Defesa: Luís Amado assina 6ªfeira contrato de 274 ME para substituir Aviocar
Lisboa, 16 Fev (Lusa) - O ministro da Defesa, Luís Amado, assina sexta- feira o contrato de aquisição ao consórcio espanhol EADS de 12 aviões C-295, que
irão substituir os 24 Aviocar da Força Aérea, um negócio avaliado em 274 milhõe s de euros.
O contrato, que será assinado em Sintra, contempla a aquisição de sete aeronaves militares configuradas para transporte táctico, mais cinco para vigilâ ncia e patrulha marítima.
De acordo com fonte da Força Aérea, os 12 novos aviões podem ser reconf igurados para outro tipo de missões, nomeadamente transporte aéreo geral, apoio aéreo a operações especiais, busca e salvamento, transporte e evacuação marítima , reconhecimento e fotografia aérea e instrução de multimotores.
O Ministério da Defesa prevê a entrega do primeiro avião "a partir de 2 007", estando o consórcio espanhol obrigado a ter o primeiro C-295 pronto 18 mes es depois de concedido o visto do Tribunal de Contas português à operação.
Os restantes aparelhos serão entregues à Força Aérea ao longo dos seis anos seguintes, à cadência de um em cada seis meses.
Quanto ao destino dos C-212 Aviocar, ao serviço em Portugal desde os an os 70, fonte da Força Aérea adiantou que os aparelhos "ficam à disposição do Min istério da Defesa para lhes dar o destino que entender", existindo a possibilida de de as aeronaves serem retomadas pela EADS ou vendidas.
Como contrapartida pelo negócio, a EADS (maior fabricante aeronáutico e uropeu) vai aumentar de um para 30 por cento o peso que detém no consórcio que c ontrola a OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, disse à agência Lusa fonte l igada ao processo.
A mesma fonte revelou à Lusa que o programa total de contrapartidas ao contrato de aquisição dos aviões está avaliado em 460 milhões de euros, dos quai s perto de 80 por cento serão aplicados na OGMA, sobretudo em contratos para fab rico de componentes.
Esta verba, de acordo com a mesma fonte, não inclui o investimento no a umento da participação da EADS na empresa de manutenção aeronáutica portuguesa.
A OGMA é actualmente controlada pela Airholding, com 65 por cento do ca pital, sociedade em que a brasileira Embraer detém 99 por cento e a EADS, para j á, 1 por cento.
A Casa, divisão da EADS para fabrico de aviões de transporte militar, f oi a primeira classificada num concurso lançado pelo anterior governo, e revisto
pelo actual, em que participou também a italiana Alenia, com o seu modelo C-27J .
Segundo a fonte ouvida pela Agência Lusa, a OGMA vai passar a fabricar o componente central da estrutura do C-295 que faz a ligação entre as asas do ap arelho, para os 12 da Força Aérea Portuguesa e outras encomendas que a Casa venh a a receber.
Esta contrapartida está avaliada pelo montante dos contratos e transfer ência de tecnologia, nomeadamente a capacitação da OGMA para desenho, fabrico e engenharia através do mesmo "software" usado pela EADS.
Esta capacitação, de acordo com a mesma fonte, "deixa a OGMA apta a faz er qualquer parte de um Airbus ou de outro avião do grupo EADS".
Os restantes 20 por cento do programa de contrapartidas destinam-se a e mpresas de tecnologias de informação, nomeadamente as do grupo Emporderf, Novaba se, entre outras.
Este montante, 92 milhões de euros, será aplicado pela EADS em contrato s de fabrico, formação e capacitação.
De acordo com a mesma fonte, em paralelo ao contrato de contrapartidas,
a EADS vai também comprometer-se a certificar empresas portuguesas para trabalh ar com o grupo.
Este contrato, um requisito da Comissão Permanente de Contrapartidas (C PC), responsável pela avaliação das propostas, visa capacitar a indústria portug uesa de defesa a participar nos programas do grupo aeronáutico europeu.
A actual frota de C-212 Aviocar está distribuída por três esquadras de voo, das quais a maior é a 502, de transporte aéreo e táctico, que também execut a missões de busca e salvamento, a partir da Base Aérea 1 de Sintra.
A Força Aérea dispõe de uma outra esquadra (711) com missão de transpor te, sedeada na base das Lajes, Açores, e de uma de fotografia aérea e geofísica e Sistema de Fiscalização e Controlo das Actividades de Pesca (401).
Relativamente aos Aviocar, os C-295 apresentam maior velocidade (432 qu ilómetros/hora, 240 nós, contra 252 quilómetros/hora, 140 nós), autonomia (10 ho ras de voo, o dobro do Aviocar) e capacidade de transporte (71 passageiros contr a 16).