Abin investiga irmão de Bin Laden

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Abin investiga irmão de Bin Laden
« em: Setembro 19, 2004, 07:20:32 pm »
Abin investiga irmão de Bin Laden

Rodrigo Rangel

BRASÍLIA. Uma empresa recém-criada em Belo Horizonte está atraindo a atenção das autoridades brasileiras. Aberta em fevereiro e com sede na Cidade Nova, um bairro de classe média da capital mineira, a empresa tem como sócio Khalil bin Laden, um dos irmãos do terrorista mais procurado do mundo, Osama bin Laden. O assunto vem sendo tratado confidencialmente pelo governo, que destacou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para esmiuçar o caso e verificar a possibilidade de a empresa ter relação com o terrorismo internacional. Na semana passada, O GLOBO teve acesso a parte da investigação.

O rastreamento começou a ser feito a partir do registro da empresa na Junta Comercial de Minas Gerais, em 17 de fevereiro deste ano. A Khalisa Agroindústria Ltda tem como sócia principal a brasileira Isabel Cristina Castanheira Bayma, mulher de Khalil, um dos 53 irmãos do chefe da organização al-Qaeda. Maranhense de Codó, Isabel tem 51% de participação na sociedade. O restante é da empresa Shakura International Marketing Corporation Ltda, sediada em Jedá, na Arábia Saudita.

Foi rastreando a Shakura que os investigadores brasileiros descobriram que Khalil bin Laden tem participação direta na Khalisa: o irmão de Osama é um dos donos da empresa saudita, junto com Maria Manoel Ferreira Bayma, que seria parente de sua mulher. De acordo com a investigação, em Jedá a Shakura atua no ramo de informática.

Os nomes de Khalil e de sua mulher constam da lista de passageiros do vôo que decolou às pressas dos EUA rumo a Jedá oito dias depois do 11 de Setembro levando parentes de Bin Laden. Consta ainda da lista o nome de Maria M. F. Bayma, que, provavelmente, seria a outra dona da Khalisa.

O lugar escolhido para sediar o novo negócio de Khalil bin Laden, desta vez em terras brasileiras, é uma sala comercial no oitavo andar do edifício Tiffany. O GLOBO teve acesso ao contrato social da empresa, assinado em 20 de setembro de 2003 em Belo Horizonte. O documento, de três páginas, não cita em parte alguma o nome do irmão do terrorista que planejou os atentados de 11 de Setembro.

Vasta gama de atividades alerta investigadores

Uma das assinaturas é da própria Isabel Cristina Bayma. A outra, no campo destinado ao responsável legal pela Shakura International Company, é de um brasileiro, Ramon Garcia Cordeiro, indicado como procurador da firma no país. Oficialmente, a Khalisa passou a existir em 17 de fevereiro de 2004, quando foi registrada na Junta Comercial mineira.

O capital social da empresa é relativamente baixo: R$ 200 mil. Mas o rol de possíveis atividades, listado no contrato, revela que o interesse da família é bem variado: atividades agropecuárias, silvicultura, tecnologia de madeira e carvoaria, atividade apícola, consultoria e execução de projetos nas áreas de engenharia civil, florestal, agronômica, geológica e de minas, compra e venda de imóveis, investimento no mercado de ações, comércio exterior e, ainda, cooperativismo.

A multiplicidade de interesses tem despertado a curiosidade das autoridades brasileiras.

— Essa lista toda de atividades é um indício de que a intenção pode ser lavar dinheiro — comentou um experiente investigador especializado em crimes financeiros.

O GLOBO procurou os sócios e o advogado da empresa em Belo Horizonte, mas até o fechamento desta edição ninguém havia retornado os telefonemas. As primeiras análises dos agentes da inteligência brasileira indicam não haver ligações do negócio com o terrorismo.

Desde 1988 Khalil bin Laden é cônsul honorário do Brasil em Jedá. Ele foi nomeado pelo então presidente José Sarney por ser casado com uma brasileira e por ciceronear brasileiros que visitam a Arábia Saudita. Mesmo assim, as investigações prosseguem.

— Ainda não há como descartar qualquer coisa — disse uma fonte ligada à investigação.
 
Fonte: O Globo (Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2004)
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