AFRICOM: EUA dispostos a apoiar cooperação com CPLP em África
Os Estados Unidos estão dispostos a cooperar "activamente" com os cinco países africanos de língua portuguesa no quadro do Africom, o comando militar norte-americano criado oficialmente há um mês, disse hoje em Lisboa a adjunta daquele comando.
Em declarações aos jornalistas no final de uma visita ao secretariado executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Mary Carlin Yates, adjunta do comando militar dos Estados Unidos em África (Africom), sublinhou que entre a cooperação figuram as áreas militar e da segurança, bem como o combate ao tráfico de droga.
"Temos muitas relações com países africanos e alguns deles são lusófonos. Mas pensamos que é importante trabalhar com as organizações em que estão integrados", afirmou.
"Estive a saber quais são as oportunidades que podemos ter na cooperação ao saber mais também sobre a estrutura das CPLP", disse Yates, depois de uma reunião com o director-geral da comunidade, Hélder Vaz.
No encontro, a embaixadora norte-americana disse ter sido informada sobre as acções que a CPLP está a desenvolver nessas matérias, de forma a serem estudadas "oportunidades" para ajudar a garantir "segurança e estabilidade" para o continente africano.
Yates, contudo, afirmou desconhecer a intenção de instalar o AFRICOM em São Tomé e Príncipe, país que tem corrido nos meios diplomáticos, sublinhando que não está definida qualquer decisão nesse sentido.
Por seu lado, Hélder Vaz destacou a importância da reunião, sublinhando que a CPLP necessitava de ter uma "percepção clara" sobre o que é o Africom e o que pretende fazer este comando militar, que continuará com sede em Estugarda, Alemanha, pelo menos até 2012.
"Foi uma troca de informações sobre cada uma das estruturas, CPLP e Africom. Nada foi decidido. Aliás, não compete à CPLP decidir sobre esta matéria, mas sim a cada um dos Estados membros", frisou.
Hélder Vaz admitiu, todavia, que a CPLP poderá ser um parceiro importante no Africom, uma vez que congrega cinco países africanos - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, além de Portugal, Brasil e Timor-Leste - e tem demonstrado uma cooperação militar e na área de defesa "extremamente ágil".
"Temos uma cooperação extremamente ágil. Temos os exercícios Felino, todos os anos, e temos em Moçambique o Centro de Estudos Estratégicos da CPLP, no domínio da Defesa, e vamos, dentro de um ano, ter criados os Centros de Excelência na vertente da Formação", referiu o director-geral dos "oito".
Questionado sobre uma eventual participação ou envolvimento de militares da CPLP no Africom, Hélder Vaz respondeu que tal tarefa não diz respeito à comunidade lusófona, uma vez que envolve "questões de soberania".
Lusa