Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais

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typhonman

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #106 em: Novembro 16, 2009, 05:57:30 pm »
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Trasladados corpos de militares mortos na Guiné
00h29m
MARGARIDA LUZIO
Já não há luto, nem choro, nem revolta. Sobram lágrimas de emoção. Os restos mortais de um soldado morto na Guiné, há 36 anos, foram, ontem, domingo, a enterrar na sua terra natal, Sá, em Valpaços. A família sente-se aliviada.

"Já o cá temos connosco!". Fernando Machado acena que sim, agradece as palavras. Tem as mãos ocupadas para abraços efusivos. Com uma segura o guarda-chuva, com a outra agarra o ombro do pai. Nunca o larga. "Não tenho palavras, muito obrigado!", repete a quem vai passando e se dirige a ele. O pai mal consegue falar. E quando o tenta fazer, caiem-lhe lágrimas pelo rosto. A mãe quis dar "um beijinho no caixão".

Ontem, 36 anos depois, a família do furriel José Carlos Machado, de Sá, Valpaços, enterrou, finalmente, no cemitério local o filho. José morreu na guerra, na Guiné, a 25 de Maio de 1973. Estava a fazer reabastecimento a um aquartelamento quando uma granada atingiu o edifício. Morreu juntamente com outros colegas. A notícia chegou a Sá através de um telefonema para o posto público. "Lembro-me que andávamos a tirar ervas numa terra de batatas. Foram-me chamar, mas eu nunca pensei que fosse isso".

Fernando Machado, irmão se José Carlos, tinha, então, 20 anos. O irmão 22. Ontem, no final do enterro, que teve honras militares, não escondia a emoção. "É muito emocionante ver aqui amigos dele e meus. Sinto orgulho e regozijo-me por ele estar aqui. Aqui sei que está num lugar protegido e onde é respeitado. Lá estava num terreno sem qualquer vedação, passavam animais...".

O processo de trasladação do corpo foi longo e teve intervenção directa da Liga de Combatentes.

 :Soldado2:
 

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SSK

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #107 em: Novembro 16, 2009, 09:37:23 pm »
Encontra-se à venda um livro muito interessante que retrata a vida de um Senhor durante a sua passagem pelo Ultramar enquanto Fuzileiro. Este Senhor dá pelo nome de José Gomes Talhadas, que me deu a honra de ser seu aluno, o nome do livro é A vida de um guerreiro.

Recomendo vivamente!!!

Abraço
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
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ShadIntel

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #108 em: Novembro 16, 2009, 10:17:15 pm »
Citação de: "SSK"
Encontra-se à venda um livro muito interessante que retrata a vida de um Senhor durante a sua passagem pelo Ultramar enquanto Fuzileiro. Este Senhor dá pelo nome de José Gomes Talhadas, que me deu a honra de ser seu aluno, o nome do livro é A vida de um guerreiro.

Recomendo vivamente!!!

Abraço
O título do livro não será antes Memórias de um Guerreiro Colonial ?
Ou então o sargento-chefe Gomes Talhadas escreveu um segundo livro, mas não consigo encontrar nenhuma referência com esse título.  :?

 

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SSK

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #109 em: Novembro 16, 2009, 10:29:00 pm »
Upssss...

Nem mais!!! Já lá vai uns meses desde que o devorei num fim-de-semana.

Muito obrigado pela correcção :wink:
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zeNice

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nelson38899

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #111 em: Fevereiro 15, 2010, 12:17:23 am »
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Há 40 anos, cheguei à Guiné num petroleiro da Marinha de Guerra,  o "S. Gabriel". Não seguia só, pertencia a uma unidade de fuzileiros  especiais alojada nos depósitos vazios do combustível. Dois  anos depois, retornámos da guerra que o regime português mantinha em três antigas colónias num navio mercante, o "Angra do Heroísmo". Castigados pelo general Spínola.

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1494641&seccao=CPLP
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nelson38899

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #112 em: Abril 03, 2010, 12:33:28 pm »
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Partiram há 40 anos para uma das frentes da guerra em África, a Guiné. Estiveram em operações no Norte e Sul, no Leste e no Oeste. Hoje, idosos, não esquecem esses tempos de provação, combate e camaradagem.

Começávamos o dia às sete da manhã, a abrir fogo sobre as posições inimigas, todos os dias", recorda Sebastião Martins Colaço, fuzileiro especial, que cumpriu comissões de serviço na Guiné-Bissau entre 1964 e 1971. Viveu, por isso, a fase de transição do conflito entre a época de supremacia das forças portuguesas e o período em que o PAIGC se afirma no terreno.

Tropa de operações especiais, os fuzileiros percorreram todo o território guineense, em "golpes de mão e operações de contrapenetração", explica Serafim Lobato, segundo oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 12 (DFE 12), que esteve no teatro de operações em 1970/1. Actuaram também no Senegal contra bases da guerrilha.

Numa dessas operações, o DFE 12 ocupa uma das principais bases da "Frente Norte" do PAIGC, a de Cumbamory, envolvendo-se numa longa troca de fogo, que se prolongou desde manhã ao meio da tarde, com pequenas interrupções. Durante esta operação, um dos efectivos do DFE 12, Manuel Galante Guerra detecta sob "um monte de pasto", capim e outra vegetação, aquilo que se vai revelar um importante depósito de armas e munições. Recorda o fuzileiro especial: "Esperámos pelo amanhecer para fazer o assalto, avançámos pela bolanha [curso de água], desdobrámos a fila indiana em linha quando o PAIGC nos começou a alvejar, mas estavam em inferioridade numérica e acabaram por bater em retirada ." É então que Galante Guerra, que fez duas comissões de serviço na Guiné entre 1967 e 1971, encontra "armas, granadas de mão e de armas sem recuo, uniformes, minas e metralhadoras", recorda.

A descoberta do fuzileiro revelou-se a mais importante captura de material de guerra ao inimigo no teatro guineense, mais de dez toneladas. Boa parte foi retirado debaixo de fogo da guerrilha que, entretanto, retomara o contacto, e o restante foi destruído no local.

Um sucesso operacional destes não era contudo suficiente para ofuscar a mudança qualitativa em curso no terreno. Longe vão os tempos em que bastava uma metralhadora pesada MG 42, "uma arma que nunca encravava", recorda Martins Colaço (conhecido entre os camaradas como Zé Grande), "varrer toda a zona" onde se emboscava o inimigo para assegurar a superioridade das forças portuguesas.

À época da "catana e do cahangulo", em que a guerrilha atacava e fugia, recorda José Raposo Martins, "passámos a ter um inimigo que nos fazia frente; só fugiam quando ouviam o barulho do helicanhão". À G3 do soldado português, a guerrilha responde com a AK 47; aos tiros de obuses, o PAIGC responde com os disparos dos Katiuskas, colocados do outro lado da fronteira. A única diferença é que o PAIGC lidava de "maneira diferente" com a situação, consoante tinha pela "tropa especial ou de quadrícula", conta Zé Grande.

Raposo Martins, que integrou em 1961 o Destacamento de Fuzileiros Especiais 1, passou pelos três teatros de operações - Angola, em 1961/3, várias comissões na Guiné, e Moçambique, em 1972/4.

Numa das comissões na Guiné, Raposo Martins esteve envolvido em múltiplas operações no Sul, zona de combates considerada "muito séria". "Estas eram áreas sob comando do Nino Vieira e de um nome mítico da guerrilha, o comandante Gazela, irmão de um dirigente do PAIGC, o Fidel Cabral de Almada."

Raposo Martins está no DFE 12 quando são atribuídas a esta unidade missões de tropa de quadrícula: patrulhas e vigilância das vias de comunicação. Está-se em 1971 e o fuzileiro especial constata que "há pessoal do PAIGC infiltrado nas milícias guineenses, na população de localidades como Teixeira Pinto", actual Canchungo.

É o momento de "crispação" entre o general Spínola e as forças especiais - Comandos e Fuzileiros - devido às missões de quadrícula que são forçadas a executar. No caso do DFE 12 este "fez operações de castigo em zona libertada", salienta Raposo Martins, por decisão do comando geral em Bissau.

Por esta época, a grande arma dos fuzileiros é a emboscada, "uma táctica que deu bons resultados, apanhámos muitos do PAIGC", sublinha Zé Grande. "Calculávamos os caminhos de penetração da guerrilha e um grupo ficava emboscado e outros dois em movimento; isto durante umas duas horas, depois mudávamos de posição." Uma operação podia durar até 36 horas.

"Tínhamos preparação para não ter medo do inimigo", nota Galante Guerra, "mas ficámos todos marcados. A guerra deixa sempre uma marca, invisível ou não".

http://dn.sapo.pt/gente/interior.aspx?content_id=1534984
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nelson38899

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Duvida
« Responder #113 em: Junho 28, 2010, 12:49:13 am »
boa noite!

depois de ler uma noticia no público sobre a missão do Afeganistão reparei neste comentário

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Desertar ?Já tivemos um desertor, foi em Angola, e raspou-se com o guito do Batalhão.Oficialmente dizem que foi para Paris e daí para Argel, e instalou(-se) (n)uma rádio anti-fascista.Oficiosamente o cagarolas, (agora é herói... ) servia refeições radiofónicas, achincalhando quem durante meses lhe protegeu o pêlo.E agora quer ser a figura de proa desta nação.Se assim for será caso para dizer, Porca miséria ! Essa rapaziada têm de regressar sim, mas para ajudar o povo a encontrar um novo rumo para as parvoices desta gente que se dia a dia se amanha, se aconchega, e que não se contenta sugando-nos o suor, já nos exige o sangue.
http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/portugal-vai-reforcar-componente-de-formacao-das-forcas-armadas-afegas_1444001#Comentarios

É verdade que o Manuel Alegre era um desertou que roubou o dinheiro do batalhão???
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Aqui fica um contributo do chefe Abílio Augusto Pires, escrito já há uns anos, para a biografia do conhecido desertor.

"Alguns elementos sobre o Bando de Argel"
Natural de Águeda ou arredores, Manuel Alegre fez a sua vida académica em Coimbra. Descendente de uma classe “média-alta” fez a vida normal de estudante de Coimbra, um tanto boémia e, nesse sentido, um tanto tradicionalista. Cedo se virou para a política o que, no ambiente de Coimbra, também era tradicional. Militou na “organização local” do p.c.p. e estou à vontade para afirmá-lo porque fui eu próprio quem desmantelou essa organização. Dos seus elementos com alguma responsabilidade ficaram dois: Silva Marques, hoje deputado do P.S.D. que, embora fosse estagiário de advocacia em Aveiro, vivia já numa situação de semi-clandestinidade, e o Manuel Alegre. Mas ficaram por razões diferentes. O primeiro, Silva Marques, porque mergulhou na clandestinidade e viria depois a fixar-se na Itália, onde entrou em litígio com o “partido” do qual veio a ser expulso, após ter feito várias autocríticas que, de resto, conheci. Manuel Alegre também escapou mas porque estava a prestar serviço militar no R.I. 12 (Regimento de Infantaria nº12) situado precisamente em Coimbra e já mobilizado para Angola, como alferes miliciano. A PIDE foi sempre um pouco avessa à detenção de militares mas, neste caso, pesou mais o facto de estar mobilizado. É, pois, totalmente falsa a ideia de que desertou por ser perseguido pela PIDE que não o prendeu porque não quis fazê-lo. As razões íntimas que o levaram à deserção só ele poderia explicá-las se bem que se tornou evidente para quem alguma vez ouviu a “voz da liberdade” ao longo dos seus 12 anos de funcionamento.
E não venha dizer que não traiu. Fê-lo ao longo de 12 anos, não só pelas declarações que prestou como também pelas que obrigou a prestar. Trata-se de matéria conhecida mas que abordarei um pouco à frente.
Desertou e foi para Paris em 1962, estava a ser criada a FPLN (Frente patriótica de libertação nacional) que já se decidira iria funcionar em Argel, com o beneplácito do governo argelino e toda a sua protecção. Seria dirigida por Fernando Piteira Santos que fora funcionário do partido comunista português e expulso da organização uns dez (10) anos antes. Aliás, o governo argelino já autorizara também a instalação e funcionamento da rádio “voz da liberdade” da qual Manuel Alegre viria a ser o locutor até 25 de Abril de 1974. Assim, em meados de 1962, partiriam de Paris rumo a Argel Fernando Piteira Santos, sua companheira, Maria Stella Bicker Correia Ribeiro e Manuel Alegre. A FPLN cresceu rapidamente e tem que dizer-se que o seu principal indutor foi a rádio “voz da liberdade”. Tornou-se, assim, a breve trecho, num autêntico coio de traidores, grande parte deles desertores do Exército Português e também, ex-prisioneiros que, libertados pelo inimigo, eram para ali encaminhados e lá permaneciam em cativeiro pelo menos até se disporem a revelar perante os microfones tudo o que sabiam e não só: tinham igualmente que recitar “ipsis verbis” o discurso que lhes punham à frente. Só depois disso é que teriam hipótese de sair da Argélia. Esta atitude, que em qualquer país civilizado consubstanciaria a figura jurídica de “cárcere privado” era praticada pela FPLN com a cumplicidade do senhor Manuel Alegre: só que no Portugal democrático ninguém fala disso. Não seria trair?
E receber os chefes dos movimentos africanos que nos combatiam, ouvir e transmitir aí os seus dislates não seria trair?
E fornecer-lhes as informações que desertores e ex-prisioneiros de guerra eram forçados a prestar não seria trair?
Bom, se isto não era trair vamos a outro aspecto: - Enviar homens – elementos da FPLN – para Cuba a fim de serem instruídos na guerrilha urbana, também não era trair? E a FPLN (não só mas também) enviou para lá alguns que foram treinados numa base cujo nome não me recordo de momento mas sei que dista 17 quilómetros de Havana e foram treinados entre outros por Alvarez del Bayo, antigo coronel do Exército espanhol que se bateu contra Franco e foi um dos homens do DRIL ( Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) que organizou o assalto ao Santa Maria. E também me lembro que esses homens (da FPLN) foram treinados no fabrico e uso de explosivos e, ainda, a fazer guerrilha urbana com armas que eles próprios tinham que fabricar. E que aprenderam, por exemplo, a fabricar morteiros partindo de um simples cano retirado de um algeroz. Isto era bem mais do que trair. E para que dúvidas não restem, cito dois nomes: Eduardo Cruzeiro que foi jornalista do “República”, está vivo e tem um “bom tacho” na RTP, e Rui Cabeçadas que é ou foi advogado. E digo “é ou foi “ porque calculo que teria a minha idade, talvez um pouco mais, e não sei se é vivo ou já morreu. Chega? Não, não chega que eu tenho mais.
Sei que a vida na FPLN não era um “mar de rosas” para todos. Bem pelo contrário: as guerras entre essa organização e o p.c.p. era violentíssima. Chegou-se ao ponto de o p.c.p. ocupar a rádio pela força e a FPLN responder com um contra-golpe que consistiu em levantar os depósitos bancários do p.c.p., factos que obrigaram o governo argelino a intervir para pôr as coisas no lugar. E como nem o Dr. Pedro dos santos Soares, membro da cúpula do p.c.p. e adrede enviado para Argel conseguiu pacificar as hostes, este partido decidiu jogar a última cartada: nem mais nem menos do que Humberto Delgado. Estava no Brasil, sofria de doença grave e foi a Praga para se tratar. Foi aí que o p.c.p. o abordou e convenceu a ir para Argel. Foi-lhe dito que tudo o que se pretendia era unir a oposição e derrubar o “regime fascista” português. Ninguém se não ele poderia liderar essa união, preparar e comandar o golpe. Convencido do seu prestígio, acreditou e foi para a Argélia. Enganou-se, até porque nunca lhe passara pela cabeça que encontraria o que na realidade encontrou. Desconhecia que o p.c.p. jamais perdoaria a “traição” de Piteira Santos, que, embora marxista e reconhecido como tal, havia falado na PIDE. Mas havia outros problemas não menos graves: Humberto Delgado era um impulsivo e queria uma revolução imediata. O p.c.p., mais preparado politicamente, respondia que aprendera as lições da guerra civil de Espanha e da própria Guatemala. Era para eles evidente que “nenhuma revolução poderia triunfar sem que antes conseguisse o apoio das Forças Armadas”. Não embarcava em aventureirismos. Virou-se para a FPLN e a ela aderiu. Só que, logo que pôs o problema da revolução imediata, foi-lhe respondido que Lenine ensinava que “nenhuma revolução de massas poderia ser ganha sem que tivesse o apoio de uma parte do exército que houvesse servido o regime anterior”. Não percebera que uns e outros eram marxistas e sabiam que o comunismo não tinha a mínima hipótese de governar Portugal. O que interessava a todos era entregar a África Portuguesa à União Soviética. E isto significava para Delgado que “entre dois mundos ficara sem mundo”. Tentou, por sua vez, a última cartada: era amigo e um grande admirador de CHE GUEVARA que se transformara em mito de todos os revolucionários de todo o mundo. Pediu a sua ajuda e GUEVARA aceitou. Foi para Argel e por lá ficou uns tempos mas nada fez. Nem podia fazer: GUEVARA era agente do KGB soviético. E os interesses de Moscovo estavam muitíssimo à frente de Humberto Delgado, que ficou só. Sem dinheiro, sem saúde e sem apoios ameaçou entregar-se às Autoridades Portuguesas. Foi o seu fim. Não sei como nem em que circunstâncias. Tudo o que sei – e já o disse várias vezes – é que essa história continua mal contada. Quem sabe se o senhor Manuel Alegre não poderia levantar uma pontinha do véu?..." http://fascismoemrede.blogspot.com/2005/11/sobre-o-desertor-manuel-alegre.html

Alguém tem alguma info sobre isto????


Obrigado
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Agostinho da Silva
 

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Lusitano89

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #114 em: Julho 11, 2010, 05:14:40 pm »
Comandante Alpoim Calvão já tem "única medalha" que faltava


Cerimónia do Dia do Fuzileiro permitiu à Marinha "acertar contas" com  o operacional que comandou a 'operação Mar Verde' na guerra da Guiné

O comandante Alpoim Calvão, o operacional que comandou a "operação Mar Verde" durante a guerra colonial na Guiné, recebeu ontem "a única medalha que não tinha" das mãos do comandante do Corpo de Fuzileiros.

"Acertámos contas com a justiça", cuja celeridade "levou 41 anos" a ser feita com a imposição da Medalha de Comportamento Exemplar, declarou o contra-almirante Luís Picciochi, nas cerimónias do "Dia do Fuzileiro" que ontem decorreram na Escola de Fuzileiros (Vale de Zebro, Barreiro).

Alpoim Calvão, que na sua brilhante folha de serviços ostenta também algo quase único - uma ordem de serviço que simultaneamente o condecora, pune e transfere para a frente de combate no final da década de 1960 - na carreira de um soldado, lembrou ontem ao DN as razões de nunca ter recebido aquela condecoração.

"A razão próxima foi por ter sido incorrecto com o ministro da Marinha, Manuel Pereira Crespo, a longínqua por ter recusado tirar a punição a um oficial", recordou Alpoim Calvão, 73 anos, por entre as interrupções motivadas por cumprimentos e abraços de antigos subordinados. As situações estão directamente relacionadas, por a incorrecção perante o ministro ter ocorrido durante a recusa ao pedido que o governante lhe fazia para retirar a pena aplicada ao referido oficial.

A punição, aplicada perante "2000 homens formados" na parada da Escola de Fuzileiros, justificou-se porque o oficial em causa escrevera "uma coisa habilidosamente insultuosa" para Alpoim Calvão, adiantou o capitão-de- -mar-e-guerra já distinguido com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito - a mais alta condecoração portuguesa - e duas cruzes de guerra, entre outras.

A cerimónia de ontem contou com a tradicional participação de algumas centenas de antigos fuzileiros e familiares, numa cerimónia assumida oficialmente pela Marinha desde 2009 e que até então era organizada apenas pela Associação de Fuzileiros.

Numa parada onde estavam expostos alguns dos meios materiais que equipam o Corpo de Fuzileiros, bem como companhias de militares do batalhão de infantaria da Armada, a Escola dos 'fuzos' atribuiu também o nome de Alpoim Calvão à ponte-cais ali existente, adiantou ao DN o contra-almirante Luís Picciochi.

A cerimónia ficou assinalada ainda pelo desfile de 30 guiões de antigas unidades dos fuzileiros, tropas especiais cujas origens remontam ao final do século XVI e descendem da mais antiga força militar permanente portuguesa - o Terço da Armada, fundado em 1621.

DN
« Última modificação: Julho 12, 2010, 07:15:17 pm por Lusitano89 »
 

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sergio21699

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #115 em: Julho 11, 2010, 06:37:00 pm »
Citação de: "Lusitano89"
Comandante Alpoim Calvão já tem "única medalha" que faltava


Cerimónia do Dia do Fuzileiro permitiu à Marinha "acertar contas" com  o operacional que comandou a 'operação Mar Verde' na guerra da Guiné

O comandante Alpoim Calvão, o operacional que comandou a "operação Mar Verde" durante a guerra colonial na Guiné, recebeu ontem "a única medalha que não tinha" das mãos do comandante do Corpo de Fuzileiros.

"Acertámos contas com a justiça", cuja celeridade "levou 41 anos" a ser feita com a imposição da Medalha de Comportamento Exemplar, declarou o contra-almirante Luís Picciochi, nas cerimónias do "Dia do Fuzileiro" que ontem decorreram na Escola de Fuzileiros (Vale de Zebro, Barreiro).

Alpoim Calvão, que na sua brilhante folha de serviços ostenta também algo quase único - uma ordem de serviço que simultaneamente o condecora, pune e transfere para a frente de combate no final da década de 1960 - na carreira de um soldado, lembrou ontem ao DN as razões de nunca ter recebido aquela condecoração.

"A razão próxima foi por ter sido incorrecto com o ministro da Marinha, Manuel Pereira Crespo, a longínqua por ter recusado tirar a punição a um oficial", recordou Alpoim Calvão, 73 anos, por entre as interrupções motivadas por cumprimentos e abraços de antigos subordinados. As situações estão directamente relacionadas, por a incorrecção perante o ministro ter ocorrido durante a recusa ao pedido que o governante lhe fazia para retirar a pena aplicada ao referido oficial.

A punição, aplicada perante "2000 homens formados" na parada da Escola de Fuzileiros, justificou-se porque o oficial em causa escrevera "uma coisa habilidosamente insultuosa" para Alpoim Calvão, adiantou o capitão-de- -mar-e-guerra já distinguido com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito - a mais alta condecoração portuguesa - e duas cruzes de guerra, entre outras.

A cerimónia de ontem contou com a tradicional participação de algumas centenas de antigos fuzileiros e familiares, numa cerimónia assumida oficialmente pela Marinha desde 2009 e que até então era organizada apenas pela Associação de Fuzileiros.

Numa parada onde estavam expostos alguns dos meios materiais que equipam o Corpo de Fuzileiros, bem como companhias de militares do batalhão de infantaria da Armada, a Escola dos 'fuzas' atribuiu também o nome de Alpoim Calvão à ponte-cais ali existente, adiantou ao DN o contra-almirante Luís Picciochi.

A cerimónia ficou assinalada ainda pelo desfile de 30 guiões de antigas unidades dos fuzileiros, tropas especiais cujas origens remontam ao final do século XVI e descendem da mais antiga força militar permanente portuguesa - o Terço da Armada, fundado em 1621.

DN

Por acaso não há fotos?
-Meu General, estamos cercados...
-Óptimo! Isso quer dizer que podemos atacar em qualquer direcção!
 

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #116 em: Julho 12, 2010, 12:26:15 am »
Citação de: "Lusitano89"
a Escola dos 'fuzas'

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #118 em: Agosto 05, 2010, 10:52:07 pm »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Guerra Colonial: experiências/testemunhos pessoais
« Responder #119 em: Agosto 10, 2010, 10:52:58 pm »
Alguém percebeu como é que o militar português ficou sem a perna? Foram os nossos morteiros?
Aquela parte dele a pedir sombra antes de morrer não me sai da memória...  :cry:
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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