Confesso que nao fosse a chamada de atençao do LUSO, talvez me tivesse escapado a afirmaçao do embaixador cabo-verdiano.Assim, e sendo assinante 'on-line' do EXPRESSO procurei e li na integra o texto em referencia.Se aceitarmos que nao ha erro da parte do jornalista na transcriçao da declaraçao do embaixador, a mesma nao deixa de ser obviamente estranha e inapropriada, se bem que, até por ele me parecer menos um diplomata que um humanista e homem da cultura, possa de algum modo haver alguma compreensao.Mas podemos interrogar-nos sobre a oportunidade e interesse real do tipo de contacto referido pelas autoridades portuguesas, como se acreditassem que a comunidade(cabo-verdiana neste caso)se pudesse sentir tao fortemente influenciada pelo seu governo. Mas imagino que algum tipo de contacto especial existe com associaçoes no terreno, (algumas sao visiveis 'a posteriori' na comunicaçao social) aquando destas deslocaçoes, as quais proporcionam certamente 'informaçao de segurança' aos serviços 'secretos' portugueses.
Compreendo, e partilho o 'incomodo' de JLRC perante afirmaçoes de LUSO sobre o Presidente da Republica, até porque eu proprio,( e nao fazendo parte do 'SAMPAIO's FAN CLUB') aceito que deve haver alguma contençao no estilo de critica ao PR.Mais tarde, poderemos tentar fazer um balanço da sua acçao, dos reais motivos que o levaram a tomar algumas iniciativas( e nao tomar outras...) e principalmente suas consequencias na politica portuguesa, do virar de século.Lembro por outro lado que o PR enquanto instituiçao até tem sido relativamente 'poupado' em termos de critica dura e directa,(pensemos por exemplo em outros Presidentes republicanos de estados democraticos, como Chirac ou Bush, também eleitos por sufragio universal, e alvos de campanhas e criticas politicas com vigor e agressividade inimaginaveis no nosso pais).
Sobre a situaçao, triste, que se esta desenvolvendo em termos de segurança poderia acrescentar que como muitos de vos vejo tudo com imensa preocupaçao.Claro que nao devemos 'diabolizar' unicamente um extracto de da populaçao (portugueses ou nao, de origem africana), mas recusar reconhecer a existencia de problemas graves com 'imigrantes' e seus descendentes, seria tentar lançar poeira para os olhos de todos nos.
Temos que reconhecer a existencia de varias comunidades no nosso pais, que nao sao basicamente misciveis entre elas nem com os 'autoctones'(espero poder utilizar este termo no que refere aos portugueses com raizes europeias como eu, por oposiçao a outros com origens assumidamente extra-europeias, e isto sem juizos de valor); os Africanos( com origem de antigas colonias portuguesas, e também do Centro e Norte de Africa(arabes principalmente, a aparecerem ja em numero crescente), os Indianos (mais que os ex-goeses e indus, os paquistaneses em numero crescente);Asiaticos (chineses, vietnamitas, cambodjanos, indonesios...em numero crescente e nao quantificavel);Sul e CentroAmericanos(fora os brasileiros tradicionais, peruanos, bolivianos, ...) ;Europeus (além da UE, do Leste, com Ucrania de longe a frente, depois Romenia...);Médio Oriente(Israel de ha longos séculos, Libano, em breve Turcos, varios dos paises da ex-URSS,...) e também Ciganos, presentes mas itinerantes no territorio europeu, mas agora em vias de mudar de algum modo o seu estatuto.
Estas comunidades, como disse, normalmente nao sao misciveis com os autoctones a nao ser (a meu ver) em franjas mais ou menos acentuadas, e tem vivencias muito diferentes no seu relacionamento com o pais de 'acolhimento'.Razoes de cultura, religiao, de modo de viver, usos e costumes e que nao pretendem de modo geral ser 'integrados' no pais onde vivem, porque para eles 'integraçao' significa miscigenaçao e consequentemente adulteraçao dos seus valores.No 'politicamente correcto' de nossos dias, 'integraçao' passou a ser um 'palavrao' pouco aceite ou desejado, oficialmente porque muitas dessas comunidades nao se considerando inferiores, pelo contrario, aos paises de acolhimento, preferem a 'coabitaçao', o respeito dos seus usos e cultura, e plenitude de direitos em relaçao as outras comunidades.Comunidade, que poderia ser anteriormente considerado um termo de 'exclusao' passa a ser um termo de 'identificaçao', de orgulho, mas também de 'diferença'...De salientar também o 'curto-circuito' legal em que elementos influentes dessas comunidades se aproveitam das regras e sistemas de contactos inter-nacionais proprios nos paises onde estao estabelecidas, e zonas de origem, que vao normalmente desde o contrabando simples, imigraçao ilegal,trabalho ilegal, fuga a impostos, até negocios fraudulentos e em muitos casos a trafico de droga e armas, neste caso com eventuais ligaçoes indirectas ao terrorismo internacional.
Veremos em breve, senao ja, em Portugal este modo de 'comunidade' como forma de participaçao publica nacional, como acontece noutros paises europeus, com 'interlocutores' comunitarios privilegiados perante as autoridades legais.Nao abordo sequer aqui outros aspectos que minam a nova noçao de 'nacionalidade', como o poder crescente de religioes e crenças (o islamismo esta ja a transformar-se na primeira religiao mundial, e para este a componente politica é indissociavel da religiao), que acabarao, a meu ver por alterar decisivamente a nossa civilizaçao Ocidental(cf. S.Huntington " O Choque das Civilizaçoes e a nova Ordem Mundial", nao muito recente, mas sempre actual).
Como se deve definir o novo conceito de naçao( e nacionalidade), perante as novas realidades?
Uma questao a ponderar...
Cumprimentos