Alguns economistas do mercado livre, tais como Thomas Sowell, argumentam que os sistemas de segurança social são na realidade esquemas de Ponzi em larga escala.
Sowell e outros salientam que nos sistemas de segurança social os pagamentos são directamente provenientes de impostos e / ou outros tipos de contribuições não voluntárias e que nunca provém de poupanças ou investimentos. Em vez disso, as contribuições actuais (de um conjunto de indivíduos, que beneficiarão mais tarde) são utilizadas para pagar os benefícios correntes (de um outro conjunto de indivíduos).
Sowell e outros afirmam que o sistema de repartição começou a mostrar as suas falhas inerentes à medida que a demografia das economias ocidentais caminha para um maior número de pensionistas e um menor número de trabalhadores, devido ao declínio da taxa de natalidade e ao aumento da esperança de vida.
Os programas de aposentação geridos pelos governos nacionais, apesar de envolverem a transferência de impostos sobre trabalhadores para os pensionistas, diferem todavia numa série de características básicas usualmente encontradas nos esquemas de Ponzi, mas que não são fundamentais para estes:
* Os sistemas de aposentação, como a segurança social, são abertamente designados por aquilo que são. Num esquema de Ponzi genuíno, os autores falsamente afirmam que existe um negócio que gera as receitas prometidas. Na segurança social, as pessoas sabem de onde o dinheiro provém e os actuários fornecem previsões escritas das futuras entradas e saídas de dinheiro.
* Os sistemas de aposentação prometem um estipêndio aos reformados, não os rápidos e exorbitantes lucros aos investidores actuais que os esquemas de Ponzi invariavelmente oferecem.
* Os sistemas de aposentação assentam no poder do estado em taxar os seus cidadãos para assegurar o financiamento, em oposição a contribuições voluntárias dos futuros beneficiários. Na prática, este poder de taxar tem sido usado sob a forma de impostos consignados, desconto para a segurança social por exemplo, se bem que em teoria um imposto geral pudesse ser usado para complementar o pagamento dos trabalhadores. (Historicamente, nos Estados Unidos, a segurança social tem sido quase sempre excedentária, pelo que tal ainda não se tornou um problema). Se e quando o processo político for usado para aumentar as contribuições ou diminuir os benefícios (incluindo o aumento da idade de reforma) afim de equilibrar as receitas e as despesas, certamente haverá oposição dos que pagarão mais ou receberão menos, mas os políticos têm apenas duas escolhas, se as receitas são insuficientes (além de pedir dinheiro emprestado, ou gradualmente acabarem com a segurança social).
* A ideia de tornar a segurança social num sistema "totalmente financiado" tem sido discutida várias vezes, mas fracassou sempre no custo. O custo aumentou fazendo com que qualquer mundança fundamental tenha sido adiada.
* A longo prazo, os sistemas de aposentação pagam um montante sensivelmente igual ao que foi pago pelo contribuinte acrescido de juros. No curto prazo, os excedentes da segurança social podem ser usados para cobrir o déficit das finanças públicas, tal como tem acontecido nos Estados Unidos desde que as taxas de contribuição para a segurança social foram aumentadas em 1983.
* Os sistema de aposentação são em muitos aspectos seguros e não tanto sistemas de investimento. Uma pessoa que morra antes da idade da reforma não recebe nada de volta (independentemente daquilo que tenha pago). Alguém que viva até uma idade avançada continua a receber independentemente daquilo que tenha descontado. Por outro lado, alguém com deficiência, mesmo com uma idade relativamente jovem (muito antes de ter feito contribuições significativas para o sistema) ainda recebe até ao fim da vida. Devido a isto, o aposentado típico que não tenha ficado incapacitado vê uma taxa de retorno inferior à taxa de juro sem risco.
* Ao contrário dos esquemas de Ponzi, as receitas (impostos) e as despesas (prestações) podem ser calculadas de forma bastante precisa a curto prazo (cinco a dez anos) e previstas (com uma série de pressupostos) para prazos superiores. Um colapso repentino é portanto pouco provável, dependendo da definição de "repentino".
A Administração da Segurança Social americana fornece a seguinte resposta[1] à acusação de "esquema de Ponzi" aplicada a um sistema de repartição como a Segurança Social:
Existe uma analogia superficial entre um esquema em pirâmide ou de Ponzi e os sistemas de repartição, em ambos o dinheiro dos participantes que entram mais tarde é usado para pagar os benefícios dos que entraram antes. Mas a semelhança termina aqui. Um sistema de repartição pode ser visualizado como uma conduta, com o dinheiro a fluir dos contribuintes actuais num extremo para os beneficiários actuais no outro extremo. Portanto, poderíamos imaginar que num dado momento podiam haver, digamos, 40 milhões de beneficiários à saída da conduta; desde que houvessem 40 milhões de contribuintes à entrada, o programa poderia ser mantido indefinidamente. Não é necessária a duplicação do número de participantes de cada vez que um pagamento é feito aos beneficiários actuais. (Não tem de haver precisamente o mesmo número de trabalhadores e de beneficiários num dado momento, é apenas necessário que haja uma relação estável entre ambos.) Desde que o montante de dinheiro à entrada da conduta se mantenha aproximadamente em equilíbrio com o dinheiro pago à saída, o sistema pode continuar para sempre. Não há nenhuma progressão insustentável a impelir o mecanismo de um sistema de repartição de pensões, pelo que não é um esquema em pirâmide ou de Ponzi.
Se a demografia da população fosse estável, então um sistema de repartição não teria altos e baixos impulsionados pela demografia e nenhuma pessoa reflectidamente seria tentada a compara-lo a um esquema de Ponzi. No entanto, como a demografia da população tende a subir a descer, o saldo num sistema de repartição tende a subir a descer igualmente. Durante os períodos em que entram mais novos participantes no sistema do que os que recebem benefícios, tende a haver um superavit (como nos primeiros anos da Segurança Social). Durante os períodos em que o número de beneficiários cresce mais depressa do que o número de novos participantes (como acontecerá quando os baby boomers se reformarem), tenderá a haver um deficit. Esta vulnerabilidade aos altos e baixos da demografia constitui um dos problemas do financiamento dos sistemas de repartição. Mas este problema não tem nada a ver com esquemas de Ponzi, ou qualquer outra forma fraudulenta de financiamento, é simplesmente a natureza dos sistemas de repartição.
O sistema monetárioPode argumentar-se que os sistemas monetários baseados na dívida são essencialmente esquemas de Ponzi sofisticados. O dinheiro baseado na dívida, i.e. num sistema de reservas bancárias fraccionárias exige o pagamento de juros sobre o dinheiro criado pela concessão do empréstimo. Devido ao pagamento de juros em curso, há sempre menos dinheiro em circulação do que aquele que está em dívida. O pagamento dos juros e da dívida exige por conseguinte cada vez mais e maiores empréstimos junto dos bancos. O resultado é um sistema em crescimento exponencial que necessariamente colapsará quando o desequilíbrio entre o dinheiro em circulação e a dívida for demasiado grande, com a correspondente transferência de propriedade dos bens físicos dos devedores para os credores: os bancos privados. Através da criação e extinção de moeda bancária, os bens físicos são efectivamente "colhidos" pelos bancos e posteriormente vendidos aos que têm dinheiro para os comprar.
O efeito "boomerang" na criação e extinção de moeda bancária pode também criar um ciclo de expansão e contracção na economia à medida que a moeda bancária é criada (aumentando assim a base monetária) e subsquentemente destruída (diminuindo a base monetária) quando uma bolha inflada estoura, resultando assim num colapso dos preços e na secagem da liquidez nesse mercado, o que permite aos bancos a venda em leilão da execução das hipotecas de activos em dificuldades e recicla-los no mercado a preços de saldos.
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