30 anos de UMM

  • 36 Respostas
  • 51792 Visualizações
*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18215
  • Recebeu: 5500 vez(es)
  • Enviou: 5874 vez(es)
  • +7132/-9517
(sem assunto)
« Responder #15 em: Julho 18, 2007, 11:04:29 am »
Citação de: "JQT"
Lurker: a partir do momento em que no país se faz aquilo que é preciso, e desde que o preço seja razoável, compra-se cá. É o que acontece em todos os países e é desnecessário lembrar exemplos. Você vê o Exército britânico andar em jipes Toyota? Os franceses em Land Rover? Os suecos andarem em camiões que não sejam Volvo ou Scania? Naturalmente que não. Em todos os países, o Estado dá prioridade aos produtos nacionais, nem que para isso tenha de contornar as regras estabelecidas. Quanto mais não seja porque tem todo o interesse em comprar bens com o máximo de incorporação nacional, porque assim garante que há mais impostos a serem pagos no próprio país e não no estrangeiro (o que faz com que nem sempre a proposta que apresente o preço mais barato seja a mais vantajosa para o Estado). O contrário seria inaceitável, tanto pela opinião pública como pelo meio empresarial. Justamente, o caso da UMM indignou e virou muita gente contra o governo de Cavaco Silva, porque o que fez foi pura e simples traição a uma empresa portuguesa.

Em Portugal não existe esta cultura porque somos demasiado reverentes em relação ao Estado, mas na generalidade dos países desenvolvidos entende-se o Estado tem o dever de preferir produtos nacionais. Quanto mais não seja porque, enquanto o Estado é livre de escolher a quem compra, as empresas não são livres de escolher a quem pagam os seus impostos, a menos que mudem de país. Assim sendo, o Estado tem a obrigação de corresponder a essa situação com a preferência por produtos nacionais.

Seria inconcebível as forças armadas de países com indústria automóvel própria, como a França, o Reino Unido, a Itália ou a Espanha, comprarem veículos feito no estrangeiro.

No caso de Portugal ainda é mais grave uma vez que estamos num processo de desindustrialização, a produção de equipamento militar é quase nenhuma, e cada vez há menos oportunidades do Estado fazer encomendas às nossas empresas. E no caso da UMM, era uma empresa estratégica, que se tivesse havido um mínimo de visão (do Estado e da UMM) tinha-se feito o que é comum nos outros países, convertido no nosso fabricante de veículos tácticos: jipes, camiões ligeiros e pesados, todo o terreno. Havia mercado mais que suficiente para isso: três ramos das FAs, GNR, Polícia (só para jipes), Bombeiros, Protecção Civil, Cruz Vermelha, Instituto de Conservação da Natureza, Ministérios, Câmaras Municipais, empresas públicas, e o mais que fosse. Afinal, o que se fez até ao princípio dos anos 90 (menos do que devia ter sido feito), que é o fazem todos os países. E depois há o mercado civil e a exportação.

Existem empresas que funcionam assim. Vou dar um exemplo, a francesa Acmat: www.acmat.fr

A produção de veículos nacionais, na UMM, era uma questão de interesse nacional, além de que era uma actividade rentável que trazia proveitos ao país. Sem dúvida que a UMM foi mal gerida e demorou demasiado tempo a evoluir. Mas a atitude do governo de Cavaco Silva foi indesculpável: foi uma traição a uma empresa portuguesa, uma traição ao interesse nacional e só beneficiou a concorrência, de produtos importados, que assim ficaram sem um concorrente que dava cartas no mercado nacional e estrangeiro (e que iria dar mais com os novos modelos).

Para torrar dezenas de milhões de contos de cada vez em coisas como o Centro Cultural de Belém ou a nova sede da Caixa Geral de Depósitos, que custaram 5 e 6 vezes mais do que estava orçamentado, para isso o Cavaco já arranjou dinheiro e não se importou de o gastar.

JQT


 :Palmas:  :Bajular:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Bravo Two Zero

  • Especialista
  • ****
  • 1007
  • Recebeu: 13 vez(es)
  • Enviou: 16 vez(es)
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #16 em: Setembro 05, 2007, 11:54:11 pm »
Perdoem-me a "traição" mas cá vai.....
Acho uma certa ironia dizer que o UMM era um carro fiável....pelo menos os que conduzi fartavam-se de ter problemas mecânicos (cabeça do motor partidas e bombas de água ). Um velhinho Land Cruiser BJ fazia o serviço por menos. Mas lá que o UMM era o rei das pistas e dos trilhos, ninguém duvida.
"Há vários tipos de Estado,  o Estado comunista, o Estado Capitalista! E há o Estado a que chegámos!" - Salgueiro Maia
 

*

tenente

  • Investigador
  • *****
  • 10365
  • Recebeu: 5667 vez(es)
  • Enviou: 4362 vez(es)
  • +8478/-1842
(sem assunto)
« Responder #17 em: Setembro 10, 2007, 07:05:19 am »
Eu sempre preferi os Land-rover se podia optar lá montava o PC da companhia/bataria no LR e deixava o UMM para segundas núpcias, enfim são gostos.

Citação de: "Bravo Two Zero"
Perdoem-me a "traição" mas cá vai.....
Acho uma certa ironia dizer que o UMM era um carro fiável....pelo menos os que conduzi fartavam-se de ter problemas mecânicos (cabeça do motor partidas e bombas de água ). Um velhinho Land Cruiser BJ fazia o serviço por menos. Mas lá que o UMM era o rei das pistas e dos trilhos, ninguém duvida.
Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 

*

jmg

  • Analista
  • ***
  • 640
  • Enviou: 15 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #18 em: Setembro 12, 2007, 02:06:50 pm »
Citar
Perdoem-me a "traição" mas cá vai.....
Acho uma certa ironia dizer que o UMM era um carro fiável....pelo menos os que conduzi fartavam-se de ter problemas mecânicos (cabeça do motor partidas e bombas de água ). Um velhinho Land Cruiser BJ fazia o serviço por menos. Mas lá que o UMM era o rei das pistas e dos trilhos, ninguém duvida.


Não posso concordar com a afirmação da fiabilidade.
A parte mecanica é toda ela da Peugeot, ruidosa mas aguenta muito bem.
O principal problemas dos UMM´s nas Unidades são os condutores que não zelam pelo material (é da tropa, que se lixe...) e os mecanicos que na realidade nunca foram mecanicos e que por via de necessidade das unidades são improvisados mecanicos. ( Ah! tenho um tio que tem uma oficina vou lá de vez em quando. Já está, temos um mecanico!!!!!!).
Não te fies de mim, se te faltar valentia.
(Inscrição gravada num antigo punhal.Autor desconhecido)

ΜΟΛΩΝ ΛΑΒΕ
 

*

markilhas

  • 10
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #19 em: Outubro 14, 2007, 09:32:33 am »
Citar
Não posso concordar com a afirmação da fiabilidade.
A parte mecanica é toda ela da Peugeot, ruidosa mas aguenta muito bem.
O principal problemas dos UMM´s nas Unidades são os condutores que não zelam pelo material (é da tropa, que se lixe...) e os mecanicos que na realidade nunca foram mecanicos e que por via de necessidade das unidades são improvisados mecanicos. ( Ah! tenho um tio que tem uma oficina vou lá de vez em quando. Já está, temos um mecanico!!!!!!).


Mas isso e a maior realidade que existe e niguem quer ver...ão de me dizer quantos veiculos que datam anos 80' com a mentaliade do pessoal assim e ainda andam? os series 3 sao da mesma altura e ja tao todos na sucata a mt tempo, e no meio civil ve-se umm e mais umm a fazer todo tipo de acrobacias e provas e tao sempre a andar....
green barets
 

*

major-alvega

  • 186
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #20 em: Junho 08, 2008, 05:32:01 pm »
quantos UMM tem o exército portugues a trabalhar??

*

typhonman

  • Investigador
  • *****
  • 5146
  • Recebeu: 743 vez(es)
  • Enviou: 1632 vez(es)
  • +8536/-4167
(sem assunto)
« Responder #21 em: Junho 08, 2008, 06:05:41 pm »
a resposta é confidencial, são uma arma secreta e altamente mortifera  :lol:
 

*

ShadIntel

  • Investigador
  • *****
  • 1509
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #22 em: Junho 08, 2008, 07:41:29 pm »
Citação de: "major-alvega"
quantos UMM tem o exército portugues a trabalhar??
Citação de: "Typhonman"
a resposta é confidencial, são uma arma secreta e altamente mortifera  :?
 

*

caZavelha

  • 2
  • +0/-0
Re: 30 anos de UMM
« Responder #23 em: Março 29, 2009, 12:02:39 pm »
ou talvez porque não saibam ao certo quantos tem  :lol:

muito bom post. obrigado
por uma Pátria honrada e grandiosa PORTUGAL
 

*

Nuno Calhau

  • Perito
  • **
  • 342
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #24 em: Abril 03, 2009, 12:34:34 am »
Um blog, que pode ter interesse...

http://umm4x4.blogspot.com/

Um Abraço.
 

*

fischt75

  • Membro
  • *
  • 25
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #25 em: Julho 22, 2009, 08:45:44 pm »
Citação de: "P44"
Citação de: "JQT"
Lurker: a partir do momento em que no país se faz aquilo que é preciso, e desde que o preço seja razoável, compra-se cá. É o que acontece em todos os países e é desnecessário lembrar exemplos. Você vê o Exército britânico andar em jipes Toyota? Os franceses em Land Rover? Os suecos andarem em camiões que não sejam Volvo ou Scania? Naturalmente que não. Em todos os países, o Estado dá prioridade aos produtos nacionais, nem que para isso tenha de contornar as regras estabelecidas. Quanto mais não seja porque tem todo o interesse em comprar bens com o máximo de incorporação nacional, porque assim garante que há mais impostos a serem pagos no próprio país e não no estrangeiro (o que faz com que nem sempre a proposta que apresente o preço mais barato seja a mais vantajosa para o Estado). O contrário seria inaceitável, tanto pela opinião pública como pelo meio empresarial. Justamente, o caso da UMM indignou e virou muita gente contra o governo de Cavaco Silva, porque o que fez foi pura e simples traição a uma empresa portuguesa.

Em Portugal não existe esta cultura porque somos demasiado reverentes em relação ao Estado, mas na generalidade dos países desenvolvidos entende-se o Estado tem o dever de preferir produtos nacionais. Quanto mais não seja porque, enquanto o Estado é livre de escolher a quem compra, as empresas não são livres de escolher a quem pagam os seus impostos, a menos que mudem de país. Assim sendo, o Estado tem a obrigação de corresponder a essa situação com a preferência por produtos nacionais.

Seria inconcebível as forças armadas de países com indústria automóvel própria, como a França, o Reino Unido, a Itália ou a Espanha, comprarem veículos feito no estrangeiro.

No caso de Portugal ainda é mais grave uma vez que estamos num processo de desindustrialização, a produção de equipamento militar é quase nenhuma, e cada vez há menos oportunidades do Estado fazer encomendas às nossas empresas. E no caso da UMM, era uma empresa estratégica, que se tivesse havido um mínimo de visão (do Estado e da UMM) tinha-se feito o que é comum nos outros países, convertido no nosso fabricante de veículos tácticos: jipes, camiões ligeiros e pesados, todo o terreno. Havia mercado mais que suficiente para isso: três ramos das FAs, GNR, Polícia (só para jipes), Bombeiros, Protecção Civil, Cruz Vermelha, Instituto de Conservação da Natureza, Ministérios, Câmaras Municipais, empresas públicas, e o mais que fosse. Afinal, o que se fez até ao princípio dos anos 90 (menos do que devia ter sido feito), que é o fazem todos os países. E depois há o mercado civil e a exportação.

Existem empresas que funcionam assim. Vou dar um exemplo, a francesa Acmat: www.acmat.fr

A produção de veículos nacionais, na UMM, era uma questão de interesse nacional, além de que era uma actividade rentável que trazia proveitos ao país. Sem dúvida que a UMM foi mal gerida e demorou demasiado tempo a evoluir. Mas a atitude do governo de Cavaco Silva foi indesculpável: foi uma traição a uma empresa portuguesa, uma traição ao interesse nacional e só beneficiou a concorrência, de produtos importados, que assim ficaram sem um concorrente que dava cartas no mercado nacional e estrangeiro (e que iria dar mais com os novos modelos).

Para torrar dezenas de milhões de contos de cada vez em coisas como o Centro Cultural de Belém ou a nova sede da Caixa Geral de Depósitos, que custaram 5 e 6 vezes mais do que estava orçamentado, para isso o Cavaco já arranjou dinheiro e não se importou de o gastar.

JQT

 :Palmas:  :Bajular:




O Forte das governações Cavaco Silva e PSD foi torrar dinheiro nas auto-estradas(que também precisamos) porque ai muitos membros do governo e amigos podiam meter dinheiro ao bolso, é só ver as derrapagens orçamentais em muitas obras publicas. Agora ver esses senhores apoiar a indústria estratégica nacional! Bem já não temos. O Sr. Cavaco Silva acabou com ela.
Portugal
 

*

Vicente de Lisboa

  • Especialista
  • ****
  • 1011
  • Recebeu: 172 vez(es)
  • Enviou: 79 vez(es)
  • +49/-18
(sem assunto)
« Responder #26 em: Julho 23, 2009, 09:28:46 am »
Deus, Marx e o Serenissimo Buda me livrem de alguma vez defender o Cavaco seja no que for, mas essa critica também não é justa.

Se uma empresa falha, é porque não consegui convencer clientes suficientes. É porque o produto ou serviço produzido não era competitivo. Ora se uma empresa não consegue fazer isto, é muito mau perder vir depois justificar-se com a falta de "apoio" do Estado.

Não quero dizer com isto que o Cavaco devia ou não devia ter apoiado a UMM, mas simplesmente que não é obrigação do Estado manter vivas empresas que não se sustentam por si mesmas. Pode fazê-lo, claro, ainda mais em sectores estratégicos, mas não é obrigado.
 

*

Nuno Calhau

  • Perito
  • **
  • 342
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #27 em: Julho 23, 2009, 08:48:35 pm »
Caro Vicente de Lisboa.

O problema é esse mesmo $$$$, ou agora €€€€, enquanto os interesses pessoais superarem os nacionais, não passaremos da "sepa torta".

Com esta filosofia, Portugal não é a cauda da Europa, é a cabeça do terceiro mundo!

Recomendo a leitura atenta das pag 70 emdiante da obra; segredos e "Corrupção o negócio de Armas em Portugal"...

Um Abraço.
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7926
  • Recebeu: 1260 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5169/-235
(sem assunto)
« Responder #28 em: Julho 23, 2009, 09:40:51 pm »
=== Princípio de Off-topic ===

Eu como gosto muito de chatear o pessoal e tenho ordens expressas do Sr. Jorge Pereira para continuar a chatear :mrgreen: , venho apenas salientar que se escreve cepa e não "sepa".

=== Fim de Off-topic ===
 

*

oultimoespiao

  • Perito
  • **
  • 468
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +8/-0
(sem assunto)
« Responder #29 em: Julho 24, 2009, 04:45:37 am »
Citação de: "PereiraMarques"
=== Princípio de Off-topic ===

Eu como gosto muito de chatear o pessoal e tenho ordens expressas do Sr. Jorge Pereira para continuar a chatear :idea: