Brasil fecha US$ 244,5 milhões em negócios com o Iraque

  • 2 Respostas
  • 3100 Visualizações
*

J.Ricardo

  • Perito
  • **
  • 307
  • +0/-0
Brasil fecha US$ 244,5 milhões em negócios com o Iraque
« em: Setembro 15, 2005, 01:44:20 pm »
Citar
15/09/2005 - 05h54
Brasil fecha R$ 560 mi em negócios com o Iraque durante feira
PAULO CABRAL
da BBC Brasil, no Cairo

A feira "Brasil na Reconstrução do Iraque" --realizada em Amã, na Jordânia-- deve levar a negócios de US$ 244,5 milhões (cerca de R$ 567 milhões) nos próximos 12 meses, segundo cálculos do presidente da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), Juan Quirós.

"Os Ministérios da Agricultura, da Construção e da Energia fizeram pedidos de US$ 132 milhões (R$ 306 milhões) e empresas privadas fecharam negócios de US$ 112,5 milhões (R$ 261 milhões)", disse Quirós.

Segundo ele, US$ 17,5 milhões (R$ 40 milhões) em negócios foram concluídos durante os três dias da feira --que terminou nesta quarta-feira-- enquanto outros U$ 95 milhões vêm de contratos iniciais, com entregas e pagamento para os próximos 12 meses.

Quirós diz que estas vendas viabilizam o projeto do governo federal de instalar um centro de distribuição de produtos brasileiros na Jordânia.

"Precisávamos de uma garantia de negócios de pelo menos US$ 100 milhões (R$ 232 milhões) para que pudéssemos instalar um centro de distribuição aqui. Se as previsões se confirmarem, vamos instalar o centro no ano que vem", disse.

Vizinhos

Atualmente a maior parte dos produtos brasileiros que chegam ao Iraque passa primeiro por empresas instaladas em países próximos.

As condições de segurança dificultam as operações dentro do Iraque, tanto que a própria feira para discutir a participação brasileira na reconstrução teve que ser realizada num país vizinho.

"Há muitos empresários iraquianos instalados aqui na Jordânia e em outros países da região com os quais o Brasil pode ter um contato mais fácil", disse o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, Jalal Chaya.

Mas o iraquiano radicado no Brasil diz que o país tem áreas, no norte e no sul, onde as condições de segurança são boas e negócios poderiam ser feitos mais diretamente.

Juan Quirós diz que o contato com compradores do Iraque revelou que atualmente os produtos brasileiros estão chegando ao país encarecidos pelo ágio cobrado pelos intermediários e, em alguns casos, com a validade vencida.

Ele diz que a Apex vai estudar a proposta feita pelas autoridades iraquianas de instalação de um centro de distribuição também no norte do Iraque.

Produtos

Segundo a Apex, entre os 14 setores representados na feira, os que mais se destacaram foram os de alimentos, material de construção, equipamentos médico-hospitalar, máquinas e serviços para indústria petrolífera e equipamentos e máquinas agrícolas.

O evento contou com a participação de 500 empresas brasileiras e foi visitado por cerca de 1,5 mil empresários iraquianos.

"No pico, em 1985, o comércio bilateral com o Iraque atingiu US$ 2,4 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 630 milhões. Até a Guerra do Golfo, eles importavam 480 itens do Brasil", diz Quirós.

No primeiro semestre deste ano, as exportações do Brasil para o Iraque foram de apenas US$ 9 milhões.


fonte: www.folha.uol.com.br
 

*

J.Ricardo

  • Perito
  • **
  • 307
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #1 em: Outubro 26, 2005, 01:26:44 pm »
Citar
Nós já lucramos no Iraque

Como empresas brasileiras de diversos setores estão aproveitando
as oportunidades de negócio geradas pela reconstrução do país

Por Denise Dweck

EXAME Um esforço gigantesco está sendo feito para reconstruir o Iraque, completamente destruído após a Guerra do Golfo, em 1991, e a campanha militar movida pelo presidente George W. Bush para derrubar o ditador Saddam Hussein em 2003. O saldo dos conflitos tem dois lados. O primeiro é o drama humano, representado por milhares de mortos e feridos e por uma população em permanente estado de medo. O segundo é a destruição física do país. Os bombardeios comprometeram toda a rede de abastecimento de água e de energia, destruíram centenas de prédios públicos e sucatearam a indústria petrolífera. O trabalho de varrer os escombros e recuperar o que foi destruído está apenas começando. Os Estados Unidos e as forças aliadas pretendem investir 32,4 bilhões de dólares nos próximos anos no trabalho de reerguer o país. O novo governo iraquiano, eleito em maio, também é parte ativa do processo. Recentemente, as autoridades de Bagdá anunciaram que dispõem de 5 bilhões de dólares para realizar obras em diversos setores. Na disputa por essas verbas, as empresas americanas têm levado uma nítida vantagem, o que só aprofunda os ataques da militância anti-Estados Unidos. Mas há muito espaço para companhias de outras nacionalidades fecharem bons contratos -- incluindo as brasileiras. Nos últimos tempos, algumas têm conseguido aproveitar as oportunidades de negócios que surgiram da necessidade de reconstruir o Iraque (veja quadro abaixo).

Até recentemente, as empresas brasileiras vinham participando de forma isolada do processo de reconstrução do país. O processo passou para um novo patamar com a realização no mês passado de uma grande feira na Jordânia para apresentar produtos brasileiros a compradores iraquianos. Cerca de 200 companhias compareceram ao evento. Estiveram presentes marcas como Embraer, Bauducco e Sadia. Entre contratos assinados e outros prestes a ser fechados, a feira rendeu mais de 240 milhões de dólares. O total do dinheiro envolvido representa mais do que o Brasil vendeu ao Iraque nos úl timos sete anos. Pode ser apenas o primeiro passo. A Embraer está prestes a comercializar um lote contendo dez jatos 170 para a Iraqi Airways e cinco aeronaves Ipanema. Caso a negociação se confirme, a empresa deve faturar aproximadamente 267 milhões de dólares com a venda. "Não faltam ao Brasil oportunidades no Iraque", afirma Nawfal Alssabak, vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Iraque, uma das entidades que promoveram a feira de setembro.

O setor de alimentos é um dos que estão mais se beneficiando dessa abertura comercial. Desde 2004, a Coimex Trading, de São Paulo, exporta açúcar bruto e refinado para o país. É um negócio que rende algo em torno de 20 milhões de dólares por ano. Outras empresas devem fechar acordos igualmente vantajosos num prazo curto. A mineira Uai! Trading, por exemplo, negocia no momento a venda de milhares de toneladas de óleo vegetal e de açúcar que podem render 15 milhões de dólares. A Tangará, do Espírito Santo, espera faturar 6 milhões de dólares comercializando 3 000 toneladas de leite em pó com o governo iraquiano. Todo esse movimento não escapa aos olhos das grandes empresas do setor. A Bauducco enviou representantes à feira da Jordânia para sondar a possibilidade de venda de panetones e biscoitos recheados. Também presente ao evento, a Sadia, uma das mais antigas exportadoras brasileiras para o Iraque, retomou as vendas ao país no ano passado, mas não fornece os valores e volumes envolvidos na operação.

No campo das grandes obras de infra-estrutura, as empresas americanas venceram a maioria das concorrências para a construção de pontes e reformas de termelétricas, entre outros trabalhos. Mesmo assim, algumas companhias brasileiras conseguiram entrar no mercado, por intermédio de subcontratos. Foi o caso da Smar, do interior de São Paulo. Ela é uma das líderes mundiais em sistemas de automação e exportava conversores de sinais e controladores de pressão para o Iraque desde 1996. O fornecimento foi interrompido durante a guerra. Com o fim do conflito, assim que os primeiros projetos de reconstrução foram anunciados, a Smar reativou seus laços comerciais com o país. Ela agora atua por lá através de um acordo com a empresa americana KBR. A construtora Odebrecht seguiu um caminho semelhante. Em parceria com o Exército americano, reformou uma termelétrica e construiu uma linha de transmissão em Beiji, localizada no norte do Iraque. A obra foi realizada entre 2004 e 2005, rendendo à companhia 60 milhões de dólares. Os trabalhos ficaram marcados por um evento trágico, o seqüestro, em janeiro, do engenheiro João José de Vasconcellos Júnior.

Esse episódio mostra que, embora tenha se transformado numa terra de boas oportunidades de negócios para as empresas brasileiras, o Iraque continua sendo um campo minado em termos de segurança. Mesmo com o fim da guerra, a violência no país só tem aumentado. A média atual é de cerca de 70 atentados terroristas por dia -- entre ações de grande e pequeno impacto. Em razão disso, as companhias que realizam operações comerciais por lá adotam cuidados redobrados. A gaúcha Randon, fabricante de carrocerias, mantém um representante no Oriente Médio que faz visitas eventuais ao Iraque. "Ele entra de táxi pela fronteira da Jordânia, de forma a não fazer alarde, e é orientado a só visitar bairros que não sejam alvo de ataques", diz Erino Tondon, diretor corporativo da empresa.



Oportunidades na reconstrução
A tabela mostra empresas brasileiras que já estão exportando para o Iraque e outras que estão prestes a fechar contratos  
Empresa  Negócio Valor  
Embraer - Venda de dez aeronaves 170 e cinco modelos Ipanema 267 milhões de dólares  
Norberto Odebrecht - Reforma de uma termelétrica e construção de uma linha de transmissão  60 milhões de dólares  
Coimex Trading - Exportação, a partir de 2004, de açúcar bruto e refinado 35 milhões de dólares  
Uai! Trading - Negocia com o governo iraquiano a venda de milhares de toneladas de óleo vegetal e de açúcar 15 milhões de dólares  
High Protection - Exportação,  desde janeiro de 2005, de mais de 200 carros blindados 14 milhões de dólares  
Tangará  - Negocia a venda de leite em pó integral para o governo iraquiano 6 milhões de dólares

A falta de segurança também provoca mudanças nas operações das companhias. Para escapar dos problemas, boa parte delas prefere montar suas bases de operação na vizinha Jordânia. Foi o que ocorreu com a High Protection, empresa nacional que fornece carros blindados ao Iraque. Para viabilizar o negócio, Maurício Junot, presidente da companhia, montou uma fábrica na Jordânia que emprega cerca de 60 brasileiros. Mesmo distante do palco dos conflitos, não ficou livre de alguns graves contratempos. Depois de ter oito carros metralhados durante uma entrega por via terrestre no ano passado, episódio que lhe causou prejuízo de 1 milhão de dólares, Junot passou a mandar os automóveis por avião até o Iraque. "É preciso andar com segurança forte e pessoas que conheçam a região", diz ele, que já vendeu 233 blindados para o mercado iraquiano ao longo de 2005, faturando 14 milhões de dólares.

Apesar das dificuldades, os empresários brasileiros que negociam com o Iraque estão otimistas. Na briga com outros exportadores, eles acham que o país pode levar vantagem por ter uma longa tradição de negócios com a região. Em 1985, o comércio bilateral entre Brasil e Iraque chegou a somar 2,4 bilhões de dólares, sendo 630 milhões em exportações brasileiras. Grande parte dessas exportações envolvia automóveis da Volkswagen. A montadora vendeu 170 000 carros do modelo Passat entre os anos de 1983 e 1988. Até hoje, muitos desses veículos rodam, em estado precário de conservação, pelas ruas de Bagdá. Eles são chamados por lá de Brasili, em referência à origem. A história da presença nacional no país também foi marcada pela construtora Mendes Júnior. No final da década de 70, a empresa foi contratada para a construção de uma ferrovia, um canal de irrigação no rio Eufrates e uma via expressa. Na época, o valor das obras era de 2,6 bilhões de dólares. Cerca de 10 000 operários, muitos deles brasileiros, participaram dos trabalhos. Essa primeira fase de intercâmbio comercial terminou por ocasião da Guerra do Golfo, no início da década de 90.

O fato de a destruição provocada pelos conflitos bélicos gerar grandes oportunidades de negócios não é uma novidade na história da humanidade. Trata-se de uma equação cruel e, obviamente, indesejável. Mas ela tem se repetido invariavelmente ao longo dos tempos. Em geral, as guerras se transformam em molas propulsoras do desenvolvimento. Os Estados Unidos conseguiram retomar as atividades econômicas do país, sucumbidas depois da Grande Depressão, em 1929, fornecendo não só materiais bélicos mas também bens de consumo que já não podiam ser produzidos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final do conflito, o país já era uma das maiores potências do planeta. Do lado do Eixo, Alemanha e Japão receberam diversos investimentos depois da derrota e, graças a essa ajuda, ganharam fôlego para iniciar um processo de reconstrução e desenvolvimento que os coloca hoje entre as maiores economias do mundo. Na época da Segunda Guerra, o Brasil era ainda uma nação essencialmente agrária e não tinha como se beneficiar do impulso industrial. Agora, com empresas sólidas e competitivas, a situação é bem diferente, como demonstra a atual onda de exportações nacionais para a reconstrução do Iraque.


fonte: http://www.defesanet.com.br
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 20066
  • Recebeu: 2928 vez(es)
  • Enviou: 2200 vez(es)
  • +1227/-3449
Negócios
« Responder #2 em: Outubro 26, 2005, 01:42:24 pm »
Espertos! :D
Bem, pelo menos alguém que lucre com esta situação. Acho que à excepção dos EUA e uns quantos paises "aliados", até agora ainda não tinha ouvido falar mais em situações como esta. É claro que posso estar errado/mal informado.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.