PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA

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PENSADOR

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PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« em: Fevereiro 09, 2010, 02:42:23 pm »
Não me parece correcto a Polícia Judiciária tomar essa posição pois o combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo deverá ser feito através da cooperação entre os vários serviços e forças de segurança. Aliás, desde o 11 de Setembro que a geoestratégia delineada vai no sentido de haver partilha de informação e cooperação e não isolamento ou atitudes individuais. Basta ler alguns textos de reputados especialistas na área e chegamos à conclusão que o segredo está na partilha global das informações.
Mais, tem-se visto que a Polícia Judiciária só tem actuado com base no trabalho prévio da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana a todos os níveis. As informações sobre quase tudo partem da PSP/GNR. Desde que a nova lei de investigação criminal veio tirar o "tapete" à Polícia Judiciária que esta pouco tem feito em vários campos dado que a PJ sempre trabalhou aquilo que a GNR/PSP já tinham trabalhado ou seja a "papinha" feita.
É altura de os dirigentes da PJ, e das outros serviços,  se deixarem de "bairrismos" e perceberem que o mundo mudou, se globalizou, que tudo se alterou profundamente. Hoje não há territórios específicos, não há um inimigo definido, conhecido, a fisionomia das ameaças mudou, hoje as assimetrias não prejudicam só este ou aquele, prejudicam-nos a todos porque funcionamos em rede e é em rede que temos que trabalhar.
 

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Crypter

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #1 em: Fevereiro 09, 2010, 07:45:05 pm »
Onde se baseia para dizer que a PJ não quer tal cooperação?
 

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PENSADOR

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #2 em: Fevereiro 10, 2010, 02:10:39 pm »
É uma questão que terá que colocar aos dirigentes da Polícia Judiciária!
Esta questão da não cooperação já vem de longe!
 

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Crypter

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #3 em: Fevereiro 10, 2010, 07:02:41 pm »
Citação de: "PENSADOR"
É uma questão que terá que colocar aos dirigentes da Polícia Judiciária!
Esta questão da não cooperação já vem de longe!

Ora esta, então vem para um fórum público, cria um tópico com um titulo destes  e não tem fonte credivel??

Ouviu dizer foi? Ou sentiu isso na pele?

Peço desculpa, mas digamos que atirar papaias para o ar, não é nada bonito.

Quando a chefia da GNR ou de qualquer outra força policial vir a pública queixar-se disso, talvez mereça um tópico dedicado a isso.
 

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RicP

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #4 em: Fevereiro 10, 2010, 10:52:35 pm »
É "PENSADOR"...limitou-se a pensar...eheh
 

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Magnifico

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #5 em: Fevereiro 11, 2010, 11:15:55 am »
Esta questão da não colaboração da Polícia Judiciária com as outras forças e serviços de segurança já vem de há muito tempo.
Não se esqueçam que a Polícia Judiciária nunca viu com bons olhos a nova lei de investigação criminal ter possibilitado à Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública o facto de poderem fazer investigação criminal dado que lhe retirou muito do aparente mérito que tinham aos olhos da população.
Tal como o "Pensador" disse, a maior parte dos louros ganhos eram previamente preparados pelos outros serviços ou seja a "papinha" feita.
Quanto à fonte tão arduamente desejada pelos outros dois críticos do texto do "Pensador" poderei dizer-vos para lerem os vários órgãos de comunicação social e se mesmo assim tiverem dúvidas há ainda a reunião do Secretário de Segurança Interna, isto sem entrar em pormenores.
Os outros dois intervenientes sabem perfeitamente, se forem do meio, que estas coisas são faladas entre dirigentes das várias polícias e que é notório o mal estar causado. Mais, todos sabem que a Polícia Judiciária é um lobby e como tal quer ter a exclusividade de tudo o que não se coaduna com a nova conjuntura internacional pois há formas de pensar em Portugal que ainda não mudaram!!
 

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Crypter

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #6 em: Fevereiro 11, 2010, 12:15:44 pm »
Citação de: "PENSADOR"
Não me parece correcto a Polícia Judiciária tomar essa posição pois o combate ao Crime Organizado e ao Terrorismo deverá ser feito através da cooperação entre os vários serviços e forças de segurança.

Ao contrário do que camarada magnifico afirma, eu não sou critico de ninguém. Só que ao contrário de si, gosto de ver e fazer afirmações baseadas em informação credível e real.. O pensador começa logo um tópico a tomar juizos de valor, onde diz que a posição da PJ relativamente a este caso em particular é uma treta....

Mal qual posição?? Quais as atitudes que PJ tomou neste caso tão recente, que mereçam um tópico destes?? Baseado em quê, e porquê que ele criou isto!?! É essa a minha dúvida.. não tou a criticar mas sim, a exercer o meu direito de participante deste estimado forum ao tentar saber mais sobre o assunto, se me respondem ou não, isto já é outra conversa.

Quanto ao relacionamento entre as forças, é de conhecimento comum que não andam de mãos dadas, como de facto deveriam andar para o bem do cidadão comum... O mesmo acontece noutros países, onde as diferentes forças policiais tentam sempre puxar as "brasas as suas sardinhas..". Mas isso era outro tópico completamente diferente.. nem sei se há algum no forum, mas se o caro pensador quiser alterar o tópico para "Cooperação entre forças policiais".. deve ficar melhor  :P

Agora, vir para aqui mandar bocas sem fontes, nem indicar onde se baseia(ainda estou á espera para saber se é conhecimento pessoal ou "o ouvi dizer" que levou este tipo de afirmação), relativamente a um caso tão particular e recente, peço desculpa caro maginifico, mas eu não entendo nem o conteúdo nem a intenção deste tópico
 

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RicP

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #7 em: Fevereiro 11, 2010, 12:20:55 pm »
Claro que a falta de cooperação entre forças de segurança ou serviços de segurança não é novidade alguma...mais pormenores públicos basta ler o livro "Serviços Secretos Portugueses".
Mas neste tópico trata-se de um assunto especifico em especial que é a questão da ETA...se a PJ quer ou não cooperação.[ponto]
Penso que o "Crypter" quis dizer que não fazia mal nenhum abrir um tópico e expor a fonte...procedimento habitual, nada de mais.
 

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JoãoPedroG

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #8 em: Fevereiro 11, 2010, 07:38:03 pm »
Essa noticia saiu no DN de 9 de fevereiro.
Não vejo qual o motivo de discussão se está na lei que os crimes de terrorismo são da exclussiva competência da PJ.
" se calhar até vão meter gente da ASAE por acharem que os explosivos não estariam certificados" ironizou a PJ
O povo é quem mais ordena
 

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Silent_Storm

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #9 em: Fevereiro 11, 2010, 08:16:02 pm »
A verdade é que se houver um assalto à mão armada, crime esse que conforme a Lei n.º 49/2008 de 27 de Agosto que aprova a Lei de Organização  da Investigação Criminal é da competência da PJ, terei de ser eu, um "simples" ignorante da GNR, a fazer o auto de notícia relatando tudo o que aconteceu para dar conhecimento ao tribunal e enviar um duplicado para os Srs. da PJ.
Se o crime é da competência exclusiva deles, porque não vêm eles fazer o que lhes compete ???  :?
"Esta é a ditosa Pátria minha amada"
 

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Magnifico

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #10 em: Fevereiro 12, 2010, 12:29:31 pm »
Crypter

Ninguém escreveu nada que não seja verdade. O senhor é que está a conduzir a questão para campos que nada têm que ver com  a essência do conteúdo colocado pelo "Pensador".
Se se sente atingido de alguma forma não o deverá sentir pois isto é um Forum de discussão, diálogo entre os participantes sobre várias questões.
O senhor entrou em contrasenso em relação ao que escreveu.
 

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lofos

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #11 em: Março 01, 2010, 01:48:45 am »
Citação de: "Silent_Storm"
A verdade é que se houver um assalto à mão armada, crime esse que conforme a Lei n.º 49/2008 de 27 de Agosto que aprova a Lei de Organização  da Investigação Criminal é da competência da PJ, terei de ser eu, um "simples" ignorante da GNR, a fazer o auto de notícia relatando tudo o que aconteceu para dar conhecimento ao tribunal e enviar um duplicado para os Srs. da PJ.
Se o crime é da competência exclusiva deles, porque não vêm eles fazer o que lhes compete ???  :?

Ao contrário do que afirmou, o comportamento a adoptar pelo OPC que adquirir a notícia dum crime dessa natureza, deverá consistir na transmissão imediata da informação para o serviço de Piquete da PJ mais próximo, para que seja activado o serviço de prevenção. Por sua vez, esse mesmo seviço deslocar-se-á ao local do crime. Tudo se passa à distância dum telefonema e o MP virá a saber de tudo, sem beliscar o disposto pelo CPP.
Se na comarca onde presta serviço esse é o método adoptado, está a eivar a letra da Lei que citou, pois atropela a competência exclusiva atribuída ao OPC de que toda a gente se queixa.

P.S. Quando se fala do "mau-estar" entre a PJ e os restantes OPC, apenas ouço falar nos casos mediáticos e que servem para andar a "brincar aos cowboys"; ninguém se lembra dos outros crimes que são da exclusiva competência da PJ e que, esses, ninguém deseja assumir ou colocar em causa a proficiência da actuação da Instituição... A Investigação Criminal não se limita apenas aos crimes de roubo e tráfico de droga, existe bem mais para além disso; somente não servem para conferências de imprensa e show-off...
 

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glockmeister

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #12 em: Março 08, 2010, 08:37:55 pm »
Boa tarde.

Antes de mais tenho que dizer que do que li, percebo que a maior parte das pessoas fala de cor, sem saber do fala e sem ter noção da realidade das coisas.
Em primeiro lugar e como inspector, não me envergonho dos sessenta ou mais anos de história da PJ, apesar de ser bem mais novo. Tal como não me envergonho dos muitos mais anos que tem a PSP e GNR.
O que me envergonha é ver pessoas que nada percebem de Polícia, a ter que decidir sobre a vida dos Polícias.
O que realmente me envergonha, é ver pessoas a querer imiscuir-se no trabalho dos outros, sem saber fazer o trabalho dos outros e sem ter a noção do que é o trabalho dos outros.
Pessoas más e incompetentes existem em todo o lado, seja na PJ, no SEF, na PSP ou na GNR.
E "treinadores de bancada", ui.... esses existem em todo o ladoe não é só no desporto.
Devo lembrar aos senhores da PSP e da GNR, que quem formou a investigação criminal naquelas forças policiais, foi a PJ. E portanto, o que sabem, começou em nós. E não digo isto para achincalhar ninguém, digo-o como facto, como verdade, sem qualquer obssessão. Pouco ou nada sei sobre segurança pública e por isso apenas posso opinar num raciocinio de lógica ou de cultura geral.
Muitas histórias e muitas achas têm sido deitadas para aumentar a fogueira em que se degladiam a PJ e as demais policias. Mas o que é facto, é que a verdadeira luta não envolve propriamente as bases destas Polícias, isto é, não envolve os inspectores e os agentes ou guardas. Envolve isso sim as nossas hierarquias e  os dirigentes máximos dos ministérios que as tutelam, que, todos eles numa sede insofismável de protagonismo, parecem jogar ao jogo da corda, puxando cada um para seu lado. Tudo, auxiliado por Lobbys mais ou menos poderosos.
O objectivo da primeira LOIC foi reservar à PJ os crimes de maior complexidade e violência, tirando partido da sua especial formação e experiência e, bem assim, das vertentes científicas que são seu apanágio. E, por isso se dividiu a investigação criminal. Contudo, porque a questão da informação criminal era de sobeja importância, ficou o controle desta na sua natural dependência e, ficou consignado que as outras forças de segurança lhe deviam cooperação e comunicação dos ilícitos da sua competência.
Os anos foram passando e, a cada vez maior e natural experiência da PSP e GNR na investigação criminal, deu a algumas cabeças pensantes a convicção de que já são capazes de tudo e de investigar tudo.
Ora, a investigação criminal, seja ela da PSP, da GNR, do SEF ou da PJ, não dispõe de bolas de cristal para adivinhar a resolução de todos os crimes.
Os anos foram passando e, enquanto ingressam por cada concurso/ano, cerca de 1000 agentes ou guardas na PSP ou na GNR, ingressam cerca de 100 ou 150 inspectores na PJ. Contas feitas, enquanto a PSP e a GNR dispõe de um efectivo na investigação criminal de uns bons milhares de pessoas, a PJ está reduzida a cerca de 1200 (números redondos) para todo o território nacional, sendo que destes, 200 são cargos dirigentes (inspectores chefes e coordenadores).
Portanto, quando se critica a PJ pelo seu serviço, comece-se a pensar primeiro no seu efectivo, para depois reconhecer que faz um trabalho mais que meritório, atento aquele. Os carros, os salários, as ajudas e os subsídios que muita gente gosta de falar sem saber, não fazem o trabalho de polícia. As pessoas fazem o trabalho de Polícia. As Polícias, sejam elas quais forem, deviam ser bem remuneradas e ter os meios adequados à execução da sua função, o que não quer dizer que não tenha que haver distinção.
Posto isto, é com bastante dificuldade de compreensão que encaro determinados episódios.
Episódios como pedir-se informação a colegas de outras polícias e eles, para se afirmarem ou estragarem o nosso trabalho, criarem situações (algumas de uma gravidade incomensurável) para deterem indivíduos por nós investigados, para a seguir dizerem que detiveram quem era investigado pela PJ, querendo transparecer a ideia que conseguem investigar o mesmo que nós, ou têm tanta ou mais capacidade para prenderem os indivíduos mais violentos.
Episódios como mandar parar carros em marcha de urgência aquando de operações stop, quando se vão para diligências ou se trazem detidos no carro. Mandar parar viaturas que seguem em excesso de velocidade sem sinalizar marcha de urgência, esquecendo-se que podem estar num seguimento ou outra diligência.
Episódios como apreender toneladas de haxixe acabados de desembarcar, em processos que tinham em investigação e cientes de que se tratava de tráfico internacional, portanto, da sua não competência, para após aparecerem na imprensa com fardos de haxixe e dizerem que prenderam 5 ou 6 pessoas, esquecendo-se de dizer que aqueles que prenderam eram os menos importantes e que deixaram ao fresco os verdadeiros traficantes.
Episódios como andarem horas a investigar um sequestro e a tentarem prender os autores, quando, 10 minutos de trabalho competente, permitiram concluir que se tratava de uma simulação de crime.
Episódios como mandar destruir um invólucro, que depois impediu (com grande grau de probabilidade) que determinada pessoa fosse julgada por tentativa de homicídio.
Episódios como este, infelizmente, vão sendo mais que frequentes.
Há até quem na PSP, se tenha sentido insultado por o tratar por colega.
Quando se fala que a PJ não quer a PSP ou GNR na investigação, está a querer aumentar o lume da fogueira.
A PJ sabe trabalhar e apenas pede aquilo que dá aos outros, isto é, cooperação. Se não dá cooperação em determinado momento, é porque não pode dar no âmbito das suas competências.
Contrariamente ao que se pensa, nomeadamente aquando de incidentes com armas de fogo por parte da PSP e da GNR, a PJ não vai lá para tramar o colega que foi autor dos disparos, vai lá para apurar a verdade. Infelizmente, em alguns casos, não é a verdade de que gostamos mais, mas temos que cumprir com a nossa função. Casos existem em que a PJ entrega os mandados de detenção ao superior hierárquico do colega da PSP ou GNR, para que seja ele, a dar cumprimento aquele, por forma a evitar-se azedumes desnecessários e se permita à instituição, fazer a limpeza da casa. Todos sabemos o quanto é humilhante ver algum dos nossos detido, mais ainda quando é por alguém fora da nossa instituição. Infelizmente, casos há também, em que o desejo de brilhar e dos holofotes, se sobrepõe ao respeito.
Podiamos estar aqui uma eternidade a debater estes assuntos, cada lado oferecendo situações lamentáveis e outras, menos informadas.
Para terminar e respeitando o tópico, gostaria apenas de dizer, que a PJ foi capaz de dar conta do assunto FP-25 com a ajuda de todos. Por isso, também saberá dar conta, com a necessária ajuda de todos do dossier ETA e de outros menos ou mais graves ainda.
Bom trabalho para todos.
 

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Jorge Pereira

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #13 em: Março 09, 2010, 10:45:41 pm »
Grande contributo caro glockmeister, muito elucidativo e conciso. Obrigado.


Destacava especialmente isto:

Citação de: "glockmeister"
Muitas histórias e muitas achas têm sido deitadas para aumentar a fogueira em que se degladiam a PJ e as demais policias. Mas o que é facto, é que a verdadeira luta não envolve propriamente as bases destas Polícias, isto é, não envolve os inspectores e os agentes ou guardas. Envolve isso sim as nossas hierarquias e  os dirigentes máximos dos ministérios que as tutelam, que, todos eles numa sede insofismável de protagonismo, parecem jogar ao jogo da corda, puxando cada um para seu lado. Tudo, auxiliado por Lobbys mais ou menos poderosos.


Não podia ter mais razão!
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Marco Barros

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Re: PJ não quer cooperação com PSP/GNR na questão da ETA
« Responder #14 em: Junho 19, 2010, 07:51:56 pm »
Citação de: "glockmeister"
Boa tarde.

Antes de mais tenho que dizer que do que li, percebo que a maior parte das pessoas fala de cor, sem saber do fala e sem ter noção da realidade das coisas.
Em primeiro lugar e como inspector, não me envergonho dos sessenta ou mais anos de história da PJ, apesar de ser bem mais novo. Tal como não me envergonho dos muitos mais anos que tem a PSP e GNR.
O que me envergonha é ver pessoas que nada percebem de Polícia, a ter que decidir sobre a vida dos Polícias.
O que realmente me envergonha, é ver pessoas a querer imiscuir-se no trabalho dos outros, sem saber fazer o trabalho dos outros e sem ter a noção do que é o trabalho dos outros.
Pessoas más e incompetentes existem em todo o lado, seja na PJ, no SEF, na PSP ou na GNR.
E "treinadores de bancada", ui.... esses existem em todo o ladoe não é só no desporto.
Devo lembrar aos senhores da PSP e da GNR, que quem formou a investigação criminal naquelas forças policiais, foi a PJ. E portanto, o que sabem, começou em nós. E não digo isto para achincalhar ninguém, digo-o como facto, como verdade, sem qualquer obssessão. Pouco ou nada sei sobre segurança pública e por isso apenas posso opinar num raciocinio de lógica ou de cultura geral.
Muitas histórias e muitas achas têm sido deitadas para aumentar a fogueira em que se degladiam a PJ e as demais policias. Mas o que é facto, é que a verdadeira luta não envolve propriamente as bases destas Polícias, isto é, não envolve os inspectores e os agentes ou guardas. Envolve isso sim as nossas hierarquias e  os dirigentes máximos dos ministérios que as tutelam, que, todos eles numa sede insofismável de protagonismo, parecem jogar ao jogo da corda, puxando cada um para seu lado. Tudo, auxiliado por Lobbys mais ou menos poderosos.
O objectivo da primeira LOIC foi reservar à PJ os crimes de maior complexidade e violência, tirando partido da sua especial formação e experiência e, bem assim, das vertentes científicas que são seu apanágio. E, por isso se dividiu a investigação criminal. Contudo, porque a questão da informação criminal era de sobeja importância, ficou o controle desta na sua natural dependência e, ficou consignado que as outras forças de segurança lhe deviam cooperação e comunicação dos ilícitos da sua competência.
Os anos foram passando e, a cada vez maior e natural experiência da PSP e GNR na investigação criminal, deu a algumas cabeças pensantes a convicção de que já são capazes de tudo e de investigar tudo.
Ora, a investigação criminal, seja ela da PSP, da GNR, do SEF ou da PJ, não dispõe de bolas de cristal para adivinhar a resolução de todos os crimes.
Os anos foram passando e, enquanto ingressam por cada concurso/ano, cerca de 1000 agentes ou guardas na PSP ou na GNR, ingressam cerca de 100 ou 150 inspectores na PJ. Contas feitas, enquanto a PSP e a GNR dispõe de um efectivo na investigação criminal de uns bons milhares de pessoas, a PJ está reduzida a cerca de 1200 (números redondos) para todo o território nacional, sendo que destes, 200 são cargos dirigentes (inspectores chefes e coordenadores).
Portanto, quando se critica a PJ pelo seu serviço, comece-se a pensar primeiro no seu efectivo, para depois reconhecer que faz um trabalho mais que meritório, atento aquele. Os carros, os salários, as ajudas e os subsídios que muita gente gosta de falar sem saber, não fazem o trabalho de polícia. As pessoas fazem o trabalho de Polícia. As Polícias, sejam elas quais forem, deviam ser bem remuneradas e ter os meios adequados à execução da sua função, o que não quer dizer que não tenha que haver distinção.
Posto isto, é com bastante dificuldade de compreensão que encaro determinados episódios.
Episódios como pedir-se informação a colegas de outras polícias e eles, para se afirmarem ou estragarem o nosso trabalho, criarem situações (algumas de uma gravidade incomensurável) para deterem indivíduos por nós investigados, para a seguir dizerem que detiveram quem era investigado pela PJ, querendo transparecer a ideia que conseguem investigar o mesmo que nós, ou têm tanta ou mais capacidade para prenderem os indivíduos mais violentos.
Episódios como mandar parar carros em marcha de urgência aquando de operações stop, quando se vão para diligências ou se trazem detidos no carro. Mandar parar viaturas que seguem em excesso de velocidade sem sinalizar marcha de urgência, esquecendo-se que podem estar num seguimento ou outra diligência.
Episódios como apreender toneladas de haxixe acabados de desembarcar, em processos que tinham em investigação e cientes de que se tratava de tráfico internacional, portanto, da sua não competência, para após aparecerem na imprensa com fardos de haxixe e dizerem que prenderam 5 ou 6 pessoas, esquecendo-se de dizer que aqueles que prenderam eram os menos importantes e que deixaram ao fresco os verdadeiros traficantes.
Episódios como andarem horas a investigar um sequestro e a tentarem prender os autores, quando, 10 minutos de trabalho competente, permitiram concluir que se tratava de uma simulação de crime.
Episódios como mandar destruir um invólucro, que depois impediu (com grande grau de probabilidade) que determinada pessoa fosse julgada por tentativa de homicídio.
Episódios como este, infelizmente, vão sendo mais que frequentes.
Há até quem na PSP, se tenha sentido insultado por o tratar por colega.
Quando se fala que a PJ não quer a PSP ou GNR na investigação, está a querer aumentar o lume da fogueira.
A PJ sabe trabalhar e apenas pede aquilo que dá aos outros, isto é, cooperação. Se não dá cooperação em determinado momento, é porque não pode dar no âmbito das suas competências.
Contrariamente ao que se pensa, nomeadamente aquando de incidentes com armas de fogo por parte da PSP e da GNR, a PJ não vai lá para tramar o colega que foi autor dos disparos, vai lá para apurar a verdade. Infelizmente, em alguns casos, não é a verdade de que gostamos mais, mas temos que cumprir com a nossa função. Casos existem em que a PJ entrega os mandados de detenção ao superior hierárquico do colega da PSP ou GNR, para que seja ele, a dar cumprimento aquele, por forma a evitar-se azedumes desnecessários e se permita à instituição, fazer a limpeza da casa. Todos sabemos o quanto é humilhante ver algum dos nossos detido, mais ainda quando é por alguém fora da nossa instituição. Infelizmente, casos há também, em que o desejo de brilhar e dos holofotes, se sobrepõe ao respeito.
Podiamos estar aqui uma eternidade a debater estes assuntos, cada lado oferecendo situações lamentáveis e outras, menos informadas.
Para terminar e respeitando o tópico, gostaria apenas de dizer, que a PJ foi capaz de dar conta do assunto FP-25 com a ajuda de todos. Por isso, também saberá dar conta, com a necessária ajuda de todos do dossier ETA e de outros menos ou mais graves ainda.
Bom trabalho para todos.



Podes ter razão em muito mas nunca menosprezes os BAC e o NIC e o SIS!
"A melhor defesa contra os traidores é a traição"