Galp estreia-se como líder de consórcio na exploração de petróleo em São Tomé
Carlos Gomes da Silva, presidente executivo da Galp Energia, afirmou num encontro com jornalistas que o acordo "já está consubstanciado com a Agência Nacional de Petróleos de São Tomé", sendo que na próxima segunda-feira se vai "consolidar a entrada de um novo parceiro, a Kosmos, que vai trazer competências curriculares complementares à Galp e permitir partilhar o risco".
Para o líder da Galp Energia, este projeto tinha como um dos critérios de entrada a empresa ser o operador, "para além de encontrar uma área que fosse consistente com o portefólio de investimento" da empresa.
A Galp, que vai deter 45% do consórcio e será o líder de exploração do bloco 6, de 19 que estão atribuídos, "tem hoje experiências em parcerias do outro lado do Atlântico, designadamente no Brasil em águas muito profundas", adiantou Gomes da Silva.
Assim, sendo, o bloco 6, que tem uma profundidade média de 2.500 metros e um desafio tecnológico elevado, será uma exploração para o qual a petrolífera portuguesa "tem valências que foram adquiridas no Brasil" na exploração do pré-sal, vem de encontro àquilo "que é uma das ambições da empresa, que é constituir-se na indústria como um operador de referência também na área de exploração e produção", frisou o presidente executivo da Galp.
Para Gomes da Silva, este projeto em São Tomé e Príncipe "insere-se naquilo que é a estratégia de renovação de ativos na exploração de petróleo", sendo que o país "apresenta todas as condições necessárias e exigíveis para que se constitua como um prospeto na área exploratória e futuro contribuinte para a produção de petróleo e gás dentro do portefólio da Galp".
Quanto ao risco, o líder da Galp refere que esta "é uma área de exploração de fronteira, uma área nova em que ainda se tem um conhecimento relativamente reduzido".
Contudo, a zona tem à volta nos países circundantes grandes exploradores de petróleo, como a Nigéria, Gana, Camarões, Guiné Equatorial e Gabão, pelo que "a possibilidade de haver uma área petrolífera que possa ser similar" é bastante forte, sublinhou Gomes da Silva.
A Galp já tinha analisado a possibilidade de entrar em São Tomé e Príncipe há alguns anos, mas, segundo o presidente da empresa portuguesa, só agora foi possível porque o país "conseguiu constituir as condições necessárias, designadamente com um quadro regulatório que é moderno, que está dentro daquilo que são os padrões da indústria".
Para já, o consórcio liderado pela Galp vai fazer "uma avaliação preliminar do potencial petrolífero numa zona de 5.000 quilómetros quadrados, cerca de meio milhão de campos de futebol, e só dentro de uns três a quatro anos é que poderemos ter uma avaliação mais precisa daquilo que é esse potencial".
"Vamos começar numa primeira fase com o diagnóstico geológico", diz Gomes da Silva, adiantando que "é um investimento que estará no duplo dígito em termos de milhões de dólares".
A Galp Energia anunciou na semana passada que vai, juntamente com a Kosmos Energy, começar a explorar petróleo no mar de São Tomé e Príncipe após o governo daquele país lhe ter atribuído uma concessão.
Neste acordo, a Galp Energia terá a operação do bloco e uma participação de 45%, a Kosmos Energy 45% e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em representação do governo, uma participação de 10%.
Lusa