Vicente de Lisboa ->
Como é evidente eu não afirmei que tinha sido revogada qualquer disposição internacional sobre direito marítimo, mas sim que, no futuro, tal poderia ocorrer.
Eu estabeleci uma comparação com a corrida a África, na sequência da explosão do caminho de ferro, quando a construção de vias férreas e a rede na Europa (especialmente no Reino Unido) estava numa situação de saturação.
Os direitos históricos de Portugal, também existiam, ou o que é que você acha que significava o facto de os portugueses erguerem padrões dos descobrimentos em todo o lado ?
Acha que era só para os artífices e pedreiros se divertirem a fazerem padrões com as cinco quinas ?
O Padrão, era uma afirmação de reclamação de terra para um determinado país. Portugal utilizava os padrões para afirmar os seus direitos e todos os países europeus o faziam.
Em 1811, ficou famosa aquela colocação por parte dos ingleses de uma placa numa ilha vulcânica que apareceu nos açores, que ficou conhecida como ilha Sabrina (o nome do navio britânico, que se apressou a navegar para a ilha, para ali colocar uma placa reclamando a terra para sua majestade britânica).
Em 1811 isso era prática comum, embora as veleidades britânicas tenham sido varridas pelo oceano, que voltou a afundar o domínio de sua majestade.
Mas em 1880, os direitos históricos e as placas e o império de padrões portugueses, desapareceu na conferência de Berlim.
O que eu afirmo, é que no futuro, um processo de contornos idênticos pode colocar Portugal na mesma situação em que esteve em 1880.
Ou seja:
Um país pequeno, que a História permitiu que criasse um gigantesco império e que a geografia colocou numa posição, que lhe permite reclamar milhões de quilometros quadrados de área submersa para possível exploração submarina.
Mas, um país pequeno, que não tem condições e recursos para efectivamente explorar tais recursos.
O que alegaram contra nós em 1880, é que não podiamos deixar tanto território por civilizar, já que era dever do homem branco civilizar a África. Deixar tanto território nas mãos dos portugueses era o mesmo que condenar milhões de pretinhos ao subdesenvolvimento ... :roll:
Eu estabeleci uma analogia com o que poderá acontecer no futuro.
Os principais interessados podem perfeitamente alegar que Portugal não tem dimensão nem recursos para explorar o oceano e que por isso deve ser feita uma repartição com base em novos pressupostos.
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A afirmação sobre o que lhe dizem os estrangeiros com que fala é sintomática.
Se você falar com pessoas pouco informadas elas vão dizer que não entendem porque Portugal deve ter o direito a tanto mar.
Se a pessoa tiver conhecimento de causa, vai dizer que é uma grande responsabilidade.
É essa afirmação é o primeiro passo, para explicar posteriormente aos portugueses, que é uma responsabilidade que um país tão pequeno não tem como assumir.
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A Alemanha dentro de 20 anos será outra. Já não há duas alemanhas nem soviéticos preparados para invadir. A Alemanha de cariz prussiano, que ficou na antiga RDA vai começar a mostrar os dentes como sempre fez, e vai começar a dizer que os outros têm que fazer como a Alemanha manda.
O tempo da Alemanha boazinha que dava dinheiro aos pobrezinhos quando Mario Soares ía pedir esmola a Bona ACABOU ou está para ACABAR.
Eu não sei como se diz «acabou-se a mamata» em alemão, mas é isso que a senhora Merkel está a dizer, e é o que provavelmente dirão os seus sucessores.
A escolha de um aliado do ponto de vista estratégico está por isso condicionada pela geografia, como sempre esteve.