Oito lanchas rápidas de fiscalização, recentemente adquiridas pelo Governo para modernizar a antiquada frota da Brigada Fiscal (BF) da GNR, estão atracadas e ainda não entraram ao serviço por falhas nos motores.
As lanchas foram construídas nos estaleiros da Nautiber, em Vila Real de Santo António, no Alagarve, e entregues ao Comando-Geral da GNR para serem submetidas a testes. Mas as experiências de mar revelaram deficiências nos motores. As embarcações foram devolvidas ao estaleiro.
Enquanto as lanchas não entram ao serviço, o patrulhamento da costa algarvia e da foz dos rios Tejo, Douro e Sado e da Ria de Aveiro, está ser deficientemente assegurado por uma frota de 30 lanchas, desactualizadas, e todas com mais de 20 anos.
As novas embarcações, designadas lanchas de fiscalização em águas interiores (LFA), próprias para patrulhamentos costeiros, são de um modelo australiano e do tipo catamarã. Deviam ter entrado ao serviço da Brigada Fiscal a partir de Março, ao ritmo de uma por mês. Até agora nenhuma está operacional. Segundo disse ao CM uma fonte da Brigada Fiscal, na origem deste atraso estão “os resultados negativos obtidos pelas lanchas durante os testes”.
Cada lancha está equipada com dois motores de 400 cavalos que deviam permitir uma velocidade máxima de 30 nós (o equivalente a cerca de 60 quilómetros por hora). Mas os motores, quando são acelerados, demonstraram aquecimento excessivo, deficiência que obriga a velocidades baixas. A GNR, perante os resultados dos testes, devolveu as lanchas ao estaleiro.
Por enquanto, e segundo a mesma fonte da BF contactada pelo CM, “ainda não há uma data definida para a entrada em funções das novas lanchas”.
VIGILÂNCIA E PERSEGUIÇÃO
O serviço marítimo da Brigada Fiscal (BF) da GNR conta actualmente com um efectivo de 300 homens. Além da fiscalização das águas costeiras e da foz dos rios, a BF pode efectuar missões de fiscalização em alto mar. Tem doze lanchas rápidas de vigilância e intersecção (LVI).
Estas embarcações operam actualmente a partir de Viana do Castelo, Matosinhos, Aveiro, Figueira da Foz, Peniche, Lisboa, Sines, Portimão, Vilamoura e Vila Real de Santo António. São estas embarcações de alto mar que estão preparadas para perseguição das lanchas voadores habitualmente utilizadas pelas redes de tráfico de droga.
O serviço marítimo da Brigada Fiscal tem prometidas duas embarcações, de maiores dimensões, e equipadas com o último grito em tecnologia de detecção em alto mar. Enquanto estas não chegam, compete às LVI detectar os movimentos de embarcações suspeitas e persegui-las quando for caso disso.
NOVOS RADARES ATRASADOS
As mudanças em curso na Brigada Fiscal (BF) da GNR vão passar também pela reestruturação do sistema de vigilância marítima – o LAOS, sistema de radares instalado em vários pontos da costa para a detecção de embarcações suspeitas no espaço marítimo nacional. Este velho sistema vai ser substituído. O novo será capaz de detectar a movimentação de embarcações que passavam despercebidas aos radares do LAOS.
O novo equipamento pode ainda ser utilizado com eficácia no combate a crimes como o tráfico de droga, o contrabando e até a imigração ilegal. No entanto, o Ministério da Administração nterna não definiu ainda uma data para a instalação do novo sistema de vigilância da costa. “O negócio ainda não está todo concluído”, disse ao CM fonte da GNR.
OUTROS ASPECTOS
NEGÓCIO
O negócio que permitiu a aquisição das oito lanchas de fiscalização de águas costeiras foi fechado, há cerca de ano e meio, pelo Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna.
TEJO
Enquanto as oito novas lanchas não entram em funções, a foz do Rio Tejo está a ser patrulhada pela lancha ‘Centenário’. A embarcação conta com mais de dez anos de serviço activo.
OPERACIONALIDADE
Oficiais da Brigada Fiscal contactados pelo CM temem que as novas lanchas não tenham velocidade suficiente para perseguir uma embarcação suspeita. “Vinte e cinco nós pode ser pouco para este tipo de missão” – dizem.
VOADORAS
A Polícia Marítima, no Algarve, recebeu recentemente uma lancha voadora apreendida a uma rede de traficantes de droga, durante uma operação. A Brigada Fiscal espera, no futuro, que embarcações semelhantes possam reforçar a sua frota de lanchas.
Miguel Curado