Pelos vistos existem aqui diversas contradições que vale a pena discutir.
Começando pelo post inicial do papatango, que acho que é extremamente opurtuno, penso que a não existe alternativa de momento à GNR.
Isto é, se a situação se agravar ao ponto de a GNR não poder actuar penso que não deveríamos substituí-la por efectivos militares pela simples razão que o exército não tem o equipamento necessário para uma operação
eficaz de imposição de paz num teatro como o Iraquiano.
O equipamento essencial para o exército passaria pelos novos blindados que, como sabemos, apenas serão entregues para 2004. Logo, como penso que o M113 não é o veículo ideal para este tipo de imposição urbana, o exército não teria nenhum meio mais pesado para enviar ( por favor não me falem nas Chaimite ).
Ao contrário do Rui Elias eu defendo a permanência da GNR no Iraque, nem que seja por uma razão de princípio.
Só concebo a retirada dos efectivos portugueses em 2 situações:
- Um agravamento de tal maneira grave da situação iraquiana que impossibilite a GNR de actuar. Entenda-se: situação de guerra aberta.
- Retirada do destacamento italiano que fornece toda a logística ao destacamento português.
Discutindo agora outras questões:
Dado que os pressupostos da invasão e ocupação do Iraque não se verificaram e dado que a população iraquiana manifestamente não quer ser ocupada
Diga-me Rui por favor, qual é a população que, mesmo por mais desesperada que esteja, gosta de ser ocupada? Eu sinceramente não conheço. Isto é algo que acontece em qualquer conflito que tenha um tempo tão longo de permanência do ocupador. E o caso iraquiano é especial. Todos sabemos porquê.
o papel mais correcto que Portugal deveria tomar seria a da retirada, canalizando esses meios para outros teatros a quem nos ligam laços de cooperação e amizade.
Não concordo. Isso seria seguir o exemplo espanhol ( até certo ponto ) e seria visto como mais uma vitória do "terrorismo" mundial. Seria favorecer ainda mais todos os grupos islâmicos. Seria uma forma de "publicidade" enorme que motivaria ainda mais a resistência iraquiana.
A retirada nunca deverá ocorrer antes de 30 Junho ( data da passagem de soberania para os Iraquianos ). Qualquer retirada antes desse tempo será vista como uma vitória da resistência e de todos os que "pregam" contra o mundo ocidental. É uma questão de princípio. Já que estamos nisto que estejamos bem e que saibemos sair na data mais opurtuna.
E contribuir para a construção europeia, e não fracturando-a, fazendo o frete a Washington e a Londres.
Oh Rui, essa faca tem dois cumes. Não é preciso relembrá-lo que estavam mais países europeus ( desta europa a 25 ) ao lado dos Estados Unidos do que ao lado da Alemanha e da França. Você diz que Portugal ajudou a fracturar a unidade europeia com o apoio ao EUA, pois eu posso bem dizer que foi a Alemanha, França e Bélgica que fracturaram a Europa. Como vê não é algo linear. Ser europeu não é estar contra os EUA. Isso já parece um argumento de bloquistas!
Sejamos coerentes nas nossas análises. A fractura da europa não se deu apenas de um lado e não foi causada exclusivamente por um desse grupo de países. Afirmar isso é cometer um grave erro.
Portugal só pode ser influente no mundo lusófono se for importante no seio europeu, e só pode ter importancia na Europa se tiver laços priveligiados com os países lusófonos que são a mais valia que Portugal pode ter no mundo.
Portugal já é bastante influente no mundo lusófono. Tal também não é de espantar já que, fora o Brasil, todos os outros países são bastante sub-desenvolvidos.
Portugal deve apostar na Europa ( especialmente agora que somos 25 ) mas sem nunca esquecer a sua vertente atlântica.
A União Europeia não é um santo nem os Estados Unidos o papão do mundo. Muito longe disso.
O objectivo de Portugal deverá ser ( na minha opinião ) a construção de um equilibrio estável entre a vertente europeia e a vertente atlântica. São ambas essenciais a Portugal e ignorar alguma delas seria um erro fatal.