Tendo tido a oportunidade de observar o interior do Pandur, na sua versão de transporte de tropas, senti alguma inquietação relativamente ao ponto de vista subjectivo do soldado que é transportado neste "Battle Taxi" de ultima geração. Geralmente este ponto de vista pouco ou nada interessa a quem de direito, mas quando a questão poderá ter implicações na auto-potecção do veículo...
Assim quanto à desprotecção do atirador da 12,7. Penso que seria conveniente, pelo menos, a aquisição de kits de blindagem (à semelhança dos Panhard M11 VBL), porque, como pude comprovar, ele fica demasiado exposto. O ideal, claro, seria que a metralhadora pesada fôsse instalada num reparo comandado a partir do interior, como no Striker e outros.
Por outro lado, este "battle taxi", embora com uma blindagem que não tem nada a ver com a do M113A1, padece de uma deficiência semelhante (?), ou seja, a falta de visão para o exterior (dos "passageiros", entenda-se), assim como a possibilidade da infantaria transportada fazer fogo a partir do interior (auto-defesa), o que, nos moldes actuais, pode ter os seus custos em termos psicológicos, e não só.
A evolução, neste aspecto, tem sido bastante curiosa, pois, as modernizações europeias do M113 (por exemplo, a Holandesa e a Italiana, mas já não a alemã), assim como o VCI Marder e depois o M2 Bradley, foram concebidos com sistemas de visão para o exterior e seteiras.
No caso do Bradley até chegou a ser desenvolvida uma versão curta e simplificada da carabina XM-177, só para ser usada a partir do interior do veículo, então designada M231 Firing Port Weapon (penso que não chegou a ser adoptada, porque redundante, com a adopção da M-4 com coronha retráctil).
Os kits de blindagem acrescentados aos Bradley, apenas dificultaram/ impediram a auto-defesa naqueles moldes, mas não taparam a visão para o exterior. Alem disso sempre tem um canhão de 25mm e misseís anticarro. O mesmo se passou com a terceira geração do Marder alemão, que manteve o referido sistema de visão para o exterior.
Contudo, com o Stryker/ Piranha e com o Pandur retornou-se à ideia de que o infante, a bordo, tem de estar fechado numa caixa blindada, sem saber o que se passa do lado de fora, e que se for atacado, lá terá que se expor, e servir de alvo fácil (isto quer para a infantaria, quer para o chefe da viatura). No combate em meio urbano, onde o fogo vem, muitas vezes de cima, maior a vulnerabilidade.
Mesmo sem este ataque ao veículo, quando a rampa traseira se abre, o estado de desorientação espacial dos soldados é total. Só a tripulação é que tem consciência do local. Mais uma vez lembro as contigências do combate em meio urbano.
Pergunto, será que este sistema de visão para o exterior é um problema de maior vulnerabilidade em termos de blindagem?
Se é, então porque não desenvolver um simples sistema de minicams exteriores espalhadas pelo veículo e LCD´s no interior (dispensa-se a plaquinha amarela da Prosegur a dizer, veículo protegido por video-vigilância).
Por outras bandas, onde os orçamentos de Defesa Nacional nada têm a ver com os Europeus, a solução avança para mini-RPV/ UAV telecomandados, baseados em cada viatura, que dariam uma visão total do terreno e das ameaças.
Caramba, não pode ser assim tão caro, quer as blindagens, quer as mini-cams e LCD, se se atender às enormes vantagens.
A brincar, caso a paisagem exterior fôsse monotona, sempre poderiam ir passando filmes, como nos aviões (se funciona para o medo de voar, então também seria eficaz noutras formas de stress).
Desculpem o desvario deste post
Cumps.