Tensão em Timor Leste

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André

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« Responder #405 em: Janeiro 30, 2008, 07:10:41 pm »
Comissão mista tem «amizade a mais e verdade a menos»

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O resultado final do trabalho da comissão mista sobre a violência em Timor-Leste em 1999 tem «amizade a mais e verdade a menos» e corre o risco de ser apenas «uma charada diplomática», alertou uma organização independente.

A Comissão da Verdade e Amizade (KPP) corre o risco de ser «apenas uma charada diplomática» a menos que a redacção final sobre 3 anos de investigações produza recomendações sérias, alertou o Centro Internacional para Justiça Transitória (ICTJ), num relatório divulgado ontem.

O ICTJ critica os termos de referência, os métodos de trabalho, a falta de consulta e contribuições externas e os objectivos da KPP.

«A criação da KPP parece ter resultado mais da preocupação em fomentar relações diplomáticas bilaterais do que em contribuir substancialmente para contar a verdade ou para (conseguir) a reconciliação nacional entre os povos de Timor-Leste e da Indonésia», acusa o ICTJ.

O relatório crítico da KPP intitula-se «Amizade a Mais, Verdade a Menos».

A KPP foi estabelecida pelos chefes de Estado timorense e indonésio em 2005, para estabelecer uma «verdade conclusiva» sobre os acontecimentos que precederam e acompanharam a realização do referendo pela independência do território, em 1999.

«Embora os danos tenham sido feitos nas audiências públicas da KPP, o trabalho ainda não está completo», salienta o ICTJ.

«Infelizmente, será muito difícil para a KPP apagar os efeitos das audiências».

A Comissão tem, no entanto, segundo o relatório do ICTJ, «uma última oportunidade» para contribuir com recomendações positivas «e não repetir a versão alarmante dos acontecimentos» consolidada durante os testemunhos prestados em Jacarta, Bali e Díli.

Ao analisar o falhanço da KPP desde a sua constituição, o ICTJ sublinha que a Comissão falhou, em grande parte, pelas motivações que possibilitaram a sua criação.

«Os líderes da nova nação independente deram prioridade às boas relações com os vizinhos da Indonésia, sobrepondo-as à prossecução da justiça, um objectivo que eles viam como prejudicial às relações diplomáticas».

«O resultado foi uma relação bilateral mandatada para »procurar a verdade conclusiva mas impedida de avançar com outras condenações, e com o poder explícito de recomendar amnistias sem dar prioridade aos interesses das vítimas«, acusa o ICTJ.

O trabalho da KPP provocou, desde cedo, a oposição de muitas organizações da sociedade civil em ambos os países, que acusaram a Comissão de fornecer »um palco para os criminosos de 1999«.

A KPP provocou também o repúdio de mais de 30 organizações não-governamentais e de direitos humanos de todo o mundo.

As Nações Unidas recusaram legitimar os resultados das investigações da KPP.

Diário Digital / Lusa

 

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comanche

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« Responder #406 em: Fevereiro 06, 2008, 12:07:27 pm »
Timor-Leste: Grupo de Reinado disparou contra patrulha australiana

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Díli, 06 Fev (Lusa) - O major Alfredo Reinado e o seu grupo dispararam hoje "vários tiros" contra uma patrulha australiana no distrito de Ermera, a sudoeste de Díli, anunciou o comandante das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) em Timor-Leste.

O incidente não provocou vítimas, disse o brigadeiro James Baker em conferência de imprensa em Díli.

O "encontro casual" da patrulha australiana com "Alfredo Reinado e o seu grupo" aconteceu cerca das 12:50 locais (03:50 em Lisboa), explicou o comandante das ISF.

"Alguns dos homens de Alfredo Reinado estavam armados" e os primeiros dados apontam para "quatro ou cinco com espingardas no grupo".

O incidente ocorreu perto da aldeia de Lauala, Ermera, quando soldados australianos realizavam "uma patrulha de reconhecimento das estradas, na sequência das fortes chuvas que têm caído no país", adiantou o comandante James Baker.

"O reconhecimento por patrulhas das ISF foi amplamente divulgado", afirmou.

"O grupo disparou vários tiros de aviso, numa atitude insensata da parte de Alfredo Reinado e dos seus homens", adiantou o brigadeiro.

A patrulha australiana não respondeu aos tiros e recuou "de imediato" para a vila de Gleno, no mesmo distrito, referiu o comandante das ISF.

"Os soldados das ISF mostraram grande contenção, grande disciplina e grande profissionalismo", considerou o brigadeiro James Baker.

"As ISF, seguindo um pedido do governo timorense, não efectuam neste momento nenhuma operação contra Alfredo Reinado", assegurou também o oficial australiano.

"Alfredo Reinado é um fugitivo do sistema judicial timorense e a acção de hoje pôs em perigo a segurança de tropas das ISF", acrescentou.

Questionado por que razão as ISF não prenderam Alfredo Reinado, alvo de um mandato judicial, o brigadeiro James Baker respondeu, cinco vezes ao todo, que o major fugitivo "é um caso para as autoridades de Timor-Leste" e que "a missão das ISF em Timor-Leste é de assistir o governo".

O major Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar timorense, está fugido à justiça desde Agosto de 2006 e começou a ser julgado em Díli em Dezembro de 2007.

O incidente de Ermera aconteceu na véspera do início do acantonamento, em Díli, dos peticionários das Forças Armadas.

 

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André

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« Responder #407 em: Fevereiro 07, 2008, 04:00:41 pm »
Reinado não é ameaça à estabilidade

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O fugitivo Alfredo Reinado «não é uma ameaça real à estabilidade» de Timor-Leste, declarou hoje à Agência Lusa em Díli o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão.

«Da parte do Estado, Alfredo Reinado não é uma ameaça real à estabilidade», afirmou Xanana Gusmão numa entrevista de balanço dos primeiros seis meses do IV Governo Constitucional, que se completam sexta-feira.

«Da parte da população, (Reinado) é uma ameaça, já que ele não actuou sozinho e os jovens saíram para a rua em Díli quando viram o ataque a Same», por tropas australianas, a 03 de Março de 2007, referiu.

«Os jovens aqui, em Díli, acham-no como herói. Há boa gente que eu conheço e de quem sou muito amigo e (o apoio) é mais por uma questão de vingança política», acrescentou Xanana Gusmão sobre o ex-comandante da Polícia Militar timorense e um dos protagonistas da crise de 2006, que levou à queda do governo chefiado pelo líder da Fretilin, Mari Alkatiri.

«Não é em termos de crença ou de pensamento, mas por causa do começo do problema, com uma frase que surgiu a certa altura e sem a qual os peticionários praticamente não teriam tido grande impacto», sublinhou Xanana Gusmão.

A frase é «vocês do oeste não lutaram», precisou, referindo-se à alegada diferença de contribuições para a luta contra a ocupação indonésia consoante a origem geográfica.

«Dentro deste mal-estar político, que assolou a consciência de muitos combatentes da libertação nacional, o Alfredo apareceu como o que reporia, não a verdade dos factos, que já existiu, mas um contrapeso dessas coisas», disse.

«Criou-se e continua a alimentar-se uma imagem que eles estavam a necessitar. Não é exactamente um conflito de gerações porque quem lhe dá maior apoio é uma geração velha da parte oeste, de quadros clandestinos com quem eu estou sempre em contacto e a tentar lavar-lhes o cérebro», explicou o primeiro-ministro, rindo.

O caso de Reinado «não é uma guerra de legitimidade e comigo muito menos. São pessoas que eu conheço (que o apoiam) e se eu os mando para o Ramelau eles vão, se eu os mando vir eles vêm», sublinhou Xanana Gusmão.

O problema, acrescentou o primeiro-ministro, é que Alfredo Reinado «surgiu num mal-estar político que, com o correr do tempo, se tornou numa figura de quem eles necessitavam».

Xanana Gusmão defendeu na entrevista à Lusa que «devia-se ser mais duro» com Alfredo Reinado, um homem que «não merece confiança porque muda todos os dias de opinião».

O primeiro-ministro recordou inúmeras reuniões «quentíssimas» que teve enquanto Presidente da República e adiantou que «o Estado ia fazer uma concessão inédita que era enviar o tribunal a Gleno fazer uma audição sobre o caso do Reinado», no início de 2007.

«O próximo passo seria discutir com Reinado para ele não entrar com armas no tribunal e foi então que ele tirou as armas» a três postos de polícia fronteiriça em Maliana, oeste, em Fevereiro de 2006, contou.

«Discutimos todas as opções possíveis mas sempre chegámos à opção moderada», recordou o primeiro-ministro.

«Aí é que a componente pensante da sociedade timorense peca por demasiada divergência de opiniões», notou Xanana Gusmão sobre a estratégia que tem sido seguida pelo Estado timorense.

«Há partidos envolvidos, e quando digo partidos não digo Fretilin, digo partidos no plural. Há líderes envolvidos, organizações e grupos. Nós estamos divididos na percepção da substância», disse o primeiro-ministro.

«É gente a mais e é por causa disso mesmo» que ainda não se resolveu a questão, acrescentou.

Alfredo Reinado, fugido à justiça desde Agosto de 2006, está acusado de homicídio, rebelião e posse ilegal de material de guerra.

O militar foi um elemento central na crise política e militar de 2006, desencadeada por um grupo de peticionários das Forças Armadas e que deixou, até hoje, uma herança de 100 mil deslocados internos.

Para Xanana Gusmão, o caso de Alfredo Reinado, a situação dos peticionários e os deslocados são problemas «interrelacionados» aos quais o seu governo procura dar uma resposta abrangente.

«Há-de chegar o momento em que, antes de ir aos deslocados, eu tenho que lidar com os peticionários», afirmou Xanana Gusmão.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #408 em: Fevereiro 10, 2008, 11:51:50 pm »
Presidente Ramos Horta, ferido e Alfredo Reinado morto a tiro em Dili

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O Presidente da República de Timor Leste, Ramos Horta foi alvejado nesta Segunda-feira de madrugada (04:00 da manhã locais) em Timor por desconhecidos que atacaram a sua residência.
Ramos Horta recebeu um tiro no estômago e foi levado ao hospital australiano em Díli. Segundo outras fontes terá posteriormente sido evacuado para Darwin no norte da Austrália.

Aparentemente, durante o incidente que envolveu troca de tiros entre as forças da segurança do presidente e os atacantes, resultou morto o alegado líder rebelde, Alfredo Reinado, procurado pela polícia há bastante tempo por posse ilegal de armas e outros crimes.

Embora as tropas da Austrália sejam normalmente interventores menores em termos de manutenção de segurança, tinham entrado em conflito com Alfredo Reinado na passada semana, tendo ocorrido trocas de tiros.

Reinado tinha que morrer

Alfredo Reinado, alegadamente treinado pelas próprias forças australianas, esteve directamente ligado aos distúrbios ocorridos em 2006.
A sua actuação e os distúrbios que provocou estiveram na origem de declarações proferidas pelo primeiro-ministro da Austrália, quando declarou Timor-Leste um «Estado falhado».

Alfredo Reinado: Morte anunciada há muito.
Essa afirmação levou à intervenção australiana na ilha, tendo levado a que o governo timorense, na altura chefiado por Mari Alkatiri tivesse pedido auxilio a Portugal e à Malásia.

Aquilo que parece ser uma acção de desespero por parte de Reinado, ocorre depois de o governo John Howard ter sido derrotado em eleições na Austrália.

Área Militar

 

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« Responder #409 em: Fevereiro 11, 2008, 08:05:17 am »
bandozito de tristes...
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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comanche

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« Responder #410 em: Fevereiro 11, 2008, 10:43:24 am »
Timor-Leste: Ramos Horta apresentava uma hemorragia forte e estava em estado de choque - enfermeiro do INEM

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Lisboa, 11 Fev (Lusa) - O primeiro elemento médico que hoje socorreu o Presidente da República de Timor-Leste, após atentado, disse à Lusa que Ramos Horta apresentava uma hemorragia "muito grande" e que estava em "estado de choque".

"Apresentava uma hemorragia muito grande. Uma hemorragia franca e estava em estado de choque, apesar de reagir à dor", disse à Agência Lusa o enfermeiro do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), que hoje integrou a equipa da GNR que se deslocou ao local do atentado.

O enfermeiro disse à Lusa que quando chegou ao local do atentado se dirigiu para a primeira pessoa, de várias, que se encontrava caída, tendo iniciado os procedimentos médicos".

"Só quando voltámos a pessoa de barriga para cima é que reparei quem era. É uma cara conhecida", contou.


Timor-Leste: Gastrentorologista considera que situação "potencialmente muito grave"

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Lisboa, 11 Fev (Lusa) - Uma bala alojada no abdómen é "uma situação potencialmente muito grave" e poderá provocar "situações irreversíveis" se a vítima perder sangue durante muito tempo, comentou hoje um médico gastrenterologista, reportando-se ao atentado contra o presidente de Timor-Leste.

"Sem conhecer as informações clínicas e apenas pelas informações dadas pela comunicação social, posso dizer que se trata de uma situação mais grave do que se pensava inicialmente", referiu à Lusa um médico do Hospital de Santa Maria.

Depois de ser colocado em coma induzido, José Ramos Horta foi operado no hospitalar militar australiano em Díli para lhe ser removida uma bala, que primeiro o atingiu nas costas e depois no estômago.

O presidente timorense foi ainda atingido por uma segunda bala, que o feriu de raspão.

Estabilizado o seu estado de saúde, o líder timorense foi transferido via área para a cidade australiana de Darwin, onde já chegou, em estado considerado grave mas estável, segundo as informações disponíveis.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa, o presidente ficou mais de uma hora no quarto da sua residência, em Díli, à espera de auxilio, após o ataque de que foi alvo cerca das 21:15 horas de Lisboa.

"Uma bala no estômago, que na prática está alojada no abdómen, é uma situação grave e se o doente estiver muito tempo em estado de choque, a perder sangue, poderá haver situações irreversíveis de danos ao nível dos rins ou do cérebro", comentou o mesmo médico.

O gastrenterologista comentou que uma situação semelhante em Portugal, o paciente entraria imediatamente no bloco operatório, sem realização de quaisquer tipos de exames.

O atentado contra a casa do presidente timorense resultou em dois mortos, um dos quais o major fugitivo Alfredo Reinado.

Cerca das 07:15 (22:45 em Lisboa), o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, foi atacado a caminho de Díli, mas não sofreu nenhum ferimento.

Homens armados tentaram hoje matar José Ramos Horta e Xanana Gusmão, em dois ataques concertados.

O ataque contra Ramos Horta foi liderado pelo major Alfredo Reinado, que foi morto no incidente.

Ramos Horta foi ferido a tiro e teve de ser submetido a uma intervenção cirúrgica no hospital militar australiano em Díli, de onde seguirá ainda hoje para um hospital na cidade australiana de Darwin.

De acordo com um elemento da segurança do primeiro-ministro, o tenente Gastão Salsinha, um dos peticionários que abandonaram as forças armadas em 2006, comandou o ataque contra Xanana Gusmão, que saiu ileso.

 

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luis filipe silva

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« Responder #411 em: Fevereiro 11, 2008, 11:08:47 am »
Está na altura dos totós dos portugueses fazerem outro cordão humano com velinhas na mão. Ah e não se esqueçam de continuar a mandar dinheiro lá para a colónia!....
-----------------------------
saudações:
Luis Filipe Silva
 

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« Responder #412 em: Fevereiro 11, 2008, 12:05:02 pm »
Citação de: "luis filipe silva"
Está na altura dos totós dos portugueses fazerem outro cordão humano com velinhas na mão. Ah e não se esqueçam de continuar a mandar dinheiro lá para a colónia!....



eu para esse peditório já dei e bem arrependido estou :evil:  :evil:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Luso

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« Responder #413 em: Fevereiro 11, 2008, 12:36:11 pm »
Citação de: "luis filipe silva"
Está na altura dos totós dos portugueses fazerem outro cordão humano com velinhas na mão. Ah e não se esqueçam de continuar a mandar dinheiro lá para a colónia!....


Não me arrependo mínimamente do que fiz. Dei (fui dando) o meu muito insignificante contributo para que eles tivessem pelo menos uma hipótese. Agora o que eles fazem com a oportunidade que lhes foi dada isso é outra história.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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André

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« Responder #414 em: Fevereiro 11, 2008, 07:36:03 pm »
Sobreviver e morrer por falta de lógica

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A análise dos factos e da cronologia dos ataques de ontem de manhã, em Díli, revela um dado implacável e perturbante: José Ramos-Horta e Xanana Gusmão estão vivos e Alfredo Reinado está morto porque quase nenhum dos envolvidos actuou dentro do que seria lógico.

O primeiro dado bizarro é a sequência do ataque à residência de José Ramos-Horta: o major fugitivo Alfredo Reinado morreu quase uma hora antes de o próprio Presidente da República ter sido alvejado na mão, no abdómen e nas costas.

O filme dos acontecimentos, cruzando testemunhos de fontes oficiais com o relatório de operações a que a Agência Lusa teve acesso, mostra que houve dois tiroteios diferentes, separados por cerca de 45 minutos.

Entre um e outro tiroteio, nenhum sinal de alarme foi dado de dentro da residência do chefe de Estado, contrariando o que seria normal acontecer.

Alfredo Reinado morreu logo no início do primeiro tiroteio, ironicamente baleado por um elemento da Polícia Militar das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, a unidade que ele comandou até desertar de Díli com alguns dos seus homens, em Abril de 2006.

O primeiro ataque de ontem contra a residência de José Ramos-Horta foi feito, também, a uma hora - 06h15 - a que, como é do conhecimento geral em Díli, o Presidente faz o seu "jogging" matinal na marginal que conduz à Praia da Areia Branca.

A aparente ignorância deste facto básico por parte de Alfredo Reinado, num eventual plano concertado, deu azo a que nos "mentideros" de Díli surgisse ontem a versão de que o major fugitivo teria planeado um sequestro e não um atentado.

A surpresa do grupo de Reinado pela ausência de José Ramos-Horta ficou patente na busca que os atacantes fizeram pela residência do Presidente, composta por várias construções de arquitectura tradicional, de tipo "bungalow", num terreno isolado na saída leste de Díli.

Os atacantes "arrombaram várias portas a pontapé, à procura do Presidente", segundo uma fonte oficial.

Não o encontraram, mas também não está explicado onde e como durante mais de meia hora se esconderam os homens de Reinado quando já estava morto, até o Presidente da República se aproximar da residência, cerca das 07h00.

José Ramos-Horta soube por um telefonema da irmã, às 06h50, que havia tiroteio na sua residência. Em vez de se afastar do local, caminhou para lá, como explicou, horas mais tarde, o primeiro-ministro Xanana Gusmão.

O Presidente foi alvejado junto ao muro que marca o início da sua propriedade no Boulevard John Kennedy, em Meti-hau.

Foi ainda o próprio Presidente quem fez a primeira chamada de socorro devido a estar ferido - uma vez que a primeira chamada para o Centro Nacional de Operações, às 06h59, foi ainda para assistir ao tiroteio em Meti-hau e não ao chefe de Estado.

Não houve nenhum anúncio oficial sobre medidas especiais de segurança decretadas após o ataque em Meti-hau. Hora e meia depois dos primeiros tiros de Reinado no Boulevard John Kennedy, a caravana do primeiro-ministro, sem reforço aparente de escolta, foi atacada pelo lugar-tenente do major rebelde, Gastão Salsinha.

O ataque foi desferido à saída da residência de Xanana Gusmão, na estrada que serpenteia entre a aldeia de Balíbar, um local fresco com cheiro a frangipani, a quase mil metros de altitude, e a capital timorense.

O primeiro-ministro descreveu mais tarde, no Palácio de Governo, ter sobrevido a "fogo cerrado" contra a sua viatura, que chegou a Díli "de pneus rebentados". A viatura da escolta, que ia à frente, despistou-se pela montanha, sem causar vítimas.

Minutos depois, Gastão Salsinha protagonizava outro dos momentos estranhos do dia: voltou atrás e abordou o chefe da segurança da residência de Xanana Gusmão, pedindo-lhe a espingarda Steyer.

O segurança recusou, segundo contou à Lusa, e o grupo de Salsinha desapareceu na estrada da montanha. Mas outra tragédia poderia ter acontecido: a esposa de Xanana Gusmão, Kirsty Sword-Gusmão, e os filhos ainda se encontravam em casa - com apenas 3 guardas.

A família de Xanana Gusmão foi, minutos depois, evacuada por um blindado da GNR.

As leituras do duplo ataque são unânimes entre oposição e Governo: "tentativa de golpe de Estado".

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin e ex-primeiro-ministrou, condenou os ataques mas lançou a sua dúvida metódica: "Que alguém explique por que razão queriam matar José Ramos-Horta, que foi quem mais 'protegeu', entre aspas, Alfredo Reinado".

Lusa

 

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« Responder #415 em: Fevereiro 11, 2008, 09:49:16 pm »
Citação de: "André"
Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin e ex-primeiro-ministrou, condenou os ataques mas lançou a sua dúvida metódica: "Que alguém explique por que razão queriam matar José Ramos-Horta, que foi quem mais 'protegeu', entre aspas, Alfredo Reinado".

Lusa


Esta é muito interessante. Serei o único a ver aqui uma insinuação a Xanana?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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André

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« Responder #416 em: Fevereiro 11, 2008, 10:07:13 pm »
PR José Ramos-Horta deverá reocupar cargo dentro de um mês - presidente do Parlamento Nacional

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O chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, deverá reocupar o cargo dentro de um mês, disse hoje em Lisboa o presidente do Parlamento Nacional, Fernando de Araújo "Lasama".

O dirigente timorense, que falava no final da audiência de 55 minutos no Palácio de Belém com o presidente Aníbal Cavaco Silva, manifestou-se satisfeito com a evolução do estado de saúde de José Ramos-Horta, alvo de um atentado em Díli.

"Espero que o Presidente (Ramos-Horta) recupere (...) que não leve muito tempo, espero que dentro de um mês o presidente regressará para assumir as suas responsabilidades", destacou.

Homens armados tentaram matar José Ramos-Horta e o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, em dois ataques concertados.

O ataque contra Ramos-Horta foi liderado pelo major Alfredo Reinado, que foi morto no incidente.

Ramos-Horta foi ferido a tiro e teve de ser submetido a uma intervenção cirúrgica no hospital militar australiano em Díli e foi transferido para uma unidade de cuidados intensivos do hospital de Darwin, Austrália, onde foi sujeito a uma segunda operação.

De acordo com um elemento da segurança do primeiro-ministro, o tenente Gastão Salsinha, um dos peticionários que abandonaram as forças armadas em 2006, comandou o ataque contra Xanana Gusmão, que saiu ileso.

Devido à incapacidade actual de Ramos-Horta, Fernando de Araújo deverá assumir interinamente, no regresso dentro de dias a Díli, o cargo de Presidente da República.

Na audiência com Cavaco Silva, o presidente do parlamento timorense disse à saída aos jornalistas que informou o chefe de Estado português da melhoria do estado de saúde de Ramos-Horta.

"O presidente Ramos-Horta está a melhorar e o Presidente Cavaco Silva manifestou preocupação e a sua solidariedade com o povo de Timor-Leste", disse.

"Os dirigentes timorenses, de que eu faço parte, continuam a contar sempre com o apoio do Presidente de Portugal, com o povo português e com os amigos jornalistas que estão sempre atentos à situação em Timor-Leste", acrescentou.

Fernando de Araújo "Lasama" acredita que os acontecimentos em Díli evidenciam uma tentativa de golpe de Estado.

"Foi uma tentativa de golpe de Estado. Se eu estivesse em Timor-Leste também seria um alvo", considerou, salientando que a situação criada pela acção de Alfredo Reinado e Gastão Salsinha "é muito grave".

"A situação é muito grave. Foi um crime muito sério contra o Estado de Timor-Leste", adiantou.

Lusa


Governo neozelandês tem um batalhão a postos caso seja necessário reforçar presença militar

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O governo neozelandês confirmou hoje que tem um batalhão militar prestes a partir, a qualquer momento, para Timor-Leste, estando ainda em curso negociações com outros países no intuito de definir um eventual alargamento das forças no terreno.

Winston Peters, ministro neozelandês dos Negócios Estrangeiros, disse que ainda não foi tomada uma decisão de enviar os reforços, para se juntarem aos 170 militares e 25 policiais da Nova Zelândia já em Timor-Leste.

"Tem que ser uma decisão internacional. Estamos a decidir com outros países e com a Austrália em particular, exactamente o que vai ser preciso", afirmou.

Em declarações aos jornalistas a primeiro-ministro neozelandesa, Helen Clark, afirmou-se chocada com os ataques a José Ramos-Horta e Xanana Gusmão.

Lusa

 

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Lancero

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« Responder #417 em: Fevereiro 11, 2008, 10:29:34 pm »








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A Portuguese special police unit stand guard on their armoured vehicle in Dili on 11 February 2008, few hours after a rebel attack. Rebel soldiers shot and wounded East Timor President Jose Ramos-Horta and opened fire on the prime minister Monday as part of a failed coup in the recently independent nation, officials said. Ramos-Horta, a Nobel Peace laureate, was injured in the stomach but in stable condition, while Prime Minister Xanana Gusmao escaped the attack on his motorcade unhurt
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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André

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« Responder #418 em: Fevereiro 11, 2008, 11:25:06 pm »
Tropas e polícias australianos a caminho, fragata chega terça-feira ao porto de Dili

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Os 120 militares e 70 polícias australianos enviados de emergência para Díli já partiram da cidade australiana, devendo chegar a Díli, em três aviões C-130, terça-feira, confirmou o ministro da Defesa australiano.

Joel Fitzgibbon disse à rádio pública ABC, em Sidney, que além das tropas está também a caminho a fragata HMAS Perth que ficará no porto de Díli como "mensagem clara" para quem possa querer destabilizar a situação no terreno.

"A situação está calma mas a experiência histórica demonstra que os efeitos de casos como este em Timor-Leste se sentem um pouco mais tarde", disse.

"A decisão de posicionar tantos efectivos no terreno é de deixar uma mensagem clara aos rebeldes ou a qualquer outro que possa estar a pensar mudar essa situação calma, de que estamos muito apostados em manter a calma e de que tomaremos qualquer medida para garantir isso", afirmou.

O envio das tropas, polícias e da fragata é, segundo Fitzgibbon, um "sinal sério" de que Camberra está empenhada em "ajudar a manter a lei e a ordem", demonstrando a eventuais elementos problemáticos que "há uma força significativa no terreno".

Questionado sobre se com mais um reforço de tropas e polícias a Austrália era agora "a lei" em Timor-Leste, Fitzgibbon insistiu que "o governo timorense é soberano" e que Camberra apoia "os esforços de consolidar a democracia", estando preparada, através do espaço internacional, "para ajudar rapidamente se esse apoio for pedido".

Recorde-se que as autoridades timorenses solicitaram a Camberra o envio de um reforço de militares, tendo o primeiro-ministro australiano Kevin Rudd confirmado uma resposta favorável a esse pedido, poucas horas depois.

Sobre o futuro no terreno, Joel Fitzgibbon manifestou-se esperançado que os apoiantes de Alfredo Reinado - morto no ataque á casa do presidente timorense José Ramos-Horta, que foi baleado - "percebam que estão sem líder e que o jogo está perdido, entregando-se".

"Espero que o sentido comum prevaleça mas não podemos garantir isso e daí o reforço de tropas, para qualquer eventualidade", afirmou.

Joel Fitzgibbon escusou-se a avançar detalhes operativos sobre as funções dos efectivos adicionais, limitando-se a afirmar que a força em Timor-Leste é "bem treinada, flexível e com meios", estando "preparada para fazer o que for pedido pelo governo soberano e o que seja necessário para manter a lei e a ordem".

"Estamos determinados a fazer o que seja necessário para garantir que a democracia prevalece, que o governo soberano está sólido e seguro e que a lei e ordem perdura", afirmou.

O governante recordou que a Austrália tinha antecipado já uma presença a médio prazo em Timor-Leste ainda que "há apenas dois dias" a situação suscitasse alguns debates sobre se deveria haver uma redução de tropas australianas, dada a situação calma.

"Não queremos para já falar de um calendário. Há dois dias pensávamos que Timor-Leste estava calmo e estável e até podíamos pensar em retirar tropas. Agora decidimos não fazer isso. Teremos que reavaliar isso", afirmou.

Apesar da situação em Díli, manifestou-se esperançado que os ataques de domingo (segunda-feira, data local) tenham sido "um evento isolado" e que os rebeldes se possam agora "entregar", mantendo-se a calma "em Díli e no resto do país.

Lusa



Taur Matan Ruak alertou há uma semana de que PR e PM poderiam ser alvos

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O comandante das forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, alertou, há semana, os responsáveis de segurança no país, incluindo as forças internacionais, de que o presidente e primeiro-ministro poderiam ser alvos de um ataque.

"Disse há uma semana, na reunião do grupo de alto nível de segurança, que havia dois alvos fundamentais: os líderes, o presidente e primeiro-ministro, e zonas vitais do país", afirmou Taur Matan Ruak em declarações à Lusa.

Nas primeiras declarações públicas desde o ataque de domingo (madrugada de segunda-feira em Díli), Taur Matan Ruak afirmou que tinha informações que chegaram às forças de Defesa de Timor-Leste, incluindo fornecidas por populares, que apontam para uma eventual acção do grupo de Reinado.

Lusa

 

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André

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« Responder #419 em: Fevereiro 11, 2008, 11:50:08 pm »
George W. Bush denuncia ataque, diz que democracia não pode ser desencaminhada

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O presidente norte-americano denunciou hoje os atentados contra o presidente e o primeiro-ministro de Timor-Leste e lembrou aos seus mentores que não podem desencaminhar a democracia na pequena nação do Pacífico.

"Condeno energicamente os violentos ataques contra José Ramos-Horta", presidente de Timor-Leste e o seu primeiro-ministro, Xanana Gusmão, disse George W. Bush num comunicado.

"Aqueles que são responsáveis têm de saber que não podem descarrilar a democracia" em Timor-Leste " e que serão responsabilizados pelas suas acções", salientou.

Bush lembra que os Estados Unidos estão empenhados em trabalhar com o povo de Timor-Leste para reforçar a democracia.

Acrescenta que ele e a mulher, Laura, enviam condolências às famílias dos mortos nos ataques e deseja a Ramos-Horta e aos outros feridos uma rápida recuperação.

Homens armados tentaram matar domingo à noite (início da manhã de segunda-feira em Dili) o Presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, em dois ataques concertados.

O ataque contra Ramos-Horta foi liderado pelo major Alfredo Reinado, que foi morto no incidente.

Ramos-Horta foi ferido a tiro e teve de ser submetido a uma intervenção cirúrgica no hospital militar australiano em Díli sendo depois transferido para uma unidade de cuidados intensivos do hospital de Darwin, Austrália, onde foi sujeito a uma segunda operação.

O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que o ataque ao Prémio Nobel da Paz é uma tentativa de fazer voltar para trás o relógio em Timor-Leste.

Lusa