PIGS e Portugal

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dc

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #60 em: Abril 16, 2010, 12:20:13 pm »
Boas
Afinal nós temos um defice de cerca de 10/12% do PIB ou 78% :?:
 

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ShadIntel

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #61 em: Abril 16, 2010, 12:36:50 pm »
Citação de: "dc"
Boas
Afinal nós temos um defice de cerca de 10/12% do PIB ou 78% :?:
Para simplificar a diferença entre défice e dívida:

O défice público de 2009 foi (oficialmente) de 9,4% do PIB. Ou seja a diferença entre as (fracas) receitas e as (excessivas) despesas do Estado nesse ano.

A dívida pública (acumulada ao longo dos anos com os défices sucessivos) é que era de mais ou menos 75% a 80% do PIB em 2009; mais próxima dos 90% e a caminhar para os 100% em 2010...
 

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #62 em: Abril 21, 2010, 02:13:55 pm »
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Must Germany bail out Portugal too?

Portugal, not Greece, poses the greater existential threat to Europe's monetary union.

By Ambrose Evans-Pritchard
Published: 7:13PM BST 18 Apr 2010

The long-drawn saga in Athens can perhaps be deemed a case apart. Greece lied. Its budget deficit was egregious at 16pc of GDP last year on a cash basis. It wasted its EMU windfall, the final chance to bring public debt back from the brink of a compound spiral.

You cannot blame the euro for this, although EMU undoubtedly created a risk-free illusion that lured both Athens and creditors deeper into the trap – and now prevents a solution. Nor would an orderly default under IMF guidance along Uruguayan lines necessarily imperil Europe's banks. The Bundesbank hints that letting Greece go would prove a healthier outcome for EMU in the long run, upholding discipline.

However, Portugal did not cheat (much) and did not start as an arch-debtor. It did mishandle the run-up to EMU in the 1990s, failing to offset a fall in interest rates from 16pc to 3pc with fiscal tightening. Boom-bust ensued. But that was a long time ago. Portugal has since settled down to a decade of sobriety. The reward never came.

Brussels admitted last week that Portugal's external accounts have switched from credit in the mid-1990s to a deficit of 109pc of GDP. This has been caused by the incentive structures of EMU itself. "The more broadened access to credit induced a significant reduction in the saving rate, while consumption kept growing faster than GDP. This development led to an increase in Portuguese indebtedness," it said.

The IMF's January report - worth examining for its horrifying charts - said "The large fiscal and external imbalances that arose from the boom in the run-up to adoption of the euro have not been unwound, resulting in the economy becoming heavily indebted and growing banking system vulnerabilities. The longer the imbalance persists, the greater the risk the adjustment will be sudden and disruptive." The IMF noted the "heavy reliance" of banks on foreign wholesale funding, equal to 40pc of total assets.

Lisbon reacts with outrage to Greek parallels. "Nonsense without any solid foundation, revealing ignorance," said finance minister Teixeira dos Santos. He was responding to remarks by New York Professor Nouriel Roubini that Portugal might be forced out of the euro, and by ex-IMF chief economist Simon Johnson that Portugal is on "the verge of bankruptcy".

Yes, Portugal's public debt will be 86pc of GDP this year against 124pc for Greece (EC estimates). That is small comfort. Giles Moec from Deutsche Bank said Portugal's private debt reached 239pc in 2008: Greece was 123pc. Total debt levels matter. The last two years have taught us that private excess lands on the taxpayer one way or another. For Portugal, the figure is now is in the danger zone above 300pc.

Mr Moec said Portugal has been blighted by entering EMU at an overvalued exchange rate: "Portuguese exporters have never been able to recover". The country has plugged the perma-gap with foreign loans. This cannot go on. The current account deficit is still running at 10pc of GDP, and the patience of global investors is snapping.

Euro enthusiasts are mystified at why Portugal's catch-up growth stalled in the 1990s. Productivity has been stuck at 64pc of the EU-15 level, refuting the cardinal assumption of EMU that North and South must converge over time.

This should be no surprise. A study of the Latin Monetary Union after 1865 by Kee-Hong Bae and Warren Bailey showed there was no convergence for half a century. Weak states cheated, inflating stealthily by dumping silver coins on others. The project was kept alive by French subsidies. That is what haunts Germany today.

Let me be clear, Portugal has not been reckless. It has been run better than Britain for the last eight years. Its banks did not go berserk. House prices have been well-behaved. Lisbon has been cutting public sector jobs for year after year. This can be overstated, of course. The IMF says Portugal still has EMU's most rigid labour markets. Social transfers have risen to 22pc of GDP from 18.5pc since 2005. Yet you cannot argue that Portugal is a basket case. It has hit a brick wall anyway.

Brussels is now telling Lisbon to cut yet deeper to reduce its budget deficit, 9.3pc of GDP last year. It is one thing to persuade a country to retrench after a boom, it is another when there has been no boom at all. Portugal must do this under a minority government. Socialist premier Jose Socrates survives on sufferance of conservatives, who are wobbling.

Portugal does not face an imminent funding crisis. If Europe's economy grows briskly, it may be enough to lift the country off the reefs. But one thing seems sure: Germany is not going to bail out any more countries, and the IMF is too small to cover.

http://www.telegraph.co.uk/finance/comm ... l-too.html
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Re: PIGS e Portugal
« Responder #63 em: Abril 21, 2010, 05:44:18 pm »
Citação de: "Ambrose Evans-Pritchard"
Portugal has since settled down to a decade of sobriety.
Então deve ser por isso que nos damos ao luxo de ter salários tão altos para os nossos políticos.

Isto não vai ser um bail out para Portugal mas sim mais dinheiro para os políticos.

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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AC

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #64 em: Abril 22, 2010, 01:35:04 am »
Citação de: "ShadIntel"
A dívida pública (acumulada ao longo dos anos com os défices sucessivos) é que era de mais ou menos 75% a 80% do PIB em 2009; mais próxima dos 90% e a caminhar para os 100% em 2010...

Uma pequena/grande correcção:
A dívida pública portuguesa deverá ser de 86% PIB em 2010. Se a isto somarmos a divida das empresas públicas, chegamos a algo como 105 ou 110% do PIB.
 

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #65 em: Abril 22, 2010, 02:30:46 pm »
22-04-2010 14:17

Risco de Portugal entre o do Vietname e o do Líbano

O risco de incumprimento atribuído a Portugal pelos investidores no mercado de CDS está hoje a subir para 262 pontos base. O que nos coloca ao nível do Líbano e do Vietname.

No mercado de CDS (“credit-deafult swaps”) transaccionam-se seguros de crédito. Mais precisamente, na tabela em baixo, os seguros para risco de incumprimento nos pagamentos da dívida a cinco anos. Quanto mais elevado é um CDS, maior é pois o risco que os investidores consideram existir de um país deixar de cumprir os seus pagamentos (risco de “default”).

Nos últimos dias, os CDS de Portugal têm aumentado, bem como o próprio volume investido em CDS, o que pode também reflectir que se está a investir no risco português.

Hoje, como se vê na tabela abaixo, o custo dos CDS de Portugal está ao nível de países como o Vietname e o Líbano. A Grécia está pior que Portugal mas países como Roménia, Bulgária ou Croácia (para não falar na Irlanda) estão já melhor que o nosso País.

“A comparação é grosseira”; analisa Bruno Costa, “pois não reflecte a realidade orçamental desses países e a capacidade de pagar dívidas”, mas “reflecte a forma como os mercados estão a avaliar Portugal”.

Bruno Costa, operador da sala de mercados da GoBulling (do Banco Carregosa), sublinha que estes dados “mostram a desconfiança com que os investidores internacionais mas não só atribuem à capacidade de Portugal pagar as suas dívidas”. “Estamos a aproximar-nos dos níveis mais elevados de sempre em CDS, ainda que a história seja relativamente curta”, meia dúzia de anos.

Dados mais antigos há nas obrigações de tesouro, que também hoje estão ao nível mais elevado desde 1997. “As yields das obrigações do tesouro português a dez anos estão a aproximar-se muito dos 5%. As da Grécia ultrapassaram já os 8%”, acrescenta Bruno Costa.

E agora? Como se melhora ou piora a situação? “Depende da forma como Portugal decida restituir a confiança aos mercados internacionais”, responde o operador da sala de mercados da GoBulling. Ou seja, “de evolução do défice”.



 
Jornal de Negócios - Pedro Santos Guerreiro

http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=421257
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Re: PIGS e Portugal
« Responder #66 em: Abril 26, 2010, 02:28:45 pm »
26-04-2010 13:20 - Bolsa nacional cai perto de 2% com todas as cotadas em terreno negativo

O mercado accionista nacional continua a transaccionar em queda, numa altura em que todas as cotadas estão no vermelho. As dúvidas que permanecem em relação à implementação do plano de ajuda à Grécia impedem o índice nacional de seguir os ganhos dos principais índices europeus.

OPSI-20 recua 1,96% para os 7.652,07 pontos, com as 20 cotadas que o compõem em queda. Com este comportamento, o índice português acumula uma desvalorização de 10% desde o início do ano. Para além da bolsa nacional, também a grega segue em queda, com uma descida superior a 2%.

A penalizar as praças portuguesa e grega estão as incertezas que ainda se mantêm em relação à implementação do plano de ajuda à Grécia, por parte da Zona Euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI), isto numa altura em que há a expectativa de que este plano possa enfrentar algumas dificuldades.

Por cá, Energias de Portugal (EDP) e a Portugal Telecom são as empresas que mais contribuem para este desempenho. A operadora desvaloriza 1,55% para negociar nos 8,122 euros. Um desempenho seguido pelos restantes títulos do sector das telecomunicações. A Sonaecom perde 1,59% para os 1,425 euros e a *Zon Multimédia* desce 2,01% para os 3,66 euros.

A eléctrica cai 2,62% para os 2,752 euros, apesar dos analistas terem considerado “positivos” os dados operacionais previsionais que a empresa apresentou durante o fim-de-semana. Também a EDP Renováveis acompanha esta tendência registando, aliás, a queda mais acentuada da sessão.

A empresa de energias verdes recua 4,12% para os 5,119 euros, no dia em que o Barclays Capital baixou a recomendação para as suas acções de “overweigth” para “equalweigth” e o preço-alvo de 7,60 para 6,50 euros.

No restante sector energético, a Galp Energia cede 1,61% para negociar nos 12,495 euros. A Sanford C. Bernstein estima um resultado líquido ajustado de 69 milhões de euros para a petrolífera, o que representa um crescimento de 57% face ao mesmo trimestre do ano anterior. A Redes Energéticas Nacionais (REN) cai 0,68% para os 2,793 euros.

No sector financeiro a tónica é também negativa, com o Banco Espírito Santo (BES) a liderar as perdas ao depreciar 2,16% para os 3,541 euros. O Banco Comercial Português (BCP) cede 1,98% para os 0,741 euros, na sessão em que o seu banco na Polónia apresentou resultados do primeiro trimestre que ficaram acima das previsões do mercado.

O BPI perde 1,76% para os 1,782 euros. O banco liderado por Fernando Ulrich divulgou, na passada sexta-feira, as contas relativas aos primeiros três meses do ano, com os lucros a atingirem os 45,1 milhões de euros, uma queda de 9,9% face ao mesmo período do ano passado. Os analistas contactados pela Reuters estimavam que os lucros totalizassem os 47,7 milhões de euros.
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Re: PIGS e Portugal
« Responder #67 em: Abril 27, 2010, 02:25:29 pm »
27-04-2010 13:48 - "Spread" da dívida portuguesa supera os 250 pontos e juros atingem máximos de 2001

Os juros da dívida pública portuguesa estão em alta pelo 11º dia consecutivo, com o “spread” da “yield” a superar os 250 pontos face às obrigações alemãs, e a taxa de juro a atingir máximos de 2001.

O contágio da crise da Grécia a Portugal está a ter reflexos cada vez mais intensos no mercado, com os investidores a venderem a dívida portuguesa, atirando os juros para níveis máximos.

A “yield” das obrigações portuguesas a 10 anos sobe 32 pontos base para 5,511%, superando pela primeira vez a fasquia dos 5,5% desde Março de 2001. Ontem a taxa de rentabilidade superou os 5% pela primeira vez desde Julho de 2002.

Hoje a pressão sobre a dívida portuguesa voltou a intensificar-se, pois persistem dúvidas sobre a aprovação do pacote de ajuda à Grécia por parte da Alemanha.

O “spread” face às “bunds” alemãs voltou a alargar-se, tendo chegado a ascender aos 252 pontos base, mais do dobro registado no início do ano. No ano passado o “spread” médio rondou os 100 pontos base face às “bunds”.


Nos prazos mais curtos, os juros da dívida portuguesa estão também em forte alta. Sobem 55 pontos base nos prazos a dois anos para 4,510% e 46 pontos base nas obrigações a cinco anos (5,204%).

Um sinal que mostra que Portugal está hoje sob forte atenção dos mercados é o facto de ser a dívida portuguesa que está hoje a ser mais castigada.

Nas obrigações gregas a 10 anos a “yield” avança nove pontos base, nas espanholas a subida é de um ponto base e nas irlandesas o avanço é de 16 pontos base.

Oitavo país com maior risco de incumprimento

No mercado dos credit default swaps, o risco atribuído a Portugal está em recorde, com os investidores a classificarem Portugal como o oitavo país em risco de entrar em incumprimento, acima de países como o Líbano e a Guatemala.

A segunda notícia com maior destaque na agência Bloomberg dá conta que Portugal está sofrer o contágio da crise da Grécia e o início do texto mostra a situação débil da economia nacional. "O risco de Portugal começa a ser a nova Grécia. Com um endividamento [público e privado] superior e uma taxa de crescimento a 10 anos inferior face à Grécia, o país mais pobre da Europa Ocidental está a ser castigado pelos investidores com um aumento do 'spread' da sua dívida soberana".

A agência de notícias destaca que os investidores estão a classificar Portugal como o oitavo país do mundo com maior risco de incumprimento da sua dívida e demonstra quais as preocupações dos investidores.

"A razão pela qual estamos preocupados com Portugal não se deve ao elevado endividamento, tem mais a ver com o facto de a economia portuguesa realmente não crescer", comentou à Bloomberg Kenneth Wattret, economista-chefe do BNP Paribas para a Zona Euro.
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Re: PIGS e Portugal
« Responder #68 em: Abril 27, 2010, 04:26:27 pm »
porreiro pá :!:

 
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Oficial
S&P baixa ‘rating' português para nível mais baixo de sempre

Pedro Latoeiro   e Rui Barroso
27/04/10 16:00

Tal como Económico antecipou em primeira mão, a S&P acaba de reduzir a notação da dívida portuguesa em dois níveis, de ‘A+' para ‘A-'.

Trata-se da pior classificação desde a primeira classificação da S&P para Portugal, em 1992, ainda no tempo do escudo, segundo dados da Bloomberg.

Tão negativo quanto isso é o aviso da agência de notação financeira de quer poderá voltar a cortar a classificação da dívida portuguesa se o défice e a dívida nacional derem sinais de descontrolo.

"O ‘downgrade' de dois níveis reflecte o nosso entendimento de que Portugal enfrenta riscos orçamentais acrescidos", justifica Kai Stukenbrock, da S&P, uma das mais poderosas agências de notação financeira.

A nova classificação da dívida portuguesa, de ‘A-' significa que Portugal é tido como segundo país mais arriscado pela zona euro, deixando de estar ao mesmo nível de Chipre, Itália e Eslováquia. Pior que Portugal só a Grécia, que tem um ‘rating' de ‘BBB+'.

O ‘rating' funciona como uma espécie de cartão de visita quando um Estado ou uma empresa procura financiamento nos mercados internacionais. Quando mais baixo for a classificação atribuída pelas agências, mais caro sairá a emissão de dívida.

http://economico.sapo.pt/noticias/sp-co ... 87975.html
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Jorge Pereira

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #69 em: Abril 27, 2010, 05:41:20 pm »
Não sei se os meus amigos estão cientes do que se está a passar, mas o sul da Europa, em especial a Grécia, Espanha e Portugal, estão a entrar numa espiral que pode acabar de forma trágica.

No caso português, a primeira coisa que urge fazer é qualquer coisa como esta:


Citação de: "João César das Neves"

Plano contingente



O longo sofrimento da Grécia às mãos dos mercados financeiros internacionais tem apaixonado o mundo. Portugal segue o episódio com especial interesse porque é universalmente reconhecido como o próximo na fila, a quem sucederão coisas semelhantes se continuar este caminho.

É preciso dizer que os mercados não são entes perversos nem sofrem de uma doentia "helenofobia". São pessoas que emprestaram muito dinheiro à Grécia e têm justos receios de perderem as suas poupanças. Os gregos esbanjaram milhões tolamente e, pior, não parecem capazes de controlar a sangria. É bom não inverter as coisas: a Grécia é o vilão, não a vítima. Também a relutância dos parceiros comunitários em ajudar é compreensível. Até porque os alemães sabem que se reformam em média dez anos depois dos gregos. Não é fácil ter pena de caloteiros preguiçosos que não se emendam. Somos os próximos da lista.

Também é bom lembrar que não se trata de uma doença incurável. Há seis meses, além da Grécia e Portugal, havia outro país europeu na mira dos mercados, aliás mais atacado. Bastou a Irlanda apresentar o seu violento Orçamento do Estado para 2010, com aquilo que governantes portugueses apelidaram de "medidas populistas", como a redução dos salários públicos incluindo do primeiro-ministro, e deixou de se falar dela. Quem mostra decisão e seriedade no tratamento das suas dívidas é reconhecido pelos credores.

Portugal provou o mesmo. O anúncio do acordo prévio entre Governo e oposição para aprovar o nosso Orçamento de 2010 levou os mercados a reagir favoravelmente, e os juros desceram. A posterior desilusão perante a ligeireza do documento estragou tudo. Nem a publicação do Programa de Estabilidade e Crescimento para 2010-2013, duro no futuro vago, eliminou as suspeitas. Permanecemos um país sob vigilância. E qualquer pessoas sensata compreende que assim seja.

Não é para já, mas paira sobre nós a sombra do calvário grego, com sucessivos apertos de austeridade, depois descredibilizados e reforçados. Existe uma maneira simples e barata de evitar tudo isto, aproveitando a margem de manobra que ainda temos. O Governo português devia apresentar já um forte plano de austeridade, mas contingente ao agravar da situação. Isto significa que agora, antecipadamente aos temores dos credores, era concebido e publicado um pequeno conjunto de medidas de forte aperto, para lá daquelas que constam no PEC 2010-2013. Aí estariam a subida de impostos e a descida de salários à irlandesa, que o PEC não quis incluir. Seria declarado que tal plano de emergência estaria imediatamente em execução logo que a situação o exigisse. Mas essa eventualidade não seria deixada indefinida e teria uma condição bem clara. Até poderia estar ligada à própria reacção dos mercados. Por exemplo, entraria em vigor assim que a taxa de juro da dívida portuguesa estivesse mais de uma semana 200 ou 300 pontos-base acima da alemã.

Deste modo se mostraria compromisso sério perante os credores sem, para já, sofrer restrições desnecessárias. Se a coisa fosse bem feita, a confiança dos mercados, gerada pelo próprio plano contigente, chegaria para evitar a eventualidade. Conseguir-se-ia assim a solidez irlandesa sem custos exagerados. Pode dizer-se que esta estratégia é aplicação de uma das mais geniais criações lusitanas na gestão de conflitos: o "agarrem-me senão eu bato-lhe". A frase tão original das nossas tabernas marca posição sem sofrer consequências, abrindo uma criativa terceira via em dilemas aparentemente fechados.

A ideia merece ser tentada, até por ter custos mínimos. Existe um grande obstáculo: não se vê ninguém no Governo com visão e coragem para se atrever a algo tão imaginativo. Pelo contrário, todos parecem apostados em descartar culpas, jogar pingue-pongue partidário, fingir que as antigas promessas não foram rompidas. No partido do poder só existe uma personalidade capaz de tal criatividade e originalidade, o eng. José Sócrates de 2005. Lembra-se dele, antes de o senhor primeiro-ministro o ter expulsado?

naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt


Isto terá de ser feito urgentemente, caso contrário, arriscamo-nos de que com este constante aumento das taxas de juros, o estado português, pura e simplesmente, deixe de ser capaz de pagar os seus compromissos da dívida externa. Se isso acontecer, por conseguinte, o estado não poderá obter mais financiamento para, por exemplo, pagar aos funcionários públicos e também pagar as prestações sociais. Num país onde seguramente mais de 5 milhões de pessoas dependem do estado, as consequências avizinham-se catastróficas!

A questão a meu ver, é que este governo não tem condições para impor sacrifícios e medidas draconianas a ninguém. Um governo com este primeiro-ministro cheio de “casos”, com os “Armandos Varas” e “Rui Pedro Soares” que não param de surgir em cada pedra onde se dá um pontapé, não tem hipótese alguma de tomar medidas de emergência.

Na minha opinião, neste momento, o Presidente da República deveria tomar o controlo total do país. Deveria chamar as pessoas mais qualificadas que entendesse para tentar atalhar esta situação crítica em que nos encontramos. Este governo faria um favor ao país se se demitisse e permitisse encontrar uma solução daquele género. Cada dia que passa é um dia perdido. A Grécia está prestes a “rebentar”. Ainda ontem se falava num buraco oculto de 185.000 milhões de euros. Se tivermos en conta que o resgate da EU e do FMI representam "só" 40.000 milhões de euros, estamos mesmo a ver que irá servir de pouco. E se quando a Grécia “rebentar” de vez nós ainda não tivermos desaparecido do radar das agências internacionais, o nosso fim vai estar quase garantido. O nosso e o da Espanha.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Miguel

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #70 em: Abril 28, 2010, 09:42:12 pm »
Incrivel ver  PSD apoiar o PS para salvar os "tachos"

Claro que se entramos em falencia o povo vai-se revoltar contra os politicos que os governaram durante 35 anos.

Desde os anos 80 que vivemos acima das possibilidades.

Acabamos com a agricultura com a pesca etc... Nao produzimos quase nada, importamos tudo e a credito.

Nao sei como isto vai acabar, mas sei como isto teve inicio.
 

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Jorge Pereira

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #71 em: Abril 29, 2010, 09:52:38 am »
Pergunto-me para quê o apoio de ontem do PSD ao governo? Para isto?

Compreendo a intenção do Pedro Passos Coelho de querer enviar um sinal de união e sintonia aos mercados, mas com estes indivíduos é tempo perdido.

O governo continua a brincar com a solvabilidade do país!


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Auto-estrada de 1429 milhões avança

O maior e o mais caro empreendimento rodoviário foi ontem formalizado entre o consórcio liderado pelo grupo Mota-Engil e 11 bancos. Processo segue para o Tribunal de Contas.

Processo segue para o Tribunal de Contas
Estradas de Portugal fechou ontem o contrato da subconcessão do Pinhal Interior

29.04.2010 - 07:49 Por Luísa Pinto

Em Janeiro, o Governo anunciou a intenção de adjudicar ao consórcio liderado pela Ascendi, do grupo Mota-Engil, a subconcessão Pinhal Interior - a maior e a mais cara de todo o pacote rodoviário da Estradas de Portugal. Ontem, foi formalizado o procedimento final que permite remeter o processo para o Tribunal de Contas.

A Estradas de Portugal, o consórcio liderado pela Ascendi, dez bancos comerciais e o próprio Banco Europeu de Investimentos celebraram o financial close - o acordo financeiro - e assinaram o contrato para a construção. Continuou, assim, a ser executado o programa de investimentos rodoviários que o Governo assumiu no Orçamento  de Estado, no mesmo dia em que o primeiro-ministro e o líder da oposição assumiram compromissos para cooperar de forma a que Portugal possa enfrentar a crise financeira.

Depois da formalização conseguida ontem, o processo pode agora ser remetido para o Tribunal de Contas, para ser analisado a nível de fiscalização prévia. Na altura da cerimónia de adjudicação provisória, que decorreu a 10 de Janeiro, o consórcio e a Estradas de Portugal afirmaram que iriam ter em conta todas as objecções que haviam sido levantadas pelo Tribunal de Contas aos seis contratos de subconcessão que lhe haviam sido remetidos. A Estradas de Portugal foi "obrigada" a reformular os contratos, tendo já recebido a viabilização de um deles, o da Douro Interior, também ela entregue a um consórcio do grupo Mota-Engil.

A subconcessão do Pinhal Interior é o maior empreendimento rodoviário cuja execução foi entregue à Estradas de Portugal, tanto em termos de investimento (1429 milhões de euros) como de extensão (567 quilómetros). O valor do contrato de construção é de 958 milhões de euros, tendo a Estradas de Portugal conseguido obter o financiamento máximo possível na candidatura que apresentou ao Banco Europeu de Investimentos. O acordo foi celebrado com o então vice-presidente do BEI, Carlos Costa, indicado como futuro governador do Banco do Portugal.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) desbloqueou no passado mês de Março uma verba de 345 milhões de euros para a construção e manutenção desta concessão, ganha pelo consórcio da Mota-Engil.

Segundo as informações divulgadas pela companhia, nomeadamente no relatório em que prestou contas do exercício de 2009, o grupo iria entrar neste empreendimento com capitais próprios na ordem dos 240 milhões de euros, garantindo o restante do financiamento na banca comercial. Com a Estradas de Portugal a garantir o empréstimo de 345 milhões do BEI, o consórcio diligenciou o empréstimo de mais de 800 milhões junto da banca privada. Da lista de instituições financeiras envolvidas no processo, divulgada pela Estradas de Portugal, estão quatro bancos nacionais (BES, Caixa Geral de Depósitos, BPI e Banif), um banco inglês (Barclays) e cinco bancos espanhóis (Caja Madrid, BBVA, Banco popular, Banesto e La Caixa).

Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, junto de várias fontes ligadas ao processo, o acordo com as entidades financiadoras foi concluído na semana passada, tendo a assinatura do contrato sido marcada para segunda-feira. Por indisponibilidade de agenda de um dos bancos, acabou por se realizar ontem.

Uma fonte do grupo Ascendi sublinhou como positivo o facto do contrato ter sido assinado já depois de as agências de notação financeira internacional terem baixado em dois níveis a análise de risco da dívida soberana do país, causando impactos dramáticos nos mercados financeiros, não só nacionais, como internacionais. A mesma fonte garantiu que a eclosão desta crise não trouxe nenhuma modificação às condições que haviam sido acordadas previamente.

Fonte

Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #72 em: Abril 29, 2010, 07:29:21 pm »
Citação de: "Miguel"
Incrivel ver  PSD apoiar o PS para salvar os "tachos"

Claro que se entramos em falencia o povo vai-se revoltar contra os politicos que os governaram durante 35 anos.

Desde os anos 80 que vivemos acima das possibilidades.

Acabamos com a agricultura com a pesca etc... Nao produzimos quase nada, importamos tudo e a credito.

Nao sei como isto vai acabar, mas sei como isto teve inicio.


Dúvido! Este povo é masoquista , quanto mais o roubam mais feliz fica.

Porreiro pá!
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-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Re: PIGS e Portugal
« Responder #73 em: Abril 30, 2010, 11:14:42 am »
:toto:

Citar
Aeroporto e TGV avançam
Contenção nas obras públicas sacrifica só meia auto-estrada
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30.04.2010 - 07:16 Por Luísa Pinto

O anúncio feito pelo ministro das Finanças de que o Governo pretende reavaliar os projectos de investimento em obras públicas resumiu-se à amputação de um troço de uma auto-estrada.

A novidade apresentada ontem pelo ministro das Obras Públicas, ao fim do dia, resume-se à (re)avaliação do caderno de encargos da auto-estrada do Centro, admitindo, o ministro que ela possa vir a resumir-se, nesta primeira fase, à construção do IP3, deixando cair a construção do IC2, entre Coimbra e Oliveira de Azeméis. "É um projecto benéfico, cujas receitas são seguramente superiores aos custos (...), mas, tendo em conta os objectivos mais gerais e as condições actualmente existentes, será objecto de reavaliação."

Este investimento foi o único que, assumidamente, e para já, vai ser reavaliado, mas o PÚBLICO confirmou que também a terceira travessia do Tejo (TTT), inserida na ligação em alta velocidade entre Lisboa e Poceirão, pode vir a perder o tabuleiro rodoviário que estava previsto. Para já, António Mendonça apenas confirma que já recebeu o relatório do júri que avaliou as propostas e que vai agora proceder à sua análise.

Confrontado pelos jornalistas sobre a possibilidade de a TTT vir a ser exclusivamente ferroviária, Mendonça limitou-se a lembrar que a decisão tomada pelo Governo, e que ainda não foi alterada, é a de que a TTT será mista.

Recorde-se que existiu um amplo debate público acerca da aplicação, ou não, de uma travessia rodoviária na ligação Chelas-Barreiro, algo que encarecia o projecto em mais 600 milhões de euros. O PÚBLICO sabe que, entretanto, e já depois das propostas entregues, foi pedido ao júri que, tecnicamente, voltasse a avaliar a possibilidade de avançar com o projecto de uma forma faseada, privilegiando a ferrovia. Mendonça reafirmou ainda a intenção de abriu o aeroporto de Alcochete em 2017 - o concurso público será lançado no Verão. Na próxima semana deverá assinar com o consórcio Elos a construção Poceirão-Caia e alta velocidade.

As posições do Governo foram criticadas de imediato pelos vários partidos da oposição. Ao princípio da noite, Jorge Costa, deputado social-democrata, acusou o Governo de "falar a duas vozes": após o Conselho de Ministros, Teixeira dos Santos explicou que as grandes obras públicas ainda não concessionadas serão alvo de reavaliação; e, ao final da tarde, António Mendonça "veio dizer que, na prática, tudo se mantém".

"É necessário clareza", notou Costa, acrescentando que o Governo "tem de decidir e deixar de se contradizer". O líder do CDS, Paulo Portas, foi mais longe ao defender que "este é o tempo, enquanto ainda há tempo, para repensar certo tipo de obras, cujo encargo financeiro é de tal ordem que vai significar um aumento do endividamento do país". "Estamos nos últimos momentos para o Governo parar, escutar, olhar e fazer contas", sugeriu.

O BE também defendeu a reavaliação das grandes obras públicas. O anúncio "é como se uma montanha parisse um rato, porque de facto não há novidades significativas em relação a uma necessária, indispensável, reorganização pública dos investimentos que o país, na situação económica e financeira que atravessa, de grande dificuldade, exigiria", declarou o deputado do BE Heitor de Sousa. Já o deputado do PCP Bruno Dias considerou que, "no essencial, as opções do Governo se mantêm, mas o PCP entende que o modelo de negócio previsto é uma má opção, porque conserva a perspectiva desastrosa das parcerias público-privadas".

A subconcessão da Auto-estradas do Centro estava numa fase bem mais atrasada do que a do Pinhal Interior (ver página 23), já que o primeiro concurso foi anulado a pedido do júri - porque a melhor proposta inicial, de 500 milhões de euros, mais do que duplicou, para 1100 milhões. Foi aberto, já depois das eleições legislativas, um novo concurso, e as propostas foram entregues no final de 2009. Nesta fase do concurso, as alterações não trazem encargos indemnizatórios para o concedente.

http://economia.publico.pt/Noticia/cont ... da_1434738
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Re: PIGS e Portugal
« Responder #74 em: Maio 05, 2010, 11:56:40 am »
Notícias: Portugal a caminho do défice externo mais alto da Zona Euro. Se as novas previsões da Comissão Europeia se confirmarem, Portugal prepara-se para trocar de lugar com a Grécia e passar a ser, em 2011, o país da Zona Euro com maior défice externo.
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