Crise Financeira Mundial

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rafafoz

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« Responder #75 em: Outubro 24, 2008, 02:14:06 pm »
O Meu medo nessa crise é o tempo que levara para ela acabar.
Pois alguns falam em 1 ano outros mais, só que sem uma certeza clara.
O Brasil esta com altos estoques guardados esperando pela demanda externa, com a crise financeira as exportações diminuirão e o mercado interno teme que a demanda interna não consiga suprir toda ela, causando um excedente de produtos em estoque, semelhante à crise de 1930.  :?
Complicado, pois ninguém mudou nada, não adiantaria somente recuperar os mercados e continuar da mesma forma que esta, assim poderia acontecer uma nova crise, com esse mercado sem controle.
 

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André

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« Responder #76 em: Outubro 25, 2008, 12:25:38 am »
FMI vai emprestar 1.600 milhões de euros à Islândia

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai emprestar 2.100 milhões de dólares (cerca de 1.600 milhões de euros) à Islândia depois de as contas públicas do país terem sido fortemente afectadas pela crise financeira internacional.

«O objectivo principal é apoiar os esforços da Islândia para se ajustar à crise económica de uma forma mais ordenada e menos dolorosa», disse o director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn.

Uma delegação da instituição alcançou um acordo com o governo islandês, falta apenas o crédito ser aprovado pelo Conselho Executivo do FMI, onde estão representados os 185 países membros do organismo, o que deve acontecer no início de Novembro.

A ser aprovado, a Islândia terá no imediato acesso a 833 milhões de dólares (cerca de 657 milhões de euros), o restante será cedido em tranches durante os dois anos de duração do programa.

O montante a ser aprovado pelo FMI é extremamente elevado tendo em conta o peso da Islândia na instituição representando 1.190 por cento da sua contribuição para o fundo, como reconheceu Strauss-Kahn, que assegurou que as medidas tomadas pelo governo islandês para resgatar o país da crise justifica esse esforço.

«A Islândia desenhou um programa económico ambicioso, cuja meta é estabelecer a confiança do sistema bancário, estabilizar a Coroa mediante política macroeconómicas energéticas e ajudar o país a conseguir a consolidação fiscal a médio prazo após o colapso do sistema bancário», afirmou.

O FMI prevê que em 2009 o PIB da Islândia recue 10 por cento, depois de o ano passado ter crescido 4,9 por cento

Lusa

 

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PedroM

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« Responder #77 em: Outubro 30, 2008, 11:39:14 am »
A crise financeira e económica é bem real e o aspecto mais negativo será sem qualquer dúvida o aumento do desemprego. No entanto até que ponto a crise será ou não profunda ninguém sabe. Por isso aqui fica um texto com um ponto de vista diferente e interessante sobreo assunto.

No fundo aqueles que ontem nos vendiam horizontes cor de rosa e niveis de vida de sonho, são os mesmos que hoje nos condenam à pobreza. Saberão do que estão a falar?

No Diário Económico de hoje:

A crise dos milionários?
Os mesmos especialistas que revelam alguma ignorância no diagnóstico da crise, revelam também um enorme atrevimento pessimista nas previsões.

Seja nos jornais portugueses, seja nos estrangeiros, seja nas televisões portuguesas, ou nas lá de fora, não há quem não pronuncie, com toda a convicção do mundo, que vem aí uma grande recessão económica mundial. Analistas ou comentadores, políticos ou empresários, todos eles afirmam, sem um pingo de dúvida, que o planeta vai viver meses e anos terríveis, e que o desemprego e ausência de crescimento serão o futuro próximo da nossa aldeia global. No entanto, e curiosamente sem verem nisso nenhuma contradição, a maior parte das mesmas pessoas confessa não saber bem, nem sequer perceber bem, o que se passou e porque aconteceu esta actual mega-crise financeira. Ou seja, as mesmas pessoas e os mesmos especialistas que revelam alguma ignorância na análise e no diagnóstico, revelam ao mesmo tempo um enorme atrevimento pessimista nas previsões. É assim como se um médico, ao observar-nos pálidos e a tremer, nos dissesse que não fazia a mínima ideia do que nos estava a acontecer, mas tinha a certeza absoluta que iríamos sofrer muito nos próximos tempos! Curioso, não é? Eu acho que sim, e se calhar porque sou do contra, tenho algumas dúvidas de que venha aí o dilúvio, e que a tragédia global vá ser assim tão grave.

Nos últimos vinte anos, o mundo financeiro mundial desenvolveu-se de uma forma altamente acelerada. Bancos, comerciais ou de investimentos, hedge funds, fundos de fundos e mil e uma outras instituições, fizeram crescer brutalmente o valor dos activos financeiros mundiais. As bolsas atingiram valores nunca antes atingidos e, por todo o mundo, os activos financeiros subiram, levando atrás de si os valores de muitos mercados imobiliários. No entanto, esse dinheiro, que criava mais dinheiro e que criava ainda mais dinheiro – a “superbolha”, como lhe chama George Soros – não era dinheiro das pessoas normais, das classes médias ocidentais, mas sim das próprias instituições financeiras e das grandes fortunas mundiais. É claro que isso gerou um enorme desvio de riqueza, e por isso se diz que aumentou o fosso entre ricos e pobres, seja na América, seja nos outros países ocidentais. Os “novos ricos” vieram da alta finança, e eram os que tinham enriquecido com esses investimentos. Porém, não eram assim tantos como isso. O crescimento colossal dessa economia financeira beneficiou relativamente pouca gente, não mais de 10 por cento da população americana, e ainda menos da europeia. Houve novos milionários, mas essa riqueza foi mais institucional que pessoal. É claro que, com as taxas de juro baixas, toda a gente beneficiava, mas nem toda a gente enriquecia. As classes médias ocidentais não se tornaram grandes investidoras nas bolsas, em especial na Europa.

Ora, quando tudo começa a correr mal, a riqueza que é destruída é essencialmente a riqueza das grandes instituições, dos bancos, dos fundos, e a riqueza dos grandes, pequenos e médios milionários. As principais vítimas do esvaziamento das bolhas financeiras são essas, e não as classes médias. Para um milionário, perder 20 dos seus 40 milhões, pode ser um problema, mas ele não vai propriamente viver na penúria, nem debaixo da ponte. Portanto, e se os governos garantirem que o sistema bancário continua a funcionar, as maiores perdas financeiras não atingem as classes médias nem em grande parte as empresas não financeiras. Perdem muito os “novos ricos”, os milionários, e as instituições financeiras, mas não a maioria das populações. Haverá certamente uma contracção “recessiva”, devido às más expectativas e ao pessimismo generalizado que vai pelo mundo, mas pode não vir a passar-se a tal mega-recessão de que toda a gente fala, e que todos dizem vir aí.

A riqueza que o mundo financeiro gerou durante vinte anos foi essencialmente virtual e foi certamente parar a bolsos de uma minoria. É possível que, com algum bom senso e habilidade geral, as perdas sejam suportadas também por essa mesma minoria.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/ ... 79274.html
 

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AC

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« Responder #78 em: Outubro 30, 2008, 10:48:17 pm »
O texto está largamente correcto mas aprecia apenas uma parte do problema.

Resumindo o texto: a maioria das pessoas não investiu as suas poupanças em acções ou fundos de investimento. E como resultado disso, não estão a ver as suas poupanças desvalorizar como resultado da crise.
Até aí concordo.

Contudo, os efeitos da crise no sistema financeiro não se resumem à desvalorização de portfólios de investimento.
A desvalorização dos fundos de investimento reflecte o facto de os investidores estarem a tentar converter os seus portfolios em activos mais seguros.

Como resultado disso, há menos liquidez disponível para fazer empréstimos, financiar empresas, etc o que leva a um abrandamento da economia que afecta todos, principalmente as classes média e baixa.
 

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P44

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« Responder #79 em: Novembro 25, 2008, 02:40:41 pm »
Conjuntura: Reino Unido: Governo baixa IVA de 17,5 para 15% durante um ano


O governo britânico anunciou hoje que vai reduzir o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em 2,5 por cento a partir de segunda-feira e durante um ano até ao final da recessão.
A medida foi anunciada hoje pelo ministro das Finanças, Alistair Darling, na Câmara dos Comuns, na apresentação do relatório que antecipa o orçamento do próximo ano.

A redução vem em pleno período de compras de Natal, reflectindo a preocupação do governo em estimular o consumo e ajudar os retalhistas a aumentarem as receitas.

Assim, a taxa máxima do IVA no Reino Unido passa de 17,5 por cento para 15 por cento, enquanto alguns produtos, como cadeiras para crianças e combustível para uso doméstico, continuam a pagar cinco por cento de IVA.

A medida foi justificada por Darling com a necessidade de «colocar dinheiro na economia imediatamente».

Estas mudanças não deverão ser sentidas no tabaco, combustíveis e alcool, produtos sobre os quais os impostos vão subir para manter os preços actuais e desincentivar o consumo.

O valor do IVA deverá regressar ao nível actual no início de 2010, quando o governo espera que «a recuperação já esteja em curso».

Diário Digital / Lusa

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"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
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HaDeS

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« Responder #80 em: Dezembro 03, 2008, 06:47:37 pm »
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Setor de serviços da zona do euro atinge baixa recorde em novembro

da Folha Online

O setor de serviços da economia da zona do euro registrou queda em novembro, elevando as pressões para que o BCE (Banco Central Europeu) corte sua taxa de juros nesta quinta-feira (4). O índice Purchasing Managers Index para a zona do euro, elaborado pelo instituto de pesquisa Markit, ficou em 42,5 pontos, contra 45,8 em outubro. Foi o menor indicador nos 10 anos em que a pesquisa é realizada.
O indicador ficou muito abaixo dos 43,3 esperados pelos economistas. Resultados abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade; acima desse patamar indicam expansão.

"O índice é extraordinariamente baixo. Há recorde de baixa em todos os países com exceção da Alemanha, mas mesmo lá houve uma redução substancial", disse o analista Jürgen Michels, do Citigroup. "Há muito espaço para o BCE cortar os juros (...) Acreditamos que 0,75 ponto percentual será o consenso, mas não descartamos um corte de 1 ponto percentual."

Na Alemanha, a atividade no setor teve queda, para 45,1 pontos no mês passado, contra 48,3 pontos um mês antes; na França, o índice passou de 47,5 pontos para 46,2 pontos.

Na Alemanha, algumas empresas informaram que um grande número de clientes está adiando ou simplesmente cancelando encomendas e pedidos devido à falta de capital de giro, em meio à crise financeira.

Todos os sete componentes do índice tiveram redução no mês passado --incluindo o indicador de preços pagos e cobrados pelas empresas do setor, seguindo a queda de preços do petróleo. A inflação na zona do euro ficou em 2,1% em novembro na zona do euro, contra 3,2% em outubro. Segundo Michels, a inflação não está apenas caindo, mas sim desaparecendo.

O índice conjunto, de atividade no setor de serviços e no setor manufatureiro também atingiu recorde de baixa, ficando em 38,9 pontos, contra 43,6 em outubro.

Também no índice conjunto, o indicador de preços pagos caiu para 49,1 pontos, primeiro resultado abaixo dos 50 pontos desde julho de 2003.

O componente do índice referente ao mercado de trabalho caiu para 47,9 pontos em novembro, contra 48,4 um mês antes.

O índice de expectativas para a atividade no setor nos próximos 12 meses caiu para 41,6 pontos, contra 42,3 pontos em outubro.
 

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legionario

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« Responder #81 em: Dezembro 20, 2008, 10:45:36 am »
Bernard MADOFF, antigo patrao do Nasdaq (isto é que esta aqui uma casa bem governada  :lol: ) , acusado duma fraude no valor de 50 000 milhoes de dolares.
Entre os gulosos que investiram no seu sistema piramidal na mira de dinheiro facil, encontram-se o banco Santander exposto à altura de 2,33 bilhoes de dolares ; o banco HSBC com 1 Bd  ; o Royal Bank of Scotland 600 Md ; e riquissimos especuladores da sua propria comunidade judia como Elie Wiesel ou Steven Spielberg, estes ultimos financiando as suas organizaçoes "caritativas" com fundos provenientes da especulaçao ...

O homem arrisca alguns anos de prisao, mas por enquanto encontra-se em prisao (dourada) domiciliaria com uma pulseira eléctronica.
 

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André

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« Responder #82 em: Dezembro 21, 2008, 06:18:10 pm »
Banco de Espanha admite «grande depressão» mundial

A incerteza sobre a Economia mundial é actualmente «total» e existem possibilidades de uma «grande depressão» global, previu hoje o Governador do Banco de Espanha, Miguel Ángel Fernandez Ordoñez.
«A falta de confiança é total. O mercado interbancário não funciona e gera ciclos viciosos: os consumidores não consomem, os empresários não contratam, os investidores não investem e os bancos não emprestam», afirmou ao jornal El País.

Segundo o responsável, «existe uma paralisia quase total à qual ninguém escapa».

O governador do Banco de Espanha considera que a retoma económica global, que foi antecipada para o fim 2009 ou início 2010, pode ser atrasada por «falta de confiança».

Uma retoma relativamente rápida é possível graça à queda do preço do petróleo e à baixa das taxas, reconhece Ordoñez, que admite no entanto a possibilidade de um ciclo vicioso que aprofunde a falta de liquidez no sistema.

«Isso levar-nos-ia perante uma grande depressão, que não é de excluir», afirmou.

A crise financeira actual é «a mais grave desde a Grande Depressão» de 1929, sublinhou ainda o responsável, para quem as previsões do Fundo Monetário Internacional - que fixa numa quebra de 0,3 por cento do Produto Interno Bruto dos países desenvolvidos em 2009 depois de ter fixado em 1,4 por cento para este ano - são «bastante razoáveis».

Segundo o governador do Banco de Espanha, será «lógico» que o conselho dos governadores do Banco Central Europeu, onde tem assento, decida na próxima reunião de Janeiro uma nova baixa das taxas, caso se verifique, «entre outras variáveis», que a inflação se situe «claramente» nos dois por cento.

Lusa

 

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André

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« Responder #83 em: Dezembro 28, 2008, 06:15:11 pm »
Crise financeira cria dificuldades, mas também abre oportunidades - Teresa Lehmann

A vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Ana Teresa Lehmann, defendeu hoje, em Genebra, que a actual crise económica internacional, além das dificuldades que cria, também abre oportunidades.

"Por um lado, torna o crédito mais difícil, o que faz com que o mercado fique menos dinâmico, mas, por outro cria oportunidades porque a maior parte do investimento é para aquisições e, nesta altura, há muitas empresas a preços de saldo", afirmou a especialista, em declarações à Lusa.

A vice-presidente da CCDRN, especialista em processos e estratégias de internacionalização, proferiu hoje, em Genebra, Suiça, uma conferência no Graduate Institute of International and Development Studies, um dos centros mundiais de referência nesta área.

Ana Teresa Lehmann, que foi um dos 12 oradores convidados para este encontro internacional, abordou a evolução das estratégias dos grupos internacionais no contexto de incerteza gerado pela actual crise económica mundial.

"As estratégias das empresas variam em função dos recursos e das competências locais, ou seja, que o mundo tem forma, não é plano", afirmou Lehmann, numa alusão ao livro de Thomas Friedman, intitulado 'O Mundo é Plano', em que faz uma análise da globalização.

Para a vice-presidente da CCDRN, "apesar da globalização, a maior parte das empresas internacionais não tem uma estratégia global".

"Por mais que consigam atingir os seus objectivos globais, o que têm é, na melhor das hipóteses, soluções regionais, ao nível da Europa ou da América Latina, por exemplo", defendeu.

Ana Teresa Lehamnn salientou ainda que a atracção de investimentos é "uma corrida em que estão envolvidos todos os estados", considerando que, em Portugal, "apesar de haver muitas empresas a fechar e a deslocalizar-se, as mais interessantes ainda estão no país".

Na perspectiva de Teresa Lehmann, o problema nestes casos não se coloca em termos de concorrência com empresas portuguesas, mas com filiais do mesmo grupo instaladas noutros países.

"A fábrica da Opel na Azambuja não concorre com a AutoEuropa, mas com a fábrica que a Opel tem em Espanha", frisou a especialista.

Lusa

 

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123go

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« Responder #84 em: Janeiro 02, 2009, 05:28:51 pm »

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André

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« Responder #85 em: Janeiro 05, 2009, 12:20:28 pm »
Investigadores descobrem semelhanças entre a crise actual e uma bolha de crédito na Idade Média

Paralisação dos mercados de crédito, subida das taxas interbancárias, falta de liquidez e falências de instituições financeiras. São títulos que têm inundado as páginas dos jornais nos últimos meses. Mas recuando até à época medieval constata-se que a crise financeira ou a criatividade contabilísitca não são uma novidade dos tempos modernos.

De acordo com um estudo de investigadores da Universidade de Reading, em Inglaterra, o sistema financeiro já se encontrava em estado bastante avançado no século XIII. Eram cobradas taxas de juro ajustadas ao grau de risco e à duração dos empréstimos e definidos colaterais sobre os créditos concedidos. Os financiadores eram sobretudo mercadores italianos, como os Ricciardi de Lucca, ou burgueses flamengos que criaram entre eles algo semelhante ao sistema interbancário actual. A sofisticação financeira incluía até contratos de futuros sobre lã, por exemplo, que poderiam servir de colateral a empréstimos concedidos.

O rei de Inglaterra Eduardo I, retratado no filme "Braveheart", foi o primeiro soberano inglês a criar uma relação financeira sistemática com mercadores, nomeadamente com os italianos Ricciardi. Esta família financiava o trono em moldes que os autores consideram similar a "uma conta corrente moderna que incorpora mecanismos de dívida", o que permitia ao monarca financiar os exércitos e a construção de castelos. Os Ricciardi obtiam crédito junto de outros mercadores europeus, criando um sistema semelhante ao mercado interbancário.

No entanto, havia limitações. Cobrar juros por um empréstimo era proibido na época, sendo classificado pela Igreja como usura. Este entrave obrigava as partes envolvidas na concessão de crédito a fazer "contabilidade criativa" para ocultar que estavam a transgredir as regras religiosas.

A crise de 1294

Os Ricciardi começaram a financiar Eduardo I durante a década de 80 do século XIII, altura que os autores do estudo classificaram como sendo de acesso a dinheiro fácil e barato. Mas a bolha de crédito acabaria por rebentar. Em 1294 o Papa, um dos maiores 'players' financeiros do mundo medieval, exigiu o retorno do valor dos empréstimos concedidos. Ao mesmo tempo rebentou uma guerra entre a França e a Inglaterra, com a Coroa gaulesa a aumentar de forma significativa os impostos aos mercadores. Estes factores criaram perturbações nos mercados de crédito, tornando o dinheiro mais caro e escasso. Para os investigadores, citados pela BBC, a situação "tem semelhanças notáveis com as dificuldades actuais, com a principal causa a ser a falta de liquidez no mercado monetário".

Assim, quando Eduardo I contava com a continuação do financiamento dos Ricciardi, a família italiana, que estava fortemente alavancada, não conseguiu dar resposta. Como medida de retaliação, o soberano inglês confiscou as propriedades dos Ricciardi em Inglaterra, precipitando a falência dos seus habituais financiadores. A medida de Eduardo I saiu-lhe cara. O monarca teve de procurar créditos de curto prazo, com juros elevadíssimos, junto de outros mercadores. Chegou a ter de pagar uma taxa anualizada de 150%.

Questionados pela BBC sobre como Eduardo I teria lidado com a crise financeira actual, os autores do estudo sugeriram que, provavelmente, teria colocado os gestores dos bancos em prisão domiciliária, sem julgamento, até o governo conseguir recuperar o máximo possível dos seus activos.

Económico

 

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André

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« Responder #86 em: Janeiro 06, 2009, 07:14:26 pm »
Milionário alemão suicida-se após perdas astronómicas



O 94.º homem mais rico do mundo foi encontrado morto na segunda-feira no sul da Alemanha. O milionário Adolf Merckle era um dos maiores accionistas da farmacêutica Ratiopharm e perdeu milhões na flutuação dos títulos da Volkswagen.

As autoridades alemãs acreditam que Merckle se suicidou e não têm pistas que apontem para um homicídio. O corpo do investidor germânico foi encontrado junto a uma linha ferroviária no sul do país. O milionário ter-se-á atirado para a frente de um comboio.

Um comunicado divulgado pela família Merckle confirma que Adolf se suicidou que este se sentia «arrasado» pelas avultadas perdas resultantes da crise financeira internacional.

Merckle perdeu cerca de 400 milhões de euros na flutuação do valor das acções da Volkswagen, que registaram movimentos inéditos (de valorização e desvalorização) devido aos rumores de que a casa germânica estava prestes a ser adquirida pela Porsche - notícia já confirmada.

O milionário era herdeiro do império farmacêutico Phoenix Pharmahandel e um accionista de referência da Ratiopharm e da cimenteira Heidelberg. Contava ainda com importantes participações em companhias ligadas ao sector automóvel, ao software e aos têxteis.

Merckle, que no início de 2008 contava com uma fortuna de cerca de 9 mil milhões de dólares, era o 94.º homem mais rico do planeta, mas terá acumulado perdas milionárias ao longo do último ano, agravadas pelas incertezas em relação a 2009.

«Os problemas que a crise financeira causou às suas empresas e as incertezas das últimas semanas, bem como um sentimento de impotência, arrasaram o empresário e pai de família, que decidiu pôr fim à vida», lê-se no comunicado da família.

Merckle, de 74 anos, deixa para trás quatro filhos e um império financeiro mergulhado em incerteza.

SOL

 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #87 em: Janeiro 07, 2009, 10:44:24 am »
Jogam na bolsa como quem joga nos casinos e agora quem paga são os trabalhadores das empresas do qual ele era dono... :evil:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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123go

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« Responder #88 em: Janeiro 10, 2009, 02:30:51 am »
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=346122

O mundo é uma pirâmide


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem vindo a alertar para a necessidade de melhorar a literacia financeira.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem vindo a alertar para a necessidade de melhorar a literacia financeira. Devido à progressiva substituição dos sistemas de segurança social com regime contributivo e de benefício garantido por regimes de capitalização com contribuição definida, as famílias dependem cada vez mais de si próprias para assegurar o rendimento durante o período de reforma, importando que façam escolhas informadas de aplicação das suas poupanças. Assim, como sugere a OCDE, os particulares têm necessidade de adquirir conhecimentos sobre o funcionamento dos mercados financeiros e desmistificar alguns conceitos tradicionais.

É relativamente consensual que as famílias terão de constituir uma poupança entre 20% e 30% do seu rendimento presente para assegurar um padrão de consumo durante a reforma semelhante ao que desfrutam actualmente. Nos países europeus, parte da poupança é realizada através de contribuição social compulsiva. Enquanto nos EUA, a poupança para a reforma assenta em fundos de pensões privados, constituídos por particulares ou empresas, num regime de contribuição definida, na Europa, apesar de estarem em retrocesso, ainda dominam os regimes contributivos de benefício garantido.

Nos EUA, os trabalhadores, que agora se estão a reformar, vão receber os frutos da sua poupança acumulada, ao longo de anos, em fundos. Estes terão sido investidos em instrumentos financeiros ou imobiliário, dependendo a sua rendibilidade da evolução dos mercados. Na actual conjuntura, poderão não receber muito mais do que investiram, arriscando-se a receber menos. A evidência com que os americanos a caminho da reforma se defrontam não é muito diferente da que se deparará às novas gerações dos trabalhadores europeus, em cujos países o regime de protecção da segurança social tem encolhido. Tem-se abandonado o sistema em que quase independentemente das contribuições realizadas ao longo da vida os estados asseguravam uma pensão futura conhecida à partida.

O regime de segurança social dominante da Europa, até recentemente, não era/é mais que um gigantesco esquema de pirâmide. Os trabalhadores que iam entrando para a segurança social, com as suas contribuições, iam pagando as pensões definidas dos trabalhadores que se iam reformando. Este esquema funcionou perfeitamente enquanto as populações europeias continuavam a crescer saudavelmente. Contudo, com o envelhecimento da população, é cada vez maior o número de reformados face aos trabalhadores que entram no sistema, tornando-o insustentável.

O esgotamento do esquema de pirâmide implicou a revisão do modelo de segurança social na Europa, reduzindo benefícios definidos e evoluindo para esquemas mais próximos da realidade americana: capitalização e contributo definido - ou seja tipo PPR.
Esta alteração do modelo da segurança social, aproximando os trabalhadores europeus dos desafios dos seus congéneres americanos, não os coloca, contudo, ao abrigo de esquemas de pirâmide.

Considerando uma economia "estável", com população estagnada e com paradigma tecnológico maduro, é a entrada contínua de novos compradores num mercado que permite a valorização dos activos de compradores anteriores (excluindo a remuneração decorrente dos dividendos e cupões). Nos últimos anos, na Europa e no Japão, esteve mais gente a comprar acções e obrigações que a vender, porque os trabalhadores estavam a constituir as suas poupanças em fundos privados ou públicos. Com o envelhecimento da população, esta tendência tende a inverter-se. Há mais gente a chegar à idade de reforma e a resgatar os seus fundos, vendendo os activos, que a entrar no mercado de trabalho e a constituir novas poupanças. Esta realidade piramidal coloca um importante desafio à valorização das poupanças no futuro. A recente estagnação da bolsa e dos activos financeiros japoneses é um vislumbre do possível comportamento futuro do rendimento das poupanças em sociedades tecnologicamente maduras e envelhecidas. Sem alterações de padrão tecnológico e/ou de dotação de recursos, a dinâmica económica tende a replicar, proximamente, um comportamento de pirâmide ditado pela evolução demográfica. Não será por acaso que alguns dos principais mitos fundadores da humanidade assentam em alegorias centradas em pirâmides.

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http://www.chrismartenson.com/crashcour ... ilure-save

http://www.chrismartenson.com/crashcour ... mographics
« Última modificação: Janeiro 10, 2009, 01:40:36 pm por 123go »
 

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« Responder #89 em: Janeiro 10, 2009, 02:37:29 am »
Alguns economistas do mercado livre, tais como Thomas Sowell, argumentam que os sistemas de segurança social são na realidade esquemas de Ponzi em larga escala.

Sowell e outros salientam que nos sistemas de segurança social os pagamentos são directamente provenientes de impostos e / ou outros tipos de contribuições não voluntárias e que nunca provém de poupanças ou investimentos. Em vez disso, as contribuições actuais (de um conjunto de indivíduos, que beneficiarão mais tarde) são utilizadas para pagar os benefícios correntes (de um outro conjunto de indivíduos).

Sowell e outros afirmam que o sistema de repartição começou a mostrar as suas falhas inerentes à medida que a demografia das economias ocidentais caminha para um maior número de pensionistas e um menor número de trabalhadores, devido ao declínio da taxa de natalidade e ao aumento da esperança de vida.

Os programas de aposentação geridos pelos governos nacionais, apesar de envolverem a transferência de impostos sobre trabalhadores para os pensionistas, diferem todavia numa série de características básicas usualmente encontradas nos esquemas de Ponzi, mas que não são fundamentais para estes:

    * Os sistemas de aposentação, como a segurança social, são abertamente designados por aquilo que são. Num esquema de Ponzi genuíno, os autores falsamente afirmam que existe um negócio que gera as receitas prometidas. Na segurança social, as pessoas sabem de onde o dinheiro provém e os actuários fornecem previsões escritas das futuras entradas e saídas de dinheiro.

    * Os sistemas de aposentação prometem um estipêndio aos reformados, não os rápidos e exorbitantes lucros aos investidores actuais que os esquemas de Ponzi invariavelmente oferecem.

    * Os sistemas de aposentação assentam no poder do estado em taxar os seus cidadãos para assegurar o financiamento, em oposição a contribuições voluntárias dos futuros beneficiários. Na prática, este poder de taxar tem sido usado sob a forma de impostos consignados, desconto para a segurança social por exemplo, se bem que em teoria um imposto geral pudesse ser usado para complementar o pagamento dos trabalhadores. (Historicamente, nos Estados Unidos, a segurança social tem sido quase sempre excedentária, pelo que tal ainda não se tornou um problema). Se e quando o processo político for usado para aumentar as contribuições ou diminuir os benefícios (incluindo o aumento da idade de reforma) afim de equilibrar as receitas e as despesas, certamente haverá oposição dos que pagarão mais ou receberão menos, mas os políticos têm apenas duas escolhas, se as receitas são insuficientes (além de pedir dinheiro emprestado, ou gradualmente acabarem com a segurança social).

    * A ideia de tornar a segurança social num sistema "totalmente financiado" tem sido discutida várias vezes, mas fracassou sempre no custo. O custo aumentou fazendo com que qualquer mundança fundamental tenha sido adiada.

    * A longo prazo, os sistemas de aposentação pagam um montante sensivelmente igual ao que foi pago pelo contribuinte acrescido de juros. No curto prazo, os excedentes da segurança social podem ser usados para cobrir o déficit das finanças públicas, tal como tem acontecido nos Estados Unidos desde que as taxas de contribuição para a segurança social foram aumentadas em 1983.

    * Os sistema de aposentação são em muitos aspectos seguros e não tanto sistemas de investimento. Uma pessoa que morra antes da idade da reforma não recebe nada de volta (independentemente daquilo que tenha pago). Alguém que viva até uma idade avançada continua a receber independentemente daquilo que tenha descontado. Por outro lado, alguém com deficiência, mesmo com uma idade relativamente jovem (muito antes de ter feito contribuições significativas para o sistema) ainda recebe até ao fim da vida. Devido a isto, o aposentado típico que não tenha ficado incapacitado vê uma taxa de retorno inferior à taxa de juro sem risco.

    * Ao contrário dos esquemas de Ponzi, as receitas (impostos) e as despesas (prestações) podem ser calculadas de forma bastante precisa a curto prazo (cinco a dez anos) e previstas (com uma série de pressupostos) para prazos superiores. Um colapso repentino é portanto pouco provável, dependendo da definição de "repentino".

A Administração da Segurança Social americana fornece a seguinte resposta[1] à acusação de "esquema de Ponzi" aplicada a um sistema de repartição como a Segurança Social:

    Existe uma analogia superficial entre um esquema em pirâmide ou de Ponzi e os sistemas de repartição, em ambos o dinheiro dos participantes que entram mais tarde é usado para pagar os benefícios dos que entraram antes. Mas a semelhança termina aqui. Um sistema de repartição pode ser visualizado como uma conduta, com o dinheiro a fluir dos contribuintes actuais num extremo para os beneficiários actuais no outro extremo. Portanto, poderíamos imaginar que num dado momento podiam haver, digamos, 40 milhões de beneficiários à saída da conduta; desde que houvessem 40 milhões de contribuintes à entrada, o programa poderia ser mantido indefinidamente. Não é necessária a duplicação do número de participantes de cada vez que um pagamento é feito aos beneficiários actuais. (Não tem de haver precisamente o mesmo número de trabalhadores e de beneficiários num dado momento, é apenas necessário que haja uma relação estável entre ambos.) Desde que o montante de dinheiro à entrada da conduta se mantenha aproximadamente em equilíbrio com o dinheiro pago à saída, o sistema pode continuar para sempre. Não há nenhuma progressão insustentável a impelir o mecanismo de um sistema de repartição de pensões, pelo que não é um esquema em pirâmide ou de Ponzi.

    Se a demografia da população fosse estável, então um sistema de repartição não teria altos e baixos impulsionados pela demografia e nenhuma pessoa reflectidamente seria tentada a compara-lo a um esquema de Ponzi. No entanto, como a demografia da população tende a subir a descer, o saldo num sistema de repartição tende a subir a descer igualmente. Durante os períodos em que entram mais novos participantes no sistema do que os que recebem benefícios, tende a haver um superavit (como nos primeiros anos da Segurança Social). Durante os períodos em que o número de beneficiários cresce mais depressa do que o número de novos participantes (como acontecerá quando os baby boomers se reformarem), tenderá a haver um deficit. Esta vulnerabilidade aos altos e baixos da demografia constitui um dos problemas do financiamento dos sistemas de repartição. Mas este problema não tem nada a ver com esquemas de Ponzi, ou qualquer outra forma fraudulenta de financiamento, é simplesmente a natureza dos sistemas de repartição.

O sistema monetário

Pode argumentar-se que os sistemas monetários baseados na dívida são essencialmente esquemas de Ponzi sofisticados. O dinheiro baseado na dívida, i.e. num sistema de reservas bancárias fraccionárias exige o pagamento de juros sobre o dinheiro criado pela concessão do empréstimo. Devido ao pagamento de juros em curso, há sempre menos dinheiro em circulação do que aquele que está em dívida. O pagamento dos juros e da dívida exige por conseguinte cada vez mais e maiores empréstimos junto dos bancos. O resultado é um sistema em crescimento exponencial que necessariamente colapsará quando o desequilíbrio entre o dinheiro em circulação e a dívida for demasiado grande, com a correspondente transferência de propriedade dos bens físicos dos devedores para os credores: os bancos privados. Através da criação e extinção de moeda bancária, os bens físicos são efectivamente "colhidos" pelos bancos e posteriormente vendidos aos que têm dinheiro para os comprar.

O efeito "boomerang" na criação e extinção de moeda bancária pode também criar um ciclo de expansão e contracção na economia à medida que a moeda bancária é criada (aumentando assim a base monetária) e subsquentemente destruída (diminuindo a base monetária) quando uma bolha inflada estoura, resultando assim num colapso dos preços e na secagem da liquidez nesse mercado, o que permite aos bancos a venda em leilão da execução das hipotecas de activos em dificuldades e recicla-los no mercado a preços de saldos.

http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Esquema_de_Ponzi

http://www.alp.pt/Forum/forum_posts.asp?TID=106