A China Como Futura Ameaça?

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dremanu

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A China Como Futura Ameaça?
« em: Maio 02, 2004, 10:32:32 pm »
O Luso levantou num outro "post" a hipótese de a China se vir a tornar uma possível ameaça ao mundo ocidental.

Nada é impossível, mas não creio ser este algo a recear. A China em, creio que, 5000 anos de história nunca foi um país que invadiu, ou fez guerra contra outros países.

Antes pelo contrário, sempre se tentou isolar de influências estrangeiras, quando construiu a grande muralha. E têm uma população tão grande que para que é que eles precisam de ter mais.

Eu viria a China a ser uma ameaça, se um dia, e por qualquer razão de catástrofe natural não pudesse alimentar o povo que têm, ai sim, faria guerra contra outros povos. Fora isso não vejo mais nenhum outro cenário.

Ou talvéz pela questão de Taiwan, mas isso seria algo regional, não mundial.

Opiniões....
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Guilherme

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« Responder #1 em: Maio 03, 2004, 12:44:48 pm »
Urge que o Brasil estreite os laços econômicos com a China, Rússia, América Latina e África do Sul, para diminuir-se a dependência em relação aos EUA.
 

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Luso

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« Responder #2 em: Maio 03, 2004, 09:32:37 pm »
Uma coisa é certa: a China não pode ter complexos de pequenez!
E parece-me bastante mais cuidadosa com o que diz e faz do que os EUA.
Mas como sou ocidental...

Detestava ter razão nisso da ameaça amarela!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Fábio G.

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« Responder #3 em: Maio 08, 2004, 12:22:40 am »
A China é um gigante adormecido (e é bom que continue assim), é a economia em maior crescimento no mundo, e continuam a armar-se com apoio tecnológico russo e depois falta de efectivos nunca vão ter de certeza.
 

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FinkenHeinle

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Re: A China Como Futura Ameaça?
« Responder #4 em: Maio 08, 2004, 07:27:34 pm »
Citação de: "dremanu"
O Luso levantou num outro "post" a hipótese de a China se vir a tornar uma possível ameaça ao mundo ocidental.

Nada é impossível, mas não creio ser este algo a recear. A China em, creio que, 5000 anos de história nunca foi um país que invadiu, ou fez guerra contra outros países.

Antes pelo contrário, sempre se tentou isolar de influências estrangeiras, quando construiu a grande muralha. E têm uma população tão grande que para que é que eles precisam de ter mais.

Eu viria a China a ser uma ameaça, se um dia, e por qualquer razão de catástrofe natural não pudesse alimentar o povo que têm, ai sim, faria guerra contra outros povos. Fora isso não vejo mais nenhum outro cenário.

Ou talvéz pela questão de Taiwan, mas isso seria algo regional, não mundial.

Opiniões....


Ora, exatamente por ser uma economia de sucesso, e em crescimento, não é, para ela, interessante, salvo excessões, entrar em guerra com outros países.

Provavelmente, o único conflito possível pra a China (salvo uma invasão extrangeira) é Taiwan, que poderá, num futuro, ser retomada à força...
Um Forte Abraço.
André Finken Heinle
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"Em condições normais, corro para vencer e venço. Em situações adversas, também posso vencer. E, mesmo em condições muito desfavoráveis, ainda sou páreo." (AYRTON SENNA)
 

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FinkenHeinle

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« Responder #5 em: Maio 08, 2004, 07:29:26 pm »
Citação de: "Fábio G."
A China é um gigante adormecido (e é bom que continue assim), é a economia em maior crescimento no mundo, e continuam a armar-se com apoio tecnológico russo e depois falta de efectivos nunca vão ter de certeza.


Quando Marco Polo visitou a China, ao voltar, disse uma frase sobre a CHina que, hoje, mais do que nunca, possui um significado especial:

"Quando o Dragão se erguer, o Mundo irá tremer".
Um Forte Abraço.
André Finken Heinle
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Fábio G.

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« Responder #6 em: Maio 15, 2004, 01:34:04 am »
Acordos com a Russia :

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At the beginning of April 1997, then-Defense Minister of Russia Col.-Gen. Igor Rodionov went for a weeklong visit to China. He met the top brass of China's People's Liberation Army (PLA) at the Chinese Defense Ministry, visited several PLA bases and camps in Northern and Northeast China, and had at least two lengthy conversations with Chinese President Jiang Zemin.
Two weeks later, Jiang Zemin went to a summit in Moscow. And it appeared that the visit of Gen. Rodionov to China was, in reality, devoted to preparations for several large-scale weapons supply contracts aimed at modernizing the PLA Air Force, navy and air-defense troops and jointly totaling several billion dollars. Signing contracts in Moscow opened a new stage both in Sino-Russian military-technological cooperation and PLA modernization.
A similar case: In October 1998, Russian Defense Minister Marshal Igor Sergeev visited Beijing. This became a prelude to the visit of Jiang Zemin, in November 1998, to Moscow and Novosibirsk, and the conclusion of new large military-technology transfer agreements.
From mid-1999 to mid-2001, each of several visits of Chinese Defense Minister Chi Haotian and First Deputy Chairman of Central Military Commission Zhang Wannian to Russia inevitably resulted within a month or two in new contracts of several dozen SU-30 ground fighters, new battalions of S-300 and Tor-M1 air-defense systems, additional submarines and destroyers, etc. for delivery to China.
That's why the visit of Russian Defense Minister Sergei Ivanov to Beijing on May 31-June 2, 2002, just a week before a new Jiang-Putin summit in St. Petersburg, cannot be underestimated.

Official Report

According to Russia's ITAR-TASS News Agency, on May 31, Defense Minster Sergei Ivanov arrived in Beijing for talks with Chinese leaders on bilateral relations in the political and military fields. Ivanov said he would brief China's leaders on the Russia-U.S. summit and the NATO cooperation document.
Ivanov planned to see President Jiang and Prime Minister Zhu Rongji to discuss strategic cooperation, international and regional security, cooperation in the struggle against international terrorism, separatism, religious extremism, organized crime and weapons non-proliferation.
Their talks were supposed to focus on worsening relations between India and Pakistan and the situation in Afghanistan. Ivanov also intended to meet China's Defense Minister Chi Haotian.
On the same day, the Moscow-based Agentstvo Voyennykh Novostey (Military News Agency) provided more specific information:

Sergei Ivanov is in Beijing for talks concentrating on the outlook for defense cooperation and arms trade between Russia and China. Ivanov's visit started on May 31 with a meeting with President Jiang Zemin. At the closed-door meeting Ivanov is expected to brief the Chinese leader on the Russian-U.S. summit in Moscow, the understandings on strategic stability reached there and new relationships with NATO. Ivanov is to meet with Chinese Prime Minister Zhu Rongji the same day in the afternoon. A session of the Russian-Chinese mixed commission on military-technical cooperation is scheduled for June 1. Ivanov has recently become co-chairman of this commission on behalf of Russia. Also on June 1, Ivanov will negotiate with his Chinese counterpart Chi Haotian
On the evening of May 31, the visit of Sergei Ivanov to Beijing was covered in detail by ORT, the major Moscow TV channel. The major points of this coverage are given below.
1) The Russian Defense Minister's visit to Beijing seeks to reassure Chinese leaders that military and political collaboration between Moscow and Washington will not harm Russian-Chinese relations.

Immediately on his arrival in Beijing, Sergey Ivanov made it absolutely clear that Russia is ready to continue its friendship with China. "We have very close ties, and not only in the military sphere but in the economic and trade spheres, too. As far as military cooperation is concerned, I am visiting China in two capacities here: that of a co-chairman of the Russian-Chinese commission for military and technical cooperation and that of the Defense Minister. I will have a lot of meetings."

2) Although all information is secret and classified, it is known that China's share in the export of Russian arms stands at 40 percent at present and will be maintained at this level in the foreseeable future.
Still, the main topic of Ivanov's talks in China is not arms sales, but also an "explanation" of the military and political ties between Russia and NATO and the U.S. Sergey Ivanov is trying to persuade Chinese leader Jiang that despite Russia's agreements with the U.S. and NATO, Moscow will always support China's right to claim Taiwan.
Issues of strategic stability are in the same league. It is known for certain that both China and Russia are maintaining their previous (negative) attitude toward Washington's withdrawal from the ABM Treaty.
Comments from the Chinese, particularly the report of the Beijing-based China News Agency on May 31, are valuable.

To sum up:

Jiang Zemin, Chinese president and chairman of the Central Military Commission, said while meeting Russian Defense Minister Sergei Ivanov that China is willing to make a concerted effort with Russia to further develop a bilateral strategic cooperative partnership.
Jiang Zemin emphasized that China and Russia are big influential countries in the world and are close neighbors and friends. Establishing and maintaining the Sino-Russian strategic cooperative partnership is a very wise choice for the leaders of both countries. This partnership has enjoyed smooth progress, resulting in prominent successes.

Zemin further said:
Our mutual trust in political affairs has been increasingly deepened, especially after the two countries signed the "Sino-Russian Good-Neighborly Treaty of Friendship and Cooperation" in 2001. This treaty guarantees that the peoples of the two countries will maintain their friendly relations generation after generation and will never become enemies.

Ivanov said:
The Russian government is expecting President Jiang Zemin's attendance at the meeting of the SCO (Shanghai Cooperation Organization) in St. Petersburg next month. Russia places importance on developing friendly cooperative relations with China and hopes to advance closer cooperation between our two countries' militaries. The development of relations between our two countries' armed forces is beneficial to the development of bilateral ties and stability in the Asia-Pacific region and the world.

According to Xinhua News Agency, the meeting of Sergei Ivanov with Premier Zhu Rongji on May 31 had the same environment of close friendship (alliance).
Zhu told Ivanov that close Sino-Russian relations conform to the fundamental interest of the two nations. He said that the Sino-Russian Treaty of Friendship and Cooperation signed last year provided for an expansion of the two countries' trust and economic and trade cooperation; China is ready to promote the new all-round development of these friendly relations.
Ivanov said that Russia and China maintain good relations in all fields, and furthering the cooperation between the two countries will benefit both; Russia will make more efforts in this regard. (end of report)
Just one day was enough to smash the naïve hopes of some Western politicians who feel that U.S.-Russian rapprochement is the direct way to Chinese-Russian alienation. "The smart calf sucks from two cows," they say in Russia. Friendly advances to America and the development of an alliance with China are not contradictory, from the Kremlin's point of view.
Sino-Russian Weapons Trade Will Grow, Expand and Flourish
On May 31 (a truly significant day), Moscow-based Interfax Agency published a statement of Konstantin Makiyenko, deputy director of the Center for Analysis of Strategies and Technologies (the same person who used to comment on the development of Chinese-Russian military-technological cooperation, since at least spring 1997).
"Improvement of Russian diplomatic relations with the West will not affect its military and technical cooperation with China," Makiyenko said, adding that China had always been the most stable and capacious market for Russian arms and military equipment. The expert expressed his belief that China would be the leader in procuring Russian-made arms in the short and medium terms.
Makiyenko stressed that the PLA was procuring cutting-edge (Russian) arms and assets for all the service branches with the exception of the ground forces. He listed the following major items of the Sino-Russian weapons trade (additional information from the article of Svetlana Babayeva and Dmitriy Safonov – "We Do Not Want to Arm the Chinese," published in Izvestiya on May 31 – is given in parentheses):
More than 100 SU-27SK, SU-27UKB and SU-30MKK fighters had been procured by the Chinese side by 2001 (volume of deliveries of Su-27 and Su-30 aircraft to China is estimated at $5.8 billion); this number does not include aircraft kits bought to assemble fighters in China itself.
Two destroyers of Project 956E (Sovremennyy-class) and four diesel submarines of Projects 877EKM and 636 were procured by the Chinese side. The Chinese navy has placed an order for two more destroyers of Project 956EM, boasting more powerful fire assets than their predecessors.
China would also buy eight Russian-made Kilo-type submarines of fitted with "super-advanced" Klub-S missiles. (On May 3, 2002, Rosoboroneksport, the Russian state-owned weapons export monopoly, concluded a contract for delivery to the Chinese navy of eight Kilo diesel submarines equipped with the Klub missile system (that is another $1.5 billion).
Air defense assets bought by Beijing include 27 Tor-M1 anti-aircraft missile systems and some eight battalions of S-300PMU and S-300PMU1 missiles. According to unofficial information, some additional contracts for S-300PMU and, possibly, the most advanced S-300PMU2 Favorit anti-aircraft missile systems were signed with the Chinese side recently.
The total value of unfulfilled contracts on the listed items (even without the eight Kilo submarines) amounts to $4 billion. In addition to this, Russian experts are engaged in developing separate units and subsystems that are to be mounted on assets developed in China. In particular, deliveries of radars and engines for J-10 and J-8-IIM fighters are under way.
Russia can satisfy requests of the Chinese side to be provided access to more sophisticated assets such as Kursk-type multifunctional nuclear submarines of Project 949A and Shchuka-B-type submarines of Project 9712, as well as TU-22M3 Backfire long-range bombers, MIG-31 Foxhound interceptors, heavy aircraft carriers, missile cruisers, etc.
(In the future, China is interested in jointly developing arms systems and military equipment and also in acquiring licenses for independent production. For instance, it hopes to receive a license for the production of the Mi-28 helicopter or at least its components, radio-electronic stations, and individual elements of guided aviation weapons, and also aircraft engines.)
 

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Fábio G.

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« Responder #7 em: Maio 18, 2004, 11:34:05 am »
Aviso da China

A China alertou o Pr. pró-independentista de Taiwan que está disposta a combater o "separatismo" a "qualquer custo", quando Chen Shuiban se preparava para tomar posse de mais um mandato de 4 anos. Numa declaração do Governo chinês á ilha, Pequim alerta e diz que têm 2 caminhos á escolha : "recuar nos perigosos avanços para a indepêndencia" ou "proseguir com a agenda separatista, e enfrentar a sua própria destruição".
 

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Fábio G.

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« Responder #8 em: Maio 21, 2004, 11:00:35 am »
DN

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Presidente tenta acalmar Pequim

O Presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, afirmou ontem, na cerimónia da sua tomada de posse, que a questão da soberania da ilha estará ausente da revisão constitucional que pretende fazer até ao fim deste segundo mandato (em 2008). As palavras de Chen surgem como um recuo face a anteriores declarações, em que se mostrara um adepto resoluto da independência de Taiwan.

Chen provocara a ira de Pequim nos últimos meses ao anunciar a intenção de rever a Constituição. A China entendeu esta medida como parte de uma estratégia para formalizar a independência da ilha, advertindo que combateria o «separatismo» a «qualquer custo». Os EUA (principal aliado de Taiwan) condenaram estas ameaças.

A tomada de posse de Chen, que venceu as eleições de 20 de Março com uma vantagem de 0,22% face a Lien Chan, do Kuomintang, ficou marcada por protestos dos partidos da oposição, que recusam aceitar os resultados eleitorais. Vários especialistas, citados pelo China Daily, consideraram, todavia, que o discurso de Chen mantém as suas teses independentistas e abriu caminho à «instabilidade».
 

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Fábio G.

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« Responder #9 em: Maio 22, 2004, 01:23:30 pm »
DN

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China na agenda mundial de Lula
RUDOLFO LAGO CORRESPONDENTE EM BRASÍLIA
Foi em Havana, em Setembro do ano passado, falando para um grupo de jovens universitários brasileiros estudantes em Cuba, que o Presidente Luís Inácio Lula da Silva fez a mais detalhada defesa de sua política externa. Lula comparou o Brasil a uma pequena equipa de futebol que disputa um importante campeonato. «Não adianta ficar repetindo: "Sou fraquinho, tenham pena de mim." Podem ter a certeza - o adversário não terá piedade.» Mais adiante, explicou aos estudantes que, nessa disputa desigual, a única forma de igualar o jogo era unir-se a outros parceiros do mesmo tamanho e com interesses semelhantes. Separados, eram todos fracos. Juntos, poderiam ser fortes.

Da forma simples como costuma expressar-se o Presidente brasileiro, esses dois pontos parecem resumir a lógica da política externa que adoptou. Entre os analistas, mesmo críticos do Governo Lula, concordam que a sua política de relações internacionais tem sido a vedeta do seu mandato até agora. Para o bem ou para o mal, o ponto mais nítido de uma acção governamental de esquerda. A visita de quatro dias que hoje inicia a Pequim pretende ser o ponto mais alto dessa política.

A união de parceiros alternativos para contrapor ao bloco dos países desenvolvidos no jogo da política internacional faz-se em duas linhas. Por um lado, Lula procura aprofundar a união dos países da América do Sul, a partir do Mercosul, bloco económico que inicialmente unia apenas os países do Sul do continente e hoje já agrega outros parceiros, como o Peru e a Venezuela. Na outra extremidade desta aposta diplomática está a associação dos chamados países emergentes - a união de interesses com a África do Sul, Índia e China.

A visita à China é o ponto principal dessa segunda ponta. A China cresce a uma taxa anual de 9%. O seu produto interno bruto regista uma expansão de 7% ao ano. O comércio exterior movimentou cerca de 620 mil milhões de dólares no ano passado, e o comércio interno atingiu a marca de 788 mil milhões em 2002. É de olho nesse mercado de mais de mil milhões de pessoas que entra no jogo da globalização económica com regras particulares que está o Brasil.

«Trata-se de um país bastante peculiar. Não serve de modelo para nós. Mas é impossível ignorá-lo. Embora sem liberdade política, a China parece estar chegando a um estágio de democracia económica, incorporando no mercado mundial um imenso contingente de pessoas», analisa o presidente do Partido do Trabalhadores, José Genoino, com indisfarçável admiração.

No mês passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), um banco de fomento ligado ao Governo brasileiro, realizou em São Paulo um seminário sobre as relações Brasil-China. De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, de Janeiro a Outubro, a corrente de comércio entre o Brasil e a China será de 5,7 mil milhões de dólares, equivalente a 5,7% das exportações e importações brasileiras no período.

No mesmo seminário, o embaixador da República Popular da China no Brasil, Jiang Yuande, disse que o país quer ampliar ao máximo essa parceria.

Os chineses pretendem, por exemplo, aumentar a importação de sumo de laranja e incrementar as parcerias nas áreas de ciência e tecnologia. Os dois governos farão um convénio para a ampliação da rede ferroviária brasileira, de forma a ligá-la ao resto da América do Sul.

 

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Fábio G.

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« Responder #10 em: Maio 22, 2004, 01:27:39 pm »
DN
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   Negócios de milhões assinados em Pequim
   
Satélites.
Os governos negoceiam uma parceria para o lançamento, da base espacial de Alcântara, no Maranhão, de dois satélites de comunicação.  A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), quarto maior fabricante de aviões comerciais do mundo, instalará uma fábrica em território chinês, em parceria com a estatal chinesa Avic. A meta inicial é produzir 12 jactos ERJ-145, de 50 lugares.
Supernavio.
 A Companhia Vale do Rio Doce construirá o maior navio de transporte de cargas sólidas do mundo, para transportar minério de ferro de Carajás, no Pará, para a China. O navio tem capacidade para transportar 540 mil toneladas de carga.  
 

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Guilherme

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« Responder #11 em: Maio 22, 2004, 02:03:24 pm »
Financial Times

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22/05/2004

Ligação Brasil-China representa desafio geopolítico para EUA

Antiamericanismo latino e parceria comercial podem ser início de novo bloco de poder

Richard Lapper

Durante toda a noite, caminhões gigantescos com rodas enormes se arrastam para cima e para baixo nas ladeiras das imensas minas a céu aberto em Carajás, no coração da selva amazônica. Eles carregam minério de ferro na primeira etapa de sua viagem para a China - matéria-prima para alimentar o apetite insaciável do setor industrial do país.

Somente este ano, a Companhia Vale do Rio Doce, a maior companhia de minério de ferro do mundo, investirá US$ 1,8 bilhão para manter as rodas girando. Ela acaba de anunciar planos para o que será o terceiro maior navio cargueiro do mundo, para levar o material ao mercado ainda mais depressa.

"Estamos trabalhando em plena capacidade 24 horas por dia. Não conseguimos atender todas as encomendas", diz Fernando Thompson, da diretoria da CVRD e um dos mais de 450 empresários brasileiros que acompanharão o presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma visita oficial de quatro dias à China que começa neste domingo (23/05).

A missão de Lula reflete o entusiasmo febril pela China entre a comunidade empresarial brasileira. Mas também chama a atenção para uma tendência econômica com implicações geopolíticas potencialmente enormes. A ligação entre Brasil e China conecta os maiores mercados emergentes dos hemisférios ocidental e oriental. Nas palavras de Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores brasileiro, poderá fazer parte de "uma certa reconfiguração da geografia comercial e diplomática do mundo".

Isso poderá representar um desafio para o governo de George W. Bush, com sua obsessão pelo Oriente Médio e sua miopia sobre os desenvolvimentos em seu próprio quintal. Parte da retórica sobre esse novo relacionamento pode ser remanescente de reuniões do antigo movimento dos não-alinhados.

Mas a nova conexão "sul-sul" é mais importante porque se baseia em fundamentos econômicos. A China pode representar uma ameaça competitiva para o México e países no norte da região que se beneficiaram da exportação de bens manufaturados para os Estados Unidos. Mas países como Brasil e Argentina são uma rica fonte de alimentos e matérias-primas de que a China precisa para alimentar sua crescente população urbana e suas indústrias florescentes.

A China tem o índice de poupança e o capital que a América Latina nunca teve. Há sinais do efeito China em toda a região. Plantadores de soja da Argentina, Brasil, Paraguai e até da Bolívia desfrutaram uma bonança nos últimos meses. As minas de cobre do Chile e do Peru estão pujantes. A demanda da China no ano passado foi um dos motivos do aumento da maioria dos preços das commodities. Hoje há sinais de um boom de investimentos recíproco da China na região.

Nos próximos dias, Lula discutirá planos para investimentos chineses em estradas, portos e ferrovias - projetos que garantiriam o abastecimento de matérias-primas. Segundo um estudo recente da Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento da ONU, a China será o quinto maior fornecedor mundial de investimentos estrangeiros diretos este ano.

No próximo ano a China deverá aderir ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, dando acesso a suas empresas construtoras aos projetos de infra-estrutura do banco.

Existem riscos evidentes para a América Latina. As commodities parecem ter chegado a um pico, e uma desaceleração muito acentuada do crescimento econômico chinês de seu atual nível de mais de 9% ao ano poderá reduzir ainda mais os preços. A maior preocupação, porém, é que o boom de commodities possa encerrar a América Latina em um novo ciclo de dependência da produção de matérias-primas, distorcendo ainda mais os padrões de desenvolvimento. Ambos os temores são provavelmente exagerados. Os atuais índices de investimento da China certamente são insustentáveis.

Mas, por mais perturbadora que seja em médio prazo, uma desaceleração - ou mesmo uma quebra - não deterá a inexorável modernização da China. A dependência de matérias-primas pode criar vulnerabilidades, mas o boom também oferece à América Latina a melhor oportunidade desde o início do século 20 de capitalizar sua vantagem comparativa como produtora competitiva de matérias-primas . O caminho do progresso é concentrar-se em áreas que agregam valor - produzir vinho, petróleo e aço, e não apenas uvas, sementes e minério de ferro.

O desafio para os Estados Unidos é mais complexo. O sistema interamericano, modificado ao final da Guerra Fria para promover as economias de mercado e a democracia na região, parece esfarrapado. Com Bush, os Estados Unidos observaram inutilmente enquanto um país após o outro tropeçava em crises financeiras ou políticas.

Países como México e Colômbia desfrutaram de laços preferenciais com Washington em conseqüência de acordos comerciais ou considerações de segurança, mas as relações com outros países, incluindo Brasil, Argentina e Venezuela, se deterioraram.

A influência chinesa nesse último grupo de países ricos em matérias-primas poderá eventualmente agravar essas divisões e até levar à formação de novos blocos de poder na região. Para evitar esse resultado, os Estados Unidos - juntamente com a Europa e o Japão - devem parar de excluir os agricultores sul-americanos de seus mercados. Precisam reconhecer que seus mercados de trabalho precisam de trabalhadores latino-americanos e oferecer um regime mais seguro para os imigrantes.

E precisam dar mais apoio às iniciativas multilaterais para melhorar a infra-estrutura. Essa agenda pode ser politicamente custosa, mas o fracasso também terá um preço. No melhor caso, o baixo nível de antiamericanismo na região, que resultou num apoio inconsistente e a contragosto aos Estados Unidos em seu combate ao terror, crescerá. No pior caso, a política antiamericana mais visceral demonstrada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, poderá ganhar popularidade. É por isso que, no mínimo, Washington precisa prestar atenção.
 

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Fábio G.

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« Responder #12 em: Maio 25, 2004, 12:08:32 pm »
Mais uma noticia do processo Brasil-China:

DN

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Sonho da aliança sino-brasileira
ANTÓNIO RODRIGUES
Apesar do protesto chinês contra o proteccionismo comercial brasileiro que, segundo Pequim, tem impedido que haja um maior desenvolvimento nas trocas comerciais entre os dois países, o Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, defendeu, ontem na capital chinesa, um estreitamento das relações entre os dois estados «para que os nossos interesses sejam levados em conta nos debates sobre as grandes questões internacionais».

Interessado em estabelecer uma ligação mais próxima com alguns dos grandes países emergentes (África do Sul, Índia e China), Lula faz esforços para cumprir o principal objectivo da sua política externa: conseguir para o Brasil uma voz internacional que permita forçar as principais potências económicas a rever as suas políticas proteccionistas. «Brasil e China compartilham a visão de uma ordem internacional mais justa e mais igualitária, baseada na multipolaridade e no respeito pela legalidade internacional», disse Lula.

Exemplo de como a união entre Brasília e Pequim pode trazer os seus frutos é a criação do G20, o grupo dos países emergentes, que na conferência da Organização Mundial do Comércio em Cancum, México, fez finca-pé quanto à assinatura do acordo por considerar que os países ricos não tinham reduzido suficientemente os seus subsídios agrícolas.

Embora o comércio entre os dois países se tenha multiplicado por oito na última década, a China considera que ainda está aquém do que poderia ser. Um relatório do Ministério do Comércio chinês, divulgado pelo Folhaonline, fala em entraves «arbitrários» impostos pelo Ministério do Desenvolvimento brasileiro com processos «complicados» e requerimentos excessivos para as importações chinesas. Estando muitos dos produtos dependentes de licenças não automáticas de importação.

 

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Ricardo Nunes

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« Responder #13 em: Maio 25, 2004, 05:36:30 pm »
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U.S. defends China nuclear group support
18 May 2004 23:32:03 GMT

By Carol Giacomo, Diplomatic Correspondent

WASHINGTON, May 18 (Reuters) - The Bush administration defended on Tuesday its backing of China's entry into an influential nuclear export group despite Beijing's insistence on providing atomic reactors to Pakistan and concerns it continues to export dangerous technology and missiles.

At a congressional hearing, lawmakers questioned whether U.S. support for China's membership in the Nuclear Suppliers Group might be a mistake and accused the administration of getting nothing in return for the endorsement.

"I don't think this has been well thought out," Democratic Rep. Gary Ackerman of New York told Assistant Secretary of State John Wolf, who handles non-proliferation matters.

Calling China "one of the principal sinners in the spread of nuclear technology," Chairman Henry Hyde of the U.S. House of Representatives International Relations Committee voiced worries about "discrepancies in China's intentions."

The Nuclear Suppliers Group (NSG), established in 1976, controls exports of equipment and materials that can be used to make nuclear weapons.

President George W. Bush recently agreed to back Beijing's membership bid, but only after a bitter debate between administration moderates and hardliners.

NSG guidelines require members to withhold certain nuclear transfers "when there is an unacceptable risk of diversion to such (nuclear weapons) activity."

But China recently agreed to provide a second civilian nuclear power reactor to Pakistan, which has a nuclear arms program outside of international controls. Until his recent detention, top Pakistani nuclear official Abdul Qadeer Khan ran a global network that sold atomic secrets to Libya, Iran and North Korea.

INTEGRATION ADVOCATED

Under sharp questioning from Ackerman, Wolf said the administration had not sought to read for itself the China-Pakistan reactor contract and had not asked China to encourage Islamabad to tighten its export controls.

Explaining Bush's support for China's membership, Wolf stressed China's improving ties with the United States, active support of the U.S. war on terrorism and financial support for reconstruction in Iraq and Afghanistan.

He denied the administration backed NSG membership so China would buy U.S.-made nuclear power reactors, although the administration has urged Beijing to buy American.

Washington has long sought to integrate China into global institutions, and China in recent years has undertaken a "broad-scale cessation" of nuclear cooperation with Iran and acted to control nuclear and dual-use exports, Wolf said.

A senior U.S. official is in Beijing this week for the first-ever detailed discussions on Chinese export controls.

Rep. Tom Lantos of California, the panel's senior Democrat, said: "There is little evidence the Chinese government has actively sought out and punished ... proliferators."

Wolf acknowledged Beijing has not totally stopped the trade in chemical arms, missiles and nuclear technology and that is why the United States continues to sanction Chinese entities.

So far, nine of the 40 NSG countries -- including the United States and Russia -- have endorsed China's membership and a decision may be made at a board meeting this month, Wolf said in written testimony.

But the matter is complicated by European politics. Estonia, Lithuania and Malta have also applied and Russia has balked at the Baltics. As a result, 21 European Union countries asked to discuss all four applications at the NSG meeting.
Ricardo Nunes
www.forum9gs.net
 

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Fábio G.

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(sem assunto)
« Responder #14 em: Junho 04, 2004, 11:49:21 am »
SIC

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2004-06-04 09:15  
Tiananmen foi há 15 anos
 
Activistas pelos direitos humanos acusam Pequim de continuar a deter pessoas
 
 
 
   
A 4 de Junho de 1989, o Exército de Libertação Popular da China disparou indiscriminadamente sobre milhares de manifestantes na Praça de Tianamen, em Pequim, que reivindicavam a democracia. Mais de uma década volvida, no 15º aniversário do assalto militar, 50 pessoas permanecem detidas.
 
Catarina van der Kellen
Jornalista
 
 
 
A data não é assinalada na China com eventos oficiais, mas em Hong Kong são esperadas pelo menos 60 mil pessoas numa vigília.

Os grupos pelos direitos humanos vêm alertar o Mundo sobre as detenções, 15 anos volvidos, de alguns dos muitos manifestantes que protestaram, em Tiananmen, em nome da democracia.

Segundo a Amnistia Internacional, há mais de 50 pessoas detidas no âmbito da sublevação, mas a organização estima que o número representa apenas uma fracção da realidade.

"As pessoas continuam a ser presas pelas suas ligações ao movimento pró-democracia de 1898", denuncia.

Um outro grupo, o Human Rights in China, acusa Pequim de ter considerado 24 pessoas culpadas de hooliganismo, por ofensas como transportar e usar fósforos.

O grupo garante ainda que nas vésperas do aniversário, alguns activistas políticos foram detidos sob prisão domiciliária ou forçados a sair de Pequim - numa tentativa de Pequim de tornar o tema esquecido na História.

Já hoje, 13 pessoas foram detidas. Na Praça de Tiananmen, a segurança é mais pertada que o habuitual, mantendo distantes os habituais turistas.