Mudanças na ABIN...

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J.Ricardo

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Mudanças na ABIN...
« em: Janeiro 06, 2006, 10:33:44 am »
Abin aposenta "araponga" e adota "carcará"

ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha
RUBENS VALENTE
Da Sucursal da Folha

Saem os arapongas, entra o carcará como símbolo da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Essa foi uma das dez mudanças que o novo diretor-geral, Márcio Paulo Buzanelli, imprimiu no órgão para criar uma "linguagem moralmente edificante".

O carcará, conhecido como "gavião do cerrado" e popularizado na música de João do Vale e José Cândido ("Carcará pega, mata e come"), é uma ave que, segundo Buzanelli, tem "altivez, nacionalismo, visão aguda e controle do território". E por que não mais a araponga? "Porque não é agradável, é muito depreciativo. Araponga, na verdade, serve para designar atividades ilegais. E é um passarozinho pequeno, simpático, mas tem um nome que não tem eufonia (som agradável)."

O novo símbolo já está por toda parte na sede da Abin, no centro de Brasília, a partir do chão da entrada principal. Está, também, no página do órgão na internet (www.abin.gov.br).

Buzanelli, paulista, 55, também instituiu um hino, cuja letra é de sua própria autoria, dizendo que "a Abin é a luz forte que dissipa a escuridão/ Desfaz as incertezas e desvenda o sorrateiro". Em outro trecho, diz: "Nós somos da inteligência brasileira/ Anônimos heróis na busca da verdade". A música é do general Paulo Roberto Uchoa, secretário nacional antidrogas, no cargo desde o governo Fernando Henrique Cardoso.

O hino é cantado sempre na abertura e no encerramento de cursos e em três datas especiais, uma delas criada pelo próprio Buzanelli ainda em 2004, antes de ocupar a direção geral: o Dia do Veterano, 29 de novembro.

A nova data visa manter o vínculo dos aposentados com o órgão e o segredo das informações que obtiveram quando na ativa: "Não quero que saiam por aí falando indevidamente."

Os três ex-diretores da Abin -dois deles nomeados no governo FHC- integram um recém-criado Conselho Superior de Inteligência, presidido por Buzanelli, e ganharam direito a um mural de fotos na sede da agência.

A Abin tem agora uma bandeira azul e branca -também idealizada pelo próprio Buzanelli-, uma outra bandeira para sinalizar que o diretor-geral está na casa, uma revista quadrimestral e um novo slogan: "Orgulho de ser Abin", numa analogia ao "Orgulho de ser brasileiro" criado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.

"Precisamos de uma linguagem moralmente edificante", disse ele à Folha, listando as mudanças e seus dois principais objetivos: desmistificar a Abin como sucedânea do velho SNI da ditadura militar e fortalecer "a lealdade e as relações afetivas entre os servidores e o órgão".

Ele próprio é funcionário da Abin e atua na área de segurança desde 1978 -ainda na época do SNI. Substituiu na direção geral o igualmente polêmico delegado Mauro Marcelo. A diferença é que Buzanelli foi escolhido pelo general Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, enquanto Marcelo foi nomeado diretamente por Lula.

Outra providência do diretor foi mudar a nomenclatura dos cargos da agência. Sua função agora é "comandante de inteligência" e os analistas passaram a ser "oficiais de inteligência".

Buzanelli, porém, não vê nenhum traço de militarismo em todas essas mudanças. "Não há militarismo. Comandante é aquele que comanda junto com os demais, esse é o sentido da palavra", disse ele, informando que cerca de 70% dos funcionários apoiaram a troca dos nomes.

Outra mudança introduzida na sua curta gestão foi o juramento dos funcionários, exigido mesmo dos antigos que ainda estão na ativa. Todos, novos e antigos, tiveram de jurar fidelidade "à bandeira, à Constituição e à honra".

Ele compara: "Como o juramento de Hipócrates", diz, referindo-se ao dos médicos, antes de exercerem a profissão.

Como medidas práticas, o diretor praticamente duplicou os escritórios da Abin pelo país, que antes eram chamados de agências e agora passam a ser superintendências. Eram 29 e pularam para 54, nas capitais e nas principais cidades do interior.

A "insígnia do diretor" (a bandeira exclusiva dele) será hasteada nas unidades que tiverem pátio, como a de Goiás, sempre que ele estiver no local. "Faz parte da liturgia do cargo", justifica ele.

Buzanelli também mantém a proposta do antecessor, Mauro Marcelo, de instalar escritórios na Venezuela, na Colômbia, no Paraguai e na Bolívia. Hoje, a Abin já tem representação na Argentina e nos EUA. Buzanelli, aliás, foi "oficial de ligação" na Flórida (EUA) por dois anos e meio.

Na tentativa de popularizar o órgão de informação, ele abriu a agência a visitas de estudantes de vários níveis e está de olho nas faculdades de jornalismo.



FONTE: http://www.defesanet.com.br/intel/abin_03_jan_06.htm
 

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J.Ricardo

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« Responder #1 em: Janeiro 06, 2006, 10:37:17 am »
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Diretor quer "desmistificar" Abin com cartilha
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha
RUBENS VALENTE
Da Sucursal da Folha

Para "estimular vocações" e para que as crianças "não sejam presas fáceis de mitos em torno da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)", o seu diretor-geral, Márcio Paulo Buzanelli, criou e imprimiu no próprio órgão a revista em quadrinhos "O Agente Jovem da Abin", cujo principal personagem é um garoto-agente.

No primeiro número, com 400 exemplares distribuídos a estudantes que visitam a sede da Abin, o "Agente Jovem" -que "mora em Brasília"- recebe uma missão da agência e envereda pela Amazônia atrás de suspeitos de biopirataria. Tem a companhia de seu cãozinho, Paco, de um índio, Peri, e de um carcará -ave conhecida como "gavião do cerrado" e agora símbolo escolhido por Buzanelli para a agência.

Munidos de um "supersistema de comunicação via satélite" e de muita coragem, os quatro heróis enfrentam e vencem os traficantes de animais silvestres e de minerais preciosos.

A história, de 14 páginas, termina com o tradicional final feliz e o retorno do "Agente Jovem" a Brasília, "onde recebe um elogio especial do diretor-geral da Abin".

Buzanelli disse à Folha que é preciso mostrar às crianças que o agente de informações "não é um 007, com aquele glamour todo, nem é um ser truculento". Para ele, o agente é "uma pessoa normalíssima, que poderia trabalhar em qualquer outro lugar", com um diferencial: "idealismo, o sentido do serviço à pátria".

Ele quer estender os contatos da Abin para faculdades, especialmente as de jornalismo, cujos alunos "daqui a alguns anos, vão escrever sobre a Abin".

Além de se preocupar em popularizar a atividade de inteligência, o diretor quer aumentar a auto-estima dos agentes, para quem criou várias novidades, incluindo um hino, uma bandeira, um juramento da profissão, um oratório ecumênico e um jardim com ipês amarelos -um para cada ano da Abin, que foi criada em 1999.

Criou ainda nova nomenclatura -o diretor agora é "comandante", os analistas, "oficiais de inteligência" e os estagiários, "comissários". Antes, eram classificados com números e letras, como "B-2", "C-3" e assim por diante.

Buzanelli explica que não há traço de militarização nessas escolhas, porque tanto "comandante" quanto "oficial" são usados para diversas profissões e comparou: "Não tem até oficial torneiro-mecânico? Temos um muito conhecido", disse, numa referência indireta à profissão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nesse grande esforço no sentido de institucionalizar a Abin", como disse, Buzanelli também mandou imprimir na gráfica da própria agência um curioso "Jogo dos 10 erros", os quais um bom agente não pode cometer. Entre eles, estão falar a senha funcional ao telefone, deixar papéis confidenciais em cima da mesa, jogar extratos bancários no lixo e ler de costas para a entrada de áreas de acesso restrito.

Aliás, os agentes da Abin no país todo -mais de 1.600- têm agora um novo crachá, "mais bonito e mais adequado", segundo o diretor. Essa identidade está sendo impressa na Casa da Moeda, como nos casos de funcionários da Polícia Federal e da Receita.

Agora, a Abin terá ainda o "Núcleo de Assistência Social e Psicológica", para apoio em casos de doença, luto ou dependência química na família dos funcionários.

Buzanelli está há quatro meses na direção e completa 28 anos na área de inteligência -começou em 1978, no extinto SNI (Serviço Nacional de Informações) da ditadura militar.



Por enquanto só estou vendo "perfumaria"...
 

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J.Ricardo

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« Responder #2 em: Janeiro 06, 2006, 10:40:07 am »
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Medidas expõem militarização,
diz cientista político


DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do novo diretor-geral da Abin, Márcio Paulo Buzanelli, de adotar o carcará -o "gavião do cerrado" que "pega, mata e come"- como símbolo do órgão, além de criar hino, bandeira e introduzir um juramento obrigatório aos funcionários não é só expressão de sua criatividade mas também, segundo o cientista político Jorge Zaverucha, de escancaramento da militarização inerente ao órgão, reforçada com a nomeação de Buzanelli.

Para o pesquisador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas da Universidade Federal de Pernambuco, "em qualquer democracia" a agência de inteligência é subordinada ao presidente da República, e não, como no caso da Abin, a um militar -o órgão responde ao Gabinete de Segurança Institucional, chefiado pelo general Jorge Armando Félix.

Esse poder dado aos militares, ele diz, torna o presidente seu refém -já que é o general que decide o que levar ao conhecimento do presidente. Considerados os serviços de informação militares, que praticamente não sofrem controle do Legislativo, diz Zaverucha, as Forças Armadas controlam quase que autonomamente o setor de inteligência do país.

O fato de Buzanelli ter sido escolhido por Félix, diz o cientista, agrava e escancara a situação, já que seu antecessor, Mauro Marcelo, ao menos havia sido nomeado por Lula.

Congresso

O senador Roberto Saturnino (PT-RJ), presidente da comissão mista permanente de acompanhamento das atividades de inteligência, criticou Buzanelli pelas medidas "de linguagem moralmente edificadas" que tomou na instituição.

Saturnino demonstrou perplexidade com as medidas. "Fica difícil até comentar uma coisa dessas porque é estranho e desnecessário", disse. "Não conheço nenhuma outra agência ou órgão do governo que tenha símbolo e hino." Ele diz, porém, que a comissão não pode tomar nenhuma medida sobre o caso. "Nossa função é fiscalizar as ações práticas da Abin."

O líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), integrante da comissão, desaprovou as medidas. Para ele, a substituição da araponga não foi feliz. "Carcará também não é bom. É pejorativo."

Atuação

Criada em 1999, a Abin é o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência, responsável pela atividade de inteligência do país, assessorando o presidente em questões de interesses do Estado e da sociedade.

O órgão não está entre os que podem, com autorização judicial, fazer escutas telefônicas. Em 2005, depois que deputados acusaram a Abin de grampo, Buzanelli negou, mas defendeu que haja autorização em casos que afetem a segurança do Estado". Criada em 1999, tem sede em Brasília, escritórios nos principais Estados, nos EUA e em países da América Latina. O orçamento foi de R$ 91,7 milhões em 2000 para R$ 118 milhões em 2004. Em 2006, a previsão é de R$ 179 milhões.
 

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papatango

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« Responder #3 em: Janeiro 06, 2006, 11:41:53 am »
O carcará não é uma espécie de abutre?
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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J.Ricardo

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« Responder #4 em: Janeiro 06, 2006, 05:55:11 pm »
CARCARÁ



NOME COMUM: Carcará
NOME EM INGLÊS: CARACARA, CRESTED, AUDUBON'S OUTROS NOMES: bútio mexicano
NOME CIENTÍFICO: Polyborus plancus
FILO: Chordata
CLASSE: Aves
ORDEM: Falconiformes
FAMÍLIA: Falconidae

CARACTERÍSTICAS:
Comprimento: 50 a 60 cm
Manchas mais claras nas pontas das asas. Cara vermelha