A recurrência da perfia de Castela contra Portugal

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dremanu

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A recurrência da perfia de Castela contra Portugal
« em: Março 01, 2004, 11:39:11 pm »
«A política ibérica de Afonso XIII parece ter sido sempre a de espreitar uma oportunidade para dominar Portugal. Fracassadas as tentativas de invasão por monárquicos portugueses, desenvolvem-se planos mais elaborados para uma intervenção de Madrid»

Medeiros Ferreira, Um Século de Problemas

Nascendo em Madrid em 1886 e falecendo em Roma, no exílio, em 1941, Afonso XIII, Rei de Espanha, conheceu na sua infância o trauma da liquidação do império colonial espanhol em resultado da Guerra Hispano-Americana e no fim do seu reinado a instauração da República. Pelo meio viveu o sucesso da constituição do protectorado espanhol em Marrocos e assistiu a algum desenvolvimento económico interno patente nas exposições internacionais de Sevilha e de Barcelona.

Casou com a princesa britânica Victoria Eugenia de Battemberg, sobrinha de Eduardo VII, e viu na aproximação à Grã-Bretanha um meio privilegiado de anular internacionalmente o Estado português. O encontro de Cartagena de 1907 entre Afonso XIII de Espanha e Eduardo VII de Inglaterra, um ano após este casamento, fez soar em Lisboa o alarme da ameaça de esboroamente da Aliança Luso-Britânica. Embora Londres tentasse desvalorizar perante as autoriades portuguesas o significado de tal aproximação hispano-britânica, certo é que em círculos militares e diplomáticos britânicos germinou então a convicção de que era mais importante uma nova aliança com a Espanha do que a velha aliança com Portugal. Quando Afonso XIII se aproximou também de Paris, assinando o acordo hispano-francês de 1912, restou a Portugal simular alguma aproximação à Alemanha.

Já antes da implantação da República, alguns republicanos receando a cobiça de Afonso XIII, solicitavam a Londres garantias de uma não intervenção britânico-espanhola em caso de derrube da Monarquia.

E imediatamente após o 5 de Outubro, entre 1910 e 1912 Afonso XIII empreendeu várias viagens a Inglaterra com vista a obter o consentimento britânico à invasão espanhola de Portugal.

Agora que se tem falado tanto do duvidoso projecto do TGV e especialmente do seu perigoso traçado vem a propósito lembrar que já em 1913, José Relvas, nosso representante em Madrid, comunicava para Lisboa que a rede de caminhos de ferro estratégicos espanhóis correspondia «ao plano de invasão de Portugal pela Espanha»...

A ambição de Afonso XIII conheceu um eloquente episódio em Maio de 1915 quando, na sequência da revolução de 14 de Maio, que depôs a ditadura de Pimenta de Castro, três navios de guerra espanhóis se exibiram no Tejo...

Afonso XIII morreu a 28 de Fevereiro de 1941. Requiescat in pace.

Infelizmente, porém, ideias como as dele - que não são apenas dele mas de um povo inteiro - persistem ainda hoje e, qual epidemia virolenta, recidivam periodicamente cada vez mais ameaçadoras e multiresistentes. O pior de tudo é que alguns dos nossos - dos nossos concidadãos - são felizes portadores de tal doença letal e não se poupam a esforços para a disseminarem por toda a comunidade nacional. Parece cada vez mais difícil extirpar esses perigosos focos de infecção, firmemente enraizados nas mais variadas paragens, desde São Bento ao Terreiro do Paço...
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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« Responder #1 em: Março 02, 2004, 10:40:11 pm »
Atenção, não devemos por no mesmo saco os Castelhanos e os outros povos de Espanha como os Galegos, Bascos e Catalães.
Aliás temos a agradecer a estes últimos, a ajuda que indirectamente nos deram em 1640 quando aproveitámos o facto de Castela andar ocupada a reprimir a revolta da Catalunha.
O  grande problema é com as tendências hegemónicas de Castela.
Mas há ainda um problema ainda maior, que são os idiotas que temos cá dentro que acham que não vale a pena sermos um País Independente.