A malta queixa-se muito do estado das FFAA's — eu próprio me incluo nesse grupo — no entanto, esquecem-se que há 30 ou 40 anos atrás, apesar de números mais impressionantes no papel, estávamos tecnologicamente muito mais distanciados dos nossos aliados do que estamos hoje. Exemplos: 7 fragatas e 10 corvetas sem mísseis nem helicópteros; dezenas de caças ultrapassados e com armamento desadequado; ausência total de mísseis antiaéreos, terrestres ou navais; aviões de patrulhamento marítimo/ASW completamente desadequados; submarinos novos, mas longe de serem 'state of the art', como os actuais; carros de combate e blindados do tempo da guerra da Coreia, artilharia da Segunda Guerra. E a lista podia continuar. Estamos mal, mas já estivemos bem pior.
A revolução tecnológica nas FFAA's iniciou-se com a chegada dos A-7, P-3, radares HADR + SICCAP e M109 nos anos 80 e, posteriormente, com as VdG, F-16, M60A3 nos anos 90. O Exército, como já é habitual, não da saltos tecnológicos tão grandes como a FAP ou Marinha, mas ainda assim também está melhor tecnologicamente do que há 30 ou 40 anos atrás.
Não sei onde foi arranjar esse "paradigma" da revolução tecnológica?! Acho que está a exagerar. Mas pronto!
Nos anos 50 (antes do eclodir da Guerra Colonial) estávamos relativamente a par (embora com alguma limitações) com outras nações congéneres e não com o atraso que estamos hoje. Já tinhamos helicópteros, aviões patrulha actualizados PV-2 e P-2V, treinadores a jacto modernos F-84 e T-33. Caças actualizados como o F-86 Sabre. Durante a Guerra colonial estivemos bastante limitados devido ao embargo de armas, mas mesmo assim tinhamos um dispositivo de guerra adequado ás especificidades desse conflicto.
Falando dessa "revolução tecnológica", os A-7 eram aeronaves da US Navy abatidas que foram usadas na guerra do Vietnam e estavam "armazenadas" ao relento num deserto do Arizona. Um negócio ruinoso para os contribuintes mas acredito que excelente para alguns. Os P-3 ex-RAAF quando vieram para cá já estavam nas cascas, levaram apenas um ligeiro "refurbishment" na Lockheed em Palmdale. Os radares HADR foram cá colocados 3 e pagos integralmente pela NATO, não houve qualquer investimento do estado português. Hoje estão obsoletos, apesar de a SAAB Defence ter efectuado algumas modernizações há poucos anos. Os outros países da NATO já os substItuiram. E meu caro amigo na altura que vieram os M-60A3 e os obus M-109, este material "surplus" já era considerado sucata. Revolução tecnológica?
Não necessariamente. Quando recebemos os F84 e F86, já outros países operavam com a versão thunderstreak e Sabre Dog, os quais eram muito superiores aos modelos originais. Nós nunca tivemos estes modelos.
Os T33 podiam estar actualizados na formação mas os RT33 já tinham sido completamente ultrapassados pelos Rf84F Thunderflash, bastante diferentes. Talvez o P2V (O PV2 ditava dos tempos da guerra), ainda assim seria dos mais modernos, mas no início da década de 60 já os EUA usavam o P3A Orion.
Os A7 vieram porque mais uma vez faltou dinheiro para a FAP, a qual até queria o F5. Eram relativamente modernos para a altura, tanto mais que além dos EUA, gregos e tailandeses também os usaram. As células dos A e B armazenadas na AMARG foi novamente uma opção financeira assim como a segunda esquadra de F16 que por cá anda, sem problemas de maior. Talvez o maior problema fosse mesmo passarmos do Fiat para o Corsair (se calhar deveríamos ter adquirido o A4). Quanto ao P3, tendo em conta que já não existiam aeronaves ASW e de patrulha marítima da FAP, talvez tenha sido a melhor opção, até porque serviram bem e sem acidentes, mas não existia muita coisa disponivel entre Tracker e Atlantic.
Relativamente aos tanques, muitos países usavam o M60A3 e inclusive o USMC foi com o dito para o Golfo e ainda o usou por uns tempos. Cá, também tem operado sem problemas, sendo o maior a falta de investimento, já que por esse mundo fora têm sido bastante modernizados ao ponto de lhe colocarem até uma peça de 120mm e sensores de ultima geração (como o A3 de Israel). Mas nós preferimos deixar como está, assim como os M113...
Resumindo e sem azias. Não diria que estávamos no passado bem, como digo que actualmente não estamos mal (dou o exemplo dos F16 MLU, EH101, Fragatas BD ou Leopard 2A6, praticante ao nível de parte dos outros países com F.A. tecnológicamete relevantes) embora seja o primeiro a reconhecer que podíamos estar bem melhor. Agora, se calhar é bom analisar outras variáveis, como as recusas de adquirirmos navios como os Transportes de Carros Britânicos Sir Tristan (ainda hoje usado para treinos) ou recebermos com custos reduzidos mais um Submarino alemão (aparentemente ninguém quis ir aprender grego, já por exemplo os egípcios não tiveram esse problema com os Mistral Russos
http://www.areamilitar.net/noticias/noticias.aspx?nrnot=906 ), ou porque por exemplo não se investe numa série de material por cá (é certo que os Leopard 2 vieram em saldo, mas com o que foi pago fazia-se o upgrade de cerca de 50 M60A3, que para andarem por Santa Margarida chegavam e sobravam). Ou seja, mais uma vez o problema começa nos nossos políticos e acaba na nossa população, passando pelo jornalismo tipo CM e por variáveis desde a corrupção à mal avaliação das situações tão típica do português (basta ver a UALE e o número de aviões/helicópteros que deixamos apodrecer ou vendar por preço da chuva. Mas o que por exemplo para o US Army é banal como o uso do aviocar, cá é um bicho de 7 cabeças por esta ou aquela razão...
http://www.johncnyren.com/uploads/processed/1213/1203301904341nyl_15.jpg )
Saudações