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Forças Armadas e Sistemas de Armas => Armadas/Sistemas de Armas => Tópico iniciado por: Rui Elias em Junho 09, 2004, 11:03:48 am
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A propósito do anunciado projecto de construção conjunta de um porta-aviões entre a França e a Inglaterra, com propulsão convencional, tenho uma opinião um pouco céptica, já que é um projecto longo no tempo e que exige muita cooperação entre os estados nas definições técnicas que agradem a ambos, para além dos elevados custos associados.
Um porta-aviões avulso tem uma economia de escala que não se compara com os custos proporcionalmente mais baixos dos porta-aviões da Classe Nimitz dos EUA, já que que estes têm vindo a ser construídos práticamente em série, beneficiando os EUA de um projecto que práticamente já entrou em linha de montagem, estando para breve o lançamento à água do próximo, que será o USS Ronald Reagan.
Julgo que uma verdadeira Defesa Europeia sem a Inglaterra não faz sentido, e não foi por o Presidente Chirac o dizer.
E que hajam acordos de cooperação militar entre os estados parece-me saudável.
No entanto a posição da Inglaterra em relação à integração europeia sempre foi dúbia, e até agora Blair foi o mais europeísta dos governantes britânicos.
Mas chegará a vez dele sair do governo, correndo-se o risco de para o lugar dele ir um "euro-céptico" que não concorde em alinhar o seu país com grandes projectos militares conjuntos com outros países europeus, preferindo aprofundar a aliança estratégica com os EUA.
Claro que da parte da Casa Branca também as suas atitudes em relação à construção europeia pode mudar e os EUA passarem a estar mais próximos da Europa e da sua integração, como no tempo de Bill Clinton.
Mas com a rapidez com que se assiste a mudanças nas correlações entre os estados, e com uma aproximação gradual da Rússia ao chamado eixo-franco-alemão, isso pode mudar os dados do jogo.
A "bola" passa, nesse caso, para o lado de Londres e da sua vontade ou não em se empenhar sem estados de alma, num projecto exequível da constituição de uma verdadeira política de defesa comum.
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Caro Rui, creio que você não leu as notícias com a devida atenção. O Reino Unido vai adquirir dois (2) porta-aviões e a França decidiu associar-se ao projecto e adquirir um terceiro navio da classe para si, de forma a completar o Charles de Gaulle.
Ou seja, estamos a falar de três (3) navios ao todo, o que de algum modo fará diminuir alguns custos de projecto — talvez não todos, pois recorde-se que os francesses utilizam aviões convencionais e os ingleses irão utilizar F-35B STOVL. No entanto, parece que o projecto já contemplava a possibilidade de utilização de aviões convencionais, pois os ingleses encaram a possibilidade de vir a utilizar F-35C no longo prazo.
Recorde-se que o projecto que ganhou o concurso inglês foi o da Thales (francesa) mas a BAe (que perdeu o concurso) irá entre outras funções ser reponsável pela construção. O que nos leva a pensar duas coisas:
1) Os franceses entrariam no projecto se este não tivesse sido ganho por uma companhia sua?
2) Terão os ingleses conduzido as coisas de modo a trazerem os franceses para o seu projecto de PA e assim pouparem umas libras nos custos de desenvolvimento e construção?
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NVF:
As suas perguntas trazem água no bico 8)
Claro que para projectos desta grandeza, a cooperação é necessária, ou os estados teriam que afectar muitos recursos financeiros, prejudicando outras áreas da governação, e como actualmente a Europa ainda não saiu da recessão, é útil esse empenhamento.
Eu realço que acho positivo essa articulação entre estados da Europa.
Apenas estou céptico em relação ao verdadeiro e genuíno empenhamento britânico no processo de construção europeia, o que implica também a vertente da política de Segurança e Defesa Comum.
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Caro Rui Elias,
Apenas uma correcção:
O Ronald Reagan (CVN 76) já entrou ao serviço, neste momento encontra-se em construção o George H. Bush (CVN 77)
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P 44:
Obrigado pela informação que me escapou : quando é que ele entrou ao serviço?
Só se foi muito recentemente...
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Caro Rui Elias
O CVN 76 Ronald Reagan teve assentamento da quilha em 05-96, foi lançado à água em 2000 e entrou em serviço em 12-07-03. Está colocado na esquadra do Pacífico e tem como porto base San Diego.
Cumprimentos
JLRC
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Caro Rui Elias;
http://www.navsource.org/archives/02/76.htm
USS RONALD REAGAN (CVN-76)
Specifications
Class: NIMITZ
As built: Displacement: 77,600+ tons (98,235+ fl) — Dimensions: 1,040' wl (1,092' oa) x 134' (252' fd) x 37' / 317 wl (332.8 oa) x 40.8 (76.8 fd) x 11.3 meters — Armor: unknown — Power plant: 2 A4W nuclear reactors, 4 steam turbines, 4 screws; 260,000+ shp (*) — Speed: 30+ knots — Endurance: 1.5 million nm @ 20 knots (*) — Armament: Two Mk.29 8-cell NATO Sea Sparrow launchers; two 21-cell RAM launchers — Radar: SPS-48E 3D air search; SPS-49A(V)1 2D air search; SPS-67(V) surface search; Mk.23 target acquisition; SPN-43B and 2 SPN-46 air traffic control; SPN-44A landing aid — Fire control: 3 Mk.91 NSSM systems with Mk.95 radars — EW: SLQ-32(V)4 active jamming/deception; WLR-1H ESM; Mk.36 SRBOC decoy; SLQ-25A Nixie decoy — Aircraft: 80+ — Aviation facilities: 4 elevators; 4 steam catapults — Crew: 5,700-5,900
(*): Unofficial figures (propulsion information for nuclear powered ships is not released by the US Navy)
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Operational and Building Data
Contract awarded on 8 December 1994 to Newport News Shipbuilding and Drydock Co., Newport News, Va. Laid down 12 February 1998. Launched 10 March 2001. Commissioned 12 July 2003.
Status: Active, in commission. To be homeported at San Diego, California, July 2004.
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Pelo menos enquanto estiver o Blair à frente dos destinos britânicos, no que toca a questões de defesa, estes vão jogar em duas frentes, i.e., com os americanos e com os franceses/alemães. O que até nem é particularmente gravoso, pois à excepção do TO iraquiano, americanos, alemães e franceses estão juntos em tudo o resto.
Recorde-se, que mesmo no auge do desentendimento Estados Unidos - França/Alemanha, Blair andava empenhadíssimo na constituição do exército europeu. Talvez seja a maneira britânica de segurar a NATO; como deve ser difícil ter raízes nas duas margens do Atlântico...
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Na minha visão, tudo o que o NVF disse está correcto.
Quanto às questões:
1) Não. Se o projecto da Thales tivesse perdido eles teriam construído este.
2) Tudo indica que sim.
Já agora, aqui vai a melhor página na net sobre o CVF inglês. Provavelmente terá muitas referências ao PA.2:
http://navy-matters.beedall.com/cvfmain.htm
Mais completo que qualquer site oficial