Junho 2005
As Ilhas Selvagens, na Madeira foram, no passado dia 8 de Junho, palco de desacatos entre pescadores furtivos espanhóis, naturais das ilhas Canárias, um vigilante e um biólogo do Parque Natural da Madeira.
Segundo o «Diário de Notícias do Funchal», que relata o sucedido na edição deste domingo, os pescadores espanhóis ameaçaram com armas brancas e de pesca submarina os dois funcionários do Parque.
Os incidentes ocorreram há quatro dias, quando o vigilante e o biólogo da reserva natural das ilhas Selvagens avistaram três barcos - com 12 homens no total - a pescar ilegalmente naquelas águas
protegidas.
O jornal escreve que quando os responsáveis se aproximaram dos barcos espanhóis, " os pescadores passaram então a perseguir os portugueses.
«Os vigilantes, porque não podiam competir com as "lanchas voadoras", tentaram fugir, escondendo-se numa enseada, mas, impotentes e em situação de inferioridade, foram cercados e ameaçados de morte com espingardas de pesca submarina», relata ainda o jornal.
Em declarações à TSF, a Marinha confirmou os incidentes e adiantou que vai reforçar os meios naquela zona.
Sem adiantar pormenores sobre como esse reforço vai ser feito, o comandante Gouveia e Melo, do Comando da Zona Marítima da Madeira, disse apenas que «os infractores poderão contar com uma atitude mais firme da Marinha, uma vez que passaram do limite razoável quando
ameaçaram os vigilantes das Selvagens».
«Vamos actuar de forma a evitar este tipo de coisa e, eventualmente, prender algum infractor que volte a fazer o mesmo tipo de acção», concluiu.
Em declarações à agência Lusa, o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, Manuel António Correia, avançou que serão instaurados procedimentos administrativos e judiciais contra os
prevaricadores.
Será ainda pedida ajuda às autoridades de Canárias na identificação dos pescadores furtivos, dado que apenas foi possível identificar uma das três embarcações, e o Governo Regional vai pedir o reforço de meios ao Ministério da Defesa naquela zona «quer de prevenção, quer
de reacção, que foi o que faltou».
No dia do incidente, após um pedido de auxílio dos vigilantes ameaçados, o navio patrulha "Schulz Xavier" zarpou de imediato da ilha do Porto Santo para as Selvagens, onde chegou 14 horas depois.
O aviocar da Força Aérea Portuguesa foi também mobilizado, mas uma avaria num dos motores frustrou a sua missão de socorro.