Tanques T-72 e armamento russo para o Quénia na mão de piratas somalis
Moscovo anunciou hoje o envio de um navio de guerra para o largo da Somália, um dia depois de piratas somalis apresaram um cargueiro ucraniano com tanques e armamento para o exército queniano.
A Rússia despachou hoje o barco patrulha Intrépido, para as costas somalis, devido à intensificação dos ataques perpetrados por piratas, incluindo contra cidadãos russos", indicou hoje a Marinha russa em Moscovo.
Alguns cidadãos russos estão a bordo do barco apresado pelos piratas.
O Quénia anunciou hoje que a carga do Faina se destinava ao seu exército, pondo fim a especulações sobre o destino final da carga.
"A carga inclui equipamento militar, como tanques e peças sobresselentes, destinada a ser utilizada pelas diferentes componentes do exército queniano", explicou o porta-voz do governo queniano, Alfred Mutua, num comunicado.
O ministro da Defesa ucraniano, Iouri Ekhanourov, confirmou hoje que o Faina transportava 33 tanques pesados T-72 de concepção soviética entregues por Kiev no âmbito de um contrato de venda de armas ao Quénia.
"Um número suficiente de munições" e de lança-granadas estavam também a bordo do barco, precisou o ministro, citado pela agência russa Interfax, acrescentando que o navio efectuava uma ligação entre o porto ucraniano perto de Mykolaiv, no Mar negro, e o porto de Mombaça, no sudeste do Quénia.
Por seu lado, o Pentágono diz-se "preocupado" com o apresamento do navio ucraniano e afirmou estudar "as opções possíveis".
"Estamos preocupados com a pirataria, estamos também preocupados com o tipo de frete transportado, com o uso que dele pode ser feito e com a origem dos piratas", declarou um dos porta-vozes do Pentágono, Bryan Whitman.
Os piratas apoderaram-se do Faina quinta-feira "às 16:00 TMG (17.00 em Lisboa) quando se dirigia para Mombaça.
Estavam a bordo 21 pessoas (17 ucranianos, três russos e um letão) estavam a bordo, refere o comunicado do Ministério ucraniano
O Faina era esperado em Mombaça, a 27 de Setembro para descarregar 2.320 toneladas de equipamentos.
Uma dezena de cargueiros pirateados está actualmente ancorada no porto somali de Eyl, a cerca de 800 quilómetros a Norte da capital somali, Mogadiscio, aguardando o desenrolar de negociações.
As costas da Somália, país em guerra civil desde 1991, tornaram-se extremamente perigosas nos últimos anos para a navegação, devido ao recrudescimento da pirataria.
Segundo o Gabinete Marítimo internacional, pelo menos 55 barcos foram atacados no Golfo de Aden e no Oceano Pacífico desde Janeiro de 2008 por piratas somalis que detêm actualmente cerca de 11 navios e respectivas tripulações.
A 22 de Setembro, a França entregou no Conselho de Segurança da ONU um projecto que visava criar uma força internacional para escoltar navios do Programa Alimentar das Nações Unidas (PAM) que cruzam as águas ao largo da Somália e "atacar" os piratas, segundo uma fonte francesa.
Na sequência de uma iniciativa lançada por Paris há um ano, a França, Holanda, Dinamarca e depois o Canadá enviaram sucessivamente para a região navios de guerra para escoltar os comboios alimentares do PAM, que contribuem em larga escala para a alimentação da população somali.
Lusa