Corrupção em Portugal

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« Responder #15 em: Janeiro 16, 2008, 08:48:21 am »
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Administradores da PT ganham em média 86.561 euros por mês


pobrezinhos :cry:

vamos organizar uma colecta? eu dou o meu ordenado.... :roll:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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tsumetomo

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« Responder #16 em: Janeiro 16, 2008, 09:26:59 am »
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Administradores da PT ganham em média 86.561 euros por mês

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sendo o terceiro lugar ocupado pela Brisa (136.957 euros).


Considerando os lucros que essas empresas geram, não me parece mal...
Preocupa-me bastante mais quem ganha valores semelhantes em empresas que só dão prejuizo.

Os bons resultados pagam-se a peso de ouro... só é pena não serem exigidas responsabilidades quando os resultados são maus ou péssimos.
 

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P44

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« Responder #17 em: Janeiro 22, 2008, 08:23:23 am »
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A iniciativa presidencial

No País, aumenta a distância entre os políticos e a plebe, entre o Estado e o povo, na exacta medida da corrupção, que desvia recursos para bolsos gulosos e despesas desnecessárias, e da incompetência, formando-se uma perigosa convicção de impossibilidade de regeneração do regime político sem intervenção radical. Como, apesar da sua obsolescência natural (nenhum sistema é válido para sempre), a democracia representativa prevê órgãos de controlo, e essa garantia está expressa na Constituição da República Portuguesa, os seus responsáveis não se podem abster, nem temporariamente, da responsabilidade que o povo lhes confiou porque eles próprios se candidataram aos lugares e aceitaram voluntariamente as nomeações.

O povo está aflito, envergonhado e desconsolado.

O povo está aflito no meio do absurdo do fecho de urgências sem o prévio aumento de recursos nos hospitais que passam a receber esses doentes e a paradoxal disponibilidade para os gastos na promoção do aborto. Após a morte recente de outro no caminho de Carregal do Sal para Viseu, vemos, pasmados, a assistência sem sucesso a um bebé por uma ambulância no parque de estacionamento (local ao que parece sugerido pelo próprio INEM!...) do Hospital de Anadia, cuja urgência acabou de encerrar, acrescido do gozo do ministro Correia de Campos que responde com uma piada sobre "avozinhas e bisavós", gozando com a dor das famílias e a tristeza geral.

O povo está envergonhado pela negação da evidência da pedofilia de Estado e da corrupção de Estado, pelo tratamento desigual na justiça, com impunidades escandalosas em crimes gravíssimos em contraste com a violência da perseguição da liberdade de expressão.

O povo está desconsolado pela perda de bem-estar, enterrado numa crise económica que em Portugal dura há sete anos, e com perspectiva de agravamento, com uma base tecnológica obsoleta, e sem que se conheça uma estratégia consequente de recuperação para além dos negócios de obras públicas faraónicas e do diletantismo do Plano Tecnológico, cheio de protocolos, acordos e convénios, e sem empresas, sem produtos, sem criação de riqueza.

Por isso, mais uma vez - tantas já... -, o povo reclama a intervenção do Presidente da República em vez do seu discurso de conforto ao Governo, do consentimento, do comentário brando, do silêncio, da inacção.

Já é tempo de o dizer: o País precisa de um governo de iniciativa presidencial, chefiado por uma personalidade de prestígio, de preferência independente dos partidos. Creio que, entre outras de outras personalidades qualificadas, o dr. Henrique Medina Carreira seria uma muito boa escolha e teria o apoio popular dado aos homens sérios, prudentes e competentes.
Publicado por António Balbino Caldeira em 1/22/2008 02:43:00 AM

http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/
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Luso

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« Responder #18 em: Janeiro 22, 2008, 10:03:26 am »
Citação de: "P44"
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A iniciativa presidencial

No País, aumenta a distância entre os políticos e a plebe, entre o Estado e o povo, na exacta medida da corrupção, que desvia recursos para bolsos gulosos e despesas desnecessárias, e da incompetência, formando-se uma perigosa convicção de impossibilidade de regeneração do regime político sem intervenção radical. Como, apesar da sua obsolescência natural (nenhum sistema é válido para sempre), a democracia representativa prevê órgãos de controlo, e essa garantia está expressa na Constituição da República Portuguesa, os seus responsáveis não se podem abster, nem temporariamente, da responsabilidade que o povo lhes confiou porque eles próprios se candidataram aos lugares e aceitaram voluntariamente as nomeações.

O povo está aflito, envergonhado e desconsolado.

O povo está aflito no meio do absurdo do fecho de urgências sem o prévio aumento de recursos nos hospitais que passam a receber esses doentes e a paradoxal disponibilidade para os gastos na promoção do aborto. Após a morte recente de outro no caminho de Carregal do Sal para Viseu, vemos, pasmados, a assistência sem sucesso a um bebé por uma ambulância no parque de estacionamento (local ao que parece sugerido pelo próprio INEM!...) do Hospital de Anadia, cuja urgência acabou de encerrar, acrescido do gozo do ministro Correia de Campos que responde com uma piada sobre "avozinhas e bisavós", gozando com a dor das famílias e a tristeza geral.

O povo está envergonhado pela negação da evidência da pedofilia de Estado e da corrupção de Estado, pelo tratamento desigual na justiça, com impunidades escandalosas em crimes gravíssimos em contraste com a violência da perseguição da liberdade de expressão.

O povo está desconsolado pela perda de bem-estar, enterrado numa crise económica que em Portugal dura há sete anos, e com perspectiva de agravamento, com uma base tecnológica obsoleta, e sem que se conheça uma estratégia consequente de recuperação para além dos negócios de obras públicas faraónicas e do diletantismo do Plano Tecnológico, cheio de protocolos, acordos e convénios, e sem empresas, sem produtos, sem criação de riqueza.

Por isso, mais uma vez - tantas já... -, o povo reclama a intervenção do Presidente da República em vez do seu discurso de conforto ao Governo, do consentimento, do comentário brando, do silêncio, da inacção.

Já é tempo de o dizer: o País precisa de um governo de iniciativa presidencial, chefiado por uma personalidade de prestígio, de preferência independente dos partidos. Creio que, entre outras de outras personalidades qualificadas, o dr. Henrique Medina Carreira seria uma muito boa escolha e teria o apoio popular dado aos homens sérios, prudentes e competentes.
Publicado por António Balbino Caldeira em 1/22/2008 02:43:00 AM
http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/


Subscrevo inteiramente este texto e apoio o Dr. Medina Carreira.
D. Carlos nomeou João Franco para por ordem na rebaldaria governativa.
A situação tem as suas semelhanças, ou não PT?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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« Responder #19 em: Janeiro 22, 2008, 10:46:55 am »
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Cavaco Silva apela a serenidade e diálogo no sector da saúde

O Presidente da República, Cavaco Silva, apelou hoje em Coimbra ao regresso da serenidade no sector da saúde, e à substituição da «crispação pelo diálogo».

«É preciso voltar a um clima de serenidade, em que a crispação possa ser substituída pelo diálogo», afirmou Cavaco Silva, questionado sobre o encerramento de várias urgências à saída de uma visita à Universidade de Coimbra, acrescentando que é preciso «encontrar de forma racional as melhores soluções para resolver os problemas que existem no sector».

«O país não ganha nada com este clima, em que as tensões são excessivas«, disse o chefe de Estado, sublinhando que »é preciso apostar em mais diálogo para que os cidadãos tenham maior confiança nos serviços públicos de saúde«.

Pouco depois, o Presidente da República deslocou-se ao mosteiro do Lorvão, onde foi recebido pelo racho folclórico de Penacova e onde escutou o hino nacional tocado pela banca filarmónica local, no âmbito das II Jornadas para o Roteiro do Património, que arrancou hoje em Coimbra.

Diário Digital / Lusa

21-01-2008 17:30:00


é só serenidade, diálogo e passeatas :roll:

ricos PRs que nos saem na rifa....

Quando é que vai dar o murro na mesa? provavelmente nunca.
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Luso

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« Responder #20 em: Janeiro 22, 2008, 12:36:46 pm »
Citação de: "P44"
Quando é que vai dar o murro na mesa? provavelmente nunca.


Nunca.
Cavaco é feito da mesma massa que a maior parte deles.
Não tenho o mínimo problema em dizer que a III República está morta, assim como o Estado que a suporta, tomado de assalto por interesses obscuros.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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« Responder #21 em: Janeiro 22, 2008, 04:07:13 pm »
Citação de: "Luso"
Citação de: "P44"
Quando é que vai dar o murro na mesa? provavelmente nunca.

Nunca.
Cavaco é feito da mesma massa que a maior parte deles.
Não tenho o mínimo problema em dizer que a III República está morta, assim como o Estado que a suporta, tomado de assalto por interesses obscuros.


De facto.

E sai mais um elogio ao governo:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=314924

 :roll:
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Cabeça de Martelo

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« Responder #22 em: Janeiro 22, 2008, 05:38:33 pm »
O Pzito e o Luso a concordarem totalmente um com o outro...agora acredito em tudo!!!

É o Apocalipse!!! c34x  :lol:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #23 em: Janeiro 22, 2008, 08:02:28 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
O Pzito e o Luso a concordarem totalmente um com o outro...agora acredito em tudo!!!

É o Apocalipse!!! c34x  :lol:

eu com o megafone, e o Luso com a guitarra e boina basca!!!
 c34x
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« Responder #24 em: Janeiro 22, 2008, 09:35:41 pm »
Citação de: "P44"
eu com o megafone, e o Luso com a guitarra e boina basca!!!
 c34x


- Dá-lhe, Falâncio!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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« Responder #25 em: Janeiro 26, 2008, 10:23:18 am »
Publicação: 25-01-2008 20:37    |   Última actualização: 25-01-2008 22:32
PGR investiga declarações de Bastonário

Marinho Pinto diz que há corrupção em altos cargos do Estado

A Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou, hoje, a abertura de um inquérito às declarações do bastonário da Ordem dos Advogados, que à Antena 1 disse que há pessoas com cargos de relevo no Estado que cometem crimes "impunemente". Marinho Pinto disse, entretanto, que está disponível para dar explicações na Assembleia da República e defende, mesmo, a instauração de um inquérito parlamentar.


SIC

"Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português", afirmou Marinho Pinto, bastonário da Ordem das Advogados, na Antena1.

Decalarações que o procurador-geral da República entende serem dignas de um inquérito, que será conduzido pela magistrada Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

"Tendo em consideração as declarações do bastonário da Ordem dos Advogados proferidas hoje em entrevista dada a um órgão de comunicação social, a gravidade das afirmações feitas e a repercussão social das mesmas, o Procurador-Geral da República determinou, ao abrigo do disposto nos artigos 241 e 262 do Código de Processo Penal, a abertura de um inquérito", adiantou, à Lusa, a fonte da Procuradoria, citando o despacho de Pinto Monteiro.

Reacções partidárias

Ao nível partidário, o PS diz que o bastonário terá de demonstrar os fundamentos da sua acusação.

"Um bastonário da Ordem dos Advogados, pela relação que tem com o direito e com a justiça, saberá que essas afirmações têm de ter um fundamento e têm de ser demonstradas. Certamente, o bastonário da Ordem dos Advogados tem isso em conta", declarou o porta-voz do PS, Vitalino Canas.

O CDS, por seu lado, pede explicações em sede parlamentar porque considera as acusações "gravíssimas". O deputado do CDS-PP, Nuno Melo, adiantou que o requerimento para Marinho Pinto ser ouvido na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias dará entrada na Assembleia da República até segunda-feira.

Bastonário defende comissão de inquérito parlamentar

A exigência do CDS foi bem acolhida pelo bastonário que defendeu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito, alegando que as "situações" de corrupção em Portugal "são graves e justificam" esta medida.

"Acho bem que haja uma comissão parlamentar de inquérito para ver quais as razões e se são meras coincidências", disse o bastonário, alegando que a "suspeita generalizada no povo português é de que há má gestão dos recursos públicos e montantes enormes de dinheiro que são gastos de forma que as pessoas não entendem".

O bastonário adiantou que não está "preocupado em apresentar provas" por não ser investigador, mas mostrou-se "totalmente disponível" para ir à Assembleia da República.

Com Lusa
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-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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« Responder #26 em: Janeiro 27, 2008, 12:26:45 pm »
Atenção: Longo!

Da Grande Loja

Aventuras na terra do Nunca
Sábado, Janeiro 26, 2008

Segundo o Sol, a especulação imobiliária, em torno da área do futuro aeroporto, já começou- e em grande. 250 milhões de euros, 50 milhões de contos antigos, foi quanto uma sociedade secreta ( não se conhecem os sócios...e o administrador designado pelos compradores, o senhor António Capoulas, prefere não dizer quem o contratou, para além de informar que foi uma sociedade com sede no estrangeir0...) em sistema de off-shore, pagou por uma simples herdade, com quatro mil hectares.
Segundo o jornal, dias antes de o LNEC entregar ao Governo o relatório do aeroporto, a Sociedade Agrícola do Rio Frio mudou de mãos. A pergunta que naturalmente se coloca e: a que mãos foi parar? Não se sabe. É segredo guardado por uma off-shore, a Trasset Investments BV, com sede em Amesterdão.
Sendo naturalíssimo, segundo as regras de mercado em que estamos inseridos, estes negócios de trocas e baldrocas, com muito dinheiro misturado, parece deveras interessante como é que uma sociedade secreta ( não se conhecem os sócios...tentem apanhar um único nome que seja, aqui) adquire por um valor muitíssimo superior ao real, na altura do negócio, uma extensão de terra tão grande, ANTES de se saber sequer oficiosamente, que o aeroporto a construir, afinal seria na terra do... Nunca. Jamais!

Vejamos, então, Marinho e Pinto: que pensa disto? Não quer dar mais uma entrevista, comentando as declarações risíveis de um primeiro- ministro que anda a gozar connosco?

Melhor ainda: se o negócio foi precedido de informações de pessoas que exercem funções em entidades oficiais, a actuar em nome do Estado ou com influência directa no Estado-Administração-Governo ( e só o poderia ter sido se de facto o negócio se realizou com a certeza de que a opção do Governo seria mesmo a de construir naquele local o aeroporto), então temos aqui suspeitas fortes da existência de influências traficadas. Crime de catálogo.
Exagero? Pois então, desmintam-me. E se o não fizerem, sempre quero ver como é que se investiga criminalmente uma coisa destas.

No DCIAP? Do modo como funciona e com as leis que temos?
Repito: é virtualmente improvável qualquer investigação a coisas como esta. Seja de que natureza for: criminal, parlamentar, jornalística ( para além da excelente cacha do Sol), da opinião pública, em blogs, seja onde for.
A impunidade está instalada em Portugal. Completamente à vontade.


A chover no Pântano

A corrupção e fenómenos associados, anda de novo na ordem do dia, com as declarações últimas do Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto e a instauração de ( mais um) Inquérito, no MP de Cândida de Almeida, o departamento do MP especialmente destinado a investigação desta criminalidade e para averiguar factos ainda não conhecidos, mas de acordo com “ a gravidade das afirmações feitas e a repercussão social das mesmas”.

O anúncio destes Inquéritos tem sempre o efeito de criar na opinião pública uma ideia de que alguma coisa se irá fazer, para perceber, investigar e determinar se os factos merecem a atenção criminal que justificam a própria investigação.

No entanto, a mera enunciação da intenção de investigação, com o espavento da “autoridade de supervisão” da acção criminal, também tem um efeito perverso: como é sabido, nenhuma destas investigações rapidamente anunciadas pelos vários procuradores gerais, de há anos a esta parte, chegou a lugar algum que se visse.

Não chegou no tempo de Cunha Rodrigues e das denúncias da CIP de Ferraz da Costa ou da JAE de Garcia dos Santos, que em 1998, afirmava ainda mais alto e de modo sonoro, no Independente ( por onde passara Paulo Portas), que havia corrupção na JAE, com financiamento de partidos políticos.

Esta afirmação, de grande firmeza e certeza, assumida publicamente como verdade insofismável, foi completamente espezinhada nos anos que seguiram, por força de vários factores que importa relembrar, com amplo destaque para os factores judiciários e judiciais que não conseguem levar avante e com sucesso, uma investigação criminal, julgá-la e aplicar a lei e do Direito, como deve ser, num país com mais de trinta anos de democracia.

Recorde-se assim este caso JAE, para perceber o que se passou. O asunto já foi tratado aqui mesmo nesta Loja, em tempos. Para poupar o clique no link, vou transcrever parte do postalzito de Fevereiro de 2005 ( quase três anos em cima do despacho de arquivamento e dez após a denúncia de Garcia dos Santos:

Em Outubro de 1998, Garcia dos Santos dizia ao Expresso...

“existe corrupção na JAE em termos pessoais e em termos de financiamento dos partidos políticos”

Nesse mês e ano, João Cravinho, ministro do PS, mandou realizar uma sindicância à JAE, que foi dirigida por Pinto dos Santos, magistrado do MP. O relatório dessa sindicância é impressionante quanto a escândalos e revelador de uma anomia generalizada. Em Fevereiro de 1999, propôs-se aí a instauração de 10 Inquéritos.

E foi apenas a investigação no âmbito de uma sindicância! Sem investigação criminal! Sem escutas, sem buscas, sem bisbilhotice em contas particulares, e chegou-se a números e a indícios graves.

A Inspecção Geral de Finanças, em Outubro de 1999, indicava a saída de 650 mil contos da JAE, sem que fumo se lhe visse; uma auditoria da Roland Berger indicava que entre 1993 e 1998, a JAE pagou 108 milhões de contos em trabalhos a mais. No dia 14 do mesmo mês a PGR avocava os processos JAE e entregava a sua direcção ao novel DCIAP dirigido por… Daniel Sanches.

Em Junho de 1999, o Tribunal de Contas escreveu que a gestão eficaz da JAE teria poupado ao Estado cerca 44% do custo geral das obras e que o desvio médio das mesmas atingia 77%.

Para que é que adiantaram estas denúncias, estes números de assustar qualquer gestor privado e liberal? Para investigar em força e rapidez tamanho escândalo com dinheiros públicos e as enormes suspeitas conhecidas de todos, como dizia Garcia dos Santos?! Não propriamente. Adiantaram, sim, para abrir uma guerrilha institucional entre Cunha Rodrigues e o então director da PJ, o empertigado Fernando Negrão.

Em 17/10/1998, o jornal 24 horas, noticiava que o então PGR dizia que a PJ só tinha apenas um agente a investigar o caso JAE. O Sindicato da PJ negou tal facto e o director afinal acabou por confirmar: um agente responsável pelo processo!

Em 5/12/1998, Cunha Rodrigues dizia ao Expresso que

(…) Em nome do rigor histórico e da distinção entre as esferas do político e do judicial, vim a público esclarecer que nem uma palavra se dizia no relatório da Inspecção Geral de Finanças sobre corrupção ou financiamento partidário” “Os factos estavam a ser investigados pela PJ e não directamente pelo MP. Mandei avocar o processo porque foi levantada uma suspeição generalizada sobre a transparência do Estado e, em especial, do poder político.

A uma pergunta do jornalista sobre se não caberia ao MP ter interpretado melhor os sinais do relatório da IGF, Cunha Rodrigues respondeu assim...

Interpretou-os bem e remeteu o processo para a PJ. O modo como estava a ser feita a investigação era correcto no contexto dos meios de que PJ dispõe.

E a seguir, depois de ouvir do jornalista que o caso não dera resultados, e à pergunta sobre se o MP não tinha sempre a tutela do processo, disse...

Tem a tutela funcional, mas não tem os meios. Que imposta ter a tutela funcional se não adjudicados meios ao processo? (…) A PJ tem excelentes investigadores. Interrogo-me: então porque é que investiga bem certos crimes e não outros? Não será por problemas de organização, de meios e de métodos?

Em 15 de Janeiro de 2000, no Expresso, Saldanha Sanches escrevia, sobre o assunto (As Comissões) e o facto de Cravinho mandar fazer a sindicância...

“Sabendo que pedir um Inquérito à PGR para uma situação como estas só iria suscitar o gáudio público e provocar comentários cínicos foi desencantar um magistrado que fizesse uma investigação séria: mas nem assim as coisas correram bem para Cravinho. O seu afastamento do governo tem pois um sentido muito claro: as obras públicas foram entregues ao homem do aparelho.” Quem?! Vocês há-dem ver!

Isto foi em 2000, em pleno início do séc XXI. No ano da graça de 2005, o Inquérito da JAE onde se acusavam os “pobres” engenheiros da antiga junta, Botto e Pantaleão, de corrupção por causa de umas viagenzitas de férias, pagas pelo empreiteiro, foi agora rematado para canto, para o cesto da não pronúncia, pela juíza Mata-Mouros! Com que fundamento, perguntam os curiosos?

Com este:

Mata-Mouros, rejeitou a acusação do MP, de corrupção, contra Donas Botto e José Pantaleão (antigos responsáveis da JAE) e António Mota (presidente da Mota & Companhia, agora Mota/Engil) e não os pronunciou, por falta de indícios.

Pelos vistos, na altura, não havia indícios, para a juíza Mata-Mouros. Para Garcia dos Santos havia evidências. Como compreender a diferença de apreciação? O segredo reside no estudo da doutrina e jurisprudência alemãs, ultra-garantística para arguidos excelentíssimos. É por esse prisma que o direito penal português, incluindo o processo penal, tem sido visto e aplicado pelos tribunais e é por isso que onde alguns vêem cordas, outros mostram mosquitos...

A consequência prática destes entendimentos teóricos do direito Penal, objectivamente do lado dos inimigos da lei material e até do direito natural, garantindo-lhes todos os direitos processuais, por vezes à outrance, é forçosamente uma Justiça que de Justiça releva apenas os aspectos eminentemente formais, em detrimento da verdade material, subjugada sempre a um anunciado e temidíssimo perigo de violação de direitos, liberdades e garantias individuais, cuja expressão máxima ocorre no erro judiciário. Este fantasma que se alimenta de medos atávicos, hoje em dia, amplia-se ainda mais, pela recente lei de responsabilidade civil dos magistrados, por via indirecta da directa responsabilização do Estado...

Os nossos políticos, sabem fazer as coisas como deve ser. A maioria das pessoas, nem se deu conta, mas depois da revisão processual penal, feita à medida das conveniências de um certo grupo, com esta lei de responsabilização civil, podemos todos ter esta certeza: é virtualmente improvável e será tendencialmente impossível, qualquer condenação penal, de qualquer político no activo ou fora dele, por corrupção, em Portugal, nos tempos mais próximos.

Condenação de político, em Portugal e por esse crime, nos anos que aí vêm, será mais rara que no Brasil.

O medo de errar, condenando acusados com indícios certos, para certos juízes, leva-os constantemente ao medo de acertar. Porque quando não se punem culpados, castigam-se inocentes, neste caso, toda uma sociedade. E não há sofisma relevante nesta afirmação, porque a inocência formal, não pode nem deve sobrepor-se à verdade material que todos percebem e entendem, menos certos práticos do Direito, cultores extravagantes de um ultra-rigorismo formalista, em nome das sagradas garantias nem se sabe bem de quê e que na Itália produziu os Corrados Carnevale e outros quejandos. Por causa deles, morreram os Falcone e Borselino…

Onde pára então a corrupção? Onde estará o financiamento dos partidos?

Bem, em princípio este tipo de assuntos, por obrigação institucional deviam estar a ser tratados no… DCIAP, dirigido pela sucessora daquele Daniel Sanches - Cândida de Almeida.

Em entrevista à Visão, de 20/5/2004, esta dizia assim, quando lhe fizeram o reparo de que “Os media relatam suspeitas de corrupção…”...

- As pessoas falam à vontade sobre corrupção na imprensa, mas quando chegam aqui dizem que não sabem, que ouviram falar. É fácil falar.

Pois é… é um problema! As pessoas não falam. E não há carros. E faltam meios e ainda faltam meios e voltam a faltar meios…

De facto, não há meio de sair destes fiascos anunciados.

Assim, este remake, em Janeiro de 2008, de anúncio de Inquérito rigoroso, por causa das declarações bombásticas de Marinho e Pinto, é chuva no charco ( ou no Pântano) e tem já um destino anunciado: o arquivamento por uma qualquer juíza de instrução que leia o Código segundo os rigores teóricos da doutrina alemã, aplicada com muitas citações ao espírito português de chico-espertice saloia, que nem ler sabe mas percebe muito bem o que quer dizer a palavra impunidade.

Isso, se alguma vez chegar ao âmbito do juiz de Instrução, porque o mais certo, com o Código que nos apresentaram, é o arquivamento liminar no departamento da dr.ª Cândida de Almeida. Com mais um comunicado público, daqui a uns anos....

Sendo isto notório, torna-se perigoso andar sempre a anunciar falhanços esperados, porque tal cria um sentimento de ainda maior impunidade e de pendor deletério na sociedade portuguesa, cimentando cada vez mais, um cinismo já instalado.

Nota para rir: o primeiro ministro, José Sócrates já veio comentar estas declarações de Marinho e Pinto:

"Tenho a certeza que ele não se referia a nenhum membro, nem a nenhum ministro deste governo", afirmou José Sócrates em Monsaraz, após participar numa sessão de apresentação de novos projectos turísticos para o distrito de Évora, sobretudo para o Alqueva.

Publicado por josé 17:01:00 4 comentários
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ricardonunes

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« Responder #27 em: Janeiro 27, 2008, 12:58:46 pm »
Um bom texto :wink:
Potius mori quam foedari
 

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Luso

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« Responder #28 em: Janeiro 27, 2008, 01:19:10 pm »
Citação de: "ricardonunes"
Um bom texto :wink:


De facto está lá um "golfinho".
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Jorge Pereira

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« Responder #29 em: Janeiro 28, 2008, 05:35:17 pm »
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Parem de brincar com as palavras

Mário , Crespo, Jornalista

Comecem por aceitar que António Marinho Pinto foi absolutamente concreto nas afirmações que fez. Deu exemplos muito claros e indiciários. Falou de governantes que, sucessivamente, lidam na privada com o que governaram no público.

Não pode haver denúncia mais directa e consistente do que dizer-se que há elementos em cargos relevantes no Estado português que usufruem e exibem lucros obtidos na criminalidade. Quando isto é dito por alguém com responsabilidades num sector fundamental da vida judicial, o Estado tem que actuar em todo o seu colectivo.

Os partidos políticos não podem ajudar à farsa que é a exigência de que quem denuncia apresente logo as provas e o processo instruído ou que fique calado. Não é a um denunciante que compete fazer isso e esta artimanha tem servido a impunidade e é o fermento da corrupção. Com a morosidade e a ineficácia da justiça em Portugal, a probabilidade mais elevada é que o denunciante seja, ele próprio, punido por uma acção oportunistamente levantada por um prevaricador protegido por estratégias dilatórias que entre recursos e pareceres liquidam a justiça.

É verdade que "quem não se sente não é filho de boa gente", mas Portugal é um país de "boa gente" que não só se "sente" como de facto se ressente da ostentação de impunidade que é "ocupar cargos relevantes no Estado português" entre as brumas de imensas suspeições legitimamente levantadas pela "exibição dos benefícios dos lucros da (...) criminalidade". Esta é a exegese daquilo que Marinho Pinto disse algo está profundamente mal na nossa vida pública, sabe-se disso e nada se tem feito.

O procurador-geral da República mandou de imediato abrir um inquérito destacando para ele o seu melhor grupo de combate. Fez bem. Só que no seu despacho não resistiu a incluir uma referência à "gravidade das afirmações feitas" e aí fez muito mal. Com isso, o investigador-mor do Estado levanta o dedão admoestatório contra o denunciante, na velha prática de insinuar "ab initio" a "gravidade" do acto de uma denúncia contra o poder numa atitude que intimida e desencoraja. Provavelmente não terá esse efeito em António Marinho Pinto, mas poderá tê-lo em terceiros, capazes de complementar o processo de denúncia que ele desencadeou. Se isso acontecer, essa despropositada consideração no despacho é susceptível de obstaculizar a busca de justiça, o que é mau.

A Procuradoria tem muito trabalho a fazer e tem que o fazer depressa. Desta vez, dadas a "gravidade" do que foi dito e a responsabilidade de quem o disse, não pode haver desculpas de longas tramitações e infindáveis diligências. Vendo bem, não é um caso assim tão complicado nem uma denúncia inédita. Como sempre, é de boa prática começar pelo princípio. Eu recomendo, por exemplo, uma releitura dos "Contos Proibidos", de Rui Mateus, uma corajosa edição da Dom Quixote de 1996 que, hélas!, desapareceu já das livrarias e ao que parece da memória colectiva. Há lá páginas e páginas de pistas úteis a uma investigação sobre a praxis política no Portugal contemporâneo.

Depois basta ouvir com atenção aquilo que Marinho Pinto já disse em público, alto e bom som interesses do Estado português misturados com interesses estrangeiros, transições de cargos governamentais para áreas privadas ou semi-privadas. Claro que é muita gente (infelizmente é muita gente), mas também há muita gente e muitos meios nos sectores de investigação do Estado para levar tal tarefa a bom termo.

Certamente que a pior maneira de a iniciar ou colaborar com ela é exigir que Marinho Pinto faça todo o trabalho que o Estado não fez em décadas de permissividade, ou ir buscar refúgio em afirmações como as de José Sócrates de que ninguém no seu Governo (e é também tanta gente) está abrangido pelas denúncias. O que quererá isto dizer? Uma sugestão do primeiro-ministro para a investigação se centrar só na Presidência da República, no Parlamento, nos tribunais? Marinho Pinto falou no Estado, em geral.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos