Consórcio português tem 17 milhões de €€ congelados na LíbiaO consórcio português Way2B tem 17 milhões de euros congelados na Líbia e mantém 18 funcionários líbios no terreno, estando preparado para continuar dois anos sem resultados imediatos, disse o presidente do grupo. «Os empresários têm de ter paciência. Não somos corredores de provas de 100 metros. Somos corredores de maratona. Isto é uma grande oportunidade, tudo há de acabar bem. É uma grande oportunidade para Portugal», afirmou o presidente do Way2B, José Teixeira, cujo agrupamento de empresas viu ser adjudicada, em 2008, a construção de dois 'campus' universitários em Al-Khoms e Benghazi.
Enquanto em Al-Khoms o Way2B, com sede em Braga, já tinha estaleiro montado, em Benghazi ainda não tinha sido emitida nenhuma factura, explicou José Teixeira. Assim, em Al-Khoms, a relação com a comunidade foi-se desenvolvendo, chegando a um ponto em que, neste momento, os geradores do consórcio estão a alimentar a iluminação da cidade.
«O nosso estaleiro foi relativamente salvaguardado. Tínhamos lá apenas pequenas intrusões, justamente por termos criado junto daquela comunidade uma relação muito próxima», comentou José Teixeira, que salientou que o projecto pode estar suspenso, mas que os resultados políticos são algo que esperavam «entusiasticamente».
O prejuízo que o Way2B (que engloba as empresas DST, ABB, Britalar, J. Gomes e Rodrigues & Névoa) susteve ao longo deste período «é o investimento que está por receber», segundo o presidente do agrupamento, bem como os 17 milhões de euros parados no Sahara Bank que não podem ser utilizados, uma decisão implementada no começo da revolta líbia.
Porém, o consórcio possui uma segunda conta, no Aman Bank, este participado em 40 por cento pelo Banco Espírito Santo, que continua a ser movimentada sem problemas, estando em dinares líbios, e que é usada para pagar aos seis quadros técnicos e aos 12 seguranças que empregam no terreno.
José Teixeira destacou, ainda, que desde o começo da revolta que o agrupamento deixou de ter interlocutor junto da tutela, mantendo, contudo, o contacto regular com os funcionários que se encontram em Al-Khoms.
«Quando isto se iniciou foi muito claro para nós que vamos estar aqui dois anos a alimentar o projecto, mas sem querer resultados imediatos», disse o presidente do Way2B, ressalvando que os acordos assinados bilateralmente previam rupturas deste género.
Segundo o responsável, «houve uma aprendizagem» por parte do consórcio, tendo sido feitas parcerias entre as universidades de Tripoli, Porto e Minho, no sentido de promover o intercâmbio de estudantes dos dois países, num «processo de proximidade» que permitiu aos envolvidos aprender língua e cultura árabe.
«Para nós foi óptimo que se tivesse este desfecho, que é um desfecho de democracia, o que é óptimo para os negócios», salientou José Teixeira.
Lusa