Mario Soares está senil

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papatango

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Mario Soares está senil
« em: Março 19, 2004, 11:33:16 am »
Meus caros. Aquilo que já alguns de nós suspeitavam, infelizmente, tem que ser - e digo-o cabisbaixo - confirmado.

Uma das figuras que marcdam a História de Portugal durante o terceiro quartel do século XX, encontra-se gravemente doente.

Ao contrario de Alvaro Cunhal, que decidiu retirar-se da vida politica, quiçá aceitando muito dos disparates que fez e dedicando-se a escrever livros, Mario Soares, não seguiu o mesmo caminho.

O resultado está á  vista. É triste, mas é verdade.

Mário Soares, o resistente ao comunismo, é hoje, pouco mais que Mario Soares, o tonto.


A sua ultima pérola é a aceitação da negociação com os terroristas.

O Dr. Mário Soares acha que, como não é possível encontrar todos os terroristas para os colocar na cadeia, (ou então para lhes fazer uma pequena operaçãozita de remoção da cabeça), talvez seja possível falar com todos eles para negociar.

O que pretende o Dr. Mario Soares entregar aos terroristas Islamicos?
Colonias na peninsula Ibérica?
Entregar ao Bin Laden o reino do Algarve?
Ou será que se negoceia apenas o reino de Silves?

Será que bem negociado, eles não se contentam em anexar o Alberto João Jardim ?
(pensando bem até nem era má ideia)

Isto é inaudito. Não é possível negociar com terroristas hoje como não foi possível nunca.

A ultima do Dr. Soares é afirmar que também se negociou com os movimentos terroristas africanos, que na altura (segundo ele) também eram considerádos movimentos terroristas.

ISTO É INDIGNANTE!

O homem habituou-se a negociar, mas como foi um péssimo negociante só se habituou a baixar as calças. Agora, considera que uma vez que já negociou dessa forma, se pode voltar a fazer o mesmo.

O mais engraçado, é que este senhor, vem agora colocar Agostinho Neto, Holden Roberto (criminoso numero 1), Eduardo Mondlane, Samora Machel e Amilcar Cabral, ao mesmo nível do Sr. Osama Bin Laden.

Afinal, diz-nos hoje o Sr. Mario Soares, que o PAIGC não era mais que uma AL-QAEDA.

O Dr. Soares vem-nos dizer que afinal o que aconteceu em 1975 foi a rendição de Portugal á Al-Qaeda, levada a cabo por Mário Soares.

Estamos nós a dizer que o Zapatero se acobardou. Afinal, parece que também temos disso, e já temos gente especializada.

Resta-nos acreditar que Mário Soares já não está, como de facto eu acredito, na posse de todas as suas faculdades mentais.

A guerra em África foi um disparate. A forma como se acabou com ela foi igualmente terrível, embora muito se possa assacar ao facto de o anterior regime não ter tido um pouco de miolos para tentar desatar o nó em que se meteu (embora hoje se diga que até estava a tentar fazê-lo, embora tenha concluido o inevitavel demasiado tarde)

Estas declarações de Mario Soares, no entanto vêm deitar um pouco de luz sobre o tema. Talvez seja hora de pedir explicações ao Dr. Mario Soares em tribunal.


Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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Bravo!
« Responder #1 em: Março 19, 2004, 12:33:43 pm »
"A ultima do Dr. Soares é afirmar que também se negociou com os movimentos terroristas africanos, que na altura (segundo ele) também eram considerádos movimentos terroristas.

ISTO É INDIGNANTE!

O homem habituou-se a negociar, mas como foi um péssimo negociante só se habituou a baixar as calças. Agora, considera que uma vez que já negociou dessa forma, se pode voltar a fazer o mesmo.

O mais engraçado, é que este senhor, vem agora colocar Agostinho Neto, Holden Roberto (criminoso numero 1), Eduardo Mondlane, Samora Machel e Amilcar Cabral, ao mesmo nível do Sr. Osama Bin Laden.

Afinal, diz-nos hoje o Sr. Mario Soares, que o PAIGC não era mais que uma AL-QAEDA.

O Dr. Soares vem-nos dizer que afinal o que aconteceu em 1975 foi a rendição de Portugal á Al-Qaeda, levada a cabo por Mário Soares. "

 :G-Kill:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #2 em: Março 19, 2004, 01:50:29 pm »
Caro papatango,

Nem mais. Estou perfeitamente de acordo. Ao longo da última década o Dr. Mário Soares tem-se tornado um verdadeiro animal político. Nunca esquecerei o seu relatório que descrevia a Argélia como um país sem qualquer problema de segurança, e por consequência sem qualquer necessidade de apoio por parte da ONU ou EU, que ele mesmo entregou à comissão europeia e, no dia seguinte, 243 pessoas foram massacradas no interior no país. É um homem com visão. Sem dúvida.  :roll:

A gente lá lhe perdoava as suas tentativas, em vão, de falar francês, mas isto é certamente demais.
Ricardo Nunes
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fgomes

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Sinais inquietantes
« Responder #3 em: Março 19, 2004, 07:33:45 pm »
Isto é uma espécie de de regresso ao passado, à descolonização "exemplar" à debandada vergonhosa de África.

As declarações de políticos europeus estão a criar uma atmosfera de capitulação perante o terrorismo. O que é que se vai negociar com os terroristas islâmicos ? Isto só os vai encorajar mais !
 

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JNSA

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« Responder #4 em: Março 20, 2004, 12:29:18 pm »
Eu andava a evitar entrar neste tópico (e noutros) que têm surgido aqui desde o 11 de Março... Isto parece que anda tudo a "virar à direita"... :wink:

Eu não sou familiar, nem cliente, nem sequer conheço pessoalmente o Dr. Mário Soares, mas do que ouvi da sua última intervenção, não posso estar mais de acordo

Citar
A sua ultima pérola é a aceitação da negociação com os terroristas.

O Dr. Mário Soares acha que, como não é possível encontrar todos os terroristas para os colocar na cadeia, (ou então para lhes fazer uma pequena operaçãozita de remoção da cabeça), talvez seja possível falar com todos eles para negociar.

O que pretende o Dr. Mario Soares entregar aos terroristas Islamicos?
Colonias na peninsula Ibérica?
Entregar ao Bin Laden o reino do Algarve?
Ou será que se negoceia apenas o reino de Silves?

Será que bem negociado, eles não se contentam em anexar o Alberto João Jardim ?
(pensando bem até nem era má ideia)

Isto é inaudito. Não é possível negociar com terroristas hoje como não foi possível nunca.

Peço desculpa Papatango, mas não posso deixar de considerar este tipo de argumentação, e sem querer ofendê-lo, um disparate

Essa história de que não se negoceia com terroristas é um daqueles clichês bonitos que aparecem nos filmes americanos, mas que na prática só conduz a disparates completos (tal como a mania americana das rendições incondicionais, algo que nunca fez parte da mentalidade europeia, que travava guerras com honra, e que sabia parar quando o inimigo estava vencido)

À dias, uma escritora espanhola, se não estou em erro, dizia - "Com quem é que havemos de negociar, a não ser os terroristas? Negoceia-se com os inimigos, não com os amigos" (não é à letra, mas o espírito é este)

Que eu saiba, ninguém acusou o governo inglês de baixar as calças ao negociar com o IRA e o Shin Fein, e esta negociação parece ter, por agora, resolvido o conflito e evitado muitos mortos.

A ideia de que não se deve negociar com os terroristas é a forma de, autisticamente, esconder-mos as verdadeiras razões por trás do terrorismo - a maioria das pessoas diz -"Eles matam-nos porque são maus" (foi mais ou menos isto que o George W. disse acerca do Saddam). Se calhar deviam era perguntar-se antes - "será que nos lhes estamos a dar razões para nos matarem".

Coloquemo-nos na posição dos muçulmanos. Imaginemos que as grandes potências económicas e militares do mundo eram os árabes, e que nós, os cristãos, éramos explorados economicamente, e alvo de ataques militares a bel-prazer. Se calhar também ficaríamos imbuídos de espírito de cruzada e iríamos estoirar umas bombitas...

Eu gostaria de saber o que é que a maioria dos membros deste fórum faria se estivesse, por exemplo, na pele dos palestinianos (e com este exemplo não estou a ser anti-semita, até porque acho que israelitas e palestinianos têm ambos direito a um estado próprio), expulsos das suas casas e empregos à décadas, obrigados a viver, muitas vezes, em campos de concentração, alvos de ataques da maior potência militar da zona... E pior ainda, conscientes de que não têm meios convencionais para enfrentar os vossos inimigos... Se calhar, e provavelmente, também recorreriam ao chamado (muitas vezes incorrectamente) terrorismo...

Citar
A ultima do Dr. Soares é afirmar que também se negociou com os movimentos terroristas africanos, que na altura (segundo ele) também eram considerádos movimentos terroristas.

Mais uma vez o Dr. Soares está correcto - basta ler um livro de história (o do 9º ano creio que tem lá isso...) para saber que o Estado Novo denominava de terroristas os movimentos de libertação.

Citar
O mais engraçado, é que este senhor, vem agora colocar Agostinho Neto, Holden Roberto (criminoso numero 1), Eduardo Mondlane, Samora Machel e Amilcar Cabral, ao mesmo nível do Sr. Osama Bin Laden.

Afinal, diz-nos hoje o Sr. Mario Soares, que o PAIGC não era mais que uma AL-QAEDA.

O Dr. Soares vem-nos dizer que afinal o que aconteceu em 1975 foi a rendição de Portugal á Al-Qaeda, levada a cabo por Mário Soares.

Não Papatango, o Dr. Soares não fez nenhuma dessas comparações - utilizou o termo terroristas para os líderes desses movimentos pois como disse, era o termo que o Estado Novo empregava.

Quanto à "rendição" de Portugal aos movimentos de libertação, protagonizada pelo Dr. Soares e pelo Dr. Almeida Santos - este é talvez um dos momentos da nossa história que se devia estudar melhor, em vez de se ouvir tanto as posições do Dr. Portas.

Como é que é possível vencer na mesa de negociações quando não se tem qualquer trunfo? Como é que é possível ganhar a negociação quando de um lado temos grupos de guerrilheiros, bem armados, instalados no terreno, apoiados pela população e pelas 2 potências - URSS e EUA - e do outro temos dois representantes de Portugal, cuja legitimidade era revolucionária, com a população portuguesa a exigir o regresso imediato das tropas, com estas mesmas tropas a pararem muitas vezes de combater, e a entregar as armas, quando tal não lhes tinha sido ordenado?? Acha que alguém consegue ganhar alguma coisa neste contexto? Se quiser culpar alguém, culpe a população portuguesa, mas não os "mensageiros"...

Citar
Estamos nós a dizer que o Zapatero se acobardou. Afinal, parece que também temos disso, e já temos gente especializada.

Outra das frases que tem sido muito reproduzida nos últimos tempos. As mesmas pessoas que acham que o Presidente Bush venceu umas eleições democráticas, são as quem vêm dizer que o acto do PM Zapatero foi uma cobardia... Para mim, as últimas eleições em Espanha foram uma das maiores demonstrações de democracia que eu já vi:
- o PM Aznar e o PP tentam manipular a opinião pública (acreditando talvez que as pessoas são estúpidas - curiosamente também há muita gente que pensa isto em Portugal - afinal temos muitas afinidades...) culpando a ETA como forma de se livrarem da "batata quente"
- mesmo quando toda a gente tinha percebido que, com 90% de certeza, os atentados tinham sido cometidos pela Al-Quaeda, o Governo espanhol insistia na ETA
- a população espanhola, numa enorme demonstração de cidadania, penaliza nas eleições o PP dá a vitória ao PSOE
- o líder do PSOE afirma que cumprirá uma promessa eleitoral (milagre nos dias de hoje - veja-se o caso português)

Espero que não se ofenda Papatango, até porque as minhas palavras não foram dirigidas directamente a si... De qualquer maneira acho que tenho direito a dizer o que penso  :lol:  ( e isto dito por um filho de um advogado, e estudante de Direito  :wink:  )

Mas como também gosto de gozar um bocado:

“All the extravagance and incompetence of our present government is due, in the main, to lawyers, and, in part at least, to good ones. They are responsible for nine-tenths of the useless and vicious laws that now clutter the statute-books, and for all the evils that go with the vain attempt to enforce them. Every Federal judge is a lawyer. So are most Congressmen. Every invasion of the plain rights of citizens has a lawyer behind it. If all lawyers were hanged tomorrow, and their bones sold to a mah jong factory, we’d be freer and safer, and our taxes would be reduced by almost half.”

H.L. Menchen, “Breathing Space,” The Baltimore Evening Sun (Aug. 4, 1924)

Abraços a todos
 

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Spectral

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« Responder #5 em: Março 20, 2004, 02:11:11 pm »
Por muito que respeite e admire até o Dr. Mário Soares ( e já agora, concorde com todo o post do JNSA em princípio) tb tenho de dizer que acho as últimas declarações dele , no mínimo infelizes...

E como o JNSA disse, essa conversa da descolonização dos seus erros e da suposta "traição" é nada mais que um cliché . Alguem já reparou nas condiçoes ( tanto internas como externas) em que decorreram as negociações ? Que vantagem as pessoas daqui esperariam que fossem obtidas ??


cumptos
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Luso

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« Responder #6 em: Março 20, 2004, 02:16:22 pm »
"Caro Luso, espero que nunca venha a precisar de um (e isto dito por um filho de um advogado, e estudante de Direito)"

Mas eu já precisei, meu caro! E continuo a precisar. Mas já aceitei que não posso contar com eles. Nem com os mais ilustres professores de direito. Apenas conto comigo.
Não. Não sou um inquilino do Estado!  :wink:

Mas ao defender o velho Mário...  :bang:
Depois cresce-se.

Estes ícones são mesmo engraçados...
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dremanu

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« Responder #7 em: Março 20, 2004, 03:05:32 pm »
Amigo JNSA porque razão não estar de acordo com negociações com terroristas é sinónimo de se alinhar a ideologias de direita? Eu sou totalmente contra negociar com terroristas, e não sou adepto nem de partidos de esquerda, nem de direita.

Será possível que a razão que as pessoas estam todas " a virar a direita", é porque estam fartas de ouvir demagogia política divisionária, que não serve os interesses do país, servindo só os interesses dos sangue-sugas fala-barato dos partidos Portuguêses, que não servem p'ra nada, e que quando vão trabalhar sejá para onde for, só se interessam em aquecer a cadeira onde se sentam, em vez de arregaçar as mangas e trabalharem para melhorar a qualidade de vida dos Portuguêses.  

E quem pensa que se pode dialogar com fundamentalistas islãmicos está a sonhar. Jà tive a oportunidade de conversar com Israelitas, todos eles ex-militares, e quando lhes perguntei exactamente sobre a questão da palestina, e porque não se procurava uma solução através do diálogo, a resposta foi muito simples.

Muçulmanos não entendem o diálogo ao estilo dos ocidentais, na mente deles não existe a ideia de se encontrar consenso com o infidel, e se o infidel procura diálogar é visto, na mente do muçulmano, como indicação de uma fraqueza a ser explorada, um ganho que foi obtido a favor do muçulmano. A essa gente só lhes interessa a vitória final, não querem saber de paz p'ra nada, nem dos interesses dos ocidentais p'ra nada, nem de encontrar uma solução intermédia de "win-win" para as duas partes. Fundamentalistas são adeptos do tudo ou nada, do "zero-sum game", vitória para um e derrota para o outro.

E o Luso está muito certo no que diz respeito à mente de um advogado. Só mesmo um advogado é que pensa que se pode negociar com fundamentalistas, e  encontrar uma solução que satisfaça toda a gente. Isso é muito bonito dentro de um sistema jurídico, ou entre pessoas que têm culturas compativeís, mas nestas questões onde se opôem dois pensamentos culturais diferentes, e onde um dos protagonistas se guerreia na base de ideais religiosos, de raça, de cultura, etc, é muito mais complicado e perigoso.

E quem é a Al-Qaeda? Quem representam eles? Quem deu a essa gente autoridade para cometer terrorismo em nome de todos os muçulmanos? E mesmo tendo muitos muçulmanos a dizer que são contra essa organização, quem nos diz a nós, ocidentaís, que sub-conscientemente, lá no íntimo profundo, o que a maioria desses povos muçulmanos desejam mesmo é que a al-queda tenha successo e consiga humilhar o infidel.

E imagine-se que depois de negociações com os terroristas da al-qaeda, as tropas do ocidente saêm do Afeganistão, do Iraque, da Arábia Saudita, e de todos os países onde vivem muçulmanos, o que é possível vir a aconteçer? Seria impossível imaginar um califado que começa na Indonésia e acaba em Marrocos? Ou enormes guerras internas entre os Suni e os Shias, exacerbando ainda mais a miséria humana que existe por esses países muçulmanos, e criando milhões de refugiados por todos os lados, que viram bater as portas dos países de primeiro mundo.

Hà que não ter ilusões, a mentalidade muçulmana não é como a mentalidade cristã, o islão é uma religião de extremismos, de pensamentos ao estilo da idade média, de gente bárbara, de andar armado com facas, e AK-47 às costas, cortar mãos e pés como castigo leve, matar mulheres á pedrada, mutilar o sexo das mulheres para que estas não possam ter prazer durante o acto, das mulheres andarem cobertas dos pés a cabeça com panos, e dar tiros para o ar para celebrar casamentos, e do olho-por-olho, dente-por-dente.

Esta ideia de se negociar com terroristas islãmicos é uma completa loucura...
« Última modificação: Março 20, 2004, 05:14:48 pm por dremanu »
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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papatango

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« Responder #8 em: Março 20, 2004, 04:56:51 pm »
Acho muito bem que haja quem discorde.

No entanto, não me parece que haja uma "viragem á direita", ou então, não entendemos muito bem o que é isso de viragem á direita.

A democracia portuguesa deve muito a Mario Soares. No entanto, o facto de estarmos devedores (por muito que até possa custar a alguns), não é razão para não criticar o Dr. Soares quando ele produz declarações que não têm pés nem cabeça.

Do ponto de vista objectivo, o que é que diferencía a Al-Qaeda da FNLA?

Da mesma forma que encontramos razões para justificar as acções em Angola ou na Guiné, do que se convencionou chamar movimentos de libertação, também as encontramos na Palestina e no Médio Oriente, razões para justificar as acções da Al-Qaeda em Nova Iorque, Washington ou em Madrid.

O Modus Operandi, é basicamente o mesmo, com a diferênça de que na maior parte dos cenários, os portugueses fizeram um trabalho muito mais eficiente que os outros (mas enfim, isso é outra história).

O Mário Soares aparece com duas ordens de razões para justificar a sua tese do dialogo:

Tese 1
Dialogar com Hitler:

Óra, meus senhores, o que é que fez a Europa nos anos 30 que não fosse "baixar as calças" perante Hitler ?
Entregaram-lhe a zona militarizada, para evitar conflitos. entregaram-lhes os Sudetas, para negociar com Hitler. Depois foi o Anschluss e a Austria, depois foi a Checoslovaquia toda. Finalmente, com a Polonia a França e o Reino Unido decidiram que era demais.

A Europa se tivesse seguido a norma ou regra do Mario Soares (negociar, negociar, negociar) tinha-se rendido a Hitler de uma ponta á outra.

Com que autoridade é que este senhor nos vem dizer uma barbaridade destas?

É um abuso, e um insulto á História recente de Europa.

Como se isso não bastasse e a adulteração imbecil (só justificada com senilidade, do meu ponto de vista) não chegasse, hoje sabe-se que os proprios japoneses propuseram a Hitler, tentar uma paz separada, sendo que Hitler recusou.

O Dr. soares não sabe história, ou então sabe e está apenas a utilizar a falta de interesse dos cidadãos pela História, para inventar, e esquecer o que realmente se passou, baseando a sua argumentação em mentiras.

De facto a argumentação de Mario Soares é tão fraca que é por isso que acredito que deixou de estar na posse de todas as faculdades mentais.

Tese 2
Dialogar com os movimentos de libertação.

Do ponto de vista formal, os movimentos de libertação eram organizações que utilizavam o terrorismo como forma de afirmação política. A diferença, é que nenhum país do mundo se atreve a apoiar a Al-Qaeda como muitos dos países do mundo apoiavam a tais movimentos Africanos.

Lembro o caso da Guiné Konacri, que oficialmente não tinha nada a ver com a guerra, mas que na realidade tinha nas suas prisões militares portugueses, que foram libertados com a famosa operação Mar Verde.

Essa é a maior e provavelmente única diferênça. De resto, o resultado é o mesmo.

 :arrow:  :arrow:  :arrow:

Eu também reconheço que provavelmente não havia outra coisa a fazer, porque o regime nascido em 1926 e sustentado na constituição de 1933 e em Salazar, não teve a clareza de espirito para ver um pouco mais longe.

Provavelmente não haveria outra solução que "entregar os pontos" como se diz no Brasil.

O resultado era inevitável, e parte do que aconteceu é da responsabilidade de Mário Soares.

Mas reconheço que agiu como podia, se foi forçado a fazê-lo

Pelo menos é o que eu até há uns dias atrás pensava.

Com as ultimas declarações de Mario Soares, em que ele advoga a rendição, eu tenho razões legitimas para pensar, que a entrega dos Estados Africanos de lingua portuguesa aos movimentos de "libertação" não foi feita apenas por imposição da evolução histórica, mas sim porque o Dr. Mario Alberto Nobre Lopes Soares, no qual eu já votei para presidente, afinal está do lado daqueles que preferem render-se sem pelo menos mostrar disposição de lutar.

Do meu ponto de vista, o que Mario Soares faz com estas declarações, ao contrario de dar a impressão de que a Al-Qaeda é um movimento de libertação legitimo, acaba dando a ideia de que os movimentos de libertação legítimos, são afinal nada mais nada menos que terroristas.

Perdoo-lhe (a Mario Soares) ter tido que gerir os disparates que outros tinham feito.
Não lhe posso perdoar o facto de ele aceitar que, pelo contrario, as rendições que assinou foram, não uma imposição resultante da inevitabilidade da Historia mas sim uma coisa boa e bem pensada, e decorrente da sua (dele Mario Soares) análise derrotista da situação.

Cumprimentos
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emarques

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« Responder #9 em: Março 20, 2004, 06:27:25 pm »
Citação de: "dremanu"
E quem pensa que se pode dialogar com fundamentalistas islãmicos está a sonhar. Jà tive a oportunidade de conversar com Israelitas, todos eles ex-militares, e quando lhes perguntei exactamente sobre a questão da palestina, e porque não se procurava uma solução através do diálogo, a resposta foi muito simples.

Desculpe, dremanu, mas Israelitas apologistas do diálogo não são muitos e tendem a ser assassinados em comícios. A ideia de que se fica ao ouvir alguns Israelitas a falar é que uma boa solução negociada para a crise palestiniana seria "os palestinianos dão-nos tudo o que têm e nós não os matamos".

Assim, as opiniões de um militar israelita sobre negociações com terroristas, para mim, são como um artigo no Avante sobre os EUA. É interessante ouvir o que têm a dizer, mas acreditar neles piamente...

Citação de: "papatango"
Houve na Europa duas guerras mundiais.

A primeira foi acabada á Europeia. Com consenso, e negociação. Á Alemanha foi imposto um tributo que levou o país, que já estava arruinado, a uma situação de maior desespero. O resultado da paz á Europeia foi que vinte anos depois, a Europa estava de novo envolvida numa guerra pior que a anterior.


A verdade é que essa paz não foi à europeia. Primeiro porque o maior apologista do diálogo nessa situação foi o presidente dos EUA, Wilson, e por outro lado porque quem acabou por ditar os termos, um pouco à revelia do que pensavam os outros membros da Entente, foi a França. O tratado não foi negociado, foi imposto à Alemanha. No que só se pode considerar um crime de guerra, os aliados não levantaram o bloqueio à Alemanha apesar da rendição, com o fito de forçar o acordo de paz que a França desejava.

Quanto ao argumento que "com o Hitler também se negociou e foi o que se viu", existe um pequeno erro. Ninguém negociou com o Hitler, limitaram-se a dar-lhe o que queria repetidas vezes. Esta metodologia não é obviamente muito boa. Mas negociar nunca poderia ser "parem de nos atacar e nós damos-vos coisas". Os líderes dos países que sofrem com o terrorismo teriam que se juntar e decidir o que querem. Quando as duas facções de um conflito têm como objectivo erradicar-se mutuamente, não há negociação possível. E erradicar o terrorismo é o objectivo declarado do "Dâblio" Bush.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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papatango

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« Responder #10 em: Março 20, 2004, 08:05:11 pm »
Citação de: "emarques"
Quanto ao argumento que "com o Hitler também se negociou e foi o que se viu", existe um pequeno erro. Ninguém negociou com o Hitler, limitaram-se a dar-lhe o que queria repetidas vezes.

Esse é o argumento de alguns. Claro que também é o argumento daqueles que dizem que Mario Soares não negociou, apenas se limitou a entregar tudo de mão beijada.

Citar
Chamberlain read the above statement in front of 10 Downing St. and said:
"My good friends, for the second time in our history, a British Prime Minister has returned from Germany bringing peace with honour. I believe it is peace for our time...
Go home and get a nice quiet sleep."


http://www.wwnorton.com/college/history/ralph/workbook/ralprs36.htm

http://worldatwar.net/photoinfo/peaceinourtime.html

Eu diria que de facto houve negociação. O problema é que quando se negocia a qualquer preço, como parece que o Dr. Mario Soares - pelas suas declarações - fez, este é o resultado.

Quando se negoceia com gente que só aceita a rendição do outro lado, como era o caso de Hitler, dos movimentos Africanos e de Osama Bin Laden, qualquer negociação implicará SEMPRE ceder tudo.

Essa é aliás a razão pela qual não se pode negociar com extremistas. Eles só aceitam negociações em que ganham tudo. É uma característica dos fanáticos. Só as pessoas sãs aceitam a lógica da negociação.

Os fanáticos olham para a negociação como um fim para atingir os meios. Olham para o negociador como um fraco.

Vejamos o que deu negociar com Saddam Hussein. Não ganhou, mas nunca aceitou nenhum tipo de compromisso. Sempre que lhe foi possível violou-o. Se tivesse tido possibilidade, acha que não tería pura e simplesmente violado o que quer que fosse que tivesse assinado?

O valor dos tratados para esta gente é o valor da folha de papel em que estão assinados.

Negoceia-se agora um bocado, depois mais outro bocado, e no fim acabamos por ficar com tudo.

Esta é a lição da História.

A História mostrou-nos que quando se negoceia nestas condições, só haverá um fim. A vitória do outro lado, daqueles que nunca respeitarão nada do que assinaram. Negociar, é perder tempo e arriscar a perder tudo.

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Ricardo Nunes

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« Responder #11 em: Março 21, 2004, 05:37:44 pm »
JNSA, por mais que sejamos amigos, tenho de discordar de alguns pontos por ti apresentados.

Começando pela questão espanhola estamos de acordo. Penso que foi uma boa demonstração de democracia. Contudo a intervenção do sr. Zapatero foi simplesmente infeliz e demonstrou uma fraca personalidade de homem de estado.
Penso que é do consenso comum que no dia a seguir às eleições o Sr. Zapatero deveria ter declarado aos espanhois que a Espanha continuaria empenhada na luta contra o terrorismo e condenava completamente qualquer forma deste ( independentemente da sua posição face ao Iraque ).
Mas ao invés disto o que o sr. Zapatero fez foi na sua primeira declaração anunciar a retirada do Iraque. Qualquer pessoa com 2 palmos de testa entende que esta declaração foi simplesmente estúpida. Embora involutariamente o Sr. Zapatero acabou de dar uma vitória pública aos terroristas e esqueceu-se daquilo que aconteceu - a morte de 201 espanhois. Simplesmente esqueceu-se e nem os referiu na sua declaração. Penso que temos de ser objectivos. Se o PP esteve mal, o PSOE esteve também mal. E não foi pouco. Pessoalmente acho uma enorme falta de sentido de opurtunidade. De tal maneira que ainda ante-ontem já se viam jornalistas da Al-Jazera em Espanha. Agora temos todo o mundo árabe a encarar os atentados de 11 de Março como vitórias sobre o mundo ocidental.

Quanto à questão do Mário Soares. Não podemos meter o IRA e a ETA no mesmo saco de que a Al Quaeda. São movidos por motivos diferentes, têm culturas diferentes, modos diferentes, e até certo ponto legitimidade diferentes.
O que vamos negociar com a Al Quaeda? A saída do Afeganistão e o seu consequente regresso aos Talibans? A saída do Iraque? O cortar de ligações com Israel?
Não se negoceia com a Al Quaeda. Ponto final.
Ricardo Nunes
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