Costa resgata plano de Passos e quer voos comerciais no Montijo
O aeroporto de Lisboa atingiu no ano passado 20,1 milhões de passageiros transportados. Este crescimento faz crer que em 2016 a Portela poderá ultrapassar a meta dos 22 milhões, tida como referência para a construção de um novo aeroporto. É um "desafio" a que a ANA está atenta e que Pedro Marques, novo ministro do Planeamento e Infraestruturas, quer ajudar a resolver. A solução, admite, deverá passar pela colocação em prática o plano do governo de Passos Coelho: abrir a base militar do Montijo a voos comerciais.
"A solução era o Montijo. A minha equipa está a trabalhar nos aspetos não concluídos desta solução. É isso que está a ser feito", confirmou Pedro Marque, à margem da apresentação de resultados dos aeroportos em 2015.
"O aeroporto tem capacidade, aliás os triggers não estão ainda atingidos. Mas é absolutamente verdade que o crescimento tem sido muito superior às previsões. Nesta fase o que me preocupa é pegar num trabalho que não estava completo e aprofundá-lo. E tem que ser feito", detalhou, assumindo que o desenho, do ponto de vista operacional e da acessibilidade, não ficou terminado.
O ministro não adianta quando terá de surgir esta extensão da Portela, mas lembra que pelos resultados agora observados a alternativa tem de ser aprofundada em breve.
A surgir como foi pensada pelo anterior governo, a solução do Montijo poderá servir como aeroporto complementar para albergar companhias aéreas de baixo custo. Isto permitiria libertar o aeroporto principal tanto a nível de parqueamento de aeronaves como de movimentos diários. Mas, por si só, é uma solução insuficiente.
Por isso mesmo, como o DN/Dinheiro Vivo já noticiou, a Vinci, a dona da ANA, tem vários planos em cima da mesa para estender a vida do Aeroporto de Lisboa. Dentro da empresa assume-se que o Aeroporto de Lisboa poderá ser mantido por mais 30 anos. As soluções alternativas podem envolver o fecho da pista secundária do aeroporto, encerramento do Terminal II e abertura de um miniterminal de charters fora da cidade.
"Há que manter uma capacidade competitiva elevada para este aeroporto e é nesse sentido que o governo trabalhará", assume o ministro de António Costa, lembrando que a solução final será desenhada em "articulação com a concessionária", com quem já tem uma reunião agendada para debater o tema.
Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, prefere elogiar a boa prestação atual da Portela para a economia da cidade. "Em três anos houve um crescimento de cinco milhões de passageiros", lembra, dizendo que "Lisboa tem conseguido responder bem" ao aumento da procura. "Temos sabido manter aquilo que é o nosso grande ativo: a autenticidade. É uma cidade única que tem cultura, história, gastronomia, que sabe receber bem, que tem condições climatéricas únicas." E, também aqui, reforça o interesse em cooperar com a gestora aeroportuária para aproveitar o bom momento da cidade para que se avaliem os investimentos necessários para manter o crescimento turístico da cidade.
O ano de 2015 não foi recorde apenas em Lisboa. Todos os aeroportos da rede ANA tiveram aumento de passageiros e, no global, a ANA transportou 38,9 milhões de pessoas, mais 11% do que no ano anterior.
Se Lisboa teve o maior número de pessoas, os aeroportos dos Açores foram os que mais cresceram. À boleia das low-cost, a ilha transportou 1,6 milhões de pessoas, mais 25,7%. Também significativo foi o aumento de passageiros no Porto, com o Sá Carneiro a atingir os 8,1 milhões de pessoas, uma subida de 16,7%, ou seja, 1,2 milhões de passageiros a mais do que em 2014. Em Faro, o crescimento foi de 6,4%, para os 6,4 milhões de passageiros, enquanto na Madeira se atingiu os 2,7 milhões de passageiros, mais 6,3% que no ano passado.
Jorge Ponce Leão, presidente da ANA, justifica o crescimento com a aposta em marketing e captação de novas rotas e companhias aéreas, especialmente empresas low-cost, cujo crescimento "foi bastante superior ao registado no segmento tradicional". Em 2016, Ponce Leão espera uma prestação idêntica para os aeroportos portugueses e destaca os 74 milhões de euros de investimento que a Vinci, a dona da concessão, vai fazer durante o ano. A aposta é melhorar as áreas de conforto, como lojas e espaços de refeição, mas também passagens de segurança e áreas de embarque de passageiros. Lisboa recebe a maior fatia do investimento: 30,9 milhões.
DN