Hugo Chávez deixará poder em 2013 se «Não» vencer
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou hoje que deixará o poder em 2013 se a maioria dos venezuelanos votar contra a aprovação de uma emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial ilimitada no referendo marcado para 15 de Fevereiro.
“Este soldado revolucionário fará o que o povo mande. Se a maioria disser não, então eu me irei noutro Fevereiro, no de 2013”, disse.
O anúncio foi feito na primeira coluna de opinião escrita pelo primeiro mandatário venezuelano, “As linhas de Chávez” publicada hoje, pela primeira vez, no jornal Últimas Notícias (o de maior tiragem no país) e noutros 28 jornais regionais da Venezuela e que terá continuidade às terças, quintas-feiras e domingos, na imprensa venezuelana.
“Em contrapartida, se a maioria de vocês, venezuelanos, apoiar a emenda com o sim, então será possível que eu continue à frente do timão depois de 2013”, sublinha.
Hugo Chávez começa a coluna explicando que “as linhas mais fortes que na minha de pelotero (jogador de baseball) dei, foram sempre para o lado direito. Agora sobre o terreno do jogo da política e revolução, estas linhas que hoje começam, vão para todos os lados com a mesma força. Só que agora vão com a força das ideias, da convicção, da paixão pátria”.
“Sou em essência um soldado. E como tal fui forjado na escola do compromisso e da obediência ao legítimo poder que orienta o esforço colectivo, na busca dos objectivos tácticos e os fins estratégicos. As circunstâncias e condições que foram moldando a minha vida converteram-me, bem cedo, num soldado revolucionário. Daí que, deste então, foi assumindo como legítimo e superior o poder soberano do povo venezuelano, ao qual agora estou absolutamente subordinado e estarei até ao fim dos meus dias”, prossegue.
Chávez explica que no início de 2009 “recrudesce a batalha política” entre uns que querem a “independência nacional” e outros “converter de novo a Venezuela numa colónia, num país sub-imperial, numa sub-república”.
“Não há mais caminho para conseguir a independência venezuelana que a Revolução Nacional. Não há mais caminho para a grandeza Pátria que este, já começado, o do socialismo, o nosso socialismo bolivariano, a Democracia Socialista”, sublinha Hugo Chávez que escreve as palavras Independência, Revolução Nacional e Democracia Socialista com a letra inicial em maiúscula.
“O outro caminho, pelo que nos querem levar os colonialistas pitiyanquis (pequenos amigos dos americanos), condenaria o nosso país a uma deficiência, à pequenez e à tumba histórica; o caminho do capitalismo e a sua expressão política, a democracia burguesa (em minúsculas)”.
Depois de fortes críticas contra os oposicionistas de quem diz “são a negação, são a não-pátria”, Chávez refere-se ao significado do mês de Fevereiro para os venezuelanos.
“Fevereiro, outra vez Fevereiro. Sinto desde há anos, que a minha vida está poderosamente ligada a este mês (...) 27 de Fevereiro (1989, o Caracazo, explosão social contra medidas económicas), 4 de Fevereiro (1992, intentona de golpe de Estado contra Carlos Andrés Pérez, liderada por Hugo Chávez), 2 de Fevereiro (1999, tomada de posse) e agora 15 de Fevereiro (referendo sobre reeleição ilimitada)”.
“Vinte anos depois do “Caracazo” que me engendrou, 17 anos depois da Rebelião Militar Bolivariana que me pariu e 10 anos depois da toma de posse que me trouxe aqui ponho de novo a minha vida e todo o meu futuro nas mãos do povo e a sua soberana decisão”,explica.
O presidente da Venezuela termina a sua coluna explicando que “o essencial é que, se ganhar o não, se imporá a colónia, a contra-pátria” e que “se ganhar o sim se imporá a Pátria, a Independência”.
“Os que querem pátria, venham comigo. Os que vierem comigo terão pátria!”, conclui.
A direcção do Últimas Notícias explica, numa nota, que também a oposição terá voz no jornal, publicado uma coluna às segundas-feiras, o partido Um Novo Tempo, às quarta-feiras os partidos Acção Democrática e Copei e às sextas-feiras o partido Primeiro Justiça e os integrantes do Comando Angostura (grupo que coordena a campanha pelo não à reeleição presidencial ilimitada).
Lusa