Brexit

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Cabeça de Martelo

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Re: Brexit
« Responder #75 em: Junho 30, 2016, 12:56:52 pm »
Eis um dos trunfos que o RU tem sob a UE. Ao ser um importante mercado para a Alemanha, pode ser que a mesma esteja menos ciosa das retaliações contra o RU, como é vontade de muito politico por esta Europa fora.

Citação de: akivrx78
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FMI afirma que "brexit" afetará negativamente a economia da Alemanha

29/06/201622h40

Washington, 29 jun (EFE).- A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) irá afetar negativamente o desempenho da economia da Alemanha e poderia obrigar uma revisão para baixo do Produto Interno Bruto (PIB) do país, indicou o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na apresentação nesta quarta-feira do relatório do órgão sobre a economia alemã, a chefe da missão no país, Enrica Detragiache, afirmou que "as mudanças entre as duas maiores economias europeias não vão passar despercebidas".

Detragiache disse que o FMI está considerando revisar para baixo as previsões de crescimento da economia da Alemanha em 2016. Atualmente, o órgão prevê um avanço de 1,7%. Mas, mesmo sem ter avaliado a saída do Reino Unido da UE, a instituição avaliou que o PIB alemão cresceria 1,5% em 2017, contra 1,6% do último relatório.

"O ritmo de crescimento se manteve constante graças à forte demanda interna, compensou a fraqueza da demanda externa", indicou o relatório anual do FMI.

A Alemanha conseguiu manter a inflação em cerca de 1% e promover o consumo apoiada na força do mercado de trabalho, nos baixos preços da energia e no aumento do crédito. No entanto, a incerteza gerada pelo resultado do referendo irá restringir as previsões positivas, assim como o "envelhecimento da população e o influxo de refugiados são desafios que devem ser levados em conta".

Mais ao longo prazo, o FMI também aponta o envelhecimento da população como grande empecilho da economia alemã a partir de 2020, que terá impactos no mercado de trabalho e no potencial de crescimento.

http://economia.uol.com.br/noticias/efe/2016/06/29/fmi-afirma-que-brexit-afetara-negativamente-a-economia-da-alemanha.htm
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabeça de Martelo

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Re: Brexit
« Responder #76 em: Junho 30, 2016, 12:58:33 pm »
a escocia bem pode ir sonhando

Mas em que aspecto isso afecta-te? Tens algum problema que a Escócia ou a Irlanda do Norte saia do RU? E se sim, porquê?
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Re: Brexit
« Responder #77 em: Junho 30, 2016, 01:39:31 pm »
boas noticias para o brexit. boris esta fora da corrida. ele nunca acreditou a fundo no leave. e altura dos hardliners se chegarem a frente

Boris Johnson rules himself out of Conservative leader race
http://www.bbc.co.uk/news/uk-politics-36672591
 

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Pedro E.

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Re: Brexit
« Responder #78 em: Junho 30, 2016, 01:49:31 pm »
a escocia bem pode ir sonhando

Mas em que aspecto isso afecta-te? Tens algum problema que a Escócia ou a Irlanda do Norte saia do RU? E se sim, porquê?

afecta-me porque vivo no ru. o problema que tenho com a escocia e certas pessoas querem fugir aos compromissos. ainda ha menos de dois anos houve um referendo pela independencia da escocia. as pessoas votaram para fazer parte do reino unido. nao deve essa vontade ser respeitada?
imagina que daqui a dois anos fazem um referendo para sair do reino unido e ganham mas por pouca margem. e depois sao os escoces pro reino unido que convocam outro referendo porque querem fazer parte do reino unido. quando e que isto acaba? aceitem os resultados, honrem os compromissos, assumam as responsabilidades.
 

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Re: Brexit
« Responder #79 em: Junho 30, 2016, 02:13:15 pm »
a escocia bem pode ir sonhando

Mas em que aspecto isso afecta-te? Tens algum problema que a Escócia ou a Irlanda do Norte saia do RU? E se sim, porquê?

afecta-me porque vivo no ru. o problema que tenho com a escocia e certas pessoas querem fugir aos compromissos. ainda ha menos de dois anos houve um referendo pela independencia da escocia. as pessoas votaram para fazer parte do reino unido. nao deve essa vontade ser respeitada?
imagina que daqui a dois anos fazem um referendo para sair do reino unido e ganham mas por pouca margem. e depois sao os escoces pro reino unido que convocam outro referendo porque querem fazer parte do reino unido. quando e que isto acaba? aceitem os resultados, honrem os compromissos, assumam as responsabilidades.

Se vives no RU, então devias pensar duas vezes em apoiar a saída do dito país da UE, devias preocupar-te com os ataques racistas que têm acontecido um pouco por todo o RU, devias preocupar-te com o aumento de impostos, perda de postos de trabalho, etc.

O referendo na Escócia teve como uma das promessas o RU não sair da UE, como tal quem falhou à promessa não foi os Escoceses.
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Viajante

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Re: Brexit
« Responder #80 em: Junho 30, 2016, 02:52:16 pm »
Vodafone: qual o futuro da sua sede no Reino Unido pós Brexit?

O termo “brexit”, que temos ouvido de forma insistente desde há uns meses para cá em relação à zona Euro, é uma fusão de duas palavras inglesas, neste caso, “britain”, diminutivo para o Reino Unido, e “exit”, que significa saída. De facto, foi na saída do Reino Unido da União Europeia que os ingleses votaram e com isso todo o mercado está a reagir.

Agora a saída poderá ser da Vodafone. Qual será o futuro desta e de outras empresas no Reino Unido?

A Europa está a atravessar uma fase sem precedentes depois do referendo que levou os ingleses a decidir o futuro do país em relação à União Europeia. Agora vive-se um período de profunda incerteza que tem vindo a levantar questões sobre a permanência de várias grandes empresas no país.

A Vodafone, fundada em 1983 no Reino Unido, mantém a sua sede em Newbury, mas neste momento está a avaliar todos os factores e a ponderar a alteração da localização da sua sede para outro país.

Em comunicado, a empresa defendeu o acesso “ao movimento livre de pessoas, capital e mercadorias” porque foram estes factores ajudaram a impulsionar o crescimento da empresa. A somar ao crescimento programado, está o factor financeiro, já que a maior parte das suas receitas são geradas além-fronteiras.

Segundo a declaração enviada à imprensa, a Vodafone diz que vai “continuar a avaliar a situação e que tomará as decisões que forem apropriadas que respondam aos interesses de clientes, accionistas e colaboradores”.

 
13 mil trabalhadores no Reino Unido

Obviamente que a empresa não pode esquecer os 13 mil trabalhadores e os milhares de clientes que tem no país, e essa é uma questão que também está na balança da decisão final da empresa.

Contudo, o Reino Unido representa apenas uma pequena parte de todo o mercado do grupo Vodafone.

Fora das terras de sua majestade a empresa tem a grande maioria dos seus 462 milhões de clientes, 108 mil empregados e 15 mil fornecedores. A balança de proveitos aponta para a operação europeia total a representar cerca de 55% dos lucros, enquanto a operação do Reino Unido só conta 11% para o bolo total.

Segundo a Vodafone, ainda não é possível prever a permanência da sede no país, as vantagens ainda são muitas e não se sabe elas se vão manter depois das negociações entre o país e a União Europeia.

Como nota final, a Vodafone garante que quer fortalecer a posição da empresa junto às entidades políticas e reguladoras em Bruxelas para garantir que as empresas da UE estão a ser bem representadas neste debate.

Fonte: PPLWARE
E a Vodafone é só uma das empresas que está a ponderar mudar a sua sede para a UE!

Pedro? Podes parar, vais ser condecorado com o título de Herói da Federação Russa!!!!!
 

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Re: Brexit
« Responder #81 em: Junho 30, 2016, 03:34:20 pm »
O Boris liderou a campanha pelo Brexit, agora que a  :new_argue: está feita, tira o cavalinho da chuva. Pode juntar-se ao Varousakis que fez o mesmo na Grécia. Só o Nigel Farage é que continua todo contente com o resultado, ele é que devia ir para o governo para aguentar os próximos tempos e os problemas que aí vêm!
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Pedro E.

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Re: Brexit
« Responder #82 em: Junho 30, 2016, 06:16:17 pm »
a escocia bem pode ir sonhando

Mas em que aspecto isso afecta-te? Tens algum problema que a Escócia ou a Irlanda do Norte saia do RU? E se sim, porquê?

afecta-me porque vivo no ru. o problema que tenho com a escocia e certas pessoas querem fugir aos compromissos. ainda ha menos de dois anos houve um referendo pela independencia da escocia. as pessoas votaram para fazer parte do reino unido. nao deve essa vontade ser respeitada?
imagina que daqui a dois anos fazem um referendo para sair do reino unido e ganham mas por pouca margem. e depois sao os escoces pro reino unido que convocam outro referendo porque querem fazer parte do reino unido. quando e que isto acaba? aceitem os resultados, honrem os compromissos, assumam as responsabilidades.

Se vives no RU, então devias pensar duas vezes em apoiar a saída do dito país da UE, devias preocupar-te com os ataques racistas que têm acontecido um pouco por todo o RU, devias preocupar-te com o aumento de impostos, perda de postos de trabalho, etc.

O referendo na Escócia teve como uma das promessas o RU não sair da UE, como tal quem falhou à promessa não foi os Escoceses.

eu sei as linhas com que me coso. o cabeca de martelo tem as suas preocupacoes legitimas , as minhas sao diferentes - soberania, imigracao descontrolada, economia presa a uma organizacao burocratica, antidemocratica, caducada

mais uma vez - o referendo da escocia era sobre a independencia. quem e que pode tomar alguma coisa como certo (permanencia do reino unido na uniao europeia) numa sociedade britanica euroceptica? e volto a perguntar- quem garante que a escocia independente entre na uniao europeia? foi-lhes dada uma oportunidade numa geracao para decidirem o seu futuro- independentes ou parte do reino unido ( com ou sem ue,era imprevisivel). os escoceses escolheram ser do reino unido. acho que devia-se respeitar essa decisao.
 

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Crypter

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Re: Brexit
« Responder #83 em: Junho 30, 2016, 10:03:49 pm »


eu sei as linhas com que me coso. o cabeca de martelo tem as suas preocupacoes legitimas , as minhas sao diferentes - soberania, imigracao descontrolada, economia presa a uma organizacao burocratica, antidemocratica, caducada


Então, mas tu não és emigrante?
 

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Pedro E.

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Re: Brexit
« Responder #84 em: Junho 30, 2016, 11:37:54 pm »
eu trabalho (legalmente) em inglaterra, pago os impostos, cumpro as minhas obrigacoes para com a sociedade. nao ando por aqui a parasitar e a explorar o bondoso sistema de previdencia britanico, como ha tantos estrangeiros (e ingleses) a fazerem.

a partida nao tenho nada contra estrangeiros trabalharem noutro pais ( pode ser tanto por necessidade de  mao de obra qualificada numa area ou simplesmente por falta de mao de obra )

agora quando ha excesso de imigracao desnecessaria ou que sobrecarrega os servicos do estado e natural que haja que estabelecer controlos. o fundamental para mim e que haja um ajuste, um equilibrio entre a procura e a oferta. estrangeiros para mim sao bem vindos se forem necessarios e contribuirem para a sociedade.

no entanto penso que o reino unido atingiu um ponto de saturacao. anda por aqui muita gente a mamar e a nao fazer nada.
« Última modificação: Junho 30, 2016, 11:42:17 pm por Pedro E. »
 

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Re: Brexit
« Responder #85 em: Julho 01, 2016, 12:15:26 pm »
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Uma semana depois do "Brexit", receio pelo futuro do meu país

Stewart Lloyd-Jones

01/07/2016 - 08:30

Uma semana depois do referendo, ficamos numa terra de ninguém. Sem governo a funcionar, sem plano B, sem liderança. Receio pelo futuro do meu país.

Estou muito inquieto relativamente ao que está a acontecer no meu país, Escócia, e em todo o Reino Unido, após o referendo de 23 de Junho, e à possibilidade de poder vir a perder a minha cidadania europeia e, como consequência, o meu direito a viver e trabalhar em Portugal, ou em qualquer um dos outros 27 estados membros da União Europeia.

Politicamente, financeiramente, socialmente e economicamente, o Reino Unido está um caos. Existe um vazio de poder em Londres e também a possibilidade da Escócia e da Irlanda do Norte optarem por sair do Reino Unido para protegerem o seu estatuto dentro da UE.

Entretanto, os dois principais líderes da campanha “Leave”, Boris Johnson e Michael Gove, assim como muitos dos seus apoiantes, parecem ter admitido recentemente que nunca esperaram ou desejaram o resultado que obtiveram. Afinal, aparece que a sua campanha tinha mais a ver com a vontade de afastar David Cameron e George Osborne da liderança do Partido Conservador e consequentemente do país. A renúncia do Primeiro-Ministro, na sexta-feira, estragou a festa e deixou bem claro aos partidários do “Brexit” que os problemas agora seriam seus para o resolver. Além da breve aparição de Boris Johnson à saída da sua casa, afirmando que a moeda e os mercados ficariam estáveis – precisamente no mesmo momento em que o valor da libra caía fortemente em relação ao dólar e ao euro – nenhum dos principais líderes do movimento “Leave” tem sido visto desde a sua conferência da imprensa bastante discreta na manhã do dia 24. Os porta-vozes que surgiram, ou abstiveram-se de falar ou recuaram nas promessas feitas durante a campanha, quer no que respeita à imigração, investimento na saúde, acesso ao mercado único, quer até no que respeita à importância do Reino Unido accionar o Artigo 50.º do Tratado de Lisboa.

O consenso geral é de que nenhum pedido formal para activar o Artigo 50.º será – ou pode ser – efectuado, pelo menos até que o novo líder do Partido Conservador seja escolhido (o que não acontecerá até Setembro). Em todo o caso é possível, senão mesmo provável, que haja necessidade de realizar eleições legislativas para dar legitimidade ao novo governo. Só nessa altura é que o novo parlamento – a única instituição que pode adoptar leis constitucionais – estará em posição de autorizar o governo a accionar o Artigo 50.º, o que pode demorar até 7 a 8 meses. A complicar ainda mais as contas, está o facto de alguns líderes da UE insistirem em que não haverá lugar a novas negociações, formais ou não, até o Artigo 50.º ser formalmente activado; e a insistência de Westminster de que não será possível autorizar o governo a iniciar o processo de “Brexit”, sem que haja uma negociação prévia com as instâncias europeias para esse efeito. Convém referir que o parlamento britânico tem actualmente uma maioria de deputados a favor de UE, não existindo qualquer garantia que esta situação se altere depois das eleições. É sempre possível que o parlamento possa recusar a autorização, rejeitando assim o resultado do referendo. Sem autorização parlamentar, o “Brexit” não passará de uma declaração de intenções.

Boris Johnson, o ex-Mayor de Londres e ex-líder do “Leave”, disse que não há pressa em sair da UE, e que a sua preferência é negociar mais concessões para o Reino Unido, principalmente no que respeita ao direito de livre circulação de cidadãos europeus. É importante lembrar que apenas 15 dias antes da sua entrada na campanha “Leave”, Johnson escreveu na sua coluna no Daily Telegraph: “Durante os últimos anos eu tenho dito que, globalmente, estaremos melhor dentro de uma UE reformada”.

No entanto, Johnson, que foi favorito para substituir David Cameron, desistiu da corrida à liderança do Partido Conservador depois de uma troca de mensagens em que o seu deputado Michael Gove disse que o não podia apoiar. Numa decisão que apanhou quase todos por surpresa, Johnson declarou que ele próprio não é o homem certo para liderar o país durante estes momentos difíceis. Há rumores de que alguns apoiantes poderosos do “Brexit” não acreditavam que Johnson estava totalmente empenhado na causa. No seu lugar como candidato surgiu Gove, com a actual Ministra do Interior como principal adversária.

Quanto ao Partido Trabalhista, os chamados ‘moderados’ levantaram-se contra o líder, Jeremy Corbyn, pelo que é agora um partido em “guerra civil”. Corbyn fez uma campanha muito medíocre para em prol do “Remain”. Isto teve repercussões ao nível eleitoral, e as regiões onde o Partido Trabalhista tradicionalmente tem mais força – o noroeste, os Midlands e o nordeste de Inglaterra e o País de Gales  –  enviaram-lhe uma mensagem de desafeição inequívoca e votaram em massa para sair da EU. O voto a favor do “Leave” nestas regiões não foi tanto a afirmação de uma vontade de sair da comunidade, como um voto de protesto por se sentirem negligenciados durante anos e verem no referendo uma oportunidade de manifestar o seu descontentamento para com a elite política, talvez não estando sequer conscientes das potenciais consequências desse mesmo acto.

O golpe dos ‘moderados’ contra Corbyn é entendido como puro oportunismo político e, em vez de se envolver em conflitos internos, o partido devia estar a explorar o vazio político agora instalado para se posicionar como governo alternativo. No entanto, restam poucas dúvidas de que um partido chefiado por Corbyn não conseguirá vencer eleições. Uma sondagem recente revelou que até 29% dos eleitores que votaram anteriormente no Partido Trabalhista não vão votar nele na próxima vez.

No entanto, mesmo que o “golpe” seja bem sucedido, com a esmagadora maioria dos deputados do partido a votarem contra ele numa moção de confiança, é quase garantido que Corbyn ganhará as primárias, pela simples razão de que há uma desunião enorme entre os membros do partido (maioritariamente jovem e mais radical) que elegem o líder, o eleitorado (na sua maioria da classe trabalhadora, socialmente e economicamente conservador) e a elite partidária (na sua maioria neoliberais e políticos de carreira).

A situação na Irlanda do Norte está repleta de dificuldades. Aqui existe a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE. O desmantelamento desta fronteira “dura” foi crucial para o chamado “Acordo de Sexta-feira Santa” que pôs fim a 70 anos de conflito e mortes, eufemisticamente conhecido como “The Troubles”. Há um forte receio de que a reintrodução desta fronteira “dura”, com pontos de verificação, controlo de passaportes, alfândegas, vedações e patrulhas, possa resultar num retorno à violência. O resultado do referendo na Irlanda do Norte, onde 56% de eleitorado votou a favor da UE, levou a pedidos renovados para um “Border Poll”, ou seja, um referendo para remover a fronteira com a República o que, no contexto do Brexit, significará a sua reunificação com o sul.

Na Escócia as coisas parecem bem mais claras, mas nem por isso menos difíceis. Os escoceses votaram em força para permanecer na UE – com 62% do eleitorado a votar para ficar. O governo do Scottish National Party (SNP) foi reeleito em Maio, com quase 50% do voto popular depois de nove anos no poder, com um programa que disse claramente que será realizado um referendo relativo à independência do país caso a Escócia seja puxada para fora da UE contra a vontade da maioria dos escoceses. Agora que isto está a acontecer, a Primeira-Ministra, Nicola Sturgeon, disse que vai fazer o possível para assegurar que a vontade do povo escocês seja respeitada, e que se não há solução como parte do Reino Unido, haverá como país independente. Ela deixou bem claro que um referendo sobre a independência é a última opção, mas diz que vai avançar com os preparativos para assegurar que o país está pronto para ter esse debate antes de o Reino Unido sair da UE. Actualmente a Primeira-Ministra está envolvida em reuniões e discussões com líderes e altas entidades da UE e dos estados-membros a fim de encontrar possibilidades para que Escócia possa permanecer na UE.

Voltando à Inglaterra. A UKIP e outros partidos de direita exploraram o descontentamento e a impotência sentidos nas zonas desindustrializadas no norte da Inglaterra e País de Gales, sugerindo que os problemas – salários baixos, elevadas taxas de desemprego, escassez de casas económicas, entre outros – são em grande parte causados pela imigração. Testemunhando a partir da Escócia o desenrolar dos acontecimentos em Inglaterra, estou chocado com o quão desagradáveis estes se tornaram. Há cada vez mais notícias de pessoas cuja aparência física não se coaduna com o estereótipo do “britânico” a ser importunados e insultadas com ameaças como “go home”, assim como turistas a serem incomodados na rua e aconselhados a deixar o país.

Deste modo, uma semana depois do referendo, ficamos numa terra de ninguém. Sem governo a funcionar, sem plano B, com os dois partidos principais atolados em conflitos internos, sem liderança, sem ninguém a assumir qualquer responsabilidade. Receio pelo futuro do meu país, qualquer que seja o resultado.

Director, Contemporary Portuguese History Research Centre, Universidade de Stirling, Escócia, Reino Unido
https://www.publico.pt/mundo/noticia/uma-semana-depois-do-brexit-receio-pelo-futuro-do-meu-pais-1736891?page=-1
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Brexit
« Responder #86 em: Julho 01, 2016, 01:21:40 pm »
dois do remain e 3 brexiteers. faco votos que ganhe alguem da ala anti-eu

Conservative leader: Who might succeed David Cameron?
http://www.bbc.co.uk/news/uk-politics-36618738
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Brexit
« Responder #89 em: Julho 03, 2016, 09:13:09 pm »


Brexit: The immigrants who voted Leave
http://www.bbc.co.uk/news/magazine-36686361