MILITAR DA GNR com processo-crime por recusar lavar pratos

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sarg

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MILITAR DA GNR com processo-crime por recusar lavar pratos
« em: Julho 25, 2008, 09:45:07 pm »
GNR com processo-crime por recusar lavar pratos

Recusou-se a lavar pratos e a limpar o chão da cozinha do Regimento de Infantaria da GNR. Um agente de 24 anos enfrenta, por isso, um processo-crime por ter desobedecido a um superior hierárquico. Noutra instituição só enfrentaria um processo disciplinar. Na GNR a justiça é militar
Um agente da GNR, de 24 anos, foi alvo de um processo-crime, instaurado pela instituição, por se ter recusado a lavar os pratos e a limpar o chão da cozinha no Regimento de Infantaria, em Lisboa. Ao afirmar que ingressou naquela força de segurança para realizar outro tipo de serviços, que não aquele, um oficial constituiu--o arguido, com o termo de identidade e residência (TIR), e enviou o auto de notícia para o Ministério Público que vai agora avançar com a investigação. O porta-voz do Comando-Geral da GNR disse ao DN ter tido conhecimento apenas de um processo disciplinar ontem aberto.
"Não entendemos nem aceitamos que sejam impostas faxinas a agentes da segurança pública e que, perante a preservação da sua dignidade, se pretenda punir desta forma, como se de criminosos se tratasse. Certamente que o cidadão não entenderá porque é que, face ao aumento substancial dos índices de criminalidade, existem polícias dentro de uma cozinha a lavar pratos."
Esta foi a reacção da Associação dos Profissionais da Guarda - APG/GNR perante aquele processo--crime. Segundo José Manageiro, presidente desta entidade, "outros profissionais, com o receio de represálias por parte dos superiores hierárquicos, têm aceitado e realizado este tipo de tarefas".
Neste caso, trata-se de um jovem de 24 anos, novo na profissão, mais corajoso, que terá manifestado a sua indisponibilidade para se submeter ao "vexame e à humilhação de fazer a faxina quando havia aderido à instituição com outras expectativas. Se quisesse lavar pratos teria ido trabalhar para um hotel".
Este tipo de atitude consubstanciou uma desobediência a um superior hierárquico. Numa outra instituição pública daria aso, eventualmente, a um processo disciplinar. Mas, a GNR tem natureza militar, estando sujeita ao código de justiça militar. Uma desobediência é considerada crime, mesmo em tempo de paz (ver caixa). Agora, cabe ao MP averiguar se, de facto, foi praticado um crime e, no caso afirmativo, deduzir acusação e enviar para julgamento.
Segundo José Manageiro, a "APG/GNR há já muito que tem vindo a exigir a revogação de normas e regulamentos inspirados nos moldes do Estado Novo, entre os quais se encontra o actual Regulamento Geral de Serviço".
Conforme explicou, "nos termos do Estatuto em vigor, o profissional da Guarda é agente da força pública e de autoridade e órgão de polícia criminal, fiscal e aduaneira. Em lugar algum, no rol das funções que lhe são acometidas, está prevista a realização de faxinas ou de outras tarefas igualmente indignas de agentes da segurança pública".
O agente arguido está integrado no Regimento de Cavalaria. Tal como ele, também outros são escalados para fazer faxina no Regimento de Infantaria. Já vários ministros da Administração Interna, nomeadamente o anterior, António Costa, têm vindo a defender que os polícias são para andar na rua. Mas, pelos vistos, tudo permanece na mesma.
O porta-voz do Comando-Geral da GNR, tenente-coronel Costa Lima, disse, ao DN, ter tido conhecimento da instauração de um processo disciplinar, sem, contudo, negar a existência do processo-crime. |
LICÍNIO LIMA
2º ARMIJA / NATO QRF 2000/2001
QUERER É PODER MUITO
CRER É PODER TUDO
 

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triton

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Julho 25, 2008, 10:08:11 pm »
tambem vi isso no telejornal, isto é uma anedota, um processo crime por se recusar a lavar pratos, nem sei o que dizer.
 

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PEDRO GALVÃO

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Lavar Pratos
« Responder #2 em: Agosto 04, 2008, 11:37:38 pm »
É a mentalidadezinha provinciana das instituições como a GNR/PSP...
Carpe Diem
 

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Torgut

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(sem assunto)
« Responder #3 em: Agosto 05, 2008, 03:52:11 pm »
Creio que quando militares se começam a recusar a cumprir ordens (e não estamos propriamente a falar de executar criancinhas ou de sodomizar o cavalo do capitão) algo vai mal na essência. Pela natureza intrínseca da sua missão, da sua própria razão de existir, a disciplina tem que se manter válida e activa. É certo que os tempos em que a recusa em obedecer a uma ordem poderia valer ao infractor uma execução sumária. Mas pelo menos um processo-crime (o que quer que isso seja, não me lembro é do termo dos tempos em que andei por essas vidas) acho uma bela prenda. Se o indíviduo em questão é rebeldezinho e gosta de opinar com os superiores hierárquicos sobre a sua visão de futuro no seio da instituição, se calhar deveria ter escolhido uma outra profissão... e mesmo assim... costumo dizer que antes de ter sido militar tive uns 4 ou 5 empregos civis, e em todos eles o sentido "militarista" era mais cultivado do que na Marinha.
 

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PEDRO GALVÃO

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Torgut
« Responder #4 em: Agosto 05, 2008, 10:50:32 pm »
Em que planeta vive?! E diga-me em que século?!
Carpe Diem
 

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Torgut

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(sem assunto)
« Responder #5 em: Agosto 05, 2008, 11:29:40 pm »
No Planeta Terra, no século XXI. Mais alguma questão?

Terá o virar do último século alterado a natureza do comportamento humano? Terá passado a ser possível dirigir homens em missões de extremo risco, cujo desfecho das missões irá ter consequências quase sempre de enorme impacto, por vezes a nivel planetário, sem disciplina?

Serão os subalternos hierárquicos que poderão passar a definir os padrões da disciplina? Em acção, envia-se uma secção para um penedo que cobre a entrada num desfiladeiro e diz um soldado de 24 anos: "ah isso não, porque creio que não me compete, na qualidade de técnico de informático, que o era, antes de me dizerem que havia uma contingência e me agregarem a esta unidade". E pronto. Ninguém se mexe, que afinal todos acham que não lhes compete.

Ah e tal, mas isso é uma situação de combate e não lavar pratos na GNR. Pois é. Mas o estatuto da GNR, tanto quanto sei, é de força militar. Pelo menos li isso algures nos estatutos, e em todo o lado se houve "o militar da GNR isto, e o militar da GNR aquilo". E se hoje está na calmaria do seu posto em Santa Terrinha do Assobio, o militar insurrecto amanhã está destacado no Afeganistão, onde se achará no direito de hipotecar a missão e a segurança da unidade com os seus pareceres sobre a filosofia existencial da carreira. De facto, lavar pratos é uma desonra do escamandro, um autêntico escândalo... aliás, estou mesmo a ver que o superior hierárquico andou a sujar pratos de enfiada só para o pessoal os lavar, ou então telefonou à empregada da limpeza para não aparecer naquele diz que queria chatear toda a gente.

E até, nos meios militares, nunca se fez serviço de faxina, querem ver......

P.S. - Na GNR, tanto quanto saiba, não existem "agentes". Não sei aonde foram buscar o termo.
 

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PEDRO GALVÃO

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Lavar pratos
« Responder #6 em: Agosto 06, 2008, 10:48:58 pm »
Se vive neste planeta, não parece ou faz de conta!
No século XXI (?!) muito menos!!
A essência da questão não está no lavar dos pratos mas na desadequação da ordem emanada por um superior hierárquico manifestamente atrasado e que apenas busca colmatar frustrações pessoais usando o que possui em cima dos ombros!!
O soldado fez muito bem pois não foi para a GNR (Órgão de Polícia Criminal) para lavar pratos!! São usos ultrapassados em pleno século XXI numa Instituição que se diz evoluída, pelo menos na comunicação social!!
A si dou-lhe um conselho, vá estudar pois a formação ajuda-lo-à a ver o mundo de outra forma.
A disciplina não vê nessas determinações, leia mais!!
Carpe Diem
 

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brunodomingues

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« Responder #7 em: Agosto 06, 2008, 11:09:52 pm »
Emfim... Frustrações.... :roll:
 

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Torgut

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Re: Lavar pratos
« Responder #8 em: Agosto 07, 2008, 02:04:32 am »
Citação de: "PEDRO GALVÃO"
Se vive neste planeta, não parece ou faz de conta!
No século XXI (?!) muito menos!!
A essência da questão não está no lavar dos pratos mas na desadequação da ordem emanada por um superior hierárquico manifestamente atrasado e que apenas busca colmatar frustrações pessoais usando o que possui em cima dos ombros!!
O soldado fez muito bem pois não foi para a GNR (Órgão de Polícia Criminal) para lavar pratos!! São usos ultrapassados em pleno século XXI numa Instituição que se diz evoluída, pelo menos na comunicação social!!
A si dou-lhe um conselho, vá estudar pois a formação ajuda-lo-à a ver o mundo de outra forma.
A disciplina não vê nessas determinações, leia mais!!

Citação de: "PEDRO GALVÃO"
A si dou-lhe um conselho, vá estudar pois a formação ajuda-lo-à a ver o mundo de outra forma.
A disciplina não vê nessas determinações, leia mais!!


Nah... já levo uma licenciatura e um mestrado na área da Defesa, nã me apetece estudar mais nesta fase da minha vida. Quanto ao resto, não gastarei latim com quem assim escreve, em termos desconexos e ofensivos.... o insulto é e sempre foi a arma dos ignorantes. A si deixo-lhe também um conselho: reveja as definições de "debate" e "fórum".
 

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Cabecinhas

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« Responder #9 em: Agosto 07, 2008, 09:24:19 am »
É por estas e por outras que a nossa boa tropa em qualquer ramo está com falta de pessoal, não estam habituados a acatar ordens. Quanto mais evoluido é o "pensamento" pior!
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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AJ

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« Responder #10 em: Agosto 07, 2008, 12:28:16 pm »
Citação de: "Cabecinhas"
Quanto mais evoluido é o "pensamento" pior!


Pois, na tropa. Ainda bem que não é assim no resto.

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raphael

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« Responder #11 em: Agosto 07, 2008, 12:31:29 pm »
Citação de: "Cabecinhas"
É por estas e por outras que a nossa boa tropa em qualquer ramo está com falta de pessoal, não estam habituados a acatar ordens. Quanto mais evoluido é o "pensamento" pior!


...é com conhecimento de causa, correcto? :twisted:
Um abraço
Raphael
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Gingão

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« Responder #12 em: Agosto 07, 2008, 01:35:05 pm »
Se fosse só na tropa estava o mundo muito bem, o que não falta são "heróis" em todas as áreas militares e profissionais, compreende-se que o jovem não queria atacar ordens porque é um "serviço" humilhante perante o público quando este é exposto, porque quem passa na rua e vé um Guarda ou Agente de autóridade a lavar chão ou carros etc, chega mesmo a gozar, pode nem ser directamente, mas há sempre "bocas".
Mas o facto é que sendo regime militar tem que se fazer de tudo, quer seja nos paraquedistas a arrumar o para-quedas, nos marinheiros a manter o barco limpo, ou na força aérea a manter o avião em condições, não se pode utilizar algo e toma-lo como partido e passar a batata quente para alguém à espera que o serviço apareça feito, todos já conheçem que tipos de equipamentos portugal usa, estes já não são topo de gama, e ainda por cima chegam a ser usados por vários profissionais.
Agora imaginem se vários guardas recusassem a prestar serviços no seu posto.
"Its not the mountain we conquer, but ourselves"

"Vi Veri Veniversum Vivus Vici"
 

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farilhao

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Pratos
« Responder #13 em: Agosto 09, 2008, 11:54:29 pm »
Já fui militar e felizmente deixei-o de o ser. Quando vi este tópico lembrei-me de diversas situações que assisti de muito perto. Desde a Marinha à GNR, e são situações que muito me desagradaram e não se passaram com a minha pessoa. Não me venham falar em militarismo pois militarismo não é escravatura.

Um bom profissional (militar) não dá determinadas ordens aos seus subalternos, pois sabe que os seus homens não foram formados para varrer um chão ou para lavar a loiça. É uma falta de formação de quem dá essas ordens, pois se o estado paga um curso de formação em determinada área não é para o formando ser utilizada noutra. Quanto custará ao estado português a formação de um militar da guarda? e de um lavador de pratos? Será igual? Não me parece. Isto só se passa porque a formação dada a determinadas pessoas os confunde e passam a pensar que são senhores feudais, tenham vergonha.

Quando um um individuo quando concorre às forças militares não concorre para fazer o que se passa no tópico, para isso trabalhava num qualquer restaurante ou tasca. Querem servir o país naquilo que foram formados.

Em casos de guerra ou missões humanitárias, a história muda de figura, para mais "pelo que dizem" é só para voluntários.

Para acabar, acho de uma falta de profissionalismo da parte de diversas forças de segurança continuarem a ter polícias a exercerem funções de baristas, cozinheiros, fachinas, pedreiros, etc. Coloquem-nos a fazer serviços de polícia.
 

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dremanu

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« Responder #14 em: Agosto 12, 2008, 04:19:38 pm »
Cá por mim eu penso que provavelmente o que este jovem militar estava mesmo a precisar era de ser mandado limpar pratos, talvez assim aprenda um pouco de humildade.

Se calhar foi isto que o tal "superior hierárquico" viu na personalidade deste homem, e por isso mesmo é o que mandou fazer a tal tarefa. Burro foi o soldado que não obedeceu à ordem, mesmo que venha a ganhar o caso, já vai ficar marcado.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."