Comprar!!! Porquê? Portugal deve construir

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balburdio

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« Responder #45 em: Janeiro 14, 2008, 07:16:14 pm »
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Porque em muitos casos, acabariamos por gastar mais dinheiro no estrangeiro e/ou obter um produto inferior ou muito atrasado.
PESSIMISMO TÍPICO PORTUGUES

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Para fazer investigação é necessário meios humanos, conhecimento e meios materiais adequados. Por meios materiais refiro-me a peças, componentes, ferramentas, equipamento de medida, etc, etc.
compra-se, chama-se a isso investir, que é coisa que não fazemos

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Não havendo cá o conhecimento necessário, é nessário adquiri-lo. Isso pode ser feito fazendo investigação mais básica ou pagando para que as pessoas vão lá fora adquiri-lo, o que implica saida de divisas para o estrangeiro.
ou chamar técnicos qualificados para cá virem ensinar.


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Não havendo cá quem fabrique os meios materiais necessários à investigação é necessário desenvolvê-los ou ir comprá-los ao estrangeiro, o que também implica a saída de divisas para o estrangeiro.
continuamos no investimento


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Em Portugal há uma enorme falta de ambas as coisas na maioria das áreas.
Eu trabalho em investigação, em Portugal. Nós gastamos rios de dinheiro tanto em peças como em formação no estrangeiro porque cá.. não há quem faça.
é um circulo vicioso: não se investe, não se investiga, não se produz, não se lucra nada

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A triste verdade é que são limitadas as coisas que podemos desenvolver e fabricar cá que não implicam uma saida de divisas para o estrangeiro maior que comprar feito.
isso parece-me mais falta de organização e método que outra coisa.
é obvio que a investigação faz parte do ciclo de investimento, o problema é que ninguém quer investir e o estado não apoia nem regulamenta


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É preciso criar bases para isso. Gosto de pensar que estão a ser construidas.. mas é devagarinho.
muito devagarinho


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Quanto à questão Lisnave, UMM e etc, há várias vertentes.
A mais imediata tem a ver com os custos fixos. Para além do fabrico propriamente dito de um navio ou um jipe, uma empresa tem custos fixos variados: desenvolvimento, ferramentas, instalações, etc.
Se uma empresa não capaz de ser lucrativa no mercado privado, rapidamente se torna  muito mais barato ao Estado comprar a outra empresa que seja.
???
não me parece, o barato sai caro, já que a empresa vai à falencia, o estado perde o seu contributo fiscal e tem que arcar com as despesas com os desempregados.


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E, porque como disse atrás, temos falta de empresas que forneçam as bases, também há um interesse limitado em proteger empresas nacionais porque no fim do dia, essas empresas vão ter de ir gastar muito dinheiro ao estrangeiro.
esse raciocinio parece-me algo dúbio.
não me parece que a medio e longo prazo seja mais barato comprar feito que fazer. pode custar mais no curto prazo com os custos do desenvolvimento, mas depois é muito mais barato

o que há são interesses que não querem ofender as suas clientelas


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Depois há a questão politica: nós fazemos parte da UE e de um mercado global.
O protecionismo das indústrias  é uma questão extremamente politica, embora haja uma linha consensual de que ter indústrias subsidiadas é em geral mau.
não me parece que comprar a uma empresa portuguesa seja uma forma de subsídio

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Qualquer medida protecionista terá como resposta outras medidas protecionistas dos paises para quem exportamos.
ui que medo!!! o que é que eles vão fazer??? deixar de comprar os produtos que nós NÂO PRODUZIMOS???
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Portugal é especialmente sensivel a isto porque é um pais pequeno e que recebe subsidios do estrangeiro: UE, NATO (que comparticipou as MEKO....)


é o ciclo vicioso da mentalidade portuguesa
 

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Luso

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« Responder #46 em: Janeiro 14, 2008, 09:16:32 pm »
"- Balburdio, estou de acordo consigo. Tem toda a razão. E agora?
A realidade muda?
Quem pode não quer saber."

Dito isto, voltou o Luso para a tranquila companhia da sua lareira e do "Jaime Martins"...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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MERLIN

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« Responder #47 em: Janeiro 15, 2008, 01:40:58 pm »
o UMM não é so uma copia do Cournil francês... é o Cournil francês de chassis longo cujo os direitos de montagem foram comprados à Cournil.

Cumptos
"Se serviste a patria e ela te foi ingrata, tu fizestes o que devias, ela o que costuma"
Padrea Antonio Vieira
 

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papatango

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« Responder #48 em: Janeiro 15, 2008, 02:17:06 pm »
O balburdio teria razão, se o investimento de que fala não tivesse que ser sempre do Estado.
Infelizmente o capitalismo à portuguesa é desde o tempo das descobertas o capitalismo do Zé Esperto.

Vide o recente e ridiculo caso da redução do IVA nos ginásios. O estado intervém para apoiar as pessoas e o Zé tuga dono-de-ginásio mete a diferença do IVA ao bolso.

E a culpa é sempre da falta de visão.

= = =

Já agora balburdio, seria interessante deixar de fazer juizos de valor sobre pessoas que você não conhece, quando estas mostram ter opiniões diferentes da sua.
Esse tipo de resposta onde se pretende humilhar o interlocutor para melhor provar um ponto de vista, não é aceitável.

= = =

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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lurker

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« Responder #49 em: Janeiro 15, 2008, 03:19:27 pm »
Respondendo ao Balburdio e clarificando um pouco o tom pessimista do meu post.

O que eu queria dizer é que, devido à falta de tecido empresarial de que forneça as bases, o Estado Português tem menos interesse em proteger projectos que sobrevivem à custa de fornecimento de bens ou serviços ao Estado que os Estados de outros países onde o tecido empresarial existe.

Não quero dizer que devamos ficar sem fazer nada (porque não podemos). O que, a meu ver, o Estado deve apoiar são projectos que satisfaçam pelo menos um dos três seguintes critérios:
a) projectos com potencial para retornar o investimento. Isto é, potencial para ter lucro sem estarem dependentes de ter o Estado Português como cliente.
b) projectos que mesmo vivendo do fornecimento de produtos ou serviços para o Estado, se baseiem no tecido empresarial nacional, mantendo o dinheiro cá dentro.
c) projectos que forneçam produtos ou serviços que, por uma razão ou outra, não se podem comprar no estrangeiro.

E claro, que os projectos devem fornecer ao Estado produtos e serviços adequados em tempo adequado.
 

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FS

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« Responder #50 em: Janeiro 15, 2008, 04:22:58 pm »
Acho que a realidade da Industria Militar internacional nao deixa muito lugar para empreendimentos aventureiros. Ha áreas da industria militar que estão completamente vedadas a Portugal. Nao vamos comecar de repente a construir tanques, avioes, misseis, porta-avioes ou submarinos. Nao temos nem a experiência nem os recursos para o fazer, nem a meu ver a possibilidade de competir com marcas já no mercado. E claro que Portugal tem sempre a alternativa de produzir sobre licença. Que e o mais economicamente viável porque não há custos de desenvolvimento. Mas... havera alguma coisa que possamos construir sem arriscar muito?

Os NPO foram uma oportunidade desperdiçada. Havia mercado internacional para eles...

Que tal os novos 4X4 blindados que o exercito precisa? Qualquer coisa baseada num desenho testado (porque desenvolver isto do nada deve custar muito carcanhol!!!). Outras ideias?

Para começar (ou recomeçar) tem que ser pelo mais simples e desenvolver. Encontrar um nicho ainda não muito ocupado...

Ps. Todos sabemos que a muita coisa que e impossível para Portugal fazer. E que no passado muitas coisas foram perdidas. Mas acho que e interessante discutir se há alguma coisa que realisticamente se possa fazer (produzir)...
 

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papatango

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« Responder #51 em: Janeiro 15, 2008, 05:25:10 pm »
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Não quero dizer que devamos ficar sem fazer nada (porque não podemos). O que, a meu ver, o Estado deve apoiar são projectos que satisfaçam pelo menos um dos três seguintes critérios:
a) projectos com potencial para retornar o investimento. Isto é, potencial para ter lucro sem estarem dependentes de ter o Estado Português como cliente.
b) projectos que mesmo vivendo do fornecimento de produtos ou serviços para o Estado, se baseiem no tecido empresarial nacional, mantendo o dinheiro cá dentro.
c) projectos que forneçam produtos ou serviços que, por uma razão ou outra, não se podem comprar no estrangeiro.

O que é evidentemente óbvio.

A necessidade de grandes e faraónicos investimentos resulta normalmente em elefante branco.

Infelizmente temos em Portugal muitos "empresários" que acham o risco uma coisa muito boa e que são absolutamente a favor do investimento, DESDE QUE NÃO HAJA RISCO.

E como não gostam de correr riscos, acham que é o Estado que deve correr o risco por eles.

Assim, também eu quero já construir fábricas de F-35PT, de tanques Leopard-2A7(P). Se alguém avançar com o dinheiro (em meu lugar) e alguém correr o risco (em meu lugar) acho que devemos apostar em tudo e mais alguma coisa.

A maioria dos países europeus chegou a essa conclusão. A Suécia já perdeu a sua mais conhecida industria militar a Bofors, que hoje pertence à BAE Systems. E até o tanque que desenvolveu nos ano 60, foi desenvolvido depois de (por absoluta coincidência) os suecos terem estudado os veículos da TNH e o HETZER que compraram em 1947 e que esteve em estudo até que o Stridsvagn (S)103 fosse concebido.

Todos os países mais pequenos e todas as industrias menores utilizam as ideias umas das outras para evitar os custos de um desenvolvimento completo.

E a Suécia fez isto, claro, sem ter pessoas a olhar para o passado e a lembrar a grandeza imperial sueca. O que a maioria dos suecos se lembra é que no final do século XIX era um país pobre (pouco mais rico que Portugal) que enviava imensos imigrantes para a América.

Os Suecos têm os pés na terra, como nós devemos ter, em vez de nos pormos em bicos de pés, a construir projectos (à grande) que são inevitavelmente pagos pelos pagadores de impostos, porque grande parte dos nossos empresários são empresários que não saíram dos anos 60, onde se aguentavam com leis proteccionistas, que embora fossem comuns em muitas áreas, atingiam em Portugal uma dimensão que só se podia comparar com a da União Soviética.

O projecto NPO não é necessariamente um projecto perdido. Ele apenas tem que demonstrar que funciona. Não nos podemos esquecer que muitas vezes são divulgadas notícias sobre potenciais clientes que são exageradas para permitir fazer pressões ou sobre as empresas ou sobre o próprio governo.

Mas é evidente que os atrasos não são boas notícias se o projecto em si ainda quer demonstrar alguma coisa. E não nos podemos esquecer que havia planos para a criação do tal «cluster» naval.
Será necessário entender como funcionam os ENVC e os sindicatos para entender o que se passou e se passa em Viana do Castelo.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #52 em: Janeiro 15, 2008, 06:36:13 pm »
Citação de: "papatango"
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Não quero dizer que devamos ficar sem fazer nada (porque não podemos). O que, a meu ver, o Estado deve apoiar são projectos que satisfaçam pelo menos um dos três seguintes critérios:
a) projectos com potencial para retornar o investimento. Isto é, potencial para ter lucro sem estarem dependentes de ter o Estado Português como cliente.
b) projectos que mesmo vivendo do fornecimento de produtos ou serviços para o Estado, se baseiem no tecido empresarial nacional, mantendo o dinheiro cá dentro.
c) projectos que forneçam produtos ou serviços que, por uma razão ou outra, não se podem comprar no estrangeiro.
O que é evidentemente óbvio.

A necessidade de grandes e faraónicos investimentos resulta normalmente em elefante branco.

Infelizmente temos em Portugal muitos "empresários" que acham o risco uma coisa muito boa e que são absolutamente a favor do investimento, DESDE QUE NÃO HAJA RISCO.

E como não gostam de correr riscos, acham que é o Estado que deve correr o risco por eles.

Assim, também eu quero já construir fábricas de F-35PT, de tanques Leopard-2A7(P). Se alguém avançar com o dinheiro (em meu lugar) e alguém correr o risco (em meu lugar) acho que devemos apostar em tudo e mais alguma coisa.

A maioria dos países europeus chegou a essa conclusão. A Suécia já perdeu a sua mais conhecida industria militar a Bofors, que hoje pertence à BAE Systems. E até o tanque que desenvolveu nos ano 60, foi desenvolvido depois de (por absoluta coincidência) os suecos terem estudado os veículos da TNH e o HETZER que compraram em 1947 e que esteve em estudo até que o Stridsvagn (S)103 fosse concebido.

Todos os países mais pequenos e todas as industrias menores utilizam as ideias umas das outras para evitar os custos de um desenvolvimento completo.

E a Suécia fez isto, claro, sem ter pessoas a olhar para o passado e a lembrar a grandeza imperial sueca. O que a maioria dos suecos se lembra é que no final do século XIX era um país pobre (pouco mais rico que Portugal) que enviava imensos imigrantes para a América.

Os Suecos têm os pés na terra, como nós devemos ter, em vez de nos pormos em bicos de pés, a construir projectos (à grande) que são inevitavelmente pagos pelos pagadores de impostos, porque grande parte dos nossos empresários são empresários que não saíram dos anos 60, onde se aguentavam com leis proteccionistas, que embora fossem comuns em muitas áreas, atingiam em Portugal uma dimensão que só se podia comparar com a da União Soviética.

O projecto NPO não é necessariamente um projecto perdido. Ele apenas tem que demonstrar que funciona. Não nos podemos esquecer que muitas vezes são divulgadas notícias sobre potenciais clientes que são exageradas para permitir fazer pressões ou sobre as empresas ou sobre o próprio governo.

Mas é evidente que os atrasos não são boas notícias se o projecto em si ainda quer demonstrar alguma coisa. E não nos podemos esquecer que havia planos para a criação do tal «cluster» naval.
Será necessário entender como funcionam os ENVC e os sindicatos para entender o que se passou e se passa em Viana do Castelo.

Cumprimentos


Podem sempre mostrarem-se como cidadãos com os "pézes assentes nas terras" (heheheh), mas na realidade eu acho que isso é falta de visão para o futuro. Reparem eu já aqui repeti que não sou contra as parcerias, que venham elas... mas não pensem que agora tudo o que vamos comprar vai resultar numa fábrica em Portugal a produzir esse mesmo produto... ISSO ESTÁ CONDENADO AO FRACASSO DESDE O PRINCIPIO... isso era bom que fosse assim mas não vai funcionar... são empregos a curto prazo...
Na realidade, eu tenho que concordar com o Balburdio, porque quando vocês falam em gastos, nós falamos em investimento no futuro... Ou acham que a Empresa Austríaca que desenvolveu as GLOK já sabia que elas iam vender tanto, existindo tantas marcas já lançadas... Como vêem continuam a ser pessimistas...e depois contra o proteccionismo... Mais uma vez o balburdio tem razão, que iram eles deixar de nos comprar????!!! A França compra quase só produtos franceses, e não vejo qualquer tipo de medo que os Americanos, Suecos, Israelitas, Etc, deixem de comprar os produtos franceses, por estes nem sequer abrirem concursos internacionais de aquisição de material...

Falta ferramentas, comprem-nas. Falta o que for, invistam, que os nossos filhos vão agradecer.

Gastos, dizem vocês... Ainda hoje ouvi nas noticias que a Nokia vai fechar uma fábrica, presumo que na Finlândia, onde vai levar para o desemprego 2500 pessoas. Vejam já nem falo em sapatos ou cablagens, já vai nos telemóveis... Temos que prepara a nossa sociedade (trabalhadores, cientistas, engenheiro, gestores ,etc) para o futuro.
Quanto a mísseis, na verdade existe já neste fórum vários tópicos sobre o que está a ser desenvolvido na Guarda. è mais um projecto que rema contra a maré... Um grupo de docentes está a desenvolver um míssil de curto alcance... vocês dizem é mas não deve prestar.. Eu digo já é um começo, e o estado poderia, muito bem no futuro substituir os MILAN pelo que vier a sair dali, após cumprir com os requisitos necessários ( copiem se for necessário). porque estas armas também têm prazo de validade como os iogurtes, e isso vai obrigar o estado num futuro próximo, a gastar mais dinheiro.

Investimento, e fé.
É preciso ter fé...
Como cantava o Raul Solnado no tempo do outro senhor , “SRº Estou Farto, Srº Estou FAAARTo, Srº ESTOUUU FAAARTTOOOO”.

Estou farto de suspeitar que nos dias que correm as contrapartidas mais importantes são as que passam por debaixo da mesa enquanto se assinam os contratos de aquisição.
 

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FS

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« Responder #53 em: Janeiro 15, 2008, 07:33:00 pm »
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Ou acham que a Empresa Austríaca que desenvolveu as GLOK já sabia que elas iam vender tanto, existindo tantas marcas já lançadas...

Nao acho que o seu exemplo ilustre a ideia que um investimento cego do governo Português na industria da defesa e uma boa solucao para Portugal. Ora vejamos:

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GLOCK was founded by Mr. Gaston Glock, an engineer, in 1963 in Deutsch-Wagram, near Vienna, Austria to specialize in the manufacture of plastic and steel components. GLOCK quickly realized the desirability of combining plastic and steel, particularly for military products, and began to supply the Austrian Army with machine gun belts, practice hand grenades, plastic clips, field knives and entrenching tools.

In the early 1980s, the Austrian military decided to acquire a new duty pistol asking numerous famous local and foreign weapon manufacturers for their bids. Due to GLOCK's excellent reputation with previous military contracts, GLOCK was also invited to bid on this new contract. This was a new challenge for the company, since pistols were not in its product line at that time. However, the fact that GLOCK was a newcomer to this field turned out to be an advantage. In this way, GLOCK was able to develop a revolutionary new product according to the customer's needs, rather than modify an already existing product.


De onde se conclui que a empresa que criou a glock nao apareceu do nada de repente com a glock. Era um empresa que ja existia com experiência na industria de plástico e aço (e equipamento militar). A única coisa que tiveram que fazer foi desenvolver um prototipo de uma arma que venderam ao estado (o risco aqui e muito reduzido).

O que o senhor esta a sugerir e que o estado invista numa arma, sem ter garantias da sua qualidade (em comparação com outras já no mercado), suporte os custos, compre essa arma (provavelmente a preços mais elevados que outras no mercado) e depois reze que por um milagre (em competição com gigantes da industria militar) comece a receber encomendas internacionais que paguem o investimento. E possível...mas em geral não e realista! A não ser que esse sector de mercado esteja relativamente livre...

Ja agora um missil milao ou javelin esta a milhas a nivel de tecnologia do que se esta a testar em Portugal. Mas acho que a lugar para um missil barato e não altamente sofisticado não como arma anti-tanque mas como uma espécie de artilharia portátil... (em falta de termo melhor)...

Eu concordo que Portugal deva procurar produzir e desenvolver quando tiver vantagem nisso (como o caso dos NPO). Mas acho que não se pode brincar com o dinheiro dos contribuintes e APOSTAR (aqui com o significado de risco) numa industria sem se ter a mínima ideia do resultado...
 

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papatango

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« Responder #54 em: Janeiro 15, 2008, 10:55:07 pm »
É algo absolutamente mais que evidente que um dos problemas do país, desde há muitas e muitas décadas é a não existência de uma classe média empreendedora.

Muitos dos nossos empresários habituaram-se a que seja sempre o Estado (ou seja o contribuinte) a pagar a conta e em muitos casos nem sequer se dão ao trabalho de apresentar resultados ou justificar custos.

O projecto de míssil da guarda, é algo de interessante, mas como em muitos outros casos é algo de interessante mas que como foi dito acima está a anos-luz do que quer que seja que possa estar no mercado a preços módicos.

Em vez de gastar os 15 ou 20 milhões de Euros necessários para produzir modelos de teste acha que o exército prefere o quê?
Protótipos ou 200 misseis Spike ?

É muito complicado construir qualquer coisa e para fazer qualquer coisa, é necessário dinheiro em quantidade e um mercado potêncial que justifique o investimento.
Garanto que são necessárias muitas coisas, mas nos planos de negócios e nos mapas de projecções não há uma quadricula para o factor Fé.

Lamento muito, mas no mundo real dos negócios, a Fé não é quantificável. Quando temos que apresentar uma ideia a um banco, ou temos qualquer coisa palpável, ou somos corridos.

Isso é assim em Portugal como é noutros lugares, excepção feita naturalmente ao capital de risco, mas isso é outra coisa.

Notar que a maioria das empresas de armamento estrangeiras são ou foram resultado da iniciativa privada.

Nós tivemos algumas industrias, mas que estavam inicialmente preparadas para produzir tractores agricolas (como a MDF) e que passaram a produzir Berliets por necessidade.
Quando acabou a guerra, já não havia mercado e o exército não tinha como colocar encomendas para a quantidade de Berliets que seriam necessárias para garantir que a empresa continuava a funcionar.

Com os UMM, aconteceu algo parecido. A iniciativa privada sem garantias efectivas do Estado, pura e simplesmente fugiu com o "traseiro" à seringa. Provavelmente não tiveram Fé.  :roll:

Não devemos pedir Fé nos negócios ao Estado, mas sim aos empresários e a realidade do país, é que os nossos empresários parecem não ter Fé nenhuma. Pelo menos os empresários à antiga. Porque há muitos que já entenderam que é necessário investir com pés e cabeça, mas mesmo assim nota-se ainda o problema do passado.

O resto meus senhores é conversa. Conversa barata de político. Fé vontade etc...
É o mesmo tipo de conversa que criou todos os elefantes brancos deste país.
Mas como ninguém pede nunca responsabilidades, continuamos com estes discursos estéreis que apenas dão lucros a empresários desonestos que apenas pretendem meter dinheiro ao bolso.
Vide o caso patético da central nuclear, que para ir para a frente tinha que ser o Zé a pagar...

Eu sou absolutamente a favor de investimentos, sou a favor de uma economia liberal e até acho que em situações específicas pode e deve haver intervenção do Estado. Mas isto não é um estado de economia planificada do estilo soviético com planos quinquenais.

Quem quiser que avance com o dinheiro e que invista, mostrando ideias boas. Não me venham dizer que não há nada, porque há em Portugal muita gente que tem seguido em frente sem ter o apoio do Estado. Mas é preciso saber separar o Trigo do Joio e não se pode apoiar toda e qualquer ideia de investimento apenas porque é portuguesa.

Há muito produto português que não presta e o dinheiro do contribuinte não pode servir para financiar empresários que não são capazes de produzir produtos com qualidade.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #55 em: Janeiro 15, 2008, 11:05:21 pm »
Citação de: "papatango"
É algo absolutamente mais que evidente que um dos problemas do país, desde há muitas e muitas décadas é a não existência de uma classe média empreendedora.

Muitos dos nossos empresários habituaram-se a que seja sempre o Estado (ou seja o contribuinte) a pagar a conta e em muitos casos nem sequer se dão ao trabalho de apresentar resultados ou justificar custos.

O projecto de míssil da guarda, é algo de interessante, mas como em muitos outros casos é algo de interessante mas que como foi dito acima está a anos-luz do que quer que seja que possa estar no mercado a preços módicos.

Em vez de gastar os 15 ou 20 milhões de Euros necessários para produzir modelos de teste acha que o exército prefere o quê?
Protótipos ou 200 misseis Spike ?

É muito complicado construir qualquer coisa e para fazer qualquer coisa, é necessário dinheiro em quantidade e um mercado potêncial que justifique o investimento.
Garanto que são necessárias muitas coisas, mas nos planos de negócios e nos mapas de projecções não há uma quadricula para o factor Fé.

Lamento muito, mas no mundo real dos negócios, a Fé não é quantificável. Quando temos que apresentar uma ideia a um banco, ou temos qualquer coisa palpável, ou somos corridos.

Isso é assim em Portugal como é noutros lugares, excepção feita naturalmente ao capital de risco, mas isso é outra coisa.

Notar que a maioria das empresas de armamento são ou foram resultado da iniciativa privada.

Nós tivemos algumas industrias, mas que estavam inicialmente preparadas para produzir tractores agricolas (como a MDF) e que passaram a produzir Berliets por necessidade.
Quando acabou a guerra, já não havia mercado e o exército não tinha como colocar encomendas para a quantidade de Berliets que seriam necessárias para garantir que a empresa continuava a funcionar.

Com os UMM, aconteceu algo parecido. A iniciativa privada sem garantias efectivas do Estado, pura e simplesmente fugiu com o "traseiro" à seringa. Provavelmente não tiveram Fé.  :roll:

Não devemos pedir Fé nos negócios ao Estado, mas sim aos empresários e a realidade do país, é que os nossos empresários parecem não ter Fé nenhuma. Pelo menos os empresários à antiga. Porque há muitos que já entenderam que é necessário investir com pés e cabeça, mas mesmo assim nota-se ainda o problema do passado.



Concordo plenamente porque se leu os meus comentários anterior es vê que penso que o sector privado é um dos culpados... Sim, mas o problema do estado é que nunca deu a confiança necessária aos empresários. Pois que estes negócios escuros com subornos impedem a escolha de material português, e com o passar do tempo, em Portugal já ninguém quer concorrer a concursos de aquisição de material ( seja qual for ) porque não confia na escolha dos POLITICOS portugueses, entende o meu ponto de vista.
 Agora não digam que não se pode fazer bem e bom, porque todas as industrias internacionais copiam-se umas Às outras, aqui também se pode fazer o mesmo...

Alguém disse que a Suécia já foi um país pouco mais rico que Portugal, pois é, mas quando ainda era pobre investiu e aqui é o contrário somos pobres e então temos a contenção... Já alguém importante disse que para sair duma crise é preciso gastar mais ( o estado), Repare na história de uma das pontes de Nova York, que foi construída em plena recessão dos anos 30 para levantar o país.
 

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papatango

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« Responder #56 em: Janeiro 15, 2008, 11:26:07 pm »
Citar
Alguém disse que a Suécia já foi um país pouco mais rico que Portugal, pois é, mas quando ainda era pobre investiu e aqui é o contrário somos pobres e então temos a contenção... Já alguém importante disse que para sair duma crise é preciso gastar mais ( o estado), Repare na história de uma das pontes de Nova York, que foi construída em plena recessão dos anos 30 para levantar o país.


São os próprios suecos que dizem que eram um país pobre e que enviava emigrantes especialmente para a América.
Mas mesmo assim era mais rica que Portugal.

O Estado Sueco não criou as empresas de defesa da Suécia. Elas foram criadas pela iniciativa privada e os suecos vingaram pela qualidade dos seus produtos, como por exemplo as armas da Bofors que eram conhecidas internacionalmente.

A Suécia desde cedo que foi um grande produtor de ferro e tinha carvão (que forneceu à Alemanha) este factor foi desde o inicio condicionante. Todos os países com reservas de ferro puderam utiliza-lo para dinamizar a sua industria pesada.

Nós não temos minas de ferro e isso condicionou desde o inicio o desenvolvimento do país.
Muitas das empresas militares que apareceram na Europa foram suportadas pela abundância de minério que em Portugal teria que ser importado para fazermos alguma coisa, o que encarecia a produção.

Isto não é derrotismo, é realismo. As coisas são como são e foram como foram.

Hoje não temos os mesmos problemas que tivemnos no passado, deveriamos ter abraçado a «terceira vaga» depois de 25 de Abril de 1974 abraçando a sociedade da informação não como utilizadores de telemóveis mas sim como fabricantes.

Perdemos o comboio, mas aí o comboio foi perdido por outras razões. A falta de matéria prima cinzenta que para piorar as coisas não conseguimos apoiar como deveriamos.
Hoje o nosso problema não é a falta de minério, é a falta de técnicos à altura.

Não devemos sonhar, mas sim jogar com o que temos.

Deveriamos concentrar esforços na energia das ondas, na energia éolica, no turismo de qualidade e eventualmente em «clusters» específicios.

Mas se é verdade que podemos ter algumas industrias na área militar. Não podemos nem de perto nem de longe - nem nós nem nenhum país europeu da nossa dimensão - investir em industrias de armamentos militares sem saber a quem é que esses equipamentos vão ser vendidos, a que preço e com que sistemas de apoio e manutenção.

Cumprimentos
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« Responder #57 em: Janeiro 15, 2008, 11:33:54 pm »
Citação de: "papatango"
Hoje o nosso problema não é a falta de minério, é a falta de técnicos à altura.


Isso faz lembrar os extensos campos de cacau da Suíça ou os poços de petróleo de Israel.
É a tolinha que manda.
Aqui é mais "betôm".
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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ricardonunes

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« Responder #58 em: Janeiro 15, 2008, 11:39:28 pm »
Citação de: "Luso"
Citação de: "papatango"
Hoje o nosso problema não é a falta de minério, é a falta de técnicos à altura.

Isso faz lembrar os extensos campos de cacau da Suíça ou os poços de petróleo de Israel.
É a tolinha que manda.
Aqui é mais "betôm".


 :idea:
Potius mori quam foedari
 

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« Responder #59 em: Janeiro 15, 2008, 11:42:53 pm »
Citação de: "FS"
Que tal os novos 4X4 blindados que o exercito precisa? Qualquer coisa baseada num desenho testado (porque desenvolver isto do nada deve custar muito carcanhol!!!). Outras ideias?


O que consta é que a Fabrequipa está a estudar propostas para isso.

Os Pandur II e os futuros 4x4 entram na minha categoria "b": são projectos que têm pouco futuro além das encomendas do Estado -- duvido muito que algum outro pais venha a adquirir Pandur II ou os futuros 4x4 fabricados em Portugal -- mas capitalizam no tecido empresarial nacional.