PIGS e Portugal

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SSK

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #15 em: Janeiro 23, 2010, 05:32:09 pm »
Sorrir e acenar e tudo há-de passar...
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
1º Ten Fontes Pereira de Melo
 

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Luso

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #16 em: Janeiro 23, 2010, 08:24:11 pm »
Citação de: "SSK"
Sorrir e acenar e tudo há-de passar...

Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Miguel

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #17 em: Janeiro 28, 2010, 08:09:04 pm »
Prontos podemos dizer que estamos no fundo da Europa.

Citar
Les difficultés budgétaires des pays de la zone euro "semblent constituer le principal facteur" de la baisse de l'euro face au dollar, a estimé David Solin, de Foreign Exchange Analytics. "Les Allemands ne sont pas d'humeur à sauver la Grèce, et le Portugal et l'Espagne connaissent des problèmes similaires. Les gouvernements de ces pays de la zone euro qui ont des difficultés en raison de leurs déficits vont devoir prendre des mesures au plus tôt, et pour l'instant on n'a que des promesses".

Le Portugal s'est engagé, dans son projet de budget 2010, à réduire d'un point le déficit record de 9,3% du PIB atteint l'année dernière. Mais l'agence Moody's a averti jeudi qu'elle jugeait difficile pour le gouvernement d'atteindre ses objectifs "sans des coupes dans les dépenses ou des hausses d'impôts plus importantes que ce qui est actuellement prévu".
 

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carlosribeiro

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #18 em: Janeiro 29, 2010, 12:58:37 am »
Citar
As agências de ‘rating’ são fiáveis?
Económico
29/01/10 00:04
As agências de 'rating' internacionais, empresas que avaliam a capacidade de um país ou empresa em cumprir os seus compromissos financeiros, já deram a sua nota à proposta de Orçamento do Estado para 2010: entre o insuficiente e o suficiente menos.

A Fitch, a Moody's e a S&P, que tantas vezes se enganaram no passado recente na análise à situação financeira de Estados e empresas, não são os ‘Deuses na Terra' e também erram. Como no caso português.

O Orçamento para 2010 é a proposta possível e que tenta responder à necessidade de apoiar a economia e os mais desfavorecidos e dar os primeiros sinais de redução do défice público apurado em 2009, o mais elevado dos últimos trinta anos, como sucedeu, aliás, em tantos e tantos países europeus.

O Governo precisa de fazer muito mais nos próximos anos para equilibrar as contas do Estado e incentivar, com as políticas correctas, a competitividade do país e o crescimento. Mas não era possível, não era sequer desejável, esperar muito mais deste orçamento. Como já se percebeu, as agências de 'rating' não quiserem esperar pelo plano do Governo para 2010/2013 para avaliar negativamente o país. E isso já está, obviamente, a sair caro a Portugal, porque aumentou o chamado risco-país, isto é, vamos todos pagar mais pelos empréstimos que o Estado, os bancos e as empresas contraem no exterior.

As agências de 'rating' existem e os Estados não podem deixar de as ter em conta, mas o ministro das Finanças português, Teixeira dos Santos, fez bem em reagir de forma violenta, e surpreendente, às primeiras e apressadas avaliações dessas sociedades internacionais. O ministro precisa de desmontar os argumentos dessas agências, em voz alta, e sem receios. E precisa, depois, de ser consequente e apresentar medidas que provem a crebilidade e a legitimidade que reclama para si pelo trabalho feito nos primeiros anos de Governo.
http://economico.sapo.pt/noticias/as-ag ... 80162.html
Citar
OE2010: Teixeira dos Santos acusa agências de 'rating' de servirem interesses comerciais
28 de Janeiro de 2010, 15:31
Lisboa, 28 Jan (Lusa) - O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, pediu moderação às agências de 'rating', acusando-as de estarem ao serviço de interesses comerciais.

"Não podemos estar sujeitos muitas vezes àquilo que podem ser interesses de estratégia comercial de agências que procuram aumentar a sua quota de mercado", afirmou o ministro, durante um almoço-debate sobre o Orçamento do Estado para 2010, promovido pelo Fórum de Administradores de Empresas (FAE).

Teixeira dos Santos frisou que "não se pode ignorar" que "muitos dos problemas" verificados nos últimos anos "tiveram a ver com erros de avaliação do risco, em parte, erros cometidos pelas agências de rating".

"É um bocadinho paradoxal que aqueles que há um ano clamavam pela nossa intervenção são aqueles que agora clamam que saiamos rapidamente de cena", acrescentou o ministro.

NM/CSJ

Lusa/Fim


As agências de rating, estão ao serviço das grandes economias e gerem-se pelos seus interesses.
 

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oultimoespiao

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #19 em: Janeiro 30, 2010, 01:25:39 am »
Sendo Teieira dos Santos o pior ministro das financas da europa e tendo como chefe alguem que se formou a um Domingo por Fax...

No mundo ideal de Sócrates, o problema do rating resolvia-se assim:

1. Um telefonema de Sócrates para a RTP e seria marcado um Prós&Contras sobre o assunto. De um lado um representante do Bloco e outro do PCP que defenderiam a posição “é necessário criar vias alternativas ao capitalismo”. Do outro Pedro Adão e Silva, Ana Gomes e Perez Metelo defenderiam a tese “É necessário criar uma agência de rating pública”. Na terceira parte, um representante das agências de rating seria chamado a responder à pergunta: “As agências de rating falharam em 2008. Como se atrevem agora a criticar os governos?”. As agências de rating seriam arrasadas.

2. O ministro das finanças apareceria a atacar as agências de rating. As agências de rating seriam arrasadas. (espera, isso foi o que ele fez …)

3. Constâncio apareceria a prever um crescimento de 4% para 2011 e a dizer que os cenários das agências de rating não têm ponta por onde se lhe pegue. Constâncio aproveitaria para prever o défice de 2012 com precisão até à centésima. As agências de rating seriam arrasadas.

4. Depois de um telefonema para o amigo Joaquim, o DN publicaria um relatório da inspecção do trabalho lançando suspeitas sobre as práticas laborais das agências de rating. As agências de rating seriam arrasadas.

5. Vital Moreira escreveria um artigo a demonstrar a inconstitucionalidade das agências de rating. As agências de rating seriam arrasadas.

6. Após um Eixo do Mal inteiramente dedicado às agências de rating, a respectiva reputação fica de rastos. As agências de rating seriam arrasadas.

7. Um telefone a Armando Vara e o BCP apareceria a comprar dívida portuguesa e a recomendá-la aos seus clientes. Em alternativa, Vara arranjaria forma de comprar as agências de rating e de lhes substituir a direcção. As agências de rating seriam arrasadas
 

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oultimoespiao

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #20 em: Janeiro 30, 2010, 01:30:18 am »
As agências de rating são instituições que concentram informação e divulgam análise sobre países e empresas. É uma actividade que está protegida pelas mesmas leis que protegem a liberdade de expressão.

As agências de rating não definem o custo do crédito. Quem define o custo do crédito é o mercado. Cada agente no mercado pode jogar contra os ratings definidos pelas agências. Pode perder ou ganhar. Eu não emprestaria dinheiro ao Estado português a 4,5%. E vocês?

O governo não devia preocupar-se com a opinião das agências de rating. Devia preocupar-se com a opinião dos credores e potenciais credores da dívida portuguesa. É que esses atribuem mais credibilidades às agências de rating do que ao governo português.

Portugal nem sequer precisa de se preocupar com o mercado internacional de crédito ou com as agências de rating. Basta para isso que o orçamento tenha superavit todos os anos. Claro que quem tem défices de 8% sujeita-se à opinião que cidadãos estrangeiros possam ter sobre a credibilidade do Estado português.

Pedro Adão e Silva defendia ontem que estes serviços de rating deviam ser dados por uma autoridade pública idónea sob controlo do banco central europeu. Ou seja, dava jeito que os ratings fossem atribuídos, em regime de monopólio, por um burocrata sobre quem se pudesse fazer pressão política, como se faz actualmente com o BCE. O senso político deve prevalecer sobre o mercado neoliberal. Mas será que o mercado iria na conversa?



Bom mesmo era se os ratings de Portugal pudessem ser atribuídos pelo amigo Constâncio, ou até pelo governo. Ou se o governo pudesse decidir os ratings com um telefonema, tal como faz com as linhas editoriais das televisões e dos jornais. No fundo, a melhor análise de rating é o sistema implementado para a avaliação dos professores: muita burocracia que no fim se reduz à auto-avaliação.

Tudo isto revela uma sociedade pouco habituada a ser avaliada por autoridades externas e independentes. Uma sociedade que facilmente recorre a teorias da conspiração para desculpar as suas próprias debilidades. Uma classe política medíocre que reage mal a toda a opinião que não controle. Um desejo de controlo de tudo o que seja opinião independente. Uma incapacidade de viver para alem do “estou muito satisfeito comigo”.
 

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Vicente de Lisboa

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #21 em: Janeiro 30, 2010, 12:03:47 pm »
Ficava bem indicar que os dois anteriores textos são copy-pastados do blog Blasfémias.
 

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oultimoespiao

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #22 em: Janeiro 30, 2010, 02:12:29 pm »
yes... in blasfemias! Nao me diga que voce e o tal "piscoiso"?
 

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casimir

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #23 em: Fevereiro 11, 2010, 04:10:10 pm »
Fonte: http://www.solidariteetprogres.org/article6315.html

LaRouche avertit l’Europe : ne faites pas comme les Etats-Unis, sanctionnez les spéculateurs

10 février 2010 (Nouvelle Solidarité) - A la veille du Sommet extraordinaire de l’Union européenne, le 11 février, convoqué pour faire face à la crise financière exceptionnelle qui secoue l’ensemble de la zone Euro, l’économiste Lyndon LaRouche, dont les prévisions se sont avérées exactes, a mis les dirigeants européens en garde : « ne répétez pas l’erreur qu’ont faite les Etats-Unis en renflouant Wall Street. Si vous faites cela, vous aller couler l’Europe, qui est plus vulnérable même que les Etats-Unis. Ce sont les spéculateurs de haut vol, comme la Banco Santander d’Espagne, contrôlé depuis Londres, qui devront subir la sanction. Toute autre alternative ne ferait que reproduire en Europe une forme bien pire de la crise que celle que nous avons expérimentée aux Etats-Unis. »

Dans les heures qui ont précédé le Sommet européen de Bruxelles, des personnalités importantes ont lancé des appels publics en faveur de « dictatures » et même d’ « empires ». Selon le London Independent, le président européen Herman Van Rompuy aurait adressé une lettre aux participants du Sommet, contenant des annexes secrètes demandant que tous les Etats membres, et non seulement la Grèce, soient mis sous la tutelle supranationale de l’Union européenne. L’Independent cite une source européenne qui propose sans détour : « Ce dont nous avons besoin est le même type de mécanisme que nous venons d’imposer à la Grèce afin de surveiller les pays de la zone Euro. L’idée est de mettre toutes les économies européennes sous surveillance. Vous pouvez vous attendre à ce que des décisions importantes soient prises cette semaine. »

En même temps, Alberto Giovannini, un conseiller de l’Union européenne qui a dirigé le groupe de transition entre les monnaies nationales et l’Euro, est cité aujourd’hui dans le quotidien financier italien Il Sole 24 Ore, déclarant, sans aucune gêne, par rapport à cette situation, que « l’histoire nous apprend que les empires sont plus efficients et atteignent une plus grande prospérité parce que le modèle impérial, avec sa géographie étendue, est le plus réussi. »

Bien que beaucoup de l’attention se concentre, à tort, sur la situation de la Grèce, affirme LaRouche, l’épicentre de la crise européenne n’est pas la Grèce, mais l’Espagne, et le Banco Santander. Par exemple, bien que l’exposition totale des banques allemandes dans la zone euro soit de 540 milliards d’euros, l’exposition aux obligations de l’Etat grec n’est que de 43 milliards, c’est-à-dire 8% du total. L’Espagne, par contre, représente 240 milliards d’euros, c’est-à-dire 44% du total.

« L’Espagne est le problème » affirme LaRouche aujourd’hui, « et le cœur du problème est Santander. C’est un problème chronique et un problème auquel on ne peut pas remédier par un simple renflouement. Il faut effacer les créances d’institutions telles que Banco Santander (…) Les chiffres tronqués de Santander sur sa situation au Brésil, au Royaume Uni et en Espagne, montrent que cet établissement devrait accepter une dépréciation massive de ses avoirs douteux, parce qu’ils n’ont plus aucune valeur. On ne peut pas couler toute l’Europe pour sauver Santander et ses associés du cartel bancaire Inter-Alpha, dans lequel figurent ceux qui tiennent Santander, c’est-à-dire la Royal Bank of Scotland (RBS) sous contrôle de la famille royale britannique ».

« Les chiffres de tout le système du cartel Inter-Alpha dépendent des taux de pillage scandaleux imposés au Brésil qui ne pourront jamais être honorés. C’est pourquoi s’impose la dépréciation des avoirs de Santander et de ceux imbriqués dans le cartel Inter-Alpha ».

LaRouche, dont la compétence n’est plus à démontrer, a mis en garde : « Il faut reprendre le contrôle de la situation ; les choses échappent à tout contrôle. Le cas des Etats-Unis démontre que les renflouements ne marchent pas. Ce sont les spéculateurs de haut vol qui doivent mordre la poussière. Ne commettez pas la même erreur qu’on a faite aux Etats-Unis en renflouant Wall Street. L’Europe ne s’en remettrait pas. Ce sont les spéculateurs de haut vol qui doivent être sanctionnés. Cela ne résoudra pas le problème, mais c’est une façon de le gérer efficacement. »
 

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Miguel

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #24 em: Fevereiro 11, 2010, 06:00:20 pm »
Casimir, com todo o respeito a sua Fonte é um site de extrema esquerda ou socialista, é a mesma coisa, portanto nao faz sentido ler artigos escritos por idiotas que nem sabem, como funcionam os mercados financeiros.
 

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Vicente de Lisboa

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #25 em: Fevereiro 11, 2010, 06:51:01 pm »
By the way, ouviram que a conversa dos PIGS está de saída? Agora a moda é os STUPID - Spain,Turkey, Uk, Portugal, Ireland and Dubai.  :mrgreen:
 

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casimir

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #26 em: Fevereiro 12, 2010, 01:33:27 am »
Citação de: "Miguel"
Casimir, com todo o respeito a sua Fonte é um site de extrema esquerda ou socialista, é a mesma coisa, portanto nao faz sentido ler artigos escritos por idiotas que nem sabem, como funcionam os mercados financeiros.


Perdeste uma boa oportunidade de calar-te. Não é um homem de esquerda mas de direita que desde o fim dos anos 90 dizia que o mundo dirigia-se para uma crise económica pior que a de 1929. Teve razão. Este homem está em prol de uma economia real e não virtual como a que temos atualmente.

P.S: Não faz atenção ao meu nickname não sou de esquerda mas apolítico e sobretudo Português com um espírito aberto, contrariamente à certo paranóicos que vêem comunistas e espanhóis por toda a parte.
 

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oultimoespiao

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #27 em: Fevereiro 12, 2010, 02:22:02 am »
Ja estive em casas de putas por esse mundo fora mais bem geridas que Portugal!
 

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old

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #28 em: Fevereiro 12, 2010, 09:43:09 am »
Poco a poco se va despejando la situacion provocada por Grecia .


La situacion de Grecia esta muy alejada de la Espanhola , aunque no tanto de la Portuguesa

El plan de estabilidad del gobierno asegura las finanzas y prepara el camino para salir de la recesión.


Espanha paricipará en el rescate de Grecia.

http://www.elpais.cr/articulos.php?id=19199
 

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Cabecinhas

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #29 em: Fevereiro 12, 2010, 12:41:26 pm »
Citar
*O EXEMPLO DA IRLANDA E O “CASO” PORTUGUÊS*



                                                      *  João José Brandão Ferreira*



           Confesso que tenho pelo povo irlandês muita simpatia. São celtas
“puros”, católicos devotos e simples, gente sociável e amiga, temperada por
um clima difícil e amalgamada por uma História algo injusta, onde um
colonialismo inglês, muito pouco cristão, deixou um travo amargo. Vem isto a
propósito da “crise financeira” – que é muito mais moral do que financeira -
que abala o mundo, sobretudo o mundo ocidental. Também a Irlanda, depois de
se ter alcandorado a um desenvolvimento recente muito elogiado, mas que se
verifica agora ter sido fictício, entrou em crise profunda. E tanto maior é
a crise quanto maior foi a ficção.

           Confrontados com os desatinos que estão a pôr os Estados à beira
da bancarrota e as nações na esquina de graves confrontos político-sociais,
o actual governo irlandês tomou a decisão - certamente uma entre muitas - de
cortar os vencimentos dos funcionários públicos em 10%. É certo que o
combate a esta crise de contornos globais implica um conjunto de medidas
complexas e complementares tanto de carácter nacional como internacional.
Mas não é isso que interessa analisar agora, o que interessa é dilucidar
este particular. O governo irlandês não se limitou a cortar os 10% ao
funcionalismo, também cortou 15% ao vencimento dos ministros e 20% ao do
primeiro-ministro. E assim é que está certo. Havendo uma hierarquia no
Estado, na sociedade, nas empresas e nas instituições, etc., quem tem mais
responsabilidades é que tem de dar o exemplo e a seguir tem que se revelar
competente a resolver os problemas, sem esquecer a justiça social com que o
faz, isto é, a divisão equitativa do esforço e da recompensa. Só assim é que
a população pode rever-se e acreditar na liderança que tem – e neste caso,
bem ou mal, elegeu -  e darem-se todos as mãos para saírem da(s) crise(s) em
que a roda da vida, ciclicamente as imerge. O que acabo de escrever, não é
demagogia, não são frases ocas, não são figuras de retórica. As pessoas
pensam assim e as coisas passam-se assim.

           Ora, em Portugal, tudo corre ao contrário do que  devia. Além de
esconder (mentir) miseravelmente e de uma forma continuada, as graves
realidades que afectam o Estado e a Nação (palavra maldita …), quando há um
aperto qualquer a que já se não pode fugir ou escamotear, os responsáveis
políticos que nos regem atiram, constantemente, o ónus da resolução dos
problemas – de que eles são os principais responsáveis! - para cima do
desgraçado do contribuinte, ou para as calendas da dívida pública. E nunca
dão o exemplo. Por isso é que a Presidência da República continua a custar
mais ao erário público do que a Casa Real Espanhola; o orçamento para a AR
não pára de aumentar; os 13(!) juízes do Tribunal Constitucional – que é um
tribunal de nomeação politica – usufruem de carros de luxo no valor estimado
de cerca de 700.000 euros que , aparentemente, podem utilizar para uso
pessoal – o que é excepção aos outros tribunais; a contribuição pública para
os Partidos Políticos – que estão a caminho de ser não “pilares
estruturantes da democracia”, mas os seus coveiros – é um sorvedouro, que
nunca ninguém perguntou ao povo se queria pagar (na Idade Média teriam que
se reunir Cortes para isso…); os gestores públicos continuam a usufruir de
honorários e prebendas, pornográficas enquanto a maioria das empresas
públicas acumula deficits exponenciais. A injustiça no pagamento de impostos
é aquilo que se sabe e o ridículo (e falta de vergonha na cara) já teria
morto o governador do Banco de Portugal quando se esfalfa a defender a
diminuição dos réditos do cidadão comum, quando ele ganha mais do que o seu
congénere estado-unidense, e nem sequer consegue controlar – ou dar conta! –
das vigarices que se têm passado no sistema financeiro português de que os
casos mais eloquentes não saiem das páginas dos jornais.

           Os bens nacionais têm sido saqueados, é o termo. E como não há
autoridade nem bons costumes, a corrupção passou a campear infrene,
ameaçando subverter o Estado e desqualificando-nos enquanto sociedade.

           Perante todo este cenário, que é real,e por todos intuído,com
diferentes graus de entendimento, alguém está à espera que a generalidade da
população acredite nos políticos, aceite de boa mente o que dizem, e queira
fazer sacrifícios para sair da crise? Só os tontos, mesmo.

          A população (embora não isenta de culpas) está entretida a
sobreviver e a acumular uma raiva – que ainda não é de morte, mas para lá
caminha – enorme, à classe política.

           Têm pomposamente chamado a este regabofe de “Democracia”, com
algum pão e muito circo à mistura.

           Tenham cuidado, pois não há pão que sempre dure e circo que não
se acabe.


*João José Brandão Ferreira*
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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