Em nenhum episódio dos anos trinta se mentiu tanto como neste-Guerra Civil de Espanha-e só em tempos recentes os historiadores começaram a
extrair a verdade da montanha de falsidades sob a qual esteve oculta durante uma geração.
Paul Johnson,Tiempos Mdernos (2 000) Buenos Aires
Não será difícil encontrar um consenso neste foro de que a Guerra Civil é a pior das guerras, antes de corromper os corpos dos seus intérpretes destrói
a alma.
Se fôrmos à Europa "rica" e tocarmos ao de leve na I ou II Grande Guerra,encolhem os ombros e dão a entender não terem tempo para conversas. Nalguns países ocupados entre 39-45 observam-se em construções mais antigas buracos de bala,em Budapeste,no entanto,são lembranças da insurreição de 1956.
Os alemães, então,nem querem ouvir falar nisso. Na Europa,o que resta são alguns monumentos onde se presta culto aos caídos,anualmente.como acontece
cá junto ao monumento que evoca a I Grande Guerra.
Mas na Espanha foi diferente.Proclamada a República,em 1930,as lutas começaram dentro dos próprios partidos entre os sectores moderados e os críticos
da "democracia burguesa",à esquerda. No Congresso do PS,em que se digladiaram Julián Besteiro, catedrático de Lógica na Universidade de Madrid e Pre-
sidente das Cortes,homem moderado e de bom senso,que pretendia acima de tudo evitar a Guerra Civil,e Francisco Largo Caballero,preconizando a união
do PSOE com o Partido Comunista,e adepto de uma ditadura do proletariado,com vista a construir o Socialismo.É fácil de concluir que a demagogia de Largo
Caballero ganhou as eleições no PS dando mais um passo ao encontro da guerra.
À direita pontificava a CEDA (Confederatión Española de Derechas Autonomas) dirigida por José Maria Gil-Robles,jurista e professor universitário,que se assu-
mia como grande partido conservador.Com a guerra à vista,as juventudes da CEDA copiavam os ritos e atitudes dos falangistas,ao melhor estilo mussolini-
ano.
José Maria Zavala,historiador e analista,escreveu "Los horrores de la guerra civil"-Plaza y Janés-2004 que mais parece uma história de terror elaborada por
uma mente doentia,onde descreve o sadismo e a maldade com que os espanhóis se assassinavam mútuamente demonstrando o pior da raça humana.Isto sem
falar na "maior perseguição religiosa da história" com a liquidação de 6 000 religiosos da forma mais bárbara
Passados que são 75 anos,com os coevos desaparecidos, ainda permanecem na memória os chocantes acontecimentos passados,ao ponto de um intelectual
afirmar "Perdoo,mas não eaqueço".E aí estão as duas Espanhas de 36: sociológicamente,políticamente,geográficamente...
Não se passa um mês que não venham a público novas obras e novas revelações, que pretendem explicar o que se passou,como foi e talvez porque foi.
É claro que não vale deixar as culpas todas para a ideologia,fingindo não haver ajustes de contas,ciúmes,dívidas,vinganças,etc.
Muito resumidamente vou dar exemplos das "falsidades":
]Insurreição de 1934
"Diz-se que os militares de Franco apoiados pelas classes possidentes e o clero,iam dar um golpe e promover um regime fascista"
Atrás do diz que diz,promoveu-se o levantamento de 1934,com vista a fazer a revolução proletária,e acabar de vez com os ricos,impondo a ditadura do
proletariado. Sublinhe-se que esta revolta se deu contra um regime democrático,onde tinham lugar socialistas e outros partidos de esquerda.
Batalha de Madrid"Franco atacou Madrid com forças muito superiores ao adversário,com a ajuda da aviação alemã e artilharia italiana e encontrou pela frente o povo de
Madrid,precáriamente armado,mas disposto a defender a capital,sendo batido o exército fascista"
Na realidade,Franco depois de libertar o Alcazar de Toledo,voltou-se para Madrid com o intuito de cortar as principais vias do Norte.O ataque começou
a 3 de Outubro de 1937,com 14 000 homens frente aos 15 000 dos republicanos.O ataque,nestas condições,estava desequilibrado,sobretudo quando apare-
ceram os tanques russos T-26,além disso os revoltosos tinham pouca artilharia pesada,aviões piores que os soviéticos,e linhas de abastecimento vulneráveis.
Cerca de 2 000 homens das Brigadas Internacionais também lutaram.E assim se desfaz o mito do Exército contra o povo.
Guernica"Bombardeada pela aviação alemã da Legião Condor,uma povoação aberta com mulheres e crianças,causou de 1 654 a 3 000 mortos"
J.Salas,investigador e académico,percorreu Guernica em 1987,abriu valas,recolheu dados nos Hospitais de Bilbau,falou com dezenas de pessoas,deixando
um cartão com o telefone,caso se lembrassem de mais mortos.Até agora ninguém telefonou...Conclusão de Salas:no máximo 120 mortos para 5 000 pessoas.
Mas há mais mentiras,muitas mais....
BIBLIOGRAFIA: La Guerra Civil Española-Burnett Bolloten
Los datos exactos de la guerra civil-Ramón Larrazábal
La otra memoria histórica-Nicolas Salas
Martires por su Fe-Jesús Bastante
Madrid en guerra-Javier Cervera