cães para patrulha ou para detecção de explosivos, num total de cem homens.Os contactos estão a ser a ser estabelecidos através da representante da Blackwater em Portugal, a Milícia, uma empresa com sede no Porto, que confirmou a informação recolhida pelo JN, e que é fornecedora de equipamento das Forças Armadas e das forças de segurança portuguesas.O boca a boca já começou, entretanto, a correr com insistência entre os meios policiais e militares, se bem que António Amaro, responsável pela Milícia, tenha salientado que os "contratos de trabalho, que serão de três meses, apenas se destinam a ex-militares ou ex-polícias". "Nunca poderiam ser elementos no activo, uma vez que isso iria levantar problemas legais", acrescenta.A Blackwater quer reforçar a sua presença no Iraque e está a recrutar pessoal nos EUA, na América Latina e na Europa. No entanto, aos contratados portugueses e de outras nacionalidades, o principal papel será na segurança de instalações e de infra-estruturas, uma vez que, como refere o sítio da Blackwater na internet, a protecção de entidades dos EUA estão reservadas aos próprios norte-americanos.Testes físicos e militares concluídos antes do VerãoAntónio Amaro prevê que o processo de recrutamento de seguranças portugueses para o Iraque esteja concluído durante o Verão. "Neste momento estamos a receber os currículos e a avaliá-los", aponta o empresário, que garante não haver quaisquer problemas legais - "a Blackwater é uma empresa perfeitamente legal, que trabalha inclusive para a Administração norte-americana, na protecção de altas entidades e instalações. Porque é que havia de haver problemas?". Já quanto à selecção dos candidatos a questão é mais complexa "Temos que aferir se os curriculos correspondem à realidade e temos forma de o fazer". A selecção, cuja lista será enviada para os EUA, para a sede da Blackwater, será seguida de testes físicos. Já quanto à qualidade da condição militar, "também será sujeita a testes, mas é uma fase posterior que ainda não foi determinada".Autor: Carlos Varela fonte: JN online