Portugueses batem chineses na requalificação da Baía de LuandaSoares da Costa e Mota Engil conquistam requalificação de ex-libris de Luanda.
São mais 100 milhões de euros em caixa para duas construtoras portuguesas no mercado angolano. Mas, mais que isso, a vitória do consórcio da Mota-Engil/Soares da Costa na empreitada para a requalificação da baía de Luanda vai funcionar como um destacado cartão de visita, não só porque se trata de um projecto há muito pretendido pelas autoridades de Luanda, mas também porque demonstrou a capacidade competitiva das empresas portuguesas, que venceram duas construtoras chinesas na recta final.
"É com muita satisfação que soubemos da adjudicação deste empreendimento. É um trabalho de grande responsabilidade e queremos estar à altura deste novo desafio. É um concurso muito importante porque a baía de Luanda é o "ex libris" de Angola", sublinhou Jorge Coelho, administrador executivo da Mota-Engil, em declarações ao
Diário Económico.
A empreitada tem um prazo de execução previsto de dois anos e Jorge Coelho prevê ter máquinas no terreno para iniciar as obras já no próximo mês de Junho, tendo já sido escolhido o director para o projecto. No entanto, não deverá ser necessário deslocar para Angola equipamentos ou recursos humanos suplementares significativos para executar esta obra.
A requalificação da baía de Luanda é um projecto que tem já vários anos no papel. Entre muitas ideias e discussões, o plano foi finalmente aprovado em Setembro de 2007 pelo Conselho de Ministros do governo angolano, tendo-se iniciado o processo de concurso público para a construção das vertentes marítima e terrestre do projecto em Novembro seguinte.
No caso da vertente terrestre, cujo concurso foi ganho pelo consórcio Mota/Soares da Costa, com posições de 50% cada, concorreram numa fase inicial um total de 13 construtoras e/ou consórcios. A 'short list' seleccionou três grupos, tendo saído vencedor o agrupamento português em detrimento de duas concorrentes chinesas. O contrato foi assinado em Luanda no sábado, numa cerimónia que contou com a presença de Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas de Angola, e de Francisca do Espírito Santo, governadora da província de Luanda.
Este projecto não inclui qualquer componente de 'project finance' a cargo das construtoras portuguesas, pelo que o financiamento será da responsabilidade da empresa que adjudicou este empreendimento, a Sociedade Baía de Luanda, empresa de direito privado angolano, que conta na sua estrutura accionista com a Sonangol e o Banco Privado do Atlântico, ligado à petrolífera angolana.
Também o BCP irá participar no esquema de financiamento montado para levar por diante este projecto, embora fonte do banco contactada pelo
Diário Económico não tenha conseguido fornecer mais detalhes sobre a participação do banco português.
A Baía de LuandaO projecto prevê o alargamento da Avenida Marginal e do Largo 17 de Setembro, com a criação de seis faixas de rodagem e infra-estruturas de gestão e manutenção da rede rodoviária a implementar.
Criação de 12 novos parques com estacionamento para 1.600 viaturas.
Criação de 127 mil metros quadrados de zonas verdes.
Construção de dois prédios, um com 37 pisos, outro com 24, para escritórios, comércio e habitação. Mais dois edifícios com funções múltiplas, como hotelaria e centro de convenções.
Diário Económico