JNSA:
Como eu falei no meu "post", eu poderia montar um modelo económico que demonstra todos os benefícios para Portugal, se o governo Português estivesse interessado em INVESTIR na, e a ESTIMULAR a, economia Portuguêsa. Seria algo que eu faria de boa vontade se fosse para ser usado na íntegra, mas como dá muito trabalho, e não passaria de um mero exercício intelectual, não o farei.
Sendo assim vou me limitar a tocar, superficialmente, nalguns pontos que vc levantou.
1o.
Sim, notas promissória são utilizadas por bancos centrais como instrumentos de política monetária, para controlar o volume de divisas a circular na ecónomia, mas esse não é o unico uso para este tipo de instrumento financeiro.
Empresas privadas e públicas, e governos municipaís, estaduaís, e federaís, utilizam notas promissórias para financiar projetos, e não como instrumentos de política monetária. Quando governos emitem notas promissórias fazem-no por questões de política fiscal, especificamente para estimular a economia, ou então quando necessitam de fundos adicionais para resolver situações de emergência.
Confesso que não conheço como atua o Banco Central Português, se está dependente do governo, ou se é independente, não faço a mínima ideia, mas tb não é relevante neste caso. Tb não conheço bem qual é o grau de independência do governo Português, em relação ao comité central de Bruxelas, no que toca a política fiscal. Tb lhe digo que prefiro não conheçer, porque sou capaz de não gostar do que é a realidade.
Em relação ao que vc diz que nos iria criar um problema macroeconómico dos diabos, e que iria aumentar a inflação, etc...Bom, problema macroeconómico já o temos agora, uma economia pouco competitiva, uma força laboral pouco produtiva, uma burocracia governamental ineficaz e ineficiente, um sistema escolar fraco, e ainda por cima estamos a vender muitos dos nossos meios produtivos, transformando Portugal num país de serviços, advogados, professores, escritores, filosófos, burocratas, arrumadores de carros, limpadores de estradas, etc, etc....
Quanto à questão da inflação, tb não é um problema, poderia eventualmente vir a ser, mas isso não seria algo de imediato, e seria controlável.
2o
Sim, Portugal não fábrica misseís, nem sistemas de combate, nem radares, e por isso mesmo é que deviamos INVESTIR na capacidade de o fazer. E não precisamos de o fazer sozinhos, podemos fazer como fazem os Espanhoís, e os Holandêses, os Inglêses, etc, alianças estratégicas em que se dividem os custos de I&D, e depois cada país fábrica por si próprio, ou então tb compartilham os custos de fábrico, e compra de materiais, etc. Onde é que num cenário destes Portugal fica a perder? Aqui não se gasta dinheiro, faz-se um INVESTIMENTO na capacidade produtiva do país, na capacidade militar do país. Ganha-se novos conhecimentos técnicos, estimula-se a ecónomia nacional, e a capacidade do país de produzir material para exportação.
E não importa se as fragatas custam 300M, ou 400M, isso são os preços que elas nos custam a nós que temos que as comprar aos outros. Quanto custariam elas se fossem um projeto nacional? Poderiam sair mais baratas, ou mais caras, ninguém sabe ao certo até que seja feito, essa é a verdade. E mesmo que fossem mais caras, continuaria a ser preferível que fossem feitas em Portugal, pelo simples facto de que o dinheiro iria para as mãos de produtores nacionais.
300M ou 400M, são investimentos nacionais, o retorno direito desse investimento é a melhoria da capacidade militar do país. Retorno indireto é o aumento do "know-how" técnológico das empresas e dos engenheiros Portuguêses que estivessem involvidos em tal projeto, e que consequentemente o poderiam utilizar para produzir material para outros países. O dinheiro tb não se perderia, porque ao ir para o bolso de trabalhadores nacionais, entraria diretamente na nossa economia, e o governo iria buscar de volta esse dinheiro, várias vezes, através de impostos. De novo não têm como ficarmos a perder, de forma alguma.
Se existe um setor da indústria nacional em qual o governo Português devia investir, incentivar, estimular, patrocionar é a construção naval. Não temos nós na frente do nosso país uma imensidão de mar!!! E não temos nós uma história naval secular. É um absurdo que hoje em dia se compre navios ao estrangeiro, ou que andamos a mendigar a outros países para que nos "dêm" material abosoleto, ou em 2a mão.
Um país semelhante ao nosso(em termos geográficos), a Holanda, têm uma excelente indústria naval, vendem barcos para o mundo inteiro. Têm excelentes engenheiros e trabalhadores, fábricam de todo o tipo de embarcações. Provavelmente metade dos yatch de luxo que andam a navegar por o mundo, são fabricados na Holanda, e porquê? Engenharia de qualidade, excelentes fábricas, etc...Não são a maioria dos barcos de guerra Holandêses fabricados pelos Holandêses. O governo Holandês com certeza tb não têm dinheiro para andar a comprar flotilhas megalómonas de barcos, mas os poucos que eles têm são todos de qualidade, e fábricados no país deles, para o uso interno. Assim eles constroêm a indústria deles, e aqui é o que é.
Enfim... as elites, as elites, talvez eles sejam mais sapientes...