Miseria, Fisco e Emigraçao

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Lancero

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« Responder #60 em: Dezembro 22, 2008, 10:07:40 pm »
Citação de: "legionario"
Boa lançada Lancero ! essa da agricultura na cidade é excelente ideia !
poupa-se uns trocos ,nao se morre à fome e é ecologico :)
Um homem vem cansado do trabalho e ainda tem que ir plantar batatas e dar milho às galinhas ; o meu pai faz isso mas ja é reformado, tem tempo...e é obrigado a isso porque apesar de ter andado a serventear pedreiros desde a idade dos 9 anos a reforma dele nao chega aos 400 euros...e descontou sim senhora, poupe-me esse argumento se esta a pensar em utiliza-lo!
Eu punha nas hortas era os meritissimos juizes, deputados e demais politicos  assim como certos sectores do funcionalismo publico que se regalam com as mordomias e as reformas absurdamente altas que andamos nos todos a pagar. E a fazer companhia a estes parasitas punha tambem alguns banqueiros e sobretudo certo ministro que pretendia aumentar as pensoes de 2 euros por mes para o povo nao se habituar mal !
Se foi para isto que fizeram o 25 de abril, deixassem la estar o Marcelo Caetano que estavamos se calhar melhor a esta hora !


Meu caro amigo. Não pense que desprezo a sua revolta. E até a acho plenamente justificada - e é muito pouco saudável não deitar cá para fora o que nos vai na alma.
Eu falo de mim e do que conheço. Nunca tive uma cunha e o que tenho saiu-me do sacrifício e da poupança (cada vez mais difícil).
Eu e os meus colegas de profissão tinhamos um subsistema de saúde e uma caixa de previdência e abono que nos pagava tudo e ainda dava lucro. Deixamos de as ter e agora descontamos para o "geral" e não nos pagam qualquer despesa de saúde!
Eu também me passo com determinadas mordomias e incompetências. Mas se há quem tenha pensões altas, é porque descontaram para isso (não incluo aqui parasitas políticos daqueles que vão passando pelo Parlamento para ter direito à vitalícia). Eu desconto muito e também quero uma boa reforma (se lá chegar e se na altura ainda houver dinheiro)
Solução para a crise? Não sei... Um pouco do que tem sido feito pelo Estado, um pouco mais de iniciativa (e cabeça) privada. Sei lá... As pessoas têm de fazer pela vida.
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Camuflage

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« Responder #61 em: Dezembro 22, 2008, 11:53:59 pm »
A questão das reformas é problemática, o nosso país tem muitos gastos na saúde e educação, sem grandes proveitos e coordena muito mal os recursos, sem falar nos subsídios para tudo e mais alguma coisa sendo que o $ para reformas depois torna-se cada vez mais escasso.
Na minha opinião essa coisa de descontar para ter reformas altas é uma palhaçada. Então depois de velho é que vai passar a ganhar mais, para estar em casa?
Se há um ordenado mínimo deveria existir pelo menos uma reforma mínima ou melhor uma reforma única, para que temos gente a ganhar muito quando já não contribui para a sociedade? Quem ganhou muito durante a vida activa terá certamente ainda muito para gastar e quem ganhou pouco, pelo menos deverá receber o suficiente para viver.
Ora uma reforma única e boa para todos é aquela que seja, se possível, 2x o salário mínimo nacional, dá para todos os gastos de qualquer idoso e ainda sobra. Certamente não dará para viagens luxuosas, lcd's ou mansões, mas dará para manter a qualidade de vida, pois esse é o verdadeiro sentido da reforma! Teríamos assim reformas justas para todos, pois não há profissões que sejam superiores às outras, quando todos contribuíram para a construção da sociedade. É verdade que uns descontaram mais que outros, mas o socialismo assenta nessa base, quem pode dá mais para a sociedade para que todos possam beneficiar de forma igual.
 

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Magalhaes

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« Responder #62 em: Dezembro 23, 2008, 07:42:03 pm »
Citação de: "Camuflage"
É verdade que uns descontaram mais que outros, mas o socialismo assenta nessa base, quem pode dá mais para a sociedade para que todos possam beneficiar de forma igual.
E é precisamente por isto que o socialismo está condenado ao fracasso.
 

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Camuflage

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« Responder #63 em: Dezembro 23, 2008, 08:06:53 pm »
Citação de: "Magalhaes"
Citação de: "Camuflage"
É verdade que uns descontaram mais que outros, mas o socialismo assenta nessa base, quem pode dá mais para a sociedade para que todos possam beneficiar de forma igual.
E é precisamente por isto que o socialismo está condenado ao fracasso.


Nem por isso, o socialismo democrático é o melhor sistema, claro que não é perfeito. Basta ver os países Escandinavos, lá funciona e o escalão máximo de desconto é de 50%! Contudo existe uma coisa que cá não há, regulação e inspecção em sectores críticos, noutros casos nem é preciso pois as pessoas possuem uma mentalidade pró-sistema. Por cá é cada um com o seu preço, todos são passiveis de ser comprados, a ver pelos dados do índice de transparência.
É preciso apertar os calos à malta com inspecções e sanções pesadas que vão ao bolso de quem lesa o Estado ou o cidadão.
 

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legionario

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« Responder #64 em: Dezembro 23, 2008, 11:40:48 pm »
O socialismo nao é a resposta adequada para a organizaçao das sociedades. Os partidos socialistas da europa democratica, (sobretudo os escandinavos) de socialismo so têm o nome. Este modelo falhou em todo o lado inclusivé no Portugal dos anos setenta e oitenta quando se procurou manifestar na sua verdadeira essencia . O PS da altura foi o partido das nacionalizaçoes ; o PS de hoje é o partido das privatizaçoes (mesmo de sectores que o Estado Novo mantinha estatais como as comunicaçoes e correios, transporte aéreo, Arsenal naval, etc).

Trata-se duma questao de justiça e de solidariedade entre os membros duma mesma familia ou duma mesma Naçao. Estes valores nao os herdamos do socialismo mas sim do CRISTIANISMO, assim como outros valores que nos sao caros como a honestidade , a integridade moral, o respeito pelos homens e pela natureza, a coragem e abnegaçao, o altruismo, o amor das coisas simples...

Os portugueses, povo ferozmente individualista, so se saiu bem na Historia quando teve por leader uma figura carismatica (...e às vezes com a mao pesada ! ), refiro-me aqui por exemplo aos nossos primeiros reis , a Dom Joao II ou  ao Marques de Pombal...

Onde esta a resposta para os nossos problemas ? nao é em ideologias importadas como o socialismo ou o capitalismo mas sim numa ideologia assente nos valores catolicos que referi, (que podem ser perfeitamente partilhados por ateus...) , e numa liderança forte e justa, iluminada e eficaz e sobretudo ... desinteressada materialmente.
 

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PedroM

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« Responder #65 em: Dezembro 26, 2008, 10:56:33 pm »
Acabei de reler este tópico de fio a pavio e ocorreu-me o seguinte pensamento:
Se alguém que não conheça a realidade portuguesa tomasse por bom o que aqui se diz sobre a situação do país, iria certamente pensar que os portugueses são um bando de corruptos e que vivemos na mais desgraçada, negra e vil miséria.

A questão subjacente a este tópico é que o país não está em condições de garantir a todos os seus cidadãos um nível de vida condigno.
Mas pergunto... Quando é que esteve?
Apontem-me um período na história em que tal tenha acontecido.
Aliás deixo aqui algumas questões que gostaria de ver respondidas, principalmente por parte daqueles que pensam que "antigamente é que era bom!"

- Em que período da história se viveu melhor do que se vive hoje em Portugal?
- Quando é que a assistência social foi mais abrangente do que é hoje?
E aqui estou a ter em conta não só a segurança social, mas também as misericordias e as instituições particulares que actuam nessa área.
- Quando é que a ssistência médica foi melhor do que é hoje?
- Quando houve mais transportes?
- Quando houve mais estabelecimentos de ensino?
- Quando houve mais acesso a bens de consumo?
- Quando houve menos analfabetismo?
- Quando é que houve mais portugueses a beneficar de pensões de sobrevivência, subsidio de desemprego ou qualquer tipo de prestação social? (Excluo aqui o abono de família que sempre teve um carácter mais universal). Essas prestações são escandalosamente baixas, na maioria dos casos? Pois são!!... mas elas nunca foram altas, pelo contrário, no passado eram mais baixas, e hoje o número de portugueses que beneficia de algum apoio do estado é quase 6 (seis!!!) vezes superior, ao que se registava por altura do 25 de Abril, por exemplo.

Espero que estas questões ajudem a colocar este debate num enfoque mais realista.

Todos nós sabemos que a economia portuguesa tem muitos problemas.
- Boa parte da população portuguesa é pobre para os padrões europeus.
- Nos últimos 8 anos Portugal não se aproximou dos padrões de desenvolvimento europeu, pelo contrário afastou-se.
- O SNS ainda não deu o passo de gigante, que consiste em "ir o médico ao doente" e não o doente ao médico. Ou seja estamos ainda longe do que acontece nos países mais desenvolvidos... da EUROPA!... Sim porque nos EUA e em QUASE TODO O MUNDO, nem SNS há...
- O sistema de ensino instrói, quando o faz, mas não educa. Todos sabemos da insuficiência de valores que são transmmitidos aos jovens no sistema de ensino, embora aqui os pais tenham, a meu ver, a maior fatia de responsabilidade.

Todos estes problemas são sérios e não serão resolvidos rapidamente nem com facilidade.
Mas convém ter em mente que se não estamos bem e temos muitos problemas a resolver, também é verdade que nunca na nossa história estivemos melhor!
 

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legionario

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« Responder #66 em: Dezembro 27, 2008, 06:58:28 pm »
Nao ha duvida nenhuma que o nosso sistema de saude esta melhor agora que no tempo do Marques de Pombal ; os transportes tambem sao agora muito melhores que durante o tempo Dom Afonso Henriques  :lol:
 

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oultimoespiao

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« Responder #67 em: Dezembro 30, 2008, 04:11:33 am »
Citação de: "legionario"
O socialismo nao é a resposta adequada para a organizaçao das sociedades. Os partidos socialistas da europa democratica, (sobretudo os escandinavos) de socialismo so têm o nome. Este modelo falhou em todo o lado inclusivé no Portugal dos anos setenta e oitenta quando se procurou manifestar na sua verdadeira essencia . O PS da altura foi o partido das nacionalizaçoes ; o PS de hoje é o partido das privatizaçoes (mesmo de sectores que o Estado Novo mantinha estatais como as comunicaçoes e correios, transporte aéreo, Arsenal naval, etc).

Trata-se duma questao de justiça e de solidariedade entre os membros duma mesma familia ou duma mesma Naçao. Estes valores nao os herdamos do socialismo mas sim do CRISTIANISMO, assim como outros valores que nos sao caros como a honestidade , a integridade moral, o respeito pelos homens e pela natureza, a coragem e abnegaçao, o altruismo, o amor das coisas simples...

Os portugueses, povo ferozmente individualista, so se saiu bem na Historia quando teve por leader uma figura carismatica (...e às vezes com a mao pesada ! ), refiro-me aqui por exemplo aos nossos primeiros reis , a Dom Joao II ou  ao Marques de Pombal...

Onde esta a resposta para os nossos problemas ? nao é em ideologias importadas como o socialismo ou o capitalismo mas sim numa ideologia assente nos valores catolicos que referi, (que podem ser perfeitamente partilhados por ateus...) , e numa liderança forte e justa, iluminada e eficaz e sobretudo ... desinteressada materialmente.


E a primeira vez que vejo o legionaire dizer algo inteligente
 

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PedroM

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« Responder #68 em: Maio 11, 2009, 02:50:36 pm »
Gostava de ter escrito isto. Excelente artigo sobre um tema muito actual.
Quanto a mim a "carapuça" serve por inteiro àqueles partidos e "opinion makers" que levam as pessoas pensar que vivem num mundo de direitos e que pelo simples facto de existirem o Estado tem por obrigação de lhes dar tudo, educação, habitação, emprego, saúde, e tudo de boa qualidade.
Aqui fica:

DÊEM-LHES PEIXE E ENSINEM-NOS A ROUBAR

Durante décadas não houve em Portugal qualquer política de combate à pobreza, quem era pobre ou morria pobre ou fazia para deixar de o ser, para muitos a solução foi a emigração, os que podiam faziam sacrifícios para mandar os filhos para a escola numa tentativa de quebrar o circulo da pobreza. Os subsídios não existiam, as escolas eram escassas, os bairros sociais eram raros, mas mesmo assim muitos conseguiram fugir à pobreza, não só conseguiram fugir à miséria a que pareciam estar condenados como contribuíram para o desenvolvimento do país, no caso dos emigrantes foram as suas transferências que durante anos permitiram o reequilíbrio das contas com o exterior corrigindo o défice estrutural da balança comercial.

Na minha turma da escola primária éramos quase todos pobres, os que não eram pobres eram remediados, nesse tempo não se falava em classe média ou classe média alta e baixa, o denominador comum era a pobreza, acima dos pobres estavam os remediados e pouco mais, classe média era coisa das cidades ou de algumas profissões melhor remuneradas, muitas delas já reduzidas a proletariado de fato e gravata, como sucede com os bancários e mesmo com algumas profissões liberais. Não sei se algum dos meus colegas da primária ou do secundário se transformou em criminoso mas penso que não a maioria conseguiu superar a pobreza sem qualquer ajuda estatal, alguns licenciaram-se apesar dos grandes sacrifícios que lhes foram exigidos.

Veio a democracia, com a democracia as eleições e com as eleições os votos, os pobres passaram a poder votar e tornaram-se numa grande preocupação para políticos bem como para vários grupos de especialistas na matéria, desde pedagogos a sociólogos. A pobreza passou a ser uma preocupação central dos políticos e matéria para investigação científica. Os políticos passaram a criar ajudas, os sociólogos meditam sobre a melhor forma de enquadrar socialmente os pobres, os pedagogos encontraram soluções para transformar a falta de educação em manifestações de vulnerabilidade social.

O resultado deste paternalismo sociológico está à vista, temos dezenas de bairros sociais onde a polícia tem medo de entrar, o Estado gasta fortunas sociais em apoios sociais sem medir os resultados, as instituições de apoio social estão inundadas em problemas. Os autarcas multiplicaram os bairros onde as casas são oferecidas, os governos multiplicaram as ajudas directas ao rendimento, os pobres tornaram-se um imenso mercado eleitoral, a pobreza tornou-se num espectáculo político e mediático. Depois assistimos incrédulos a espectáculos como o do morador da Quinta da Fonte que vivia do rendimento mínimo e que tinha plasma e playstation nos quartos dos filhos, ou os protestos de quem recebeu um T3 e chama a televisão para exigir um T4 porque para o ano a mulher vai engravidar.

Dantes a criança que fosse mal-educada com o professor levava um raspanete e os pais eram chamados à escola, era uma vergonha para qualquer pai ser confrontado com o mau comportamento do filho. Agora a criancinha mal-educada é promovida a criança vulnerável, pode dizer o que lhe apetece à professora, até mesmo agredi-la, se os pais forem chamados à escola a professora corre um sério risco de ainda levar mais.
Esqueceram-se do velho ditado chinês que manda ensinar em vez de oferecer o peixe, optaram por oferecer peixe, pior ainda, criaram entre os pobres uma cultura de vítima, a pobreza gera automaticamente direitos, havendo mesmo quem reconheça o direito à violência sobre os restantes cidadão. Por exemplo, o mesmo Jerónimo de Sousa que agora exige medidas de combate à criminalidade justificou a vaga de criminalidade ocorrida no passado Verão com o desemprego, como se a condição de desempregado transformasse um cidadão trabalhador num criminoso em meia dúzia de dias ou, pior ainda, como se o crime fosse um direito de quem está desempregado.

De mistura com políticas sociais que apenas visam conquistar o voto dos mais pobres assistimos a abordagens que desculpabilizam o crime justificando-o com um contexto social adverso (só não explicam porque razão a maioria dos que vivem nos bairros ditos problemáticos são gente que trabalha). Enfim, dão-lhes o peixe e ainda os ensinam a roubar, a sorte é que a maioria dos pobres ainda consideram que a melhor forma de o deixar de ser é trabalhando e educando os filhos.

Ainda bem que na minha infância não havia tanta gente a querer dar subsídios aos pobres e tanto cientista a estudar a melhor forma de combater a pobreza e só estaria agora a escrever este post porque a minha mãe nunca teria recorrido à ajuda do Estado.

http://jumento.blogspot.com/