Será que o Trinity é tão ineficiente assim? Leiam o artigo...
Eu não disse que o Trinity é muito ineficiente. O que eu disse é que não é um sistema dedicado à defesa de ponto. É uma peça anti-aérea, que também é vista como um sistema CIWS. Não é mau, apenas não é, do meu ponto de vista, o sistema adequado para aquele que é hoje o principal navio na marinha brasileira.
Eu li o artigo e conheço aquele ponto de vista.
Basicamente o artigo afirma que quando você utiliza uma munição que explode por proximidade e não por impacto, a baixa cadência de tiro é compensada pelo facto de cada tiro do Trinity se transformar numa quantidade de projecteis que explode em várias direcções.
Esta é uma teoria, que eventualmente estará na origem da opção pelo Trinity, eu apenas acho que não faz grande sentido.
O alcance superior do TrinityEste argumento é utilizado, mas esquece uma realidade: O Trinity é Sueco, pensado, en grande medida para a marinha Sueca, que opera no Mar Báltico. O Báltico é um grande lago, onde as vedetas e lanchas lança-misseis podem controlar as aguas. Por outro lado as Niterói, vão operar no Atlântico. Naquilo que se convencionou chamar “Blue Waters” ou Alto-Mar.
Em Alto mar, há um problema mais complicado para a operação de canhões, que tem que ver com a imprevisibilidade das ondas. A munição do Trinity, não é guiada, portanto é disparada e segue o seu caminho para o alvo na trajectória que lhe é imprimida na altura do disparo.
O problema do AtlânticoA 5.000 metros de distância (que é uma boa distância, principalmente se consideramos que os Phalanx têm um alcance máximo inferior a 2.000 metros) uma diferença de 1 ou 2 metros de uma onda em alto mar, que imprima um movimento lateral numa Niterói de 3º (3 graus), vai, a 5.000 metros resultar num erro relativamente ao alvo, de 245 metros, isto se a trigonometria não me falhou.
Ora, por muitas correcções que os Suecos tenham feito e por muito sofisticado que seja o equipamento, não é possível prever as ondas. E com o alvo a 5.000M a arma vai ser ineficaz, porque com o desvio de 245 metros, a espoleta de proximidade pura e simplesmente não vai detectar nada e não vai explodir. Portanto, grande parte dos projecteis, em condições de mar “picado”, que não é incomum no Atlântico, nem vai ter oportunidade de explodir, porque a não ser que esteja a 7 metros do alvo, não explode.
Nestas condições a defesa feita do sistema, perde razão, não porque o principio não esteja certo - porque está - mas porque o conceito é utilizado para justificar a operação da arma no mar do norte e em áreas com menos ondulação, ou então para canhões baseados em terra, onde a espoleta de proximidade faz todo o sentido.
Seguindo o mesmo calculo, mesmo a 2.000 metros de distância, os 3º da ondulação, vão produzir um erro de 75 (setenta e cinco) metros. Ou seja, mais uma vez, a munição de proximidade mesmo regulada para o máximo, não vai explodir, porque vai passar longe do alvo. A Bofors refere, nos dados de que disponho, um máximo de 7 metros para a munição detectar o alvo.
A distâncias cada vez menores, a vantagem é clara para os CIWS dedicados, que podem, por serem mais rápidos, responder ás manobras evasivas que os mísseis anti-navios mais recentes fazem na fase final do voo. O Trinity, é demasiado lento para responder. É um muito bom canhão anti-aéreo de uso múltiplo, mas não sendo uma arma dedicada, não pode fazer tudo.
A Bofors tenta vender o conceito desde 1985, e o conceito faz sentido em terra, mas num navio, com ondulação como a que há no Atlântico, as capacidades CIWS do sistema Trinity, deixam muito a desejar.
Aliás, basta ver o que as marinhas europeias, o Japão e os Estados Unidos colocam nos seus navios. As futuras fragatas Chilenas, também vão ter o sistema CIWS Goalkeeper.
Papatango, em um eventual embate com a argentina, as Fragatas Niteroi/Vosper Mk 10 ofereceriam aos "Destructores" Classe Almirante Brown Meko 360 o mesmo
João Ricardo:
O sistema de mísseis, ASPIDE-2000, que é uma versão italiana do Sea-Sparrow americano, contra um míssil Harpoon ou Exocet MM-40, até pode atingir o alvo, mas vai ter que fazer muuuita promessa para a N. Sra. Aparecida.
Relativamente à Argentina, de acordo. A questão é que o Brasil tem que decidir para que quer a marinha brasileira, se é para ter capacidade de projecção de força, ou se é apenas para marinha costeira. A compra do porta-aviões São Paulo é uma indicação de que o objectivo é uma marinha com capacidade de projecção de força. Essa marinha brasileira, não pode pensar em defrontar a Argentina, e tem que estar preparada para enfrentar quem quer que seja.
(espero não ter sido muito confuso)
Cumprimentos