A Batalha de Aljubarrota

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dremanu

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A Batalha de Aljubarrota
« em: Fevereiro 22, 2004, 11:09:16 pm »
Meus amigos tendo em conta que nos vemos de novo atacados pela horde Castelhana, que procura obter controle sobre a indústria Portuguêsa e saquear e destruir tudo, faz bem lembrar uma das batalhas mais importantes na nossa história, que não só assegerou a nossa independência, demonstrou o que os Portuguêses sabem fazer quando se unem e lutam por uma causa comum, a defesa da nossa pátria, do nosso direito de existir como Portuguêses e de determinar-mos o nosso destino como nação soberana.


A Batalha de Aljubarrota

1º - a impetuosa vanguarda do rei de Castela (na sua maior parte constituída por tropas auxiliares francesas, como claramente assegura Froissart) inicia o ataque provavelmente a cavalo, sendo rechaçada nas obras de fortificação antecipadamente preparadas pela hoste de D. João I, obras essas que constituíram uma surpresa absoluta para os seus arrogantes adversários. Para prosseguir o combate, os franceses são obrigados a desmontar (aqueles que o conseguem fazer) na frente do inimigo e, por isso, em posição absolutamente crítica.

2º - ao saber do desbarato da sua linha da frente, a 'batalha real' de D. Juan I decide avançar (com ou sem a presença do seu adoentado monarca), provavelmente também a cavalo. Ao aproximarem-se da posição portuguesa, apercebem-se de que - contrariamente ao que supunham - o combate está a ser travado a pé (ou tem de ser travado a pé, dadas as características do sistema de entrincheiramento defensivo gizado pela hoste anglo-portuguesa). Por isso, os cavaleiros castelhanos desmontam cedo e percorrem a pé o que lhes falta (escassas centenas de metros) até alcançarem os adversários. Ao mesmo tempo, cortam as suas compridas lanças, para melhor se movimentarem no corpo-a-corpo que se avizinha.

3º - entretanto, os homens de armas de D. Juan I vão sendo crivados de flechas e de virotões lançados pelos atiradores ingleses e portugueses, o que, juntamente com o progressivo estreitamento da frente de batalha (devido aos abatises, às covas de lobo e aos fossos) os entorpece, embaraça e torna "ficadiços" (no saboroso dizer de Fernão Lopes) e os aglutina de maneira informe na parte central do planalto; tais foram, porventura, os minutos mais decisivos da jornada.

4º - quanto às alas castelhanas, essas permanecem montadas, destinadas que estavam - como era tradicional na época - a ensaiar um envolvimento montado da posição anglo-portuguesa, coisa que, devido à estreiteza do planalto, apenas a ala direita (chefiada pelo Mestre de Alcántara ) terá conseguido, e mesmo assim numa fase já tardia da refrega.

5º - o pânico apodera-se do exército franco-castelhano, que se precipita numa fuga desorganizada. Segue-se uma curta, mas devastadora perseguição anglo-portuguesa, interrompida pelo cair da noite. Até à manhã do dia seguinte, milhares de castelhanos em fuga são chacinados por populares nas imediações do campo de batalha e nas aldeias vizinhas. Castela mergulhará num luto profundo até ao Natal de 1387.

No campo de batalha, as baixas portuguesas foram cerca de 1000 mortos, enquanto no exército castelhano se situaram em aproximadamente 4000 mortos e 5000 prisioneiros. Fora do campo da batalha, terão sido mortos nos dias seguintes pela população portuguesa, cerca de 5000 homens de armas, em fuga, do exército castelhano.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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papatango

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« Responder #1 em: Fevereiro 23, 2004, 02:02:49 am »

Aqui uma imagem da proporção das forças antes da batalha.

Feito especialmente para dar uma ideia da grande ajuda que tivemos dos ingleses...

Cumprimentos
« Última modificação: Maio 15, 2004, 06:28:58 pm por papatango »
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emarques

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« Responder #2 em: Fevereiro 23, 2004, 03:52:14 am »
Segundo as fontes que já li, o conselho castelhano reuniu antes de dar batalha, e, sendo justo com o adversário, muitos dos castelhanos com experiência viram que a posição portuguesa era forte e aconselharam a esperar que   a hoste portuguesa a abandonasse. Os jovens com menos experiência é que terão defendido que a hoste castelhana devia atacar, porque os portugueses obviamente não tinham coragem para dar batalha em campo aberto e não iam aguentar o ataque. :roll: E estes últimos conselheiros acabaram por não esperar que o conselho resolvesse, e em vez disso decidiram dar um exemplo prático de como os portugueses iam fugir.

Quanto ao tamanho da ajuda inglesa (que não me lembro se era paga), os números também não indicam a importância que ela possa ter tido. Penso que os ingleses eram principalmente archeiros, e o arco inglês conseguia uma cadência de tiro bastante superior às bestas usadas pelos atiradores portugueses. Por isso, a proporção de disparos dos ingleses em relação à quantidade de archeiros deve ter sido bastante superior à dos portugueses.
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komet

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« Responder #3 em: Fevereiro 23, 2004, 02:18:22 pm »
Muito bom este post!

papatango, essa figura foi retirada de algum site? Obrigado
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papatango

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« Responder #4 em: Fevereiro 23, 2004, 02:57:10 pm »
Os arqueiros ingleses
==============

Relmente é verdade. A "ajuda" inglesa foi importante por causa da sua aplicação táctica e não por causa do seu numero.

Na realidade, nós não tinhamos quase nenhuns arqueiros (como os não tinham os espanhois).

O que nós tinhamos eram besteiros.

Ora com um arco pode-se disparar umas 10 a doze vezes durante o tempo em que se dispara uma única vez com a besta.

Os ingleses estavam treinados com o arco, e éra necessário bastante treino para o utilizar. A besta, por seu lado era utilizável mesmo por quem não tivesse grande treino.

A besta era uma arma poderosa, com um alcance muito grande, no entanto o arco longo inglês, acabava tendo um alcance idêntico.

Portanto a sua aplicação táctica foi de grande vantagem.

= = = = = = =

A imagem, é uma das imagens que tenho feitas para ilustrar a movimentação de tropas na batalha de Aljubarrota, que torna simples o entendimento do que aconteceu na batalha.

Como me sugeriram uma pequena alteração gráfica na parte militar do site, que ainda está a ser feita, Ainda vai demorar um tempinho.

Cumprimentos.
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dremanu

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Valentes Portuguêses
« Responder #5 em: Fevereiro 23, 2004, 07:12:23 pm »
Caramba pela imagem dá para ver que realmente foi uma grande vitória. Isto até daria um excelente filme para Holywood. Os soldados Portuguêses  devem ter tido uma grande confiança nos homens que os lideravam, e também na crença da pátria, de forma a terem coragem para enfrentar a horde castelhana, porque a diferença numérica entre os dois exércitos era enorme.

Imaginem só fazer parte duma daquelas linhas de "homens de armas", ou Cavaleiros, como se sentiriam ao ver aquele monte inimigos a avançar contra a sua posição. Gritaria, bandeiras, cavalos, flechas por todos os lados, sangue, homens a morrer, luta corpo-a-corpo, uau! Grandes e valentes Portuguêses aqueles que lutaram nesta batalha, foi preciso ter tomates para fazer o que eles fizeram.

Viva Portugal!
« Última modificação: Abril 08, 2006, 05:58:13 pm por dremanu »
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emarques

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« Responder #6 em: Fevereiro 23, 2004, 07:42:34 pm »
Algo que não tem muito a ver, mas... Papatango, não ficaria melhor se as fichas dos portugueses tivessem outra cor? Sei lá, verde, ou assim. Aquele azul é um pouco agressivo...

Mas é uma ideia muito interessante. Que outras batalhas vai simular no site?
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komet

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« Responder #7 em: Fevereiro 23, 2004, 08:09:22 pm »
Por falar em histórias incríveis...
Algo que ouvi num programa de televisão, pela boca de um historiador português há algum tempo e daí n saber promenores, mas não deixa de ser interessante:

- Uma pequena embarcação com 2 portugueses e 4 escravos, depois de deixar a embarcação-mãe para fazerem qualquer coisa em terra, quando voltaram encontraram um navio turco (com quem estavamos em guerra) com cerca de 150 homens, não me lembro bem o q o historiador disse que se passou, mas parece que os nossos se viram encurralados e entre se entregarem para ser executados ou ser vendidos como escravos e morrer a combater, escolheram atacar o navio, e assim fizeram, pela estreita proa do navio turco, os nossos escravos lutaram com a mesma ferocidade que os nossos marinheiros contra o inimigo que vinha "em fila" devido ao pouco espaço naquele lugar do navio. Com tanto sangue derramado e membros decepados, quem estava a comandar os soldados turcos entrou em desespero e ele proprio começou a ameaçar e a ferir os proprios homens, que começavam a hesitar enfrentar tais carniceiros, sei que muitos acabaram por saltar borda fora e assim nos apoderámos do navio inimigo, apenas com uma exaustão imensa e alguns ferimentos...

- Numa ocasião  qualquer, ainda contra os turcos, estavam alguns portugueses barricados numa fortaleza e a sofrer pesadas baixas, até sobrar apenas um soldado, o desgraçado gritava lá para baixo que estava sem munições no mosquete (spell?) mas continuava sem ouvir resposta, os turcos lá entenderam o que significaram os berros e subiram para o tentar alcançar, o português, típico desenrascado, sem munições pega num dente (postiço ou já meio-solto nao tenho a certeza) carrega-o na arma, e dispara-o na direcçao do primeiro turco que aparece à frente, os turcos ao perceberem que ele tinha muniçoes retiraram...

Especialmente esta última deixa dúvidas quanto à veracidade, mas o homem que a contou jura a pés juntos que foi verdade até porque os próprios registos históricos turcos o confirmam... acreditem no que quiserem :D
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komet

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« Responder #8 em: Fevereiro 23, 2004, 08:22:21 pm »
Já agora, já jogaram Medieval Total War? Muito bom, componente Risk e tambem opcionalmente batalhas em tempo real muitissimo realistas com imensas unidades. Recomendado :)
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Spectral

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« Responder #9 em: Fevereiro 23, 2004, 08:47:34 pm »
Komet,

-Essas histórias e "estórias" sobre os portugueses vêm todas no já famoso livro de Reiner Deinhardt "Homens,Espadas e Tomates". Acabei de lê-lo e recomendo-o vivamente!

-O Medieval TW é um espanto!!! Ainda há uns 2 meses atrás  reinstalei-o e voltei a jogar furiosamente.  :D  :D . Já cheguei a ocupar toda a Europa Ocidental, menos Portugal por causa disso!..

cumptos
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R.P. Feynman
 

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komet

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« Responder #10 em: Fevereiro 23, 2004, 08:54:26 pm »
Eu estou a deixar Portugal para o fim, só por graça lol, tou a jogar com os Mouros ehehe.

PS: O governador de Portugal tem nome espanhol no jogo (Ferdinand Velazquez?) :s
PS2: A zona do Atlantico à volta de maior parte da  nossa costa tem "Spanish Coast"
PS3: No Shogun Total War, que é do mesmo género, a bandeira portuguesa é representada pela actual bandeira de Espanha.

Parece-me que alguem na produção do jogo tem muito sentido de humor.
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papatango

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« Responder #11 em: Fevereiro 23, 2004, 09:42:50 pm »
Uma curiosa está no livro "A queda da India Portuguesa" de Carlos Alexandre de Morais que refere numa determinada posição, havia tropas indianas a aproximar-se pela madrugada. Os portugueses não tinham praticamente armas nem munições. Não me lembro bem da história, sei no entanto que não efectuaram um ataque porque ouviram numa determinada altura uma coluna de infantaria portuguesa.

Como o material era velhissimo, um velho Jipão tinha o escape roto.

Resultado, as forças Indianas assinalaram:  Tanques portugueses.
:)

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fgomes

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« Responder #12 em: Fevereiro 23, 2004, 10:25:54 pm »
A propósito da queda da Índia Portuguesa, alguém conhece em pormenor a actuação do alferes Santiago de Carvalho em Damão?
 Segundo sei conseguiu resistir 36 horas em Damão. Tratando-se de um território pequeníssimo e com os meios que as nossas tropas tinham, ou seja nenhuns, deve ter-se tratado de uma notável proeza.

Embora a imagem que passou para a opinião pública, nos últimos 40 anos, tenha sido que não houve resistência, nunca consegui perceber o facto de os indianos terem levado 48 horas da fronteira até Pangim, uma vez que se trata de uma dúzia de km !
 

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papatango

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« Responder #13 em: Fevereiro 23, 2004, 11:28:47 pm »
A resposta é simples, meu caro fgomes:

Miufa!

Ainda hoje os indianos têm dos portugueses a mesma imagem que nós temos dos Vikings. São uma gente muito violenta, e para acabar com um deles, é necessário um minimo de cinco indianos.

Por isso, para atacar as tropas portuguesas na India, ou seja, cerca de 2000 homens a quem o Sr. Salazar se recusou a abastecer e aos quais enviou um avião com chouriços, a União Indiana reuniu 50.000 homens.

Em Damão pequeno estiveram os ultimos resistentes, armados de carabinas. Sofreram sete ataques por parte da força aérea da União Indiana. O último posto (Varacunda) rendeu-se ás 16:00 do dia 19, quando um oficial português que tinha aceite a rendição deu ordem a tropa que se rendesse.

Noutro lugar, um pelotão, recusando-se a render, meteu-se á agua numa embarcação, para tentar chegar a Goa, que mão sabiam que se tinha rendido. Nenhum tinha qualquer conhecimento de navegação e deram á costa na União Indiana, tendo sido feitos prisioneiros.

Os 4.000 Indianos - no minimo - atiraram-se contra as forças portuguesas: duas companhias (uma com 3 pelotões e outra com 4 pelotões, mais cerca de 200 policias. e uma bateria de artilharia com 6 peças de 80mm

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emarques

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« Responder #14 em: Fevereiro 23, 2004, 11:40:43 pm »
Hmmm. Nunca joguei o M:TW, mas se os autores têm esse "sentido de humor", passa-me um bocado a vontade de jogar.

Sempre é melhor jogar os da Paradox Entertainment (Europa Universalis II (1419-1820), Hearts of Iron (1936-1948), Victoria (1836-1920)), que se pode controlar Portugal, e em geral mantêm alguma semelhança com a história real. E depois, são divertidos. Nas primeiras versões do Hearts of Iron (a empresa está sempre a mudar o jogo de acordo com as opiniões dos jogadores, e este era demasiado fácil) a minha actividade preferida era invadir espanha durante a guerra civil. :) No Victoria, claro que a parte mais importante é controlar o mapa Cor-de-rosa cedo, para fazer um manguito aos "bifes". :)
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