Reestruturação retira a GNR dos grandes centros urbanos

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Jorge Pereira

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Reestruturação retira a GNR dos grandes centros urbanos
« em: Fevereiro 26, 2007, 02:36:49 pm »
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Carlos Varela

A preocupação está a dominar a GNR na sequência da reestruturação das forças policiais e da redefinição das competências territoriais que está a ser levada a cabo pelo Ministério da Administração Interna (MAI), soube o JN. É que se bem que os processos ainda não estejam concluídos é já quase certo que a GNR poderá ser afastada de Lisboa e Setúbal e poderá perder também importantes áreas no Norte do país, a favor da PSP. E, por outro lado, o Governo parece mesmo tentado a aceitar como válida a análise da empresa Accenture, pondo fim à actual estrutura de comando da Guarda.

O ministro António Costa já fez saber que pretende ver os processos formalmente concluídos até 31 de Março, após o que serão iniciadas em termos práticos a reestruturação e a redifinição territorial. Anteontem à tarde teve lugar um importante encontro que reuniu o ministro com os secretários de Estado, entre os quais José Magalhães, que assume uma quota parte de responsabilidade nos processos.

A nível governamental, as coisas estarão praticamente definidas e António Costa prepara-se agora para reunir com as chefias da GNR e da PSP. Prometidas estão também reuniões com os representantes das associações e sindicatos da GNR e da PSP, assim como com autarcas.

Dentro da GNR já é praticamente dado como certo que será afastada da zona Norte de Lisboa, perdendo os concelhos de Sintra, Loures e Vila Franca de Xira, assim como das franjas que mantém em Cascais e Oeiras. E quanto ao distrito de Setúbal é provável que venha a perder as áreas urbanas da Moita - com os importantes aglomerados da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira -, enquanto no Seixal e em Almada, toda a área deverá ser também perdida, com excepção da Costa de Caparica, que poderá passar da PSP para a GNR.

Quanto ao Norte do país a situação não será tão clara, mas a Trofa e Felgueiras poderão passar para a PSP, que prepara também uma reestruturação no Comando do Porto, que poderá absorver Espinho. A PSP tem também defendido alterações de competência territorial em Vizela, Fafe, Amarante, Esmoriz, Oliveira de Azeméis e Ílhavo, no Norte, assim como Albufeira, Loulé e Quarteira, no Algarve.

António Costa não parece também muito tentado a aceitar a proposta que lhe foi enviada pelo comandante-geral da Guarda e que, além de manter as estruturas de comando similares às das brigada, propunha igualmente uma outra estrutura similar para o Algarve, numa lógica coincidente com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR), embora sob o comando de coronel e não de major-general.

A tendência governamental parece continuar no sentido do fim dos comandos de brigada, mas há várias fontes da Guarda que salientam que o modelo poderá não funcionar, uma vez que se a opção versa sobre a redução de estruturas de comando e logística o peso acabará por necessariamente recair sobre os comandos de grupo, que, ao substituírem os de brigada, terão no entanto que herdar todas as competências administrativas e logísticas, com a correspondente atribuição de novos recursos humanos. Daí que vários oficiais-generais da GNR admitam requerer o regresso ao Exército.

É que se bem que haja acordo relativamente aos comandos funcionais, das operações, informações, pessoal e logística, a nível do Comando-Geral, já há a certeza de que a proposta levada pelo comandante da GNR, Mourato Nunes, ao MAI não corresponde àquilo que é entendido como indispensável à chamada acção de comando.


Associações fundamentais O papel das associações e sindicatos da PSP e GNR é essencial tendo em conta que a reestruturação pode ter sérias implicações para o deslocamento de homens para fora da sua área de residência. As associações têm feito sentir as suas preocupações nesse sentido.

Autarquias ouvidas


por António Costa

O processo de encerramento de esquadras deverá ser o mais penoso para António Costa e que poderá ter elevados custos políticos, daí a necessidade de o ministro estabelecer estreitos contactos com as autarquias antes de divulgar a decisão final.


Venda de imóveis está na calha

A reestruturação encetada por António Costa poderá pôr em causa a existência das brigadas territoriais e das brigadas especiais, a de Trânsito e a Fiscal. A extinção de unidades permitirá também a alienação de prédios urbanos de elevado valor por parte do Estado de que se destaca o comando da BF e da brigada do Porto.


Vigilância de costa espera mudança

À reestruturação está também associado o lançamento do concurso para o sistema de vigilância de costa, que iria ficar a cargo da Brigada Fiscal e a operar por militares desta unidade especial.

Fonte

Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Neo

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« Responder #1 em: Outubro 10, 2007, 08:18:11 pm »
Como puderam verificar,no debate semanal do Prós e Contras,o Governo reserva para a GNR o policiamento das zonas rurais do País.
Ficámos a saber isso através do constitucionalista Bacelar Gouveia.
Enfim,acho que foi uma ofensa para todos os militares da GNR!
Parece que nos querem passar um atestado de incompetência!
 

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foxtrotvictor

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« Responder #2 em: Outubro 10, 2007, 09:03:45 pm »
Eu ainda não percebi porquê que na minha área de residência sou “protegido” pela GNR e na minha área de trabalho sou “protegido” pela PSP. Será que os honrados lavradores necessitam de um policiamento diferenciado do dos cinzentões citadinos?
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #3 em: Outubro 11, 2007, 10:28:04 am »
A minha opinião sobre este assunto pouco importa, afinal sou "apenas" cidadão Português e como tal um pobre coitado, mas a verdade é que cada vez mais me interrogo da necessidade de haver duas instituições responsáveis pelo patrulhamento generalizado. Nós temos inúmeras instituições especializadas em áreas especificas e até aí eu entendo, mas para quê haver duas instituições com exactamente as mesmas missões?!

Acho que não havia necessidade.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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ricardonunes

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« Responder #4 em: Outubro 11, 2007, 11:28:15 am »
Um texto interessante, sobre o tema

Citar
A territorialização das Forças de Segurança GNR - PSP

Foi publicada no Expresso[1] do passado fim-de-semana, dia 23 de Dezembro de 2006, uma notícia com a epígrafe: “PSP quer empurrar GNR para localidades do interior”, levantando-se desta forma mais uma vez, o problema das áreas de jurisdição de cada uma destas forças de segurança. Referindo-se que “o ministro da Administração Interna, António Costa, só irá anunciar o novo mapa do dispositivo territorial da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) no primeiro trimestre de 2007, mas as duas corporações já colocaram as suas peças no tabuleiro”.
Como não poderia deixar de ser esta questão levantou e levanta acesa polémica, conforme transparece de algumas frases incluídas na notícia, segundo as quais: “A PSP não cede um milímetro aos seus interesses. E quer conquistar terreno à GNR. Por isso, vai haver guerra”. Um reflexo dessa contenda, ao nível das bases, também pode ser encontrado no “blog” da Associação Nacional de Sargentos da GNR[2], através dos comentários efectuados sobre o tema em causa.
Temos, desde logo que ter em linha de conta que estamos na presença de duas forças de segurança, constituídas por um conjunto de pessoas que trabalham de uma forma coordenada para atingir objectivos comuns, actuando no domínio da segurança interna, sendo esta definida, na Lei de Segurança Interna[3], como “a actividade desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática”.
Vigorando em Portugal um sistema dualista, onde uma força tem uma estrutura organizacional militar (GNR) e a outra com uma estrutura organizativa civil (PSP), não obstante já ter tido um cunho militarizado.
A PSP, foi criada em 1867, com o nome de Polícia Cívica, sem que fosse detentora de unidade orgânica ou funcional, actuando nas Cidades de Lisboa e Porto, bem como nas capitais de Distrito, dependendo do respectivo Governador Civil, só vindo a adquirir essa unidade em pleno século XX, encarregando-se do policiamento, nas diversas vertentes, dos aglomerados urbanos de maior importância.
Por seu turno as origens da GNR remontam ao início do século XIX, mais concretamente à Guarda Real de Polícia, depois à Guarda Municipal, posteriormente com a implantação da República surge a Guarda Republicana, transformada em 1911, pelo Decreto de 3 de Maio em Guarda Nacional Republicana, a qual tinha como missão velar pela segurança pública, manutenção da ordem e protecção das propriedades públicas e privadas em todo o país, no preâmbulo desse diploma pode-se ler que “em todas as nações cultas existem hoje, além dos corpos destinados à polícia urbana, outros perfeitamente organizados e instruídos para a polícia dos campos e povoações rurais, de que resultam incalculáveis benefícios para a segurança e tranquilidade dos povos”.
Assim, no que concerne ao dispositivo, a PSP[4], encontra-se sedeada, apenas, nalgumas localidades, não existindo nenhum critério legal, de cariz objectivo através do qual se determine os locais que lhe estão atribuídos, contudo, a sua acção é tradicionalmente exercida nas zonas urbanas, “maxime” capitais de distrito e nas principais localidades. Tendo a seu cargo o policiamento de menos de metade da população portuguesa (cerca de 4 milhões de portugueses), estando articulada numa Direcção Nacional, departamentos, comandos metropolitanos, regionais e de polícia, dependendo exclusivamente do Ministério da Administração Interna.
Por seu turno, a GNR[5] encontra-se dispersa por todo o país, com ocupação efectiva do território, tendo à sua responsabilidade cerca de 90% do território nacional (87.728 km2), 60% da população (6 milhões de portugueses), podendo intervir complementarmente nas áreas sob responsabilidade da PSP, vigiando fronteiras marítimas e terrestres, com uma quadricula de 1000 quartéis, dispondo para o efeito de aproximadamente 26.000 efectivos, sob o comando de um general comandante geral, articulando-se militarmente em brigadas, regimentos, batalhões, companhias, destacamentos, sub-destacamentos, e postos, dependendo duplamente do Ministério da Administração Interna e do Ministério da Defesa.

Ao longo do Sec. XX assistiu-se a uma forte mobilidade social, no sentido do interior para o litoral, em direcção aos grandes centros populacionais que começaram a crescer desmesuradamente, e as pequenas aldeias e vilas circundantes transformaram-se em grandes cidades dormitórios, entrecortadas aqui e ali por uma vivência tipicamente rural, sendo que já em 1991 cerca 33,1% da população portuguesa vivia em aglomerados populacionais com mais de 10.000 habitantes.
Nos arredores das grandes cidades, o policiamento era assegurado pela GNR, veja-se o caso da Damaia, Brandoa, Amadora, Cacém, Sacavém, devido a este crescimento e a uma desadaptação inicial (década de 80/90) para lidar com a criminalidade típica das grandes urbes (delinquência juvenil, tráfico/consumo de droga, furto e roubo em larga escala), a Guarda foi sendo empurrada cada vez mais para a periferia.
Fruto de uma mudança de mentalidades e de uma reorganização interna a diversos níveis, esta força de segurança conseguiu-se adaptar aos novos tempos, implementando novos processos, conjugados com os trunfos resultantes do seu estatuto militar, fazendo face de uma forma eficiente e eficaz às exigências dos novos tempos em termos de segurança, cite-se o caso do SEPNA, da Investigação Criminal (com uma organização articulada do topo até à base, filosofia, doutrina, e formação comuns – com diversas valências) e do GIPS.
Contudo, as zonas de acção das forças de segurança têm sido construídas, ao longo do tempo tendo por base compromissos e pressões políticas, não se acompanhando a mobilidade humana entretanto ocorrida.
Motivo pelo qual vamos encontrar a PSP em zonas quase rurais, quando a sua acção se deveria concentrar nas grandes cidades, podendo aí ser perfeitamente substituída, pela GNR. E, para evitar transtornos na vida pessoal do efectivo da PSP que aí se encontra poder-se-ia dar a opção de transitarem para a GNR.
As zonas rurais, como é óbvio, continuarão a cargo da GNR, nunca se esquecendo que mesmo nalgumas áreas geográficas, já desertificadas em termos populacionais, torna-se necessário/imperioso a presença/passagem das forças de segurança, dado o vasto leque de ilícitos contra ordenacionais e criminais que são susceptíveis de serem desenvolvidos nessas zonas (ambientais; produção, transformação e armazenagem de droga, zonas de recuo para as diversas vertentes do crime organizado etc)[6].
Assim, a segurança das capitais de distrito ficaria a cargo da PSP, o perímetro urbano destas cidades terá que ser definido através de acertos pontuais. Nada obstando a que a GNR continue nos subúrbios (os quais têm uma especificidade – onde na maior parte dos casos se mistura o rural e o urbano – não havendo as características próprias da vida tipicamente citadina), devido à experiência adquirida nestas zonas de acção (a qual não pode nem deve ser desperdiçada) e à adaptação que entretanto ocorreu no seio desta força de segurança para lidar com as novas realidades criminais e que tem estado a dar os seus frutos.

Túlio Hostílio

[1] http://expresso.clix.pt/Actualidade/Int ... _id=374535
[2] http://ansgnr.blogspot.com/2006/12/polm ... -quer.html
[3] Lei n.º 20/87, de 12 de Junho, alterada pela Lei nº 8/91, de 1 de Abril
[4] Artº 11º da Lei de Organização e Funcionamento da PSP - Lei n.º 5/99, de 27 de Janeiro.
[5] LOGNR – DL 231/93 de 26 de Junho.
[6] A este propósito é muito interessante um estudo elaborado pela Gendarmerie Royale do Canadá, disponível em
http://www.rcmp-grc.gc.ca/ccaps/research_eval_e.htm.


Fonte
Potius mori quam foedari
 

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Neo

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« Responder #5 em: Outubro 11, 2007, 05:59:07 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"

Acho que não havia necessidade.


Acha que não havia necessidade e acha muito bem!

Uma única Polícia Nacional era o ideal para o país.A solução tinha que passar por uma desmilitarização da GNR ou uma militarização da PSP,alguma tinha que perder o seu cariz.
No entanto,tanto de um lado como de outro,a nível de chefias,ninguém está receptivo a tal coisa.Já para não falar que o Governo não quer abrir mão de ter uma força militarizada para assim ter sempre o controlo absoluto sobre a mesma.Já alguém imaginou uma força de segurança com aproximadamente 50 mil elementos e todos a puxar para o mesmo lado?É assustador para o Governo!

Este sistema de pluralidade,obriga necessariamente a que haja competição entre as polícias.E falam eles que as polícias têm que comunicar entre elas... isso acaba por ser um pouco contraditório,pois cada uma quer ficar bem na fotografia.Há muita informação na GNR que será bastante útil à PSP e vice versa,mas não a partilham.

Eu não acredito em milagres,mas espero e desejo que a eficácia do sistema policial Português melhore significativamente,para bem da população.
 

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PereiraMarques

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« Responder #6 em: Outubro 11, 2007, 06:29:16 pm »
Podia-se manter duas forças policiais uniformizadas,desde que houvesse especialização.

Por exemplo, a PSP poderia passar a ser a grande força policial uniformizada policial em Portugal, nomeadamente nas questões  relacionadas com a segurança diária das populações, com trafego rodoviário, aspectos aduaneiros e fiscais, etc..

Já a GNR poderia centra-se nas componentes técnico-policiais mais especificas, mais exigentes do ponto de vista psico-físico, mais próximas de uma componente militar, como a imposição e manutenção da ordem pública, o resgate de refens e anti-terrorista, a cinotécnia, a detecção e inativação de explosivos, etc..
 

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Neo

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« Responder #7 em: Outubro 12, 2007, 12:54:53 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
Podia-se manter duas forças policiais uniformizadas,desde que houvesse especialização.

Por exemplo, a PSP poderia passar a ser a grande força policial uniformizada policial em Portugal, nomeadamente nas questões  relacionadas com a segurança diária das populações, com trafego rodoviário, aspectos aduaneiros e fiscais, etc..

Já a GNR poderia centra-se nas componentes técnico-policiais mais especificas, mais exigentes do ponto de vista psico-físico, mais próximas de uma componente militar, como a imposição e manutenção da ordem pública, o resgate de refens e anti-terrorista, a cinotécnia, a detecção e inativação de explosivos, etc..


Ambas as intituições,incutem nos seus elementos um certo corporativismo,nomeadamente na formação,que depois vai sendo reforçado ao longo da carreira.
Pelo que percebi da ideia,seria colocar na GNR todas as unidades especiais da PSP e passar para a PSP tudo o que estivesse mais relacionado com a actividade policial da GNR.
Pois bem,nem os elementos da PSP quereriam passar para a GNR nem os da GNR quereriam passar para a PSP,pelo simples facto que já referi mais acima.O que o pessoal defende é a extinção da GNR e da PSP,para formar uma outra polícia e com outro nome.Ninguém quer ouvir falar em integração de unidades da PSP na  GNR e vice versa.Se me permitirem a comparação,é como dizer a um adepto de determinado clube para mudar para um clube rival.

Somente com uma polícia,evitava-se as rivalidades,a partilha de informação era excelente,a formação era semelhante,não haveria o problema das colocações longe de casa,que muitas vezes leva a problemas do foro psicológico dos agentes de segurança e muitas vezes leva ao suicídio,o governo poupava dinheiro com apenas um comandante de força,enfim,uma série de vantagens.
 

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PereiraMarques

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« Responder #8 em: Outubro 12, 2007, 02:31:22 pm »
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GNR aceita concentrar efectivos e fechar meia centena de postos

Inês Cardoso

Concentração de recursos, traduzida no encerramento de meia centena de postos, e sazonalidade de algumas instalações são os princípios orientadores da proposta de reorganização do dispositivo territorial da GNR, que está ainda a ser consolidada pelo Governo. Os postos a extinguir, de acordo com o documento a que o JN teve acesso, situam-se maioritariamente em zonas despovoadas do Interior do país, onde já está colocado um número reduzido de efectivos.

Com os guardas dos postos a encerrar (53 no total, a que se juntam sete extinções "administrativas" de estruturas que já não estão a ser utilizadas), haverá em contrapartida unidades e subunidades reclassificadas e que ganham dimensão. São reduzidos os casos de duplicação com a PSP (em cidades como a Covilhã, onde esta força já está presente e se aponta para a saída da GNR).

Embora em menor número, propõe-se a criação de oito novos postos e o funcionamento de nove apenas sazonalmente. Neste caso, são instalações em praias ou outras localidades de ocupação irregular, como termas.

Unidade de montanha

Há ainda situações em que se sugere a extinção de postos territoriais, mas a ocupação das instalações por unidades operacionais específicas. É o caso de Penhas da Saúde (Covilhã), em que poderá vir a ficar colocado o Destacamento de Montanha da Guarda, como subunidade especializada do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro.

Fonte do Comando Geral da GNR salienta que já existem, na Serra da Estrela, militares com formação específica para salvamento em montanha, embora não organizados em subunidade específica. "Essa alteração orgânica está a ser ponderada, mas sem perder a mais-valia da experiência já acumulada", explica.

José Magalhães, secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, salienta que a proposta de trabalho apresentada pela GNR é "uma referência", mas não um guião fechado. Até porque, acrescenta, haverá factores relevantes como a negociação com as autarquias, iniciada nas áreas metropolitanas e que será agora alargada.

Na sua opinião, contudo, os encerramentos não causarão resistência, porque serão acompanhados de reforços em zonas vizinhas e enquadrados por um novo conceito de mobilidade e flexibilidade. "Ninguém quer a mera aparência de segurança de um posto com seis ou sete militares, fechados no atendimento e sem eficácia policial", alega.

Além de indicadores como o rácio de habitantes por guarda e área abrangida, a proposta em estudo pondera os riscos e índices de criminalidade, através do número total de autos em 2006.

Recordando instrumentos inovadores como a futura Rede Nacional de Segurança Interna, José Magalhães sustenta ser hoje possível uma "presença muito mais móvel, apoiada em âncoras territoriais". Acrescenta ainda que o mapa das acessibilidades mudou muito nos últimos anos e permite ajustamentos, sendo a definição do patrulhamento nas estradas, depois da extinção da Brigada de Trânsito, uma peça essencial do puzzle.

"Não se trata de fechar aqui e abrir ali, mas de uma visão muito integrada, de projectos em camadas, que estamos a ver em conjunto", afirma, recordando que no Orçamento de Estado estão previstas verbas que servem de "resguardo" às mudanças. O orçamento da Administração Interna terá um acréscimo de 40% em relação ao corrente ano, equivalente a 30 milhões de euros. Quanto a calendário, não arrisca previsões, embora assegure que não será necessário esperar por toda a pirâmide legislativa em revisão (ver texto lateral).

À espera de polícias

Depois do veto à proposta inicial que obrigou a Assembleia da República a proceder a pequenas alterações, a nova lei orgânica da GNR aguarda promulgação pelo chefe de Estado. A reforma legislativa não fica, contudo, por aqui. A orgânica de unidades específicas, como as sucessoras das brigadas fiscal e de trânsito, terá de ser definida por portarias dos ministérios da Administração Interna e Finanças. Foram introduzidas novas medidas policiais na proposta de Lei de Segurança Interna, aprovada em Conselho de Ministros, e falta igualmente rever o Estatuto Militar da GNR.

As mudanças no terreno, contudo, não dependem de toda esta legislação. Aliás, nem foi preciso esperar por ela quando, no passado mês de Abril, o Governo já procedeu a transferências entre a PSP e a GNR, nas chamadas "freguesias partilhadas", e em locais como Fátima (Ourém).

Previa-se que se seguisse a transferência entre as duas forças nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Falta, contudo, assegurar a disponibilidade de efectivos da PSP (que ganha grande número de instalações), por isso será necessário esperar pelo final do curso de formação de novos agentes, em Fevereiro.


Fonte: http://jn.sapo.pt/2007/10/12/nacional/g ... _e_fe.html
 

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LM

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« Responder #9 em: Outubro 12, 2007, 03:35:51 pm »
Como sou cidadão e gosto de dar opinião, mesmo sem ter preparação teórico-prática para o fazer  :wink:

Meu post em Março'07:

"...
Mas o que interessa é falar na GNR. Para mim, fora alguns pontos passíveis de serem afinados, é uma organização com uma estrutura e missões fáceis de definir:

Existem 2 forças de segurança publica significativas (ie, não só de natureza criminal): PSP e GNR. A primeira é civil, mas não é a Securitas com armas (por isso sindicatos e direitos à greve é algo que nem devia estar em cima da mesa...).

A GNR: força de segurança/policial militarizada, em caso de guerra capaz de auxiliar as Forças Armadas e com procedimentos e estrutura de comando capaz dessa colaboração de forma natural.

A sua responsabilidade territorial devia ser (ainda) mais reduzida, colocando todas as zonas urbanas na dependência da PSP.

Em compensação seria a força de reserva da Republica, capaz (até pela sua natureza militarizada) de operações muito mais "musculadas" que a PSP - não me deixava nada incomodado que a verdadeira força AT fosse a COE/GNR e não os GOE/PSP, que a verdadeira força de reserva de ordem publica fosse o BO/GNR e não o CI/PSP; e nunca esquecendo que nunca sabemos o dia de amanhã e pode ser preciso (antes de chamar as Forças Armadas) uma força "diferente" da policia civil "ocidental", para actuar em casos extremos. Mas deve acabar o CI/PSP? Não, talvez seja reorganizado como curso, dividido em unidades à ordem das divisões - mas que a reserva "nacional" fosse o BO/GNR.

Que a GNR seja responsável pela Autoridade Maritima (ie, Policia Maritima + Guarda Fiscal) não me causa nenhum problema - a Marinha que fique responsável por tudo acima das lanchas da PM+GF que já tem muito que fazer.

Que mantenha especiais responsabilidades na Protecção/Defesa Civil, seja o "chapéu" de unidades tipo GIPS, salvamento, etc.

Que continue a manter a nossa capacidade de ter forças de Gendarmerie em operações exteriores (MSU - http://www.nato.int/kfor/kfor/msu.htm) com mais ou menos integração com o Reg. lanceiros - PE. A missão em Timor parece-me um exemplo excelente do que essas forças podem/devem fazer - já o Iraque está, na melhor das hipóteses, no limite.

Nada destas minhas ideias representa um corte com o espirito da Lei existente... IMHO"
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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Neo

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« Responder #10 em: Outubro 12, 2007, 07:43:44 pm »
Citação de: "LM"
Como sou cidadão e gosto de dar opinião, mesmo sem ter preparação teórico-prática para o fazer  :wink:

Meu post em Março'07:

"...
Mas o que interessa é falar na GNR. Para mim, fora alguns pontos passíveis de serem afinados, é uma organização com uma estrutura e missões fáceis de definir:

Existem 2 forças de segurança publica significativas (ie, não só de natureza criminal): PSP e GNR. A primeira é civil, mas não é a Securitas com armas (por isso sindicatos e direitos à greve é algo que nem devia estar em cima da mesa...).

A GNR: força de segurança/policial militarizada, em caso de guerra capaz de auxiliar as Forças Armadas e com procedimentos e estrutura de comando capaz dessa colaboração de forma natural.

A sua responsabilidade territorial devia ser (ainda) mais reduzida, colocando todas as zonas urbanas na dependência da PSP.

Em compensação seria a força de reserva da Republica, capaz (até pela sua natureza militarizada) de operações muito mais "musculadas" que a PSP - não me deixava nada incomodado que a verdadeira força AT fosse a COE/GNR e não os GOE/PSP, que a verdadeira força de reserva de ordem publica fosse o BO/GNR e não o CI/PSP; e nunca esquecendo que nunca sabemos o dia de amanhã e pode ser preciso (antes de chamar as Forças Armadas) uma força "diferente" da policia civil "ocidental", para actuar em casos extremos. Mas deve acabar o CI/PSP? Não, talvez seja reorganizado como curso, dividido em unidades à ordem das divisões - mas que a reserva "nacional" fosse o BO/GNR.

Que a GNR seja responsável pela Autoridade Maritima (ie, Policia Maritima + Guarda Fiscal) não me causa nenhum problema - a Marinha que fique responsável por tudo acima das lanchas da PM+GF que já tem muito que fazer.

Que mantenha especiais responsabilidades na Protecção/Defesa Civil, seja o "chapéu" de unidades tipo GIPS, salvamento, etc.

Que continue a manter a nossa capacidade de ter forças de Gendarmerie em operações exteriores (MSU - http://www.nato.int/kfor/kfor/msu.htm) com mais ou menos integração com o Reg. lanceiros - PE. A missão em Timor parece-me um exemplo excelente do que essas forças podem/devem fazer - já o Iraque está, na melhor das hipóteses, no limite.

Nada destas minhas ideias representa um corte com o espirito da Lei existente... IMHO"


Não concordo com a ideia de a GNR sair das cidades.
A GNR tem uma valência de territorial bem capaz de abordar os mais simples casos de crime, contravenções, e contra ordenações ao nível de grandes centros urbanos. Para isso basta aumentar o efectivo em cada um dos PTs e dotá-los de maior capacidade de resposta. Vontade, sabedoria e esforço, temos,não temos é meios capazes para os aproveitar.
O problema é que há muita gente que devia estar em serviço operacional,mas estão em secretarias,bares,oficinas,messes,etc...!