Guerra Civil Esp. 36-39 e Portugal

  • 5 Respostas
  • 3278 Visualizações
*

rsf

  • 19
  • +0/-0
    • http://www.alternativaportugal.org
Guerra Civil Esp. 36-39 e Portugal
« em: Abril 24, 2007, 01:26:55 pm »
Boa Tarde
Em primeiro lugar gostaria de lhes felicitar pelo vosso excelente forum sobre  temas especificos.
 Assim, venho por este meio solicitar-lhes a seguinte informação.
 
Seria possivel darem a vossa opinião ou indicar-me algum website sobre as hipotéticas teses de uniões ibéricas, decorrentes durante o periodo da guerra civil de espanha?

Li algures, que havia um acordo secreto de franco com hitler (não sei se é verdade ou não) para uma invasão ao território luso, como também que a frente popular/ repúblicanos/comunistas, pretendiam o mesmo.
 Dai (facto ou lenda) Salazar ter apoiado Franco de forma inequivoca.
« Última modificação: Abril 24, 2007, 03:37:14 pm por rsf »
Alternativa Portugal

www.alternativaportugal.org
 

*

Von Einsamkeit

  • Membro
  • *
  • 63
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #1 em: Abril 24, 2007, 01:58:11 pm »
Nao teria sentido nao Apoiar os Nacionalistas, que alem de estarem combatendo o Comunismo, tinham um exercito enorme
Ele é um soldado unido,
Quer na paz ou quer no perigo,
O seu lema é avançar.
Respeita o seu comandante,
Gritando sempre: Avante!
Por SALAZAR! SALAZAR!
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7482
  • Recebeu: 962 vez(es)
  • +4580/-871
(sem assunto)
« Responder #2 em: Abril 24, 2007, 02:40:56 pm »
A guerra civil de Espanha, ocorreu entre 1936 e 1939.

O exército governamental, estava muito melhor armado que o exército rebelde franquista.

O que não tinha era uma organização militar condizente com a necessidade de conduzir operações miliares.

Os planos para invadir Portugal estão mais ou menos explicados no artigo sobre a Operação Felix no areamilitar.net.

Mas a Operação Felix, não está relacionada com a Guerra Civil de Espanha, que terminou na Primavera de 1939.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

manuel liste

  • Especialista
  • ****
  • 1032
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #3 em: Abril 24, 2007, 02:57:15 pm »
No hubo pacto alguno entre Franco y Hitler. Hubo un plan del OKW (Alto mando alemán) para la toma de Gibraltar en 1940, que especulaba con la eventualidad de ocupar Portugal si vuestro país consentía el desembarco de tropas británicas. Plan alemán teórico, expuesto por Hitler a Franco en su famosa entrevista de Hendaya.

Como es conocido, en esa reunión Franco se negó a entrar en la guerra al lado de Hitler.

El cuñado de Franco, Serrano Suñer, era ministro de asuntos exteriores y un alto cargo del partido único. Esa persona se mostró en un discurso favorable a la anexión de Portugal por España, pero nunca pudo convencer de tal cosa a Franco, que se llevaba muy bien con Salazar. Serrano Suñer fue finalmente destituido en 1942 por ser demasiado próximo al Eje italo-germano.

En cuanto a los republicanos españoles, hubo una entrevista al dirigente socialista Largo Caballero (jefe de gobierno durante la guerra civil, y apodado 'el Lenin español') en la que abogaba porque los milicianos revolucionarios españoles invadiesen Portugal para extender allí su revolución comunista. Pero nunca hubo un plan concreto. Durante la guerra civil la frontera luso-española fue pronto ocupada por las tropas de Franco.

En conclusión, se puede decir que hubo algunos fanáticos españoles, cuyas vidas estaban marcadas por la violencia y el odio, que quisieron extender sus guerras fraticidas hasta Portugal. Afortunadamente, otros españoles más sensatos impidieron sus planes. En la práctica, ninguno de ambos bandos de la guerra civil consideró seriamente la posibilidad de invadir Portugal.

La guerra civil española empezó el 17 de julio de 1936, no en 1933.

Si hay alguna duda de traducción, pregunte..
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7482
  • Recebeu: 962 vez(es)
  • +4580/-871
(sem assunto)
« Responder #4 em: Abril 24, 2007, 05:42:18 pm »
Citar
Seria possivel darem a vossa opinião ou indicar-me algum website sobre as hipotéticas teses de uniões ibéricas, decorrentes durante o periodo da guerra civil de espanha?


Basicamente os problemas das "uniões ibéricas" vêm de dois lados:
Os iberistas-federalistas repúblicanos de esquerda e os fascistas de origem castelha à direita.

Em Portugal ocorre um golpe de Estado em 1926, e posteriormente ocorre em 1933 a institucionalização da Ditadura, com a aprovação da constituição, que leva ao Estado Novo.
Trata-se de um estado autoritário, embora ao contrário do que muita gente afirma, tenha muito pouco a ver com o fascismo italiano, e muito menos com o nazismo, que são acima de tudo ideologias revolucionarias e não ideologias conservadoras.

Em Espanha, ocorre um movimento inverso, que acaba por levar a esquerda ao poder. Este movimento das "esquerdas" espanholas é influenciado por várias facções que vão desde os comunistas aos democratas moderados (hoje chamariamos de Social Democratas em Portugal).

= = =

Em Espanha, surgem assim duas facções: Uma de Esquerda e outra de Direita.

O problema, do ponto de vista português é que todas elas apresentam intenções contrárias à existência de Portugal.


A Esquerda espanhola
==============

No lado comunista espanhol, não nos podemos esquecer de que o Partido Comunista Português, está subordinado ao PC Espanhol. É assim que desde Mosvoco vêm a Peninsula Ibérica.

O PCP, funciona nessa altura como uma espécie de delegação portuguesa do Partido Comunista Espanhol, (como aliás ainda recentemente afirmou o Santiago Carrilho) com relativamente pouca autonomia, e por isso o PC é visto como uma perigosa forma de influência não só sovietica, como ainda por cima espanhola.

Continuando nas esquerdas o PSOE, é fortemente influênciado pelo ideario das lojas maçónicas espanholas, que são um dos sustentáculos da II República.

Assim, temos que a juntar à unificação ibérica que o PCE vê como natural, porque se adequa à sua própria organização interna determinada por Stalin desde Moscovo, que adicionar o iberismo espanhol republicano e federalista de origem maçónica, que também vê a necessidade da criação de uma república federal, que naturalmente para os espanhóis, deveria incluir Portugal.

Logo, para Salazar, por duas ordens de razões, a esquerda espanhola republicana e comunista, é um perigo para a independência.


A Direita radical espanhola
=================
Como na esquerda, a direita espanhola é dividida em vários blocos. Também como em Portugal, existe a extrema direita que olha para a Italia e para a Alemanha como modelos.
Esta, é a extrema direita «revolucionaria» que pretende uma revolução de costumes, que permita a reconstituição do império espanhol.

Temos que notar, que para a extrema direita espanhola, a independência de Portugal, foi um infeliz acaso da história, que eles têm o dever de resolver, pura e simplesmente suprimindo o Estado Português, como ocorreu anteriormente durante o periodo da chamada guerra da sucessão com a Catalunha.

Esta corrente é atentamente vigiada pelos portugueses, que estudam minuciosamente toda e cada palavra que sai dos discursos dos lideres da extrema direita espanhola durante a primeira metade dos anos 30.

De notar - e isto é importante - que desde 1933, que Salazar considera que um conflito com os espanhóis pode ser inevitável, e muitos militares do exército têm exactamente a mesma opinião. Isto é algo que hoje se sabe e que está em todos os livros sobre a politica e as forças armadas portuguesas durante os anos 30.

A Direita conservadora espanhola
=======================
Embora a direita radical, seja especialmente visivel no movimento da Falange, que copia tudo da alemanha hitleriana, existe também a outra direita espanhola, que é aquela com que Salazar mais se identifica.

Essa é a Espanha conservadora, obviamente não revolucionária e católica, que é vista por Salazar como o menor dos males.

Quando a guerra civil em Espanha começa, o que Salazar vê, são estes dois grandes grupos, onde num (a esquerda) as duas grandes famílias tendem a favorecer a anexação de Portugal, e no outro (a direita), há apenas um grupo claramente favorável à anexação, enquanto que o outro por ser mais conservador permitiria um dialogo mais facil, além de permitir também com mais facilidade jogar com o apoio dos ingleses.

Assim:
A opção portuguesa por apoiar os nacionalistas, parte do principio de que se o lado da direita ganhar, o equilibrio dentro da direita espanhola, poderá evitar problemas com os espanhois no seu todo.

Ao contrário, um apoio de Portugal ou um alinhamento neutral que ajudasse a República Espanhola, acabaria por resultar num país com um governo de extrema esquerda em Espanha, onde a influência de qualquer das partes (Socialistas, Anarquistas, Sindicalistas ou Comunistas) acabaria por ser sempre perigosa.
Portugal optou por apoiar o menor dos males.

Não podemos também confundir a OPERAÇÃO FELIX, com os pedidos por parte da Falange em 1939, logo a seguir ao fim da Guerra Civil, para que a Espanha invadisse Portugal para criar a Espanha Imperial.

Estes pedidos e estas pressões existiram de facto, mas aí, jogou a pressão portuguesa e a ajuda e influência dos ingleses, que Portugal se esforçou para que não hostilizassem Franco durante a Guerra Civil.

Há algumas passagens interessantes sobre as pressões portuguesas sobre Londres, no livro sobre a correspondência secreta entre Salazar e o embaixador de Portugal em Londres, Armindo Monteiro.

=======

Os pedidos para invadir Portugal, seriam os mesmos se tivesse ganho a República. O PCE teria uma importância determinante em Espanha, e o PCP era apenas uma delegação sua. Seria perfeitamente natural, que na Espanha Repúblicana, depois da guerra civil, houvesse os mesmos pedidos  dos sectores radicais para unificar a peninsula.

Como temos já vindo a discutir longamente, o problema é que para uma parte consideravel dos espanhois, e por causa da forma como aprendem história, as elites tendem a considerar Portugal como um caso por resolver. Isso não é dito abertamente, mas é a mensagem que fica.
Isto não quer dizer que os historiadores espanhóis queiram invadir Portugal, apenas demonstra a realidade que existe na peninsula ibérica desde o tempo dos romanos e dos Visigodos: Um confronto entre as unificações forçadas e os extremos de separatismos e de autogoverno.

Espero não ter sido demasiado exaustivo...

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

rsf

  • 19
  • +0/-0
    • http://www.alternativaportugal.org
(sem assunto)
« Responder #5 em: Abril 25, 2007, 01:12:56 pm »
Muito obrigado a todos e em especial ao Moderador Papatango pelos esclarecimentos.
Também gosto de aprofundar os meus conhecimentos.  :)
Alternativa Portugal

www.alternativaportugal.org