Bósnia e Herzegovina

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jopeg

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Bósnia e Herzegovina
« em: Julho 12, 2010, 01:04:27 am »
Caros,

In RTP:
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Centenas de vítimas foram sepultadas 15 anos depois

17:01, 11 Julho '10
 
Em Julho de 1995 as forças sérvias da Bósnia aliadas do Presidente Slobodan Milosevic chacinaram mais de sete mil homens, jovens e crianças muçulmanos de Srebrenica

Fehim Demir, EPA

Milhares de pessoas prestaram homenagem às vítimas do massacre de Srebrenica, 15 anos após um genocídio perpetrado por forças sérvias que é recordado na Europa como o episódio mais sangrento depois da II Grande Guerra. Os restos mortais de quase oito centenas de homens e jovens muçulmanos da cidade foram sepultados no cemitério de Potocari, onde repousam quatro mil das vítimas executadas às mãos das forças de Slobodan Milosevic.
Centenas de vítimas foram sepultadas 15 anos depois

Quinze anos após o massacre que envergonhou a Europa, depois da identificação por testes de ADN, os restos mortais de 775 das vítimas, cujos caixões estavam cobertos pelo verde do Islão, foram sepultados num momento marcado pela homenagem de dezenas de milhares de pessoas.

Em Julho de 1995 as forças sérvias da Bósnia aliadas ao Presidente Slobodan Milosevic chacinaram mais de sete mil homens, jovens e crianças muçulmanos de Srebrenica, no que o Tribunal Internacional da Haia, Holanda, qualificou de genocídio.

Num gesto pleno de significado, o Presidente sérvio, Boris Tadic, participou hoje na cerimónia de homenagem às vítimas, já depois de, em Março, o parlamento sérvio ter aprovado uma resolução em que é pedido perdão pelo massacre, depois de reconhecer que o governo de então deveria ter tomado outros cuidados para o evitar.

O Presidente sérvio explicava este sábado que a sua presença nas cerimónias era "um acto de reconciliação e de construção de pontes entre as nações do antigo Estado" jugoslavo.

Este gesto contrasta com a decisão do partido de Radovan Karadzic, ainda ontem, de condecorar o chefe político dos sérvios na Bósnia durante a guerra de 1992-1995, que está a ser julgado por genocídio no Tribunal Internacional.


Obama pede rápida detenção de Ratko Mladic

Numa mensagem aos presentes na cerimónia, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou de um massacre que é "uma mancha que fica sobre a nossa consciência colectiva", o que se torna ainda mais intolerável quando "Ratko Mladic, que liderou os massacres, permanece em liberdade".

"Não pode existir paz sem justiça" e sem "a condenação daqueles que perpetraram o genocídio", afirmou Obama, instando à detenção do antigo general Mladic, chefe militar dos sérvios na Bósnia no momento dos massacres.

Ratko Mladic, já condenado por genocídio pela justiça internacional, continua em paradeiro incerto 15 anos após Srebrenica, suspeitando-se que esteja escondido na Sérvia.

O apelo de Barack Obama seria reforçado pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros. Presente na cerimónia em Srebrenica, Bernard Kouchner considerou fundamental "que a justiça detenha o general Mladic".


Julho de 1995

Na altura da Guerra da Bósnia Srebrenica era um enclave muçulmano protegido pelas Nações Unidas, o que levou a que fosse ponto de destino de muitos refugiados.

No entanto, a força militar holandesa que assegurava este protectorado da ONU foi facilmente passada pelas forças sérvias da Bósnia. Perante a passividade dos capacetes azuis, os servio-bósnias forçaram homens e rapazes muçulmanos a embarcar em camiões e autocarros com destino a autênticos locais de abate, para serem depois sepultados em valas comuns.

A fuga de Srebrenica teria início a 11 de Julho com 15 mil homens a tentar chegar à zona de Tuzla, controlada por forças muçulmanas.
No entanto, escasso par de dias após o início da fuga, a coluna seria dividida em duas na localidade de Kamenicke Stijene. Foi a morte para oito mil fugitivos.

Quinze anos depois, milhares de pessoas, entre as quais muitos sobreviventes, percorreram o caminho feito no meio das matas para durante várias jornadas fugirem aos militares servio-bósnios.


Um abraço,

Jopeg
 

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jopeg

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #1 em: Julho 13, 2010, 12:48:41 pm »
Caros Amigos,

Por falar em Bósnia, lembrei-me de trazer até aqui parte da minha viagem à Bósnia e Herzegovina realizada em setembro de 2008.

Útil para quem pense em fazer igual viagem, mostrar como está esta parte da Bósnia nos dias de hoje e, quem sabe, trazer algumas recordações aos militares portugueses que estiveram a prestar serviço na região :?


A viagem em si …

Saídos de Makarska (Croácia) fomos na direcção de Opuzen, o caminho normal para Dubrovnik. Na referida localidade fizemos o desvio para Mostar. De Opuzem a Mostar são 55km, foram portanto 110 km que acrescentamos à nossa viagem, mas que recomendo !!! a quem dispõe de tempo na sua visita à Croácia.

A estrada para Mostar, à semelhança com muitas estradas croatas, não permite grandes velocidades. E atenção à policia :wink:.
 :cry:


Estava na hora de regressar à Croácia. Eram 13h00 e o termómetro marcava 38º. Voltamos pelo mesmo caminho até Opuzen, voltamos à esquerda e voltamos a entrar na Bósnia – Herzegovina. Muito não sabem mas este país tem costa :shock:. Há um pequeno acesso ao mar, com talvez menos de 10km. O estranho é que os bósnios não têm estrada para lá, e se quiserem aceder à sua localidade com mar … têm que entrar na Croácia. Tal significa que Dubrovnik é um enclave e quem vai de Split para esta localidade, tem de passar na Bósnia – Herzegovina.

Fronteira entre a Croácia e a Bósnia – Herzegovina



Viagem completa aqui: http://voltaomundo.net/forum/viewtopic.php?f=84&t=3128

 
Um abraço,

Jopeg
 

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jopeg

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #2 em: Maio 26, 2011, 12:14:03 pm »
Caros,

In Sol:
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Criminoso de guerra Ratko Mladic detido na Sérvia

26 de Maio, 2011

O General Ratko Mladic, líder militar dos sérvios da Bósnia durante a guerra de desintegração da Jugoslávia, terá sido detido esta quinta-feira na Sérvia, anuncia a rádio B92.
Segundo a rádio, fonte de referência na Sérvia, um homem com fortes semelhanças físicas com o procurado criminoso de guerra foi detido esta quinta-feira no país, identificando-se como Milorad Komadic. As autoridades procedem a testes de identificação e suspeitam que se trata na realidade de Ratko Mladic, actual número um na lista dos mais procurados da justiça internacional. A B92 garante que se trata do líder militar sérvio.

Para os próximos momentos está marcada uma conferência de imprensa do Presidente da Sérvia Boris Tadic.


Um abraço,

Jopeg
 

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Luís

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #3 em: Maio 26, 2011, 01:39:28 pm »
Boa noticia!

Bonita viagem essa, gostaria muito de conhecer a ex-jugoslávia
 

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mafets

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #4 em: Julho 16, 2014, 12:44:08 pm »
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=718376
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Um Tribunal de Haia responsabilizou hoje civilmente o Estado holandês pela morte de mais de 300 homens e jovens muçulmanos na localidade bósnia de Srebrenica durante a guerra civil da década de 1990 na Jugoslávia.


Cumprimentos
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

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jopeg

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #5 em: Outubro 15, 2014, 09:44:17 am »
Sarajevo

A Jerusalém da Europa

Preparação da viagem:

No meu objectivo de conhecer as capitais europeias comecei a planear uma viagem às capitais dos países que surgiram com a sangrenta separação da Jugoslávia. Surgiu assim o plano de visitar Sarajevo, a capital da Bósnia Herzegovina.

Escolhi visitar a ex-Jugoslávia em finais de junho, boas temperaturas e dias com bastante luz solar, tendo planeado as coisas de modo a estar em Sarajevo no dia 28/06/2014 precisamente 100 anos após o assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, o Arquiduque Francisco Fernando, que deu origem à I Guerra Mundial.

Não recebendo voos de muitas origens, tive de pensar numa forma mais elaborada de chegar a Sarajevo tendo optado por um voo da Germanwings a partir de Colónia, tal como expliquei com mais detalhe aqui: http://www.voltaomundo.net/forum/viewto ... 286&t=8371

Em termos de duração da visita tracei, devo confessar, um plano demasiado ambicioso:
- Chegaria numa quinta-feira ao final da tarde
- Na sexta faria o passeio do Sarajevo Funky Tours a Srebrenica
- No sábado de manhã conhecia a cidade e assistia às cerimónias evocativas do assassinato de Franz Ferdinand e da parte da tarde faria o passeio do Cerco a Sarajevo.
- Domingo às 11h00 partia rumo ao Montenegro.

Era um plano muito ambicioso e que deixava pouco tempo para a cidade. Depois fui informado pela agência Sarajevo Funky Tours que por questões de "logística e quórum" não iriam realizar o tour a Srebrenica naquela sexta. Alterei os meus planos e acabei por organizar assim os meus dias passados em Sarajevo:

- Sexta de manhã tour Cerco a Sarajevo
- Sexta à tarde visita à cidade
- Sábado de manhã assistir às cerimónias evocativas do assassinato de Franz Ferdinand
- Sábado à tarde visita à cidade

Desta forma fiquei com bastante tempo livre para conhecer e desfrutar da capital da Bósnia. Quanto a Srebrenica (ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Srebrenica ... e_Memorial ) ficarão para uma outra ocasião ...

A visita:

Quinta-feira, 26/06/2014

Cheguei ao aeroporto de Sarajevo ao final da tarde e como este aeroporto não tem transportes públicos para o centro da cidade (lobby dos taxistas ?) caminhei 5/10 minutos até chegar a uma zona servida de transportes para o centro.  O primeiro impacto com Sarajevo é que é uma cidade pobre para padrões europeus e que ainda apresenta marcas da guerra da independência aqui travada entre 1992 e 1995.

Foi debaixo de uma chuva miudinha e com a noite a cair que cheguei ao meu alojamento no centro de Sarajevo. Depois de deixar a mala no quarto fui comer alguma coisa à parte histórica, a Stari Grad. Estava feito o dia ...

Sexta-feira, 27/06/2014

Depois do pequeno almoço esperei à porta do hotel pelo Skender, o guia da Sarajevo Funky Tours, para fazermos o passeio "Sarajevo Sieje" (ver: http://www.sarajevofunkytours.com/en/to ... -incl.html ) que faz-nos recuar ao inicio da década de 90 altura em que a cidade estava cercada pelas forças sérvias.

O guia começou por fazer uma introdução histórica à guerra da Bósnia e ao cerco a Sarajevo, passamos por alguns lugares marcantes dos combates e a primeira paragem seria no Túnel de Guerra.

O museu do Túnel de Guerra


Este museu é agora uma das principais atrações turísticas de Sarajevo. No fundo é uma casa onde começava/terminava o túnel que passava pela pista do aeroporto e que permitiu quebrar o cerco que as forças sérvias impuseram à capital da Bósnia. Através deste túnel foi possível aos Bósnios abastecer o centro de Sarajevo de armas e mantimentos provenientes dos territórios não ocupados pelo exército sérvio. Aqui podemos ver alguns vídeos da recente guerra, objetos relacionados com o conflito e caminhar em cerca de 25 metros do túnel.

O túnel propriamente dito:


O passeio prosseguiu para as montanhas onde, para além da bonita vista sobre a cidade, visitamos mais uns palcos do cerco a Sarajevo, o mais longo cerco da era moderna e que vitimou 11541 pessoas. Por fim visitamos o Bobsleigh dos Jogos Olímpicos de Inverno aqui disputados em 1984. E pensar que dez anos depois a cidade estava mergulhada numa violenta guerra ...

As montanhas que serviram para combates entre bósnios e sérvios:

Um antigo hotel que serviu de quartel às forças sérvias:


Uma alusão ao massacre de Srebrenica:


O bobsleigh dos JO de inverno de 1984:


O tour terminou pela hora do almoço. Fui almoçar na parte antiga antiga da cidade. Comi num turístico restaurante da zona e paguei menos de 15€. O custo de vida é muito baixo para padrões europeus. Com bastante tempo livre para a visita a Sarajevo fui a pé até ao Museu Nacional, passando pelo parlamento bósnio e outros lugares marcantes da cidade e da guerra dos anos 90. Nessa tarde comprei antecipadamente o bilhete de autocarro para a ligação ao Montenegro dois dias depois.

Baščaršija, o coração da parte antiga da cidade:


Stari Grad, o centro histórico:


A forte presença muçulmana:


A mesquita Gazi Husrev-beg:








A principal mesquita da cidade, num país (também) muçulmano:


Artesanato, é notória a influência turca:




A catedral católica, prova da diversidade religiosa da cidade:


Alguns edifícios:




Em alguns prédios ainda são visíveis as marcas do confronto:


A homenagem às vitimas do bombardeamento do mercado municipal:


A homenagem às vitimas que esperavam na fila do pão:


Memorial às crianças vitimas da guerra:


As marcas da queda de uma bomba na avenida que ficou conhecida como a "Sniper Alley":


O parlamento bósnio, também ele vitima dos conflitos da década de 90:

 
No Museu Nacional pude ver uma exposição sobre a guerra da Bósnia. Imagens de Sarajevo durante a guerra (1992-1995) e nos dias de hoje, as atrocidades que foram cometidas e os julgamentos dos arguidos por crimes de guerra no TPI em Haia. Havia também uma exposição sobre o Século XX na cidade, a importância desta no conflito da I Guerra Mundial e umas fotografias sobre a "Titostalgie", a saudades que muitos sentem dos grandiosos tempos da ex-Jugoslávia.

A exposição no Museu Nacional, as vozes das vitimas:


O processo de julgamento dos indiciados por crimes de guerra:


A história em Sarajevo:


Fui para o hotel descansar um pouco e à noite dediquei-me à descoberta do Burek, um dos pratos tradicionais da culinária bósnia onde se percebe, uma vez mais, a influência da secular ocupação turca/otomana.

Alguns edifícios mais imponentes na margem do rio Miljacka:






Uma refeição de Burek:


Sábado, 28/06/2014

Um curto passeio nas margens do Miljacka, o rio que passa em Sarajevo, e às 11h00 assisti à cerimónias do assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, Francisco Fernando e que daria origem à I Guerra Mundial. Exatamente um século depois estava num dos lugares marcantes da história moderna.

A esquina onde aconteceu o assassinato e a história mudou para sempre:


A Ponte Latina, que fez parte do trajeto do Arquiduque:


A placa evocativa:


A reconstituição histórica, a data merecia algo mais marcante:




A Câmara Municipal, onde naquela noite tocou a Orquestra Metropolita de Viena:


Infelizmente as autoridades da Bósnia e da República Sprska, as duas entidades do país, mostraram mais um desentendimento e acabaram por não fazer nenhuma cerimónia digna desse nome. A UE concedeu uma verba de 2 milhões de euros para o evento e o que se viu foi um concerto no edifício da Câmara Municipal e uma pequena reconstituição histórica a cargo do município de Sarajevo. Noutros países e noutras circunstâncias a data teria sido recordada de forma mais marcante.

Saí da Bósnia com uma certa preocupação acerca do futuro do país. É certo que a guerra terminou há quase 20 anos, mas o que saiu dos tratados de paz com a divisão em duas entidades está a bloquear o desenvolvimento do país. Acredito que com a divisão em três, sendo a terceira entidade a Bósnia Croata na região de Mostar o resultado seria ainda pior. A economia não cresce, o desemprego supera os 40%, a corrupção existe, a burocracia é elevada e a divisão em cantões tem um elevado peso no aparelho do estado. Vamos ver o que o futuro reserva a estas gentes ...

Depois do almoço, fui até ao memorial Kovaci um dos grandes cemitérios que ocupam as colinas de Sarajevo. Aqui estão sepultados centenas de combatentes muçulmanos. Subi ao topo da colina para uma vista da cidade.

O enorme cemitério militar bósnio de Kovaci:






A meio da tarde fui ver a exposição fotográfica «Srebrenica Gallery 11/07/95» acerca do massacre de 8373 homens muçulmanos pelas forças sérvias do general Ratko Mladic. Situada num andar de um prédio mostra fotografias e vídeos sobre o pior massacre cometido na Europa na segunda metade do Século XX.

A exposição fotográfica sobre o massacre de Srebrenica:



 
No resto da tarde aproveitei para descansar um pouco, afinal estava de férias, e assisti a uma partida do mundial de futebol na televisão. À noite fui jantar ao Buregdzinica Bosna situado na Stari Grad, seguindo uma indicação do Trip Advisor (ver: http://www.tripadvisor.com.br/Restauran ... anton.html ), e comi outra vez os tradicionais Bureks.

Domingo, 29/06/2014

Apenas tomar o pequeno almoço e fui de elétrico até ao terminal rodoviário, situado junto à estação ferroviária, para iniciar às 11h00 a viagem para Herceg Novi no Montenegro. A música «Sarajevo» dos UHF composta como grito de alerta sobre a sofrida cidade acompanhou-me na despedida da capital bósnia.

Links:
Saber mais Sarajevo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarajevo
Saber mais Bósnia: http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3snia_e_Herzegovina
Turismo: http://www.sarajevo-tourism.com/eng/
Turismo: http://www.bhtourism.ba/eng/sarajevothecity.wbsp
Aeroporto: http://www.sarajevo-airport.ba/?lang=eng


Resumo:
Situada num vale e rodeada de montanhas Sarajevo conta com várias influências. A sua parte histórica faz-nos transportar para uma cidade turca. A arquitetura, a comida, as mesquitas dão-lhe um toque exótico em plena Europa. Depois temos também símbolos e igrejas cristãs e ortodoxas. Todo este mosaico étnico e religioso esteve na origem de uma sangrenta guerra aqui travada entre 1992 e 1995 e que ainda marca a cidade. Não sendo a mais bela das cidades europeias, Sarajevo, por tudo o que acima escrevi, merece uma visita.



Cumprimentos,

Jopeg
 
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FoxTroop

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #6 em: Outubro 17, 2014, 01:05:45 am »
Muito bom mesmo, caro jopeg.  :G-beer2:

Ver as suas fotos e comparar com o que encontrei é extraordinário como a cidade agora está. Não dá para perceber bem nas fotos mas parece que o alfabeto cirilico despareceu da cidade o que só vem provar o que eu esperava que viesse a acontecer. O acantonamento de cada um no seu território. Quando a mão da OTAN e da UE deixar de sustentar o "frio", o conflito congelado que ali está vai acabar de ser resolvido.

Pena que não tenha tido a possibilidade de passar por Potocari e Sebrenica. As paisagens são, como em toda a Bósnia, de tirar a respiração, tanto as paisagens "estáticas" como as "móveis"  :D .
Na estrada entre o complexo onde estavam estacionados os holandeses e Sebrenica encontra-se um pequeno cemitério muçulmano à esquerda que, por ser o unico local seguro de minas, serviu de base de patrulhas à nossa força para espanto dos americanos e locais que nos viam a dormir no meio das campas.  :lol:
 

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jopeg

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #7 em: Outubro 21, 2014, 10:46:02 am »
Estimado FoxTroop,

Depois de ter estudado a questão bósnia e ter estado no local, posso dizer que saí deste país com muitas preocupações sobre o seu futuro.

Não creio que possam voltar a pegar em armas nos mesmos moldes que o fizeram na década de 90, mas o país simplesmente ... não funciona !!!

A divisão em duas entidades, e felizmente que os croatas não levaram a sua avante para a criação do seu território, não funciona e bloqueia o país. As forças da Republika Srpska bloqueiam tudo o que se faça, depois temos os problemas do desemprego (44% dizem oficialmente, cerca de 25% real pois muitos trabalham clandestinamente), do crescimento económico, da corrupção e de um estado excessivamente burocrático e com muito peso na economia.

Disse a um médico bósnio com quem travei uma agradável conversa no voo Zagreb-Lisboa que, por muito que lhe custasse a separação do país, a forma (que eu vejo) da Bósnia dar o salto é a separação da Republika Srpska da Federação Bósnia-Croata.

A viagem para o Montenegro passou pela região de Mostar e a aqui é visível a presença croata. O curioso deste conflito é que muitos associam à disputa entre muçulmanos e sérvios, talvez devido ao massacre de Srebrenica, e esquecem-se das atrocidades cometidas pelos croatas comandados por um criminoso de guerra que foi Franjo Tudman.

Foram os croatas que combateram em Mostar tendo derrubado a famosa ponte. Ainda vi o abandonado quartel das forças americanas nesta cidade.

Fiquei com pena de não visitar Srebrenica, esse lugar tão marcante. Quem sabe se no futuro ...

Abraço,

Jopeg
 

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jopeg

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #8 em: Julho 09, 2015, 03:20:30 pm »
Caros,

Uma boa reportagem da RR sobre os 20 anos dos acontecimentos de Srebrenica:
http://rr.sapo.pt/bosnia-20-anos/capitulo1.html
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Na Bósnia 20 anos são dois dias

Em Julho de 1995, o mundo aprendia que Srebrenica se lê "Srebrenítza", à custa da execução de mais de sete mil homens e rapazes. Numa “zona protegida” pela ONU acontecia o maior massacre em solo europeu desde a II Guerra Mundial. Vinte anos depois, a Bósnia e Herzegovina ainda está a aprender a pronunciar a palavra “democracia”. Em três idiomas diferentes.

Por Catarina Santos, na Bósnia e Herzegovina

“Qual é o teu conflito?”, pergunta um vendedor de rua, que de Portugal só conhece o nome Ronaldo. “Qual é o teu conflito?”, insiste, encostado num canto à espera de clientes, abrigado do sol abrasivo de Sarajevo. “É com os espanhóis?”. Parece confuso com o encolher de ombros e a explicação de que não temos nada comparável à realidade bósnia.

Na complexa teia de divisões étnicas e políticas que caracteriza este país, a concepção do mundo desenha-se ainda em contraponto com o “outro”. Um jogo de barreiras entre sérvios ortodoxos, croatas católicos e bosníacos - o termo usado para definir a nacionalidade dos muçulmanos. Para quem saiu da guerra, daquela guerra, 20 anos é tempo nenhum.

Avdo Purcović tem essa marca tatuada por dentro. Encontramo-lo de esfregona na mão nas escadas da pensão restaurante Mirsilije. O sol de Srebrenica é igualmente castigador. Avdo passa uma mão pela testa suada e senta-se na esplanada. Por hoje está feito.

O negócio corre bem. "Estou satisfeito, tendo em conta a situação em Srebrenica neste momento. Se podia estar melhor? Claro. Podia sempre estar melhor." Como toda a cidade.

A pensão Misirlje fica numa encosta que desce até ao centro da cidade. Recebe clientes do Japão, Austrália, Alemanha, Áustria, Reino Unido, Malásia. A maioria vem visitar o memorial, mas este ano é completamente atípico. "Por causa do 20º aniversário do genocídio, que aconteceu em 1995, estamos à espera de 70 mil clientes, muitos jornalistas. Ouvi dizer que será o maior evento com cobertura mediática no mundo."

É um momento simultaneamente importante e difícil para quem cá mora. Muitos familiares de vítimas vivem nos Estados Unidos, na Austrália, e não vêm todos os anos. Alguns começam a chegar para enterrar os restos mortais de familiares que foram finalmente identificados e que vão juntar-se aos mais de seis mil que têm uma lápide no memorial de Potočari, a meia dúzia de quilómetros de Srebrenica.


"Acreditem ou não, todas as mães que perderam os seus filhos e parentes sonham que eles ainda estão vivos. Encontram consolo no facto de não haver vestígios." Os funerais que acontecem todos os anos por esta altura marcam o fecho de um capítulo longo. "Quando os ossos são encontrados e quando enterram o caixão, esse é o momento em que ganham consciência de que aquela pessoa morreu. E podem então encontrar paz. É muito estranho."

Pesadas as coisas, Avdo acha que teve "uma história feliz". Nasceu em Srebrenica há 30 anos, no seio de uma família muçulmana. “Há 100 anos, a minha família estava na Sérvia. O meu bisavô não era de Srebrenica, era do outro lado do rio Drina, de Užice. A limpeza étnica começou antes, durante a I Guerra Mundial, e ele mudou-se para aqui. Agora aconteceu ao meu pai e à minha família."

Em Março de 1992, sete dias antes de a guerra chegar ali, o pai pegou nele, na mãe e nas duas irmãs e levou-os para casa de uma tia em Tuzla, a 100 quilómetros. Regressou para cuidar do restaurante que já então geria, no mesmo local. E ficou preso em Srebrenica até ao dia em que as tropas do general sérvio bósnio Ratko Mladić chegaram à cidade, em Julho de 1995.

O MASSACRE DE SREBRENICA

Naquele início de Verão de 1995, entre sete e oito mil muçulmanos desarmados foram executados por forças sérvias bósnias à volta de Srebrenica. Os corpos foram atirados para valas comuns e mais tarde desenterrados com escavadoras e novamente enterrados por toda a região, de modo a encobrir os sinais do crime. Ainda hoje continuam a aparecer novas ossadas. Tudo aconteceu em poucos dias.

O enclave de Srebrenica era, desde 1993, uma “zona protegida” pela Força de Protecção das Nações Unidas, desmilitarizada. Em 1995, a missão estava entregue a cerca de 400 tropas holandesas.

Quando as forças sérvias bósnias começam a bombardear a cidade, entre 6 e 8 de Julho, o exército holandês pediu apoio aéreo ao comando da ONU em Sarajevo. Recusado. As forças sérvias capturam 30 holandeses. Repete-se o pedido urgente de apoio, que nunca chega.

A 11 de Julho, mais de 20 mil muçulmanos, sobretudo mulheres, crianças e idosos, procuram refúgio na base do batalhão holandês em Potočari, a 6 km de Srebrenica.

Nesse mesmo dia, o líder das tropas sérvias bósnias Ratko Mladić entra em Srebrenica.

A 12 de Julho, mulheres e crianças são transportadas em autocarros para território muçulmano. Homens e rapazes são detidos para “interrogatório por suspeita de crimes de guerra”. São mantidos em armazéns na região. A 13 de Julho, as tropas holandesas entregam aos sérvios centenas de homens refugiados nas suas instalações. Em troca, são libertados 14 reféns holandeses.

Milhares de outros homens e rapazes muçulmanos, adivinhando o que os esperava, não foram para Potočari a 13 de Julho e fugiram pelas montanhas. Muitos foram capturados por forças sérvias e executados. A 16 de Julho começam a ouvir-se os primeiros relatos do que tinha acontecido, quando os que conseguiram sobreviver à longa fuga chegam a território dominado pelos muçulmanos.

Depois de Srebrenica, a comunidade internacional não podia mais manter o jogo de neutralidade que tinha ensaiado durante todo o conflito bósnio. Em Agosto e Setembro de 1995, a NATO bombardeou intensamente posições sérvias bósnias. Um acordo de paz foi assinado em Dezembro desse ano.


Abdulah Purković sobreviveu três anos numa cidade cercada, que em 1993 ganhou protecção da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi vendo as ruas encherem-se de refugiados muçulmanos que chegavam de várias outras cidades da região. Voluntariou-se para trabalhar com os Médicos Sem Fronteiras e foi esse cargo que o salvou.

Foi um de dois bosníacos que conseguiram sair vivos da base de Potočari, onde estava estacionado o batalhão holandês ao serviço da ONU, encarregado de proteger o enclave. O outro sobrevivente chama-se Hasan Nuhanovic (que a renascença entrevistou em 2011), era intérprete dos holandeses, e teve de informar a mãe, o pai e o irmão que eram obrigados a abandonar as instalações. foram entregues às tropas de mladić e foram executados, juntamente com mais de sete mil homens e rapazes muçulmanos.

O RETORNO

Quando a guerra acabou, em 1995, “as feridas estavam frescas” e a família Purcović vivia a saltar de terra em terra. “Eu mudei cinco vezes de escola primária, não sei quantas casas e senhorios, várias cidades”.

Por essa mesma altura, Jovana Jovanović regressava com a família, depois de três anos a viver na Sérvia. “Os meus avós regressaram primeiro, para ver o que tinha acontecido à casa, para limpar tudo. E nós voltámos porque faltava um ano para a minha irmã ir para a escola e os meus pais não queriam que ela estudasse na Sérvia.”

Os cinco anos que Jovana tinha na altura já lhe permitiram gravar na memória o contraponto com Belgrado, de onde tinha saído. “Lembro-me do aspecto de Srebrenica quando voltámos. Era horrível. Não havia electricidade. A cidade estava cheia de pessoas, mas só se via cães na rua, lixeiras incendiadas, porque as pessoas estavam a limpar as casas. Era uma visão muito estranha.”

Naqueles primeiros anos pós-guerra, as fogueiras não demoraram a apagar-se e a vida começou lentamente a seguir a possível normalidade. “Na minha rua, éramos cerca de 15 crianças a brincar juntas, ficávamos na rua a noite toda.” Eram todos sérvios bósnios como ela.

Se o curso da história tivesse sido outro, Avdo Purcović podia estar entre esses miúdos a correr pelos campos de Srebrenica durante a noite, mas naquela altura não havia um único muçulmano por aquelas paragens. Em 2000, Abdulah Purcović fartou-se de ser refugiado e foi dos primeiros a regressar.

A guerra obrigou dois milhões de pessoas – quase metade da população da Bósnia e Herzegovina em 1991 – a fugir dos seus locais de residência. Para milhares de famílias por todo o país, de todos os grupos étnicos, reaver a propriedade depois do conflito não foi simples.

“A nossa casa já não era nossa. Tinha sido dada a um soldado sérvio como recompensa pelo seu esforço na guerra”, conta Avdo. Depois de um processo “muito lento e doloroso”, com a ajuda das instituições internacionais que estavam no terreno na altura, a casa foi devolvida em 2002.

O restaurante Misirlje foi reconstruído e Avdo continuou o negócio em 2010, quando terminou os estudos e o pai se reformou. As paredes da entrada da pensão estão cheias de fotografias a congelar memórias de grandes almoçaradas com Abdulah Purcović à volta dos tachos. “Dule”, como os amigos o tratavam, morreu no início do ano passado.

OS FANTASMAS DE SREBRENICA

Antes do conflito, os muçulmanos compunham três quartos da população local. O município ficou atribuído à República Srpska (lê-se "serpska", significa república sérvia bósnia), nos acordos de paz assinados em 1995. Estimativas não oficiais dizem que hoje vivem cerca de nove mil pessoas em Srebrenica - 60% sérvios e 40% bosníacos. Mas as estatísticas são terreno pantanoso na Bósnia. Em mais de 20 anos, só um censo foi feito no país, em 2013, e os resultados ainda não estão disponíveis, devido a desentendimentos entre os gabinetes de estatística das duas entidades que governam o país.

Srebrenica não é uma terra de ninguém, mas é terra de pouca gente e de pouco movimento. As várias casas abandonadas na cidade e nas estradas em volta denunciam os que nunca voltaram, os que tentaram e entretanto desistiram de construir um futuro ali.

O jardim-de-infância fica mesmo ali no centro da cidade. Ao fim da manhã, estão 75 crianças a dormir num edifício do tamanho de uma antiga escola primária portuguesa. A directora Vesna Jovanović fecha a porta com cuidado para não os acordar e afasta-se para o jardim.

Vesna mudou-se para Srebrenica há 20 anos, “por amor”. É natural da Sérvia, conheceu lá um rapaz bósnio que tinha fugido da guerra e não o largou mais. Em 1995 regressou com ele, adoptou a cidade como casa e recusa-se a embarcar em visões pessimistas do futuro. “Uns vão e outros vêm. É um movimento circular. Temos crianças a nascer, graças a Deus. Agora, este infantário é pequeno.” Está a tentar reunir fundos para construir um novo, com capacidade para 200 crianças.

GENOCÍDIO É UMA PALAVRA CONTROVERSA

Como acontece sempre que se aproxima um aniversário da queda de Srebrenica, o alarido político acende-se. Este ano foi em torno de uma proposta de resolução da ONU para marcar os 20 anos do massacre, submetida pelo Reino Unido. O documento refere a palavra “genocídio” e vários políticos de topo sérvios bósnios defendem que, se a resolução for adoptada, só vai agravar as tensões étnicas no país.

Os sérvios reconhecem que “um grave crime” aconteceu ali, mas a palavra “genocídio” é rejeitada pela maioria. Mesmo depois de o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, em Haia, ter determinado que foi isso que aconteceu naqueles dias de Julho de 1995.

Outra polémica recente: a detenção na Suíça do antigo comandante das forças muçulmanas, Naser Orić. A Sérvia emitiu um mandado de captura em 2014, acusando-o de crimes de guerra contra sérvios bósnios na região de Srebrenica, durante a guerra de 1992-1995. Mas a Suíça acabou por decidir extraditá-lo para a Bósnia, o que irritou as autoridades sérvias bósnias, que acusam a comunidade internacional de falta de imparcialidade.

Orić foi considerado culpado de crimes de guerra pelo Tribunal de Haia, em 2006, mas foi depois ilibado na sequência de um recurso, em 2008.


Quando lhe perguntamos como se distribuem em termos étnicos, o rosto de Vesna muda. “Para mim é uma pergunta estranha. Tudo aqui é misturado, não nos apontamos uns aos outros por isso. Pelo menos eu não o faço. Temos empregados, pais, crianças de diferentes nacionalidades”.

Vesna e Jovana não aceitam que tenha havido um genocídio em Srebrenica, mas consideram que isso é passado e que as tensões étnicas que subsistem são alimentadas por jogos políticos. E só querem seguir em frente, sem marcas nas costas.

PROJECTAR UM DESERTO

A fuga para Tuzla aos seis anos evitou que Avdo Purković crescesse com imagens para lá de terríveis na memória. Ainda assim, armazenou suficientes para passar a ver o mundo como “um lugar muito ridículo”. O desfile de inacção internacional que viu pela televisão, naqueles anos, moldou-lhe definitivamente a opinião sobre os que “decidem o futuro das nossas vidas”.

“Para eles é um jogo. Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Rússia. Tu estás a ser morto e eles estão a discutir se chegam a um acordo hoje ou amanhã. Não importa. E tu estás a morrer.” Hoje, Avdo não confia na ONU, não confia na União Europeia e não confia no futuro de Srebrenica.


A câmara municipal local é a única no território da República Srpska, cujo presidente é bosníaco. Um fenómeno apenas possível porque, até às últimas eleições, os antigos residentes da cidade podiam continuar a votar para a presidência da autarquia mesmo que não vivessem ali. Houve mudanças na lei eleitoral, entretanto, e é altamente provável que o próximo presidente seja sérvio.

Para já, o gabinete continua ocupado por Ćamil Duraković, que argumenta que a República Srpska tem dificultado propositadamente as condições de vida dos bosníacos na cidade.

“A maioria dos refugiados bosníacos não regressou a Srebrenica porque a possibilidade de terem uma vida normal é reduzida, devido à destruição de infra-estruturas, das casas, e à falta de oportunidades de emprego”, diz-nos Nermina Muminović, funcionária da autarquia. Muminović afirma mesmo que “as políticas repressivas da República Srpska têm como propósito asfixiar a cidade de Srebrenica, tornando os novos investimentos praticamente impossíveis”.

De acordo com a câmara, as empresas locais contam-se pelos dedos: uma pequena fábrica de distribuição de fruta, uma empresa de extracção de zinco, uma fábrica de paletes e um aviário. “Todas juntas empregam cerca de 2.500 pessoas”, assegura Nermina Muminović.

Avdo Purković defende que, “em alguns aspectos, a luta continuou. Não é com as armas, é uma guerra económica para limpar os bosníacos deste território. Se criassem condições para eles regressarem, em poucos anos haveria novamente 50 ou 60% da população a nosso favor. E não seria mais República Srpska”.

O dono da pensão Misirlje atribui uma quota-parte de culpa aos próprios bosníacos. “Estamos a desistir muito facilmente do que é nosso.”

A maior derrota, diz-nos antes de regressar à cozinha, é o estado de dormência que vê à volta, “que pessoas comuns e honestas estejam caladas, que sejam meros observadores”.

Alarga o diagnóstico a todo o país e pensa nos mais novos, que emigram em bando todos os dias, fugindo de uma taxa de desemprego jovem de 60%. “Mesmo os que têm trabalho percebem que a única coisa racional que podem fazer é deixar a Bósnia. Jovens bosníacos, sérvios e croatas têm noção de que não compensa o sacrifício. Por isso toda a gente está a ir embora.”

Ali perto, Jovana acaba o turno de algumas horas num salão de jogos. Está de malas feitas para ir tomar conta de crianças na Alemanha. Tem 25 anos e fartou-se. “Eu gosto muito deste país, é muito bonito, tem rios, lagos, floresta. Se tivesse hipótese de viver uma vida normal aqui, provavelmente ficaria. Mas sei que isso não é possível, porque não se consegue encontrar emprego.” Depois de aprender alemão espera conseguir trabalhar lá na sua área, enfermagem.


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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #9 em: Julho 11, 2015, 02:59:41 pm »
 

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #10 em: Julho 11, 2015, 08:08:19 pm »
 

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #11 em: Julho 11, 2015, 08:28:01 pm »
 

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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #12 em: Julho 13, 2015, 10:06:09 am »
Caros,

In Público:
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Primeiro-ministro da Sérvia atingido com pedras e garrafas em Srebrenica

ANTÓNIO SARAIVA LIMA 11/07/2015 - 17:20 (actualizado às 08:05 de 12/07/2015)

Aleksandar Vucic foi obrigado a fugir na cerimónia do 20.º aniversário do massacre de mais oito mil muçulmanos, às mãos do exército sérvio da Bósnia. Em Belgrado fala-se em "tentativa de assassínio". A Presidência da Bósnia-Herzegovina condenou firmemente o lançamento de pedras.

Aleksandar Vucic, o actual primeiro-ministro da Sérvia foi atacado, este sábado, por uma multidão de bósnios em fúria, por ocasião da cerimónia de mais um aniversário do massacre de Srebrenica, liderado pelo exército sérvio da Bósnia, em 1995. Reunidos no memorial de Potocari, para homenagear as vítimas e enterrar os restos mortais de vítimas, milhares de bósnios lançaram pedras e garrafas à comitiva de Vucic, um antigo defensor da corrente ultranacionalista da “Grande Sérvia”.

Em comunicado, a Presidência tripartida bósnia condenou "firmemente o ataque" e lamentou o sucedido, afirmando que a presença do primeiro-ministro sérvio nas cerimónias evocativas dos 20 anos do massacre foi feita num espírito de "reconciliação e com a intenção de prestar homenagem" às vítimas.

Celebraram-se, este sábado, os 20 anos do aniversário do massacre de 8372 mil homens e rapazes bósnios-muçulmanos, às mãos do exército sérvio da Bósnia, em Potocari, perto de Srebrenica, um território que estava sob a protecção dos capacetes azuis das Nações Unidas, em 1995. Todos os anos, milhares de pessoas juntam-se no memorial, onde estão sepultadas 7100 vítimas desse massacre, para enterrar os restos mortais de mais pessoas, entretanto identificadas nas mais de 90 valas comuns que rodeiam Srebrenica, e homenagear os que ali jazem e os mais de mil que ainda não foram encontrados.

A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro nacionalista da Sérvia, Aleksandar Vucic, cuja presença simbólica teria como objectivo reforçar o rótulo de pró-ocidental, definido pelo próprio, e promover a reconcialiação entre dois povos desavindos. Mas a ida de Vucic a Potocari teve o efeito contrário ao desejado. Os bósnios presentes na cerimónia enfureceram-se com a presença do líder sérvio e arremessaram-lhe garrafas e pedras, provocando a sua fuga e a de toda a comitiva, de regresso para as viaturas oficiais, ao som de ruidosas vaias e insultos.

“Olhem para ele [Vucic] e olhem para todas estas sepulturas”, tinha dito, citada pela agência Reuters, Hamida Dzanovic, uma bósnia-muçulmana que estava no local para enterrar dois ossos, identificados recentemente como pertencentes ao seu marido. “Não sente vergonha por dizer que isto [o massacre] não foi um genocídio? Não sente vergonha por vir aqui?”, questionou.

A presença de Vucic em Srebrenica é polémica por vários motivos. Em primeiro lugar, porque as autoridades sérvias nunca aceitaram caracterizar o que se passou como um genocídio, considerado o mais brutal em território europeu, a seguir ao Holocausto. Como o faz, por exemplo, o Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI) – recentemente, a Rússia, aliada histórica de Belgrado, vetou a proposta do Reino Unido, no Conselho de Segurança da ONU, para oficializar os acontecimentos de Srebrenica como genocídio.

Em segundo lugar, muitos bósnios não perdoam Vucic pelo seu passado na defesa da ideia da “Grande Sérvia”, um fictício território balcânico, de cariz ultranacionalista, sem muçulamnos. O actual primeiro-ministro fazia parte, nos anos de1990, do Partido Radical Sérivo, de Vojislav Seselj, um ex-dirigente político que está a ser julgado, pelo TPI, por crimes de guerra e contra a humanidade.

Em 1995, um jovem Vucic dirigiu-se ao parlamento e ameaçou quem pretendesse atacar o país, numa frase que se tornou célebre, pelo seu cariz anti-muçulmano e que é hoje relembrada pelo jornal The Guardian: “Venham e bombardeiem-nos, matem um sérvio e nós mataremos cem muçulmanos”.

O ministro do Interior sérvio, Nebojsa Stefanovic, disse a uma televisão que os acontecimentos de hoje podem incorrer numa “tentativa de assassínio”. E, avança a AFP, o Governo de Belgrado já exigiu, pelo mesmo motivo, "uma condenação pública" da parte das autoridades da Bósnia-Herzegovina. "Esperamos que as autoridades da Bósnia condenem publicamente esta tentativa de assassínio do primeiro-ministro sérvio", diz o comunicado que o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Sérvia enviou para Sarajevo.

Aleksandar Vucic falou depois à imprensa do seu país. O primeiro-ministro sérvio disse estar “desolado" com o que se passou e lamentou que algumas pessoas “não tenham reconhecido a intenção sincera da construção de uma amizade genuína entre sérvios e bósnios”. Revelou ainda que não ficou ferido, e acusou aqueles que lhe arremessaram pedras de terem causado os verdadeiros ferimentos do dia, “às mães e às famílias das vítimas”. Anunciou também que continuará a prosseguir a sua “política de reconciliação”.


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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #13 em: Dezembro 14, 2015, 03:33:47 pm »
Caros,

In DN:
http://www.dn.pt/mundo/interior/o-telefone-portugues-que-ajudou-a-bosnia-a-nascer-4927279.html
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O telefone português que ajudou a Bósnia a nascer

Hoje está no Museu Histórico de Saravejo, mas durante a guerra era no gabinete de Ejup Ganic, na sede da presidência, que se encontrava o telefone por satélite português
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Amanhã celebra-se o 20.º aniversário da assinatura dos Acordos de Dayton, o compromisso político que em 1995 pôs fim à guerra na Bósnia e Herzegovina.

Arifa Sokolija queria telefonar-lhes. Precisava de saber notícias da filha e do neto. Teriam conseguido chegar? Estariam vivos? Já mais de 15 dias tinham passado desde que Edina e o marido haviam fugido de Sarajevo, atravessando o túnel escavado por debaixo do aeroporto e levando com eles Kerim, de apenas 19 meses. Queriam chegar a Munique, cidade onde viviam os sogros de Edina, e deixar para trás a guerra. Os riscos de partir eram muitos. Mas ficar deixara de ser uma opção.

As bombas, lançadas pelo exército sérvio a partir das colinas que envolvem Sarajevo, continuavam a cair todos os dias no centro da cidade. Além disso, havia os atiradores furtivos, que escolhiam os alvos de forma aleatória e disparavam para matar. A morte podia entrar-lhes casa adentro a qualquer momento. Ou estar à espreita na esquina seguinte. Conseguir água e comida era também uma luta diária.

Um telefone no museu

No Museu Histórico de Sarajevo, na ampla sala onde se conta a história do conflito que assolou a cidade entre 1992 e 1995, há uma peça que salta à vista pelas dimensões. Trata-se de um telefone por satélite que esteve instalado no gabinete do então membro da presidência da Bósnia, Ejup Ganic, e que, durante alguns meses, foi a única via de contacto do país com o resto do mundo.

Numa observação mais cuidada dois detalhes chamam a atenção. Uma pequena etiqueta, já meio descolada, na qual se lê property of the portuguese government; e uma placa com o nome e a morada da empresa que comercializou o aparelho: Omnitécnica, Estrada de Alfragide, 2700 Amadora.

Depois de várias tentativas para conseguir marcar uma entrevista, Ejup Ganic - que hoje é reitor de uma universidade em Sarajevo - aceitou por fim falar com o DN. O tempo para o encontro, porém, estava contado: "O professor tem 20 minutos livres para conversar convosco", informou a assistente. Todavia, assim que percebeu que o telefone português era o motivo da audiência, Ganic baixou as defesas. "Tocou-me no ponto fraco", disse, ao mesmo tempo que recostou as costas no sofá. "Esse telefone por satélite desempenhou um papel histórico. Foi absolutamente determinante a vários níveis. Depois de os sérvios terem bombardeado o edifício dos correios e de cortarem as vias de comunicação, foi o nosso único meio de contacto com o exterior. A 22 de maio de 1992 a Bósnia e Herzegovina foi admitida na ONU, mas isso obrigou a uma grande campanha diplomática, implicou falar com muitos países. Todos esses contactos fiz através do telefone português. No fundo, foi a chave para a nossa admissão nas Nações Unidas. Teve um papel histórico na independência da Bósnia."

Durante a guerra o telefone ficou instalado no gabinete de Ganic na sede da presidência. "Como no edifício existe uma espécie de pátio interior, foi possível colocar aquela parte do guarda-chuva do lado de fora da janela, a apontar para o céu, sem que ninguém a visse. O inimigo não sabia que nós tínhamos o aparelho e, mesmo que soubesse, não conseguiria intercetar as conversas. Também foi determinante para manter o país vivo. Foi através dele que negociámos a compra e a entrada de muito material de guerra e de bens de primeira necessidade", explica, entusiasmado, o agora reitor universitário.

Mas o serviço que o telefone português prestou à Bósnia não se limitou ao aspeto diplomático e militar. Para muitas famílias serviu também para contactar os familiares que tinham saído de Sarajevo. "As pessoas ligavam para as crianças e choravam quando ouviam as vozes delas do outro lado. Para algumas mães e pais foi o primeiro contacto que tiveram com os filhos em seis meses ou um ano. Penso que talvez 200 famílias tenham usado o telefone", recorda Ganic.

Mirko Pejanovic, professor na Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Sarajevo e que durante o conflito também fez parte da presidência, confirma as palavras do colega dos tempos da guerra. "Sim, o telefone foi muito importante a nível diplomático, mas também numa dimensão humana. Ganic permitiu que muita gente o utilizasse para contactar com os familiares. Eu fui um deles. A minha mulher e os meus filhos tinham saído de Sarajevo e estavam em Génova, em casa de uma tia. Foi através do telefone que tive possibilidade de comunicar com eles. Em tempo de guerra e nas condições em que vivíamos, foi de uma importância determinante a nível psicológico."

Avó em tempo de guerra

Sentada a uma das mesas da cafetaria do Hotel Europa, no centro de Sarajevo, Arifa vai desfiando as memórias. Foi em 1960 que ela e o marido se mudaram para a capital. Ele era comerciante na indústria da carne e ela trabalhou durante longos anos na cozinha da câmara municipal. Tiveram três filhas. Suada, a mais velha, nascida em 1962, já vivia na Áustria quando a guerra começou. Mas Edina, seis anos mais nova do que a irmã, e Aisa, que tinha apenas 20 anos no início do conflito, viviam em Sarajevo com as respetivas famílias.

Houve momentos em que a morte esteve muito perto da família Sokolija. Com o início da guerra, Arifa e o marido deixaram a casa de família onde viviam na colina de Sedrenik, demasiado próxima da linha da frente, e ocuparam um apartamento no centro da cidade. "Uma bomba caiu entre o nosso prédio e o prédio ao lado. As janelas do apartamento debaixo do nosso ficaram completamente partidas. Felizmente nada nos aconteceu." Foi em plena guerra que se tornaram avós. Kerim nasceu numa cidade cercada a 13 de janeiro de 1994. Quando ele e Edina se foram embora para nós foi terrível. Éramos muito chegados ao menino."

"O que seria feito desse telefone?"

Ejup Ganic viu pela primeira vez o telefone por satélite numa visita aos monitores portugueses que estavam em Sarajevo integrados na missão de observação da então CEE. Num momento em que já era previsível que o exército sérvio viesse a cortar as comunicações internacionais, antecipou a importância que o aparelho poderia representar. Mais tarde, "talvez a 5 ou 6 de maio" - já depois de o edifício central dos correios ter sido destruído -, enviou dois dos guarda-costas para confiscar o telefone. "Dei-lhes um recibo para entregarem aos militares portugueses. No fundo era um documento que lhes permitiria justificar o facto de terem deixado para trás o telefone. Eles já estavam a fazer as malas para se irem embora, quando os meus guarda-costas foram lá e trouxeram o aparelho."

Neste ponto da narrativa as versões divergem. "O senhor Ganic está a contar mal a história", afirma perentório Joaquim Cuba, um dos quatro observadores portugueses presentes em Sarajevo em 1992, hoje já reformado. "Lembro-me de que houve conversas entre nós sobre se devíamos ou não deixar o telefone. No final terá sido o chefe do centro a decidir, mas ele já morreu. De qualquer forma, para ter tomado essa decisão, é porque muito provavelmente já teria recebido uma autorização superior. Nós saímos de Sarajevo a 12 de maio e só na véspera é que entregámos o telefone", explica Cuba.

José Trigueiros, outro dos militares portugueses em Sarajevo, corrobora a versão do colega. "Não me recordo ao certo de como tudo se passou, mas só deixámos o telefone porque houve autorização. Essa autorização veio provavelmente do governo português." Contactado pelo DN, o embaixador João Salgueiro - nomeado chefe de missão pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros João de Deus Pinheiro - confessa que não tem memória dos factos. "Lembro-me de muitas coisas e de muitos episódios, mas não me recordo sequer da existência desse telefone. Afinal já passaram quase 25 anos."

Outro detalhe que Trigueiros põe em causa é a hipótese de terem sido os homens de Ganic a ir buscar o telefone: "Estávamos sitiados num território controlado pelos sérvios e nessa altura os combates já eram ferozes. De certeza que foi um de nós a ir entregar o aparelho. É possível que tenha sido o tenente-coronel Soares dos Santos, mas ele infelizmente já morreu. O que me recordo é de eu próprio ter escrito em inglês um papel com instruções para que eles pudessem trabalhar com aquilo."

Mais de duas décadas volvidas, é com agrado que Joaquim Cuba puxa atrás as memórias. "Palavra de honra que muitas vezes me perguntei o que seria feito desse telefone", confidencia, num café junto ao Tejo, em Vila Nova da Barquinha, a terra onde hoje vive. "Não fazia ideia de que estava num museu."

Tudo bem do outro lado da linha

Tudo o que Arifa queria era telefonar-lhes. Precisava de saber notícias da filha e do neto. Há mais de 15 dias que tinham partido. Foi então que se lembrou de perguntar ao amigo Safet Kapo, que colaborava de forma muito próxima com Ejup Ganic, se haveria alguma forma de entrar em contacto com Edina. Ele disse que sim. Já tinha caído a noite no dia em que os dois se deslocaram ao edifício da presidência. "Estava cheia de medo. Aquela era uma zona onde os bombardeamentos eram constantes", conta Arifa. Kapo encaminhou-a até ao gabinete de Ganic onde estava instalado o telefone. Teclou o número dos sogros de Edina, em Munique, e pouco depois ouviu-se a voz da filha do outro lado da linha. "Não me lembro do que dissemos. Só sei que no meio da excitação e do medo estávamos muito contentes por termos notícias uma da outra." Arifa não sabe precisar a data exata em que tudo se passou. Só telefonando à filha para avivar a memória. Mas agora as comunicações são mais simples. Abre a mala, pega no telemóvel e em poucos segundos tem a resposta: "Foi em outubro de 1995." Dois meses depois, a 14 de dezembro, seriam assinados os Acordos de Dayton e a paz chegaria à Bósnia e Herzegovina - um país que nasceu com a ajuda de um telefone por satélite português.

Entrevistas realizadas com a ajuda da intérprete Selma Baltic.


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Re: Bósnia e Herzegovina
« Responder #14 em: Julho 12, 2016, 12:13:51 pm »


Sepultadas 127 vítimas do massacre de Srebrenica, 21 anos depois